Sentenced to love escrita por Cyz


Capítulo 21
Sem paraquedas


Notas iniciais do capítulo

O capítulo estava pronto... Por que não revisar e enviar, não é mesmo? Esse cap é embalado ao som de Chasing Cars - Sleeping at Last (cover)... Vocês irão saber a hora certinha do play



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Point Of View Regina

Emma encosta a cabeça em meu ombro enquanto tento acalmá-la em meio a um cafuné.

— Não sei o que faria se você não tivesse aparecido – Miranda sussurra – eu já não tinha mais forças

— Vai ficar tudo bem – sussurro em resposta e seguro em uma de suas mãos enquanto observo a Lili arrumar os cabelos da Emma, que acabara de adormecer em meu ombro

Minutos depois David chega com sanduiches e suco, ele fica espantado ao vê a Swan dormindo.

— Ela estava esgotada, acho que fingir ser forte e não chorar a esgotou ainda mais – David fala olhando para a Emma que está um pouco agitada

— Será que é o mesmo pesadelo? – Lili pergunta ao ouvir Emma chamar por Lena

— Lena! – Emma grita ofegante e acorda

— Calma filha – Miranda afaga suas costas tentando fazê-la respirar fundo – foi um pesadelo

— Preciso de ar – ela fala com dificuldade

— Vem, vamos sair um pouco daqui – falo segurando em sua mão

A levo para a saída do hospital, mas não vamos tão longe quanto eu queria, pois chovia muito, nos sentamos em um dos bancos que ficava em uma área coberta da parte de fora do hospital e a deixo respirar, sem falar nada.

— Eu e Lena passamos bons e maus momentos juntas – ela fala com dificuldade – lembra da Kristin Bauer? – ela pergunta e confirmo – nós éramos ótimas amigas, essa amizade evoluiu para algo mais e Lena foi a primeira pessoa que soube disso, ela me ajudou a contar para minha família sobre minha sexualidade, ela me apoiou quando surtei antes de me aceitar, ela ficou do meu lado quando descobri que Kristin aceitou namorar comigo porque eu era tola o suficiente para realizar seus caprichos e para fazer seus projetos da universidade, ela me viu chorar quando acabei o namoro e depois vi a Bauer roubando minhas ideias... – Emma falava tudo com voz falha e sem olhar para mim, olhava apenas para frente – um dia eu estava na casa da Lena com o Heny e nós estávamos brincando quando o Jack apareceu, não demorou muito e escutamos um barulho no andar de cima, Lena pediu para que eu saísse com o Henry, o que me fez pensar que não era a primeira vez que aquilo acontecia. Apesar de não querer, saí e levei o pequeno comigo – Emma para e passa a encarar suas mãos, eu poderia ter falado algo, mas sabia que ela não havia acabado – na noite do mesmo dia, Lena foi até minha casa e buscou o Henry, disse que ela e Jack brigaram, que ele saiu e ela resolveu segui-lo, foi aí que minha prima descobriu que ele a traia, Lena o amava demais... Estava disposta a perdoar, mas Jack pediu o divórcio e minha prima foi buscar o Henry para que os dois pudessem passar uns dias fora, longe de toda essa loucura... Minha prima parou em uma loja de conveniências, para comprar algumas coisas, a loja foi assaltada e ela se escondeu com o Henry, mas ele estava com medo e fez barulho – Emma começa a chorar e passa a apertar os olhos como se tentasse se controlar para prosseguir – um dos ladrões a matou

— Já passou, não precisa se torturar lembrando de tudo isso – falo abraçando-a enquanto ela chora, sabia que muito daquele choro era pelo seu pai e pelo sentimento de perda que invadia seu coração e foi esse sentimento que a fez lembrar da Lena, por isso se tornava ainda mais doloroso

— Henry foi encontrado chorando ao lado da mãe, sujo com o sangue dela – ela diz com voz abafada, pressionando seu rosto em meu corpo, ainda envolvida em um abraço

— Ele lembra disso? – pergunto preocupada

— Não, ele fez terapia por um bom tempo e nos disseram que a mente dele aparentemente bloqueou essas memórias... Ele só sabe o que nós contamos – ela fala enxugando o rosto

— Emma, tio Richard acordou e quer te ver – David fala animado

Corremos para dentro do hospital e Emma entra no quarto, eufórica, mas tentando se controlar.

— Hei, que susto nos deu – ela diz assim que o avista

— Quero conversar com minha família – diz olhando para o médico que assente – você fica – fala para mim ao me vê sair com o médico e logo volto – eu sei que não tenho muito tempo e preciso falar uma coisa...

— Pai, para com isso... Nada de despedida – Emma fala e já começa a chorar

— Me deixem falar – ele diz com dificuldade – Lili, vem cá – ele chama estendendo a mão e ela a segura – você é jovem, filha... Tem muito para viver, muito para errar e aprender... Viva mais, filha! Se permita errar, sonhar, cair e levantar... Você deve isso a você mesma! E nunca deixe sua doçura de lado, meu bem... Isso te torna encantadora – Lili assentia a tudo que ele falava e chorava controladamente – vem cá, meu amor – ele estende a mão para Emma e Lili se afasta – não chore, vai ficar tudo bem... Eu tenho muito orgulho da mulher que você se tornou... Me desculpe por nem sempre ter acreditado no seu potencial, me arrependo muito disso – ele começou a chorar e passou a respirar com dificuldade

— Pai, para... Por favor! Não se cansa – Emma falava em meio a um choro doloroso e cheio de lágrimas

— Cuida dela – Richard fala me olhando e eu me aproximo – Emma pode ser cabeça dura às vezes... Ela herdou essa teimosia de mim, mas vale a pena dá uma chance e persistir, construir uma estória... Não é porque é minha filha, mas ela é dona de um dos corações mais lindos que conheço – quanto mais ele falava mais Emma chorava, a amparo com meus braços e a afasto da cama, pois Richard olhava para David – filho – Nolan se aproxima – preciso te contar uma coisa... Lembra do envelope que te dei? – David assente – nele contava a estória de um homem que errou muito na vida e errou mais ainda com a mulher que amava, esse homem teve um caso com uma de suas funcionarias e ela engravidou... Ele foi covarde para assumir a criança e pagou para a mãe esconder a paternidade, mas aí essa mulher morreu – Richard tosse um pouco e nos dá o intervalo necessário para assimilar as informações dadas, todos estavam perplexos com o que ouviam imaginando o ponto final que essa conversa teria – esse menino foi criado como filho, mas chamado de afilhado

— Não sei se estou entendendo o que quer dizer – David diz soltando sua mão e deixando cair mais algumas lágrimas

— Você entendeu! Sabe exatamente do que estou falando... Você é um Swan, eu sou seu pai David – ele diz com dificuldade

David olha para Richard atônito com tudo que ouviu e sai do quarto, Emma vai atrás dele e vejo que estão na frente do quarto, abraçados.

— Miranda – ele fala e nós olhamos para ele – me perdoa por tudo isso...

— Eu sempre soube, Richard – ela fala, fazendo David e Emma voltarem para o quarto – quando o D. entrou em nossa casa pela primeira vez, ainda recém nascido nos braços da Ruth, eu suspeitava que ele era seu filho – ela diz olhando para o David – antes de morrer, sua mãe me chamou, me confessou tudo e me pediu perdão... Minhas suspeitas foram confirmadas! – volta a olhar para Richard – ela me disse que vocês saíram algumas vezes e que depois da primeira noite juntos você acabou com tudo... Eu senti raiva, mas de certa forma eu já sabia e o David era pequeno, não tinha culpa de nada... Depois que minha cabeça esfriou eu percebi que isso não diminuía o amor que sinto por nosso menino e não diminui o que sinto por você

— Obrigado, Miranda... Você sempre foi uma pessoa melhor que eu – ele diz chorando – Continua cuidando da nossa família – Richard sussurra fraco

 

Trilha sonora: Chasing Cars - Sleeping at Last (cover)

 

O monitor cardíaco começa a sonorizar algo desesperador, David corre para chamar ajuda, Miranda começa com a massagem cardíaca e as irmãs Swan se abraçam enquanto choram com toda aquela situação. Era angustiante vê aquela cena, ouvir os pedidos de socorro, os apitos do monitor, o choro, os apelos de Miranda para que ele não morresse e saber que nada poderia ser feito por mim, para ajudar. Dois enfermeiros entram com um residente e pedem para a família sair, mas continuamos ali.

— Pega uma bandeja de intubação – o residente diz a um dos enfermeiros – uma ampola de Epinefrina

— Ele assinou a ONR – o outro enfermeiro diz e o residente para a massagem cardíaca – não pode continuar – diz olhando para Miranda

— Continua – Miranda fala firme, mas não é atendida – continua – ela grita e o residente ordena a bandeja novamente

— Trás um carrinho de parada – o residente grita assim que o apito do monitor se torna um som acelerado e constante – Já realizei a abertura das vias aéreas – diz e um dos enfermeiros começa a comprimir o balão de oxigênio – fibrilação ventricular – ele pede as pás do desfibrilador e espalha um gel sobre as placas, colocando-as sobre o peito e a lateral do corpo de Richard – carrega em duzentos – o enfermeiro atende – afasta – ele grita e dispara a carga – faz uma ampola de gluconato de cálcio – o residente ordena

— Pai... Não faz isso comigo – Emma sussurra ao meu lado e eu a abraço com força, amparando seu corpo que tremia

— Carrega em duzentos e cinquenta – o residente fala ao vê que o monitor cardíaco não apitava mais – afasta – todos obedecem e ele dá um novo choque – faz mais uma ampola de gluconato de cálcio e carrega em duzentos e setenta – o residente ordena novamente, mas dessa vez ninguém obedece, Miranda toma a frente e faz o que o residente mandou – afasta – ele grita e faz um sinal em negativa quando vê que nada funcionou – sinto muito Miranda, já estamos a meia hora nisso e o ritmo cardíaco não mudou, o coração dele estava fraco, ele se foi... Sinto muito – ele fala com pesar e vira para o monitor

— Não desliga – Miranda repreende chorando – tá tudo bem, eu vou continuar cuidando das nossas três crianças e tudo vai ficar bem... Vai em paz – ela sussurra e deposita um beijo em seus lábios – hora do óbito: 23h30

Miranda deu a volta na cama do seu esposo e desligou ela mesma o monitor, sessando com o som que deu lugar a choros dolorosos e cada vez mais aflitos.

— Vem cá – seguro o rosto da Swan e a obrigo a virar, não olhar mais para o corpo do seu pai

— Ele se foi – ela fala em meio a soluços

— Eu sei, querida... Shiii – tento acalmá-la, mas me ponho a chorar enquanto a abraço

Já havia sentido aquela dor antes e sabia o quanto era doloroso, não havia palavras que poderiam ser ditas naquele momento, então a abraçava forte em silêncio.


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Notas finais do capítulo

Desde já, obrigada e até a próxima!

PS.: Twitter da fic @sentencedtolove



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