— O que eu perdi? — Lili pegou um mini cachorro quente e mordeu.

— Nada. Tínhamos ido procurar pelo Gabriel, porque ele não parecia muito bem.

— É, o Mateus me contou. Eu também ficaria desanimada no lugar dele.

— Eu também... — James nos olhou. — Sabe o que eu estava pensando? Que a gente deveria ficar um pouco junto, igual ano passado.

— Eu estava lembrando disso! — Lili riu, animada. — Tava pensando em como as coisas mudaram esse ano.

— Realmente, temos pares e a Bru. — Me cutucou de brincadeira.

— O que você estava fazendo nesse dia, ano passado? — Lili me questionou.

— Hm... Provavelmente eu estava em casa.

— Não faziam baile na sua escola?

— Não. No final de novembro já éramos dispensados.

— Que chato! Não consigo mais ver um fim de ano sem baile.

— Então vai se preparando, só vai ter baile na faculdade, isso se acabar. — James riu.

— Para de ser chato, afe.

— Por que não roubamos o Júlio da Mona um pouco?

— Ela vai dar chilique, hein.

— A gente sai correndo.

Terminamos o lanche e voltamos ao ginásio.  Procuramos pelo Júlio de cima, e quando o achamos, junto da Mona e outras meninas, fomos lá.

— Dá licença, senhoritas, precisamos do nosso amigo emprestado. — James puxou Júlio pelo braço, não que ele tenha resistido.

— Vocês foram enviados por Deus? — Ele falou enquanto nos afastávamos do grupinho. — Eu não aguentava mais aquele papo de mulher!

Nós rimos e paramos perto de onde ficava o gol.

— Quase isso, ouvimos o teu chamado.

— Tá mais pra pedido de ajuda. — Lili riu.

— Os dois servem. — Júlio relaxou.

— Por que você não saiu de lá, então? — James quis saber.

— Porque se eu saísse ia ouvir um monte depois. Então eu estava ignorando o assunto e morrendo de tédio.

Uma música conhecida começou e Lili resolveu dançar ali.

— I'm a fine-tuned supersonic speed machine. Got a sunroof top and a gangster lead. — Ela cantou junto.

Mais um pouco e cantamos juntos. — Get you where you wanna go, if you know what I mean. Got a ride that's smoother than a limousine. Can you handle the curves, can you run all the lights. If you can, baby boy, then we can go all night.

Mais gente cantou.

— 'Cause its 0 to 3.5, baby, you got the keys. NOW SHUT UP AND DRIVE, DRIVE, DRIVE! SHUT UP AND DRIVE, DRIVE, DRIVE!

Fazer o movimento do volante nessa música devia ser clássico.

Mal nos juntamos e já estávamos nos divertindo. Não que estar com o Yan fosse ruim, mas eu senti falta disso.

Logo outra música começou.

— This ain't a song for the broken-hearted. No silent prayer for the faith-departed. I ain't gonna be just a face in the crowd. You're gonna hear my voice when I shout it out loud...

Tum, tum.

— It's my life! It's now or never! I ain't gonna live forever. I just want to live while I'm alive! My heart is like an open highway. Like Frankie said, I did it my way. I just want to live while I'm alive. IT'S MY LIFE!

Era emocionante como todo mundo cantava aquela música ao mesmo tempo que pulava. Era tão divertido. Eu só não sabia qual música era a preferida, porque a maioria era cantada fortemente.

— Can't read my, can't read my, no he can't read my poker face!

A Lili adorava essa música, era engraçado vê-la se descabelando enquanto cantava e fazia os movimentos com a mão.

Um pouco longe, vi Bebê e Micaela dançando igual doidos, ambos com os cabelos louros bagunçados. Pareciam até irmãos. Acho que nunca vi a Mica tão agitada daquele jeito, era fofinha até parecendo doida.

Até senti uma pontadinha de ciúmes, já que o Bebê parecia se divertir muito com ela.

Seria sacanagem se eu chamasse ele pra ficar aqui, então melhor eu esquecer.

— Last Friday night, yeah we danced on tabletops, yeah we took to many shots, think we kiss but I forgot. Last Friday night, yeah we maxed our credits cards, and got kicked out of the bar, so we hit the boulevard!

Mal percebi o tempo passando.

— Can’t stop, can’t stop the feet. Won’t stop, won’t stop the beat and go! Everybody move your feet and feel united, oh, oh, oh. Everybody move your feet and feel united, oh, oh, oh.

— Quem escolheu essas músicas tá de parabéns! — Lili falou dançando.

Assim que aquela acabou, os meninos tiraram seus blazers.

— Já tô com sede de novo — resmungou Júlio.

— Eu também. Vamos lá pegar refrigerante. — James disse e já foi andando na frente.

Lá fomos nós de novo para a quadra da comida. Lili e eu pegamos água e os petiscos. Ficamos lá um tempo até decidirmos ir na quadra ao lado, dos jogos.

Os meninos foram para o jogo de basquete, e nós no “acerte a gola na garrafa”. A Lili conseguiu ganhar um apito, já eu ganhei experiência.

Ela ficou assoprando o negócio na minha orelha, me zoando porque não ganhei nada.

— Faz ela parar! — supliquei ao James quando chegamos perto.

Ele riu e pegou algo do bolso da calça. — Se vingue. — Me estendeu um apito.

— Você também ganhou isso? — Lili riu. — Que fracasso somos nós.

James deu de ombros, e eu comecei a assoprar o apito na orelha da Lili. Aí virou competição para ver quem era mais chata.

— Por que eu fiz isso? — James perguntou, e em um movimento tomou nossos apitos.

— Ei! — Lili reclamou.

— Como a minha mãe fala, deveria ser proibido dar coisa que faz barulho para criança. — Riu e os guardou no bolso.

— Chato.

— Eu, né?

Júlio quis jogar mais uma vez e ficamos lá vendo.

— Cansaram dos seus pares? — Ouvi Bebê atrás de mim.

— Não, eles foram resolver umas coisas.

— Em partes, sim. — Júlio falou, prestes a jogar a bola.

— E você cansou da Mica? — Cruzei os braços, fingindo estar com ciúmes.

— Não, ela foi ficar um pouco com as amigas.

— Hm.

— Hm o quê? Tá com ciúmes? — Sorriu, provocativo.

— Eu nem falei nada.

— Tá vendo, se tivesse dado um toco no Yan, poderíamos estar juntos.

— Nossa, que drama.

— Quem tá fazendo drama aqui é você.

— Eu não tô fazendo drama.

— Sei. — Colocou o braço nos meus ombros e me puxou pra ele. — Você não gostaria de me conceder uma dança?

— Não sei se você merece.

— Como assim?! — Me soltou, exagerando. — O que eu fiz de errado?

Comecei a rir. — Nada, seu besta. — Estiquei a mão para ele.

Bebê fez a cara séria dele e a pegou, dando um beijo no dorso. — Vamos a bailar, señorita. — E me girou, do nada.

— Não tá tocando tango não! — Tomei um susto e tentei me equilibrar.

— Está sim, na minha cabeça. — Começou a me puxar.

— Eu já volto! — anunciei alto e Lili acenou, rindo.

Voltamos ao ginásio. A música tinha acabado de começar.Bernardo segurou minha cintura e minha mão, e eu segurei seu ombro. Tentamos seguir o ritmo.

— We’re no stranger to love. You know the rules and so do I. A full commitment’s what I’m thinking of. You wouldn’t get this from any other guy. — Ele cantava para mim, cheio de graça. — I just wanna tell you how I’m feeling. Gotta make you understand… Never gonna give you up, never gonna let you down, never gonna run around and desert you. Never gonna make you cry, never gonna say goodbye, never gonna tell a lie and hurt you!

Eu ri. — É para eu me apaixonar?

— Você já é apaixonada por mim — disse, convencido.

— Caramba, e eu nem percebi?! — Entrei na brincadeira dele.

— Pois é, isso porque você aceitou meu pedido de casamento. — Levantou rapidamente minha mão direita, indicando o anel.

— Eita, verdade... — Fiz uma cara assustada.

Ele riu. — Bocó. Não precisamos estar apaixonados para eu cantar isso para você.

— Ah não?

— Claro que não. Nossa relação é muito mais do que isso. Não é uma paixonite, é um amorzão.

— Um amorzão? — Dei risada.

— Eu tô aqui me declarando e você ri? — falou bravo.

Segurei o riso. — Okay, desculpa... amorzão.

Bernardo começou a gargalhar. — É, foi bem brega, esquece essa parte.

— Não vou esquecer nunca.

Ele revirou os olhos. — Que seja. O que importa é que vamos ficar juntos pra sempre, porque o que sentimos é muito mais complexo do que uma paixonite. Entendeu agora?

— Entendi... O que aconteceu com você hoje? Tá todo inspirado.

— Não sei, acho que é o clima de fim de ano. Depois passa.

Sorri. — Eu também te amo, bocó. — O abracei pelo pescoço.

Me abraçou de volta e o senti sorrindo. — Acho bom.

Ficamos mais um tempinho ali juntos, até o povo voltar, e ficamos juntos rindo, conversando e dançando.

A primeira que apareceu foi a Mica, pra pegar o bebê de volta, então eles foram dançar em outro lugar.

— Você tá afim de voltar a ficar com a Erica? — Júlio perguntou ao James.

— Não sei... Na verdade acho que ela tá brava comigo.

— Por quê? O que você fez?

— Pior que nada. Mas por que você perguntou?

— Porque eu não tô afim de ficar com a Monalisa, não por enquanto.

— Ué, por quê? — Riu.

— Ela fica resmungando toda hora da minha roupa, que isso vai atrapalhar as nossas chances de sermos os reis do baile e não sei o quê. Como se tivéssemos chance de ser. — Revirou os olhos.

— Nossa, tem isso também? — perguntei.

— Sim. Quer ser a rainha com o Yan? — Lili brincou.

— não, tô bem assim.

— Acho melhor a gente ir circulando. — James falou, puxando Júlio e apontou para algum lugar com um aceno de cabeça.

Lili e eu olhamos, e notei Yan e Mateus descendo a escada.

— Até depois. — James falou e saiu de vista com o Júlio.

— Finalmente. — Lili disse aliviada quando eles chegaram. — E aí?

— Resolvemos o problema. — Mateus disse ao ficar do lado dela.

— O que vocês fizeram?

— Só conversamos com ele. — Yan explicou. — E por coincidência, achamos uma amiga da sala que estava se par, então ela convidou ele para dançar.

— Até que foi bonitinho. — Mateus riu.

— Mas ele ficou melhor?

— Sim, ficou sim. Depois vamos ficar juntos mais um tempo. Mas agora precisamos voltar a programação normal. — Segurou a mão dela.

— Amém! — Ela brincou e o puxou para dançar.

Yan me olhou, e antes de mais nada, o puxei para dançar também.