Estrela Cadente escrita por Nicolly Prazeres


Capítulo 2
Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um "pequeno" recesso...
Passe o tempo que for, eu sempre vou voltar pra esse cantinho...
Obrigada por vir, viu?
Boa leitura!



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Felipe foi algo muito esperado e inesperado ao mesmo tempo na minha vida. É engraçado explicar como ele chegou. Acredito que todos no mundo em algum momento da vida desejam encontrar alguém para compartilhar as experiências e as histórias… Seja por carência, por amadurecimento, por amor, por interesse… Mas é certo que esse momento chega para todos.

Eu assisti minhas amigas no colégio ficando e namorando com os garotos que elas gostavam e que correspondiam de alguma forma aquele sentimento. Eu achava aquilo legal, mas nunca tinha a mesma oportunidade. Então, eu esperava que alguém especial surgisse na minha vida, assim como minhas amigas puderam conhecer.

Uns garotos até chegaram a se aproximar de mim, mas nunca nenhum relacionamento vingou. Durava algumas semanas, mas não ia adiante. Eu sempre colocava expectativa demais e nada acontecia.

Então, com o passar dos anos, fui deixando esse desejo de lado e passei a me concentrar mais nos estudos. No segundo ano do ensino médio, eu passei no terceiro bimestre com média 10 em quase todas as disciplinas e aquilo me rendeu um eterno apelido de nerd, mas também, uma viagem para o Rio de Janeiro nas férias de final de ano.

Eu e meus pais viajamos para passar o Réveillon em Copacabana e no dia 31 de dezembro estávamos passeando pelo calçadão. Distraída com o balanço do mar, não percebi que havia invadido a ciclovia, quando um ciclista atingiu meu braço direito. Assustada com o impacto, pressionei com a outra mão o local da batida e vi um rapaz parando para ver se eu tinha me machucado.

Foi então que meu olhar encontrou o dele e eu fiquei encantada. Ele era lindo. E no instante seguinte, percebi que estava preocupado. Atenciosamente, ele perguntou se estava tudo bem e se precisava de ajuda. Não consegui dizer muitas coisas.

Uma leve dor me trouxe de volta à realidade e fixei os olhos no local da batida. Havia um leve esfolado e um pequeno corte de onde se iniciava um sangramento superficial. Com certeza eu teria um pequeno hematoma para guardar de recordação. Mirei o guidão da bicicleta percebendo formas ásperas e pontiagudas.

Naquele momento, meus pais, que haviam caminhado mais alguns passos, perceberam que algo havia acontecido e se aproximaram. Vendo minha inércia em meio a situação, meu pai perguntou o que houve.

— A gente se esbarrou sem querer… — Ouvi com clareza pela primeira vez sua voz rouca com sotaque carioca carregado.

— Tá tudo bem, filha? — Minha mãe perguntou.

Apenas assenti com a cabeça.

— Foi mal… — O rapaz insistiu. — Eu estava distraído…

— Tudo bem… Foi um acidente. — Meu pai falou, desculpando-o.

Não satisfeito, ele equilibrou a bicicleta em seu quadril, retirou uma das alças da mochila que carregava e abriu o maior zíper. Dali, ele retirou uma caneta e arrancou um pedaço de papel do que eu julguei ser um caderno.

— Aqui está meu número… — Ele estendeu a mão, entregando o papel após alguns rabiscos. — Podem me ligar se precisarem de algo!


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