Estrela Cadente escrita por Nicolly Prazeres


Capítulo 3
Parte 3


Notas iniciais do capítulo

Confesso que este texto tinha um desfecho diferente em sua forma original, porém após esse processo de "deixar ir", percebi que devíamos extrair o melhor, mesmo do que consideramos uma perda.
E sempre uma questão de perspectiva.
Boa leitura e obrigada por ter vindo! ❤



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Foi doce. Do início ao fim. Experimentei os melhores momentos ao lado da pessoa mais incrivelmente perfeita que este mundo poderia ter recebido. Ele foi maravilhoso até em seus momentos de ciúme, de descontrole, de loucura, de dor, de medo. A pureza e simplicidade do sentimento que nós construímos nos fortalecia e não nos deixava abalar por qualquer pedra em nosso caminho. E Felipe era um verdadeiro mestre em superação.

Ele me ensinou a ser forte desde o dia em que nos conhecemos. Ele me ajudou a superar a recente separação dos meus pais e a guerra que minha família travou por longos meses; segurou minha mão a cada escolha que eu tive de fazer; deu os melhores conselhos que eu pude receber e me ouviu sem julgamentos; me apoiou e incentivou a buscar meus sonhos sempre.

Se discutimos três vezes nestes dois anos, acredito ainda ser muito. Sem contar que todas as vezes, fui eu quem puxou briga. Hoje me arrependo de cada palavra negativa e cada birra que fiz.

De tão sublime que foi sua passagem por minha vida, vi Felipe fazer até o que não estava ao alcance de suas mãos para me alegrar. Ele conseguiu aguentar firme até nosso aniversário de dois anos de namoro. Ele e minha mãe me fizeram uma surpresa linda, com direito a balões de coração suspensos, pétalas de rosa, velas aromatizadas, fotos e mensagens, as quais me deparei ao voltar da faculdade.

Tive a chance de agradecer durante uma transmissão de vídeo. Eu chorei sem disfarçar pelo gesto admirável e por vê-lo daquela forma: visivelmente cansado e no limite, num leito de hospital a mais de oitocentos quilômetros de distância. E, ainda assim, Felipe conseguia pensar em um jeito de me fazer bem.

Felipe doou cada segundo de seu tempo para me fazer a garota mais feliz desse mundo e eu jamais seria capaz de retribuir um ato sequer. Não tinha preço ter conhecido alguém como ele. Eu só queria ter tido mais tempo.

Passados três dias do nosso dia 12, Felipe finalmente descansou.

Seus rins estavam sofrendo há um tempo por algum mal genético que já tinha levado algum parente distante. Não foi possível tratar devido ao diagnóstico tardio. Logo, mais problemas se desenvolveram em seu sistema urinário, nervoso e até no sangue.

Foi difícil vê-lo partir. Não sei se sua partida foi lenta ou rápida demais, pois eu nunca podia estar preparada para perder o amor da minha vida.

Tudo o que sei é que nesse tempo eu cresci. Aprendi muitas coisas e revi muitas de minhas atitudes, tanto durante nosso relacionamento como após sua partida. No curto período em que nossas vidas se cruzaram, eu pude entender que viemos a este mundo para amar, para fazer o melhor às pessoas que amamos e às pessoas que nos fizeram algum mal também, precisamos passar coisas boas aos conhecidos e desconhecidos, garantir que apenas pensamentos bons dominem nossas vidas e, com certeza, que possamos nos permitir viver o melhor.

De todas as lições que Felipe me deixou, a mais difícil, sem dúvida alguma, foi ter de deixá-lo ir. Doeu mais que eu possa pôr em palavras e dificilmente sentirei algo parecido novamente, mas sei que por amá-lo tanto assim, eu precisava esquecer o meu egoísmo e deixar que sua dor finalmente chegasse ao fim. Pois só assim sua vida eterna seria abençoada com a mais plena felicidade que fosse possível, com a certeza de que sua missão aqui na Terra foi cumprida: ser um exemplo de ser humano.

Eu poderia passar o resto da vida citando e enumerando cada feito e cada bênção gerados pela vida de Felipe. Eu sabia que mesmo em pouco tempo, a eternidade seria pouco para agradecer a oportunidade de tê-lo. Pena ter sido tão pouco…

Mas é o que dizem, não é? Tudo o que é bom dura pouco, porém, o suficiente para se tornar inesquecível.

E você me pergunta: esse garoto não tinha defeito, não?

Seu defeito foi ser tão passageiro quanto aquela Estrela Cadente…


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