Zohar escrita por AnneFanfic


Capítulo 13
Relembrando...


Notas iniciais do capítulo

Andei fazendo umas mudanças e acrescentei o capítulo prólogo. Pra isso tive que mudar todos os capítulos... --'

Voltem no início da fic e vejam o prólogo. Ele dá uma contextualização à fic.



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Pior do que ter um pesadelo enquanto se dorme,

é reviver um momento horrendo como se estivesse acontecendo ali, bem diante dos olhos abertos...

E eu odiei aquele momento como nenhum outro.

 

 

 

A luz que atravessava a janela incidia sobre a cama onde Zohar estava deitada e insistia para que ela abrisse os olhos e acordasse.

Com certa relutância ela foi abrindo os olhos aos poucos, permitindo que eles se acostumassem com toda aquela claridade, e quando ela conseguiu abri-los deparou-se com um teto branco, onde pequenas florzinhas vermelhas decoravam o teto ao redor da lâmpada apagada. Achou-as uma graça e isso a fez se sentar na cama para observar melhor o quarto, já que na noite anterior não teve essa preocupação.

As paredes eram de um tom rosa bem clarinho, que combinavam perfeitamente com a mobília do cômodo, que mais lembrava uma casa de bonecas do que um quarto de hóspedes.

Ela se levantou da cama, arrumando o lençol e dobrando o edredom, e espreguiçou-se. Foi até a janela, ergueu o vidro e o prendeu com uma trava, e colocou a cabeça para fora da janela confirmando suas suspeitas da noite anterior: o lugar era lindo, com todo aquele verde e colorido de flores.

Após lavar o rosto e trocar de roupa ela foi até um espelho preso à lateral do guarda-roupa e olhou-se. Não estava usando o hijab e seus cabelos escuros escorriam por suas costas. Ela virou-se de lado para ver quão compridos eles estavam e olhou-se de frente novamente, observando seu próprio rosto no espelho.

Puxou uma parte dos cabelos para frente, para penteá-los, mas parou para observar seu rosto mais de perto. Suas sobrancelhas bem desenhadas, seus cílios e olhos azuis. Parou nessa parte por um momento, para olhar dentro de seus próprios olhos, e afastou-se. Continuou a observar seu perfil, descendo do nariz até os lábios e o desenho do seu maxilar que lembravam bastante as características físicas de sua mãe, até que de súbito um pensamento surgiu em sua mente.

“Será que ele me acha bonita?”

Imediatamente ela agarrou o hijab que estava sobre o criado mudo e o envolveu em volta da cabeça, abrindo a porta do quarto e indo na direção do banheiro.

—Isso é ridículo. Idiota.- disse para si mesma, recriminando-se por permitir que um pensamento daqueles viesse à mente.

Só não esperava deparar-se com Suzan saindo do banheiro naquele exato momento e nem que ela tivesse escutado tudo.

—Querida.- Suzan passou o braço em volta do ombro de Zohar depois de dar-lhe bom dia. –Nesta casa temos uma regra muito específica: nada de pensamentos negativos ou depreciativos a respeito de si mesma. Ok? Tente aplicar essa regra em sua vida daqui por diante, podemos fazer assim?

Zohar refletiu por um momento e fez um aceno com a cabeça, confirmando, sem na verdade ter certeza sobre aquilo.

—Ótimo.- Suzan sorriu. —Você gostaria de conversa sobre isso? É alguma coisa que posso ajudar?

Só relembrar o motivo fez Zohar envergonhar-se de si mesma e sentir raiva por pensar em coisa tão absurda.

—Nada... Não é importante.

Suzan olhou para o rosto de Zohar por um momento, como que o estudando para ver se conseguia descobrir alguma coisa, e por fim sorriu.

Tudo bem, eu não vou insistir. Mas estou aqui para te ajudar no que quiser. Inclusive para conversar.

Zohar agradeceu a simpatia dela, aceitou o convite para tomar o café da manhã, e voltou rapidamente para o quarto. Procurou as horas no pequeno relógio sobre o criado mudo e espantou-se ao ver que não eram nem sete horas da manhã. Foi assim descobriu que independente da hora que fosse dormir, sempre iria acordar cedo daquela forma se não colocasse um blackout na janela.

Por fim ela ajeitou melhor seu cabelo sob o hijab, para que ele ficasse bem escondido, e desceu as escadas pensando no que Suzan tinha dito. Será que ela teria coragem de se abrir com ela? Ela era muito simpática e atenciosa, mas falar sobre seus pensamentos, sentimentos e traumas era tão difícil... Imaginou se um dia conseguiria por pra fora tudo o que sentia, a respeito de tudo, mas duvidou de si mesma.

Ao chegar ao final da escada Zohar se deparou com Taehyung deitado no sofá, dormindo sob uma coberta. Seu coração deu um pulo quando o viu. Ela parou onde estava, sentindo de repente um forte aperto no peito quando o lampejo de uma lembrança atravessou sua mente fazendo-a sentir uma tontura tão forte que a fez se sentar no último degrau.

“Não, não, não... Por favor, não!” ela fechou os olhos com força, com medo de abri-los e rever aquela imagem diante de seus olhos.

O choro estava se formando na garganta e o desespero estava a ponto de dominá-la, enquanto seu coração parecia querer explodir dentro do peito. Não queria abrir os olhos e dar de cara com aquela cena horrível. Não novamente. Não quando tudo parecia estar bem. Não quando estava a salvo.

Ela permaneceu sentada encolhida no canto, com os olhos bem fechados, e as mãos tapando os ouvidos com força. Não queria ouvir gritos. Não queria ouvir som de pessoas chorando. Não queria ouvir bombas explodindo. No entanto, seu corpo gritava em desespero como no dia em que ouviu tudo isso pela primeira vez. Até que pensou que não poderia ficar assim para sempre. Pensou que tinha que abrir os olhos, só para ter certeza. E quando os abriu, ação que fez com cautela, quase não conseguindo respirar, ela observou o peito de Taehyung subir e descer, e ficou observando-o por um bom tempo, dizendo para si mesma que ele estava bem. Ela fez menção de cobrir o rosto com as mãos e nesse momento viu que suas mãos tremiam violentamente.

“Ele está bem, Zohar... Ele está respirando... Ele está vivo...”

Ficou ali, olhando ele dormindo, até sentir seu coração voltar a pulsar normalmente e esforçou-se ao máximo para controlar as lágrimas. Até quando iria reviver aquilo?

Quando teve certeza de que a tontura tinha passado ela se levantou devagar e caminhou a passos calmos até o sofá, aproximando-se lentamente. Abaixou-se ao lado dele e ficou observando-o de perto, para ter certeza de que ele estava mesmo respirando e que não era apenas coisa de sua cabeça.

Ele estava bem e comprovar aquilo a fez se sentir aliviada. Ele estava seguro. E foi aí que ela não segurou mais as lágrimas, mas deixou que elas escorressem pelo seu rosto, num choro silencioso.

Odiava com todas as suas forças quando aquilo acontecia.  Era como se não fosse suficiente ter visto a guerra entrar dentro de sua casa pela porta da frente. Parecia que era preciso reviver aquelas mesmas sensações de medo, pavor e desespero, despertadas por qualquer gatilho inesperadamente. Um trauma que carregaria pelo resto da vida, talvez. Algo que a fazia ranger os dentes de raiva e de medo, por não saber quando aquilo aconteceria outra vez.

Zohar se sentou no chão e ficou olhando Taehyung dormir por mais um tempo até que, sem saber muito bem o porquê, esticou a mão e mexeu no cabelo dele, ajeitando a franja que caia sobre os olhos. Ação que acabou acordando ele. E quando ele abriu os olhos e deu de cara com ela, olhando-o atentamente, ele viu ela abrir o sorriso.

Bom dia, Oppa.

Dessa vez foi ele que ficou sem graça. Ele respondeu ao bom dia e sentou-se rapidamente no sofá, cobrindo o rosto com as mãos para esconder a cara amassada, e passando uma das mãos no cabelo para ajeitá-lo. Também passou a mão no corpo para ajeitar a camisa, caso ela estivesse levantada e ele não tivesse visto, e isso a fez rir.

Ele espiou por entre os dedos e viu o rosto dela molhado.

Você chorou?

—Chorei de rir com você dormindo, Oppa.- ela brincou.

Ele riu também e continuou ajeitando o cabelo.

Isso não vale.- resmungou.

Ela se levantou e deu um cutucão do ombro dele, chamando-o para tomar café. E quando ela se afastou e foi para cozinha, ele a viu abaixar a cabeça e enxugar as lágrimas.


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