Estrela Cadente escrita por Nicolly Prazeres


Capítulo 1
Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Boa madrugada.
Este vai ser rápido... Palavras me faltam, pois nem sei definir como me sinto ao voltar. Só sei que precisava disso.
Boa leitura!



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— Tudo vai ficar bem, meu anjo.

Aquela se tornara a frase preferida dele e era o que eu mais ouvia, não só dele, mas de todos a minha volta. Eu não aguentava mais as pessoas me dizendo que eu deveria ter calma e aceitar os planos de Deus. Pode ser maldade, mas só conseguia pensar em como Ele não estava sendo justo com Felipe.

O doloroso daquilo é que eu sabia que era um adeus. Provavelmente a última vez que eu e Felipe nos falaríamos cara a cara. A última vez em que eu iria sentir seu hálito fresco e seu beijo quente. Última oportunidade de sentir seu abraço apertado, que eu tanto amava, e de estar perto de seu ser tão cheio de vida.

— Por favor, para de falar isso! — Eu explodi em lágrimas.

— Mas, é a verdade! — Felipe envolveu seus braços em meus ombros. — Vai ser melhor assim, até mesmo pra você…

— Por quê?

— Oras, porque assim você não vai ver nada, não vai presenciar o lado ruim disso tudo…

Só pude chorar mais.

Como poderia ser bom estar longe de quem se ama? Adicionado a isso, como poderia eu estar tranquila com o fato de estar distante no momento em que ele mais precisaria de mim?

Caí em mim e percebi como eu estava sendo egoísta naquele momento. Enquanto eu me acabava em tristeza, Felipe afagava minhas costas, me apertava contra si e fazia o possível para me deixar menos nervosa.

— Era pra eu estar te consolando e não o contrário! — Senti raiva de mim mesmo por isso e quase gritei quando disse. — Por que nem isso consigo fazer?

— Porque você precisa mais de mim do que eu de você, nesse exato momento. — Ele disse de forma serena. — Eu vim preparado pra isso…

— Pra ter que me acalmar? — Questionei de forma irônica, mas ele assentiu, o que me fez sentir muito idiota. — Me desculpa! Eu queria ser forte como você!

— Eu também estou aprendendo a ser, amor. — Era incrível como Felipe estava seguro e equilibrado. — Nenhum de nós nasceu sabendo e, é quase certo que, muitos vão... Acabar sem saber…

Ele não conseguia dizer aquela palavra.

— O que quer fazer agora? — Perguntei como quem não quer nada, para afastar dele aquele pensamento sobre o fim.

— Só ficar aqui, assim, com você. Pra mim tá ótimo!

Todo aquele drama, aquela dor de cabeça, todos os problemas, não permitiam que eu olhasse além daquilo. Porém, quando finalmente Felipe me disse aquilo, encarei um céu todo estrelado diante de nossos olhos.

— Esse céu está tão bonito! — Ele falou.

— Era exatamente o que eu estava pensando agora…

Decidi que queria guardar aquele sorriso. Eu ia congelar esse momento na minha memória e sempre que seu nome viesse à mente, me lembraria de como ele estava sorrindo; eu me recordaria sempre de como olhamos as estrelas pela primeira e última vez juntos. Porque era isso que Felipe representava para mim: primeira e última lembrança, o primeiro e último amor, primeiro e último suspiro.

Num instante, vi seus olhos se iluminarem e seu sorriso se engrandecer. Procurei o que havia lhe causado tal efeito e, não demorou muito, eu já estava com a mesma expressão que Felipe. Era a coisa mais linda e surreal que eu já havia visto. Pensava que jamais presenciaria um fenômeno como aquele.

Encontrei um rastro de luz riscando o céu azul marinho; uma pequena estrela trilhava um caminho côncavo pela estratosfera, de um lado a outro, entre tantas outras irmãs brilhantes.

Aquela beleza toda me deixou admirada e acabei me lembrando de quando minha avó me pegava no colo e contava tantas histórias que explicavam a razão de todas as coisas. Numa delas, certa vez, dona Renata me disse que quando os deuses lá no céu estavam entediados, faziam com que as estrelas desenhassem o céu para iluminar a noite das pessoas que viviam na Terra e, assim, fazerem com que elas lhes direcionassem pedidos.

— Faça um pedido. — Felipe ordenou como eu já esperava.

Pensei em minha avó novamente e em como ela poderia ter uma explicação plausível para o motivo de Felipe ter que passar por toda essa tempestade. Ela podia ter uma razão bem convincente para tranquilizar a mim e minha mente confusa e raivosa.

Fechei os olhos, finalmente obedecendo Felipe e sua mão quente que acabava de entrelaçar seus dedos nos meus. Nada eu podia querer senão aquilo. Para sempre.

No entanto, com nosso tempo juntos se esgotando, eu apenas abri os olhos e me lancei sobre seus braços. Felipe tombou para trás, dando algumas de suas deliciosas gargalhadas e me abraçando com mais força ainda.

— Eu te amo, sabia? — Sua voz rouca me disse com segurança enquanto me encarava bem de perto.

— Eu te amo e amo ouvir você dizer isso! — Dei-lhe um selinho demorado, como se provasse um pedaço do céu.

Nos deitamos na grama, um de frente para o outro, e nos amarramos um ao outro, querendo que aquele momento jamais chegasse ao fim. Nos beijamos, nos acarinhamos e falamos sobre todas as coisas maravilhosas que passamos naqueles quase dois anos de relacionamento. Até as dificuldades agora pareciam ser apenas um tempero a mais para que nosso sentimento um pelo outro apenas aumentasse e evoluísse. Eu apenas lamentava que não pudesse ter isso para a eternidade.

Com toda a certeza, Felipe era a resposta para todas as minhas orações. Deus me deu de presente não apenas um namorado incrível, mas um amigo fiel, um parceiro e companheiro para qualquer hora, um amante tão competente e esforçado, um abrigo, um alívio nos momentos de tensão, um alicerce para me fortalecer sempre… Como aquela estrela cadente que avistamos momentos antes, pensei em como Felipe era surreal. Sua energia era demais, seu carisma, sua educação!

Não era à toa que Deus o queria ter por perto novamente…

Deixei uma lágrima escapar mais uma vez e Felipe a secou em silêncio. Ele se aproximou da minha face e beijou meus olhos, como se os curasse e, assim, eu pudesse parar de chorar.

Logo, Felipe se sentou e me puxou para que eu apoiasse a cabeça em suas pernas. Ele continuou a me consolar com vários cafunés e carinho em minhas bochechas, do jeitinho que só ele sabia fazer.


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Notas finais do capítulo

E o clichê "tudo vai ficar bem" que desejamos mais que nunca se cumprir...
Até logo ♥



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