Zohar escrita por AnneFanfic


Capítulo 12
Entendendo... (?)




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Ele já tinha feito por mim muito mais do que qualquer outra pessoa já pensou em fazer.

Então por que motivo ele continuava adiando a partida?

 

 

 

Namjoon estava sentado na poltrona assistindo televisão quando de repente a porta do quarto se abriu. Ele se levantou imediatamente assim que seu manager apareceu e fechou a porta atrás de si.

—E o Tae?- ele olhou para porta, esperando que Taehyung entrasse por ela. —Cadê ele?

Deu uma olhada rápida no relógio, notando que era meia noite e quarenta, e olhou novamente para Sejin, parado com a mão na cintura olhando para o chão, pensando em alguma coisa.

—A moça do jardim disse que ele não está no apartamento. Ela ligou para a prima, mas ela não atendeu. Ela deu o número pra' gente tentar ligar de novo mais tarde.

Namjoon passou a mão no rosto, começando a ficar desesperado.

—Tentasse ligar pra ele?- perguntou Sejin.

—Tentei. Tentei ligar um milhão de vezes, mas está desligado. E agora? Será que aconteceu alguma coisa com ele?

Eles se olharam por alguns segundos e então Sejin tirou o papel com o número do telefone anotado e entregou para Namjoon.

—Tente ligar de novo. Vou tomar um copo de água enquanto isso.

Namjoon digitou os números do celular, repassando a ordem de cada número três vezes para ter certeza de que tinha digitado certo, e então deixou chamar. A cada toque seu nervosismo aumentava mais, até que finalmente alguém do outro lado da linha atendeu.

Alô? Quem fala?

—Ér... Oi. Você... Você é a moça que levou a noiva do casamento árabe pra uma ONG, certo?

O outro lado da linha ficou mudo por um tempo e Namjoon quase desligou o celular, achando que a ligação tinha dado algum problema.

Alô??-  perguntou pela quinta vez antes de desligar.

Quem está falando...?

—Ah! Você está aí...- ele riu de nervoso. —Eu sou amigo do... acompanhante da noiva. Ele estava com ela no apartamento da sua tia.

—Como você sabe que eles estavam no apartamento da minha tia?

—Bem... Eu sou amigo do cara que estava com a noiva no apartamento da sua tia.- ele não entendeu o que ela não tinha entendido.—É o seguinte...-  ele não perdeu mais tempo. –Era pra esse meu amigo voltar aqui para o hotel onde estamos depois que você fosse buscar a noiva. A...- tentou se lembrar do nome dela. –Zohe.... Zoh... Zohar. Mas ele não voltou até agora e temos um voo marcado pra daqui a pouco. Eu só queria saber se você sabe onde ele está.

—Ah...

E ele ouviu um assovio do outro lado da linha.

Você assoviou?

—Então...- ela continuou, rindo. ­—Ele foi lá com a gente, sabe?

—Pra ONG?!? Mas por que ele fez isso?!- Namjoon passou a mão no rosto, irritando-se a ponto de querer arrancar a própria pele.

—É... Eu não sei. Ele só entrou no carro e foi... Mas eu já estou voltando, então... DESLIGA ESSA MERDA, SEU IDIOTA! TÁ ACHANDO QUE ISSO AQUI É O QUE?!

Namjoon levou um susto com o berro que ela deu, ainda mais pelo que ela disse, e ficou olhando para o celular por um tempo. Percebeu que o berro tinha tapado seu ouvido.

Alô? Tem alguém aí?

Ele conseguiu ouvir a voz dela mesmo com o celular longe do ouvido (tapado).

—Moça, eu só estou preocupado com...

—Não! Não foi pra você! Céus! Me desculpe! Estou na estrada e passou um idiota com o farol alto aqui.- ela gargalhou. —Eu estou rindo? Céus! Me desculpe. É que eu estou com sono e ainda faltam alguns quilômetros pra chegar... Se eu chegar, né...

Namjoon suspirou e fechou os olhos.

—Tudo bem, moça. Não foi nada. Que horas, mais ou menos, vocês vão chegar? O avião sai às 2h30. Vocês conseguem chegar antes?

—Eu sei que eu consigo, ele eu já não sei.- ela riu de novo, e aquilo deixou Namjoon em alerta. ­—Ele ficou lá, moço.

Namjoon ficou calado por um momento.

Lá aonde?- seu coração deu um pulo no peito. —Ah, lá no apartamento da sua tia? É isso?

—Não. Lá na ONG. Eu falei que ele foi lá, esqueceu? Na ONG. Ele ficou lá. Na ONG.

Namjoon se sentou na poltrona enquanto aquelas palavras ficaram rondando sua cabeça. 

—E então?- Sejin apareceu na sala. ­—Conseguiu localizar aquela praga?

Namjoon ouviu um ruído vindo do celular caído na poltrona ao lado de sua perna e quando o pegou terminou a ligação sem agradecer e nem dizer nada. Estava atordoado demais com o que tinha escutado.

—Ele foi pra lá.- ele olhou para o manager. —Ele simplesmente entrou no carro e foi pra ONG com a guria e ficou lá. Ele não está voltando com a moça que levou eles. Eu...- suspirou mais uma vez, sentindo-se exausto. —Eu não sei o que fazer. Sério, eu não to’ entendendo o que tá’ acontecendo...- ele ficou encarando o nada por um momento. —Aliás, o que tá acontecendo com o Tae? Tinha droga naquela comida árabe? Ele enlouqueceu? Por que ele tá’ fazendo isso? Ele não atende as ligações, não dá satisfação de nada... Será que ele desligou aquela merda de celular de propósito? E agora?

—E agora nada. Esquece isso. Só deixe suas malas prontas pra partir.

—Mas e o Tae?

—Ele não tá’ se aventurando sozinho sem dizer nada pra ninguém? Ele vai saber pegar um avião sozinho depois. Só tenho que me lembrar de dar os parabéns pra mãe dele, por ter dado à luz a esse gênio da irresponsabilidade! Ele não perde por esperar!- disse o manager irritado, virando as costas e indo para o quarto.

 

***

 

Depois da longa conversa que Zohar teve com Suzan durante o café que ela ofereceu, que acabou se estendendo também para a sala de estar, ela foi novamente até a cozinha à procura de Taehyung. Durante a conversa viu que ele tinha ficado meio alheio ao que elas estavam falando e que em dado momento tinha se levantado e saído, mas ela não fazia ideia de onde ele tinha ido. Esperava vê-lo na cozinha, mas não o encontrou ali e como tinha certeza que ele não tinha subido as escadas, decidiu dar uma olhada na varanda.

A porta estava aberta, o que era estranho para ela por ser tão tarde da noite, e quando se aproximou viu ele deitado no chão, com as pernas esticadas nas escadas e os braços abertos. Ela achou estranho ele estar daquele jeito e resolveu se aproximar sem fazer barulho. Por um momento pensou que ele estivesse dormindo, mas quando chegou perto o suficiente para ver o rosto dele viu que estava acordado, olhando para o teto.

—­Por que você está deitado no chão olhando pro’ teto?

Taehyung olhou na direção dela ao ouvir sua voz e abriu o sorriso, sentando-se e se virando para ela.

—keunyang...- ele deu de ombros, passando a mão pelo cabelo para ajeitá-lo.

O que? Eu não entendi.- ela ficou parada perto da escada por um momento, sem saber muito o que fazer, e por fim sentou-se ao lado dele, deixando uma distância considerável entre eles.

Ele olhou para ela e percebendo que tinha falado em coreano, desculpou-se. Ela sorriu. Depois ficou séria por um momento e isso fez Taehyung observar a expressão do rosto dela. Parecia estar tentando se lembrar de alguma coisa.

—O que foi?

Qual... é mesmo seu nome?- ela perguntou sem graça.

Você esqueceu o meu nome?- ele fez uma cara de espanto exagerado.

Ela não sabia se ria ou se ficava ainda mais sem graça.

—Seu nome é difícil de lembrar.

—Taehyung.- disse ele naturalmente. –Não é difícil...

Ela olhou para ele com uma cara que dizia “claro que não, é o seu nome”, e ele riu.

—Ok. Então... Deixe-me ver...- ele pensou um pouco.

—Tae? Pode ser?

Ele cogitou a sugestão que ela deu e balançou a cabeça negativamente, fazendo um careta.

—É estranho ouvir uma garota me chamando de “Tae”. Que tal “Oppa”?

—Oppa?

—Isso! Perfeito!- abriu o sorriso. —Muito melhor.

Ela riu da alegria dele e concordou.

 Oppa...

Ele não se aguentou e se jogou no chão da varanda, com um sorriso de orelha a orelha.

—neomu qwiyeowo!

—“nomu” o que??- ela riu mesmo sem entender nada do que ele estava falando, e muito menos por que ele estava sorrindo daquela forma.

Muito fofo. Você tem muito “aegyo”.- ele se sentou novamente e colocou os cotovelos sobre os joelhos, apoiando o rosto em uma das mãos para olhar para ela.

—Tenho o que?- ela estava visivelmente confusa. –Fale minha língua.

—Mas eu não falo árabe...

Ela riu e revirou os olhos.

Você entendeu...

 

Quando Taehyung olhou no relógio assustou-se ao notar que já tinha passado da uma e meia da madrugada. Estiveram conversando mais de meia hora só sobre coisas relacionadas à coreano, árabe e inglês, e nem viu o tempo passar daquela forma.

Zohar acabou conhecendo algumas expressões do coreano e já que chamá-lo de Oppa fazia ele abrir o sorriso, passou a chamá-lo assim mesmo já conseguindo se lembrar do nome dele.

—Daqui a pouco sai o voo pra Coréia.- ele comentou ao acaso.

Tirou o celular do bolso e o ligou, já que esteve desligado o tempo todo para não receber ligações.

—E você tem certeza que vai dormir aqui?— ela perguntou.

—Você quer que eu vá embora?

—Não...- respondeu prontamente, olhando para ele. –Mas você vai perder seu voo por nada?

Tinha uma lista infinita de ligações perdidas e uma nova mensagem.

 

“Seu voo foi transferido para amanhã às 11h30. - NJ”

 

—Não é por “nada”.- ele olhou para ela, colocando o celular de volta no bolso.—É por você.- e ficou olhando até perceber que estava olhando para ela por tempo demais. —Não me entenda mal, é que quero ter certeza de que você vai ficar bem quando eu for embora.

Ela sorriu e balançou a cabeça, direcionando seu olhar para a escada sob seus pés.

—Gomayô, Oppa.- disse ela, numa tentativa de falar o que tinha aprendido de coreano.

Ele abriu o sorriso ao ouvir aquilo, mas subitamente ela se pôs de pé.

Acho que já vou dormir.- ela anunciou, e antes que ele pudesse falar qualquer coisa, ela deu boa noite, virou as costas e entrou na casa.

Zohar subiu apressadamente os degraus da escada enquanto desenrolava o hijab e cuidava para não fazer muito barulho, e entrou no quarto que Suzan disse que ela iria dormir.

A fraca luz que entrava pela janela era suficiente para ela localizar a cama dentro do quarto, não precisando assim ligar a luz. Apenas tirou os sapatos e deitou-se de costas na cama, cobrindo-se com o edredom até o pescoço.

Assim ela ficou, olhando para o teto por alguns bons minutos enquanto a imagem dele olhando fixamente para ela se intercalava com outros pensamentos. Não estava com sono e assim como em todas as noites desde a guerra não queria fechar os olhos para tentar dormir, mas o fato de não conseguir parar de pensar nas coisas que ele tinha falado a estava incomodando...

—Durma, Zohar!- disse para si mesma, virando-se de lado na cama e fechando os olhos com força na tentativa de pensar em qualquer outra coisa, mesmo que isso incluísse lembranças ruins.

“Não me entenda mal...”


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Notas finais do capítulo

Hmmmmmmmmmmmmmmmm...
O que será que ela entendeu...?



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