POV Elsa

— Ela não é sua única amiga, eu também serei sua amiga se quiser. – Digo sorrindo um pouco envergonhada. Algo me dizia que Rapunzel não era má pessoa e que eu devia me aproximar dela.

Ela não para de sorrir por um segundo e diz:

— Eu quero muito! – Ela me abraça e eu me retraio um pouco me afastando educadamente mas acho que ela não notou. Desde que descobri ser capaz de fazer neve estou com medo de tocar em qualquer coisa e congelar tudo a minha volta. Só hoje antes de vir para escola já congelei minha frigideira, uma caneca, um pão e meus fones de ouvido. Minha única solução foram essas luvas que já não uso desde a minha última viagem com minha família, e isso foi a muito tempo atrás.

— Elsa, sem querer me intrometer mas posso perguntar algo? – Rapunzel pergunta como quem não quer nada.

— Claro. – Responde simplesmente torcendo para que ela não pergunte sobre as luvas.

— Você e o Flynn são amigos ou…- Ela pergunta e não consigo segurar: gargalho com força. Ela cora fortemente e olha para o lado.

— Claro que não, nós somos apenas amigos. – Digo me divertindo pela primeira vez desde ontem. Rapunzel fazia o tipo super fofa e me lembrava muito Anna. Lembrava muito uma boneca: Loira de olhos verdes com carinha de criança e baixinha. Olhando bem ela e Flynn fariam um casal bem bonito de se ver apesar de serem quase contrários. Flynn era moreno, alto e a primeira vista parecia ser o contrario de fofo. 

Antes que pudéssemos continuar a conversa o sino bate fazendo-nos levantar e ir cada uma para uma sala.

Suspirei pesadamente sabendo que tinha que falar com Merida hoje. Depois de muito pensar decide que não esconderia isso de Meri e nem me afastaria dela. Não seria um poder qualquer que me faria afastar da minha melhor amiga.  

Na primeira aula Meri passa o tempo todo me mandando bilhetinhos me perguntado o por que de eu usar luvas e de estar parecendo preocupada mas a ignorei completamente, eu iria falar com ela na intervalo quando tomasse coragem.

— Precisamos conversar Meri. – Digo assim que a primeira aula termina.

— Sobre o que? – Ela pergunta curiosa. Tentei pensar na melhor maneira de dizer que eu tinha poderes contrários ao dela mas não encontrei por isso decidi mostrar.

— Vem comigo. – Respondo e nos levo ao banheiro que graças a Deus está vazio. Sei que nossa amizade era forte mas antes de mostrar a ela quis ter uma confirmação.

— Meri, se por acaso um dia eu tivesse algo… algo assustador e que pudesse te ferir você se afastaria de mim? – Pergunto e a simples menção dela se afastar de mim já faz com que eu queira chorar. Meri era uma das poucas pessoas que eu ainda tinha no mundo.

Mas eu não ia chorar. Chorar era algo quase impossível para mim, pelo menos na frente das pessoas.

— Claro que não Elsa, porque eu me afastaria? Você por acaso se afastou de mim quando eu fui para diretoria por ter quase quebrado o braço do Hiccup? Você se afastou quando Astrid espalhou fofocas dizendo que eu falava mal de você pelas costas? Você se afastou de mim quando descobri que incrivelmente eu posso fazer fogo do nada? – Ela diz tudo isso e me abraça. Meri quase nunca demonstrava coisas como abraços e por isso eu sabia que todos eles eram verdadeiros.

— Promete? – Perguntei suspirando e mandando as lágrimas para longe.

— É claro Elsie, mas você já está me assustando com essa historia. O que foi que aconteceu? – Ela perguntou se afastando e me dando um pouco de espaço.

Com as mãos um pouco trémulas tirei uma das luvas, abri uma das torneiras e coloquei a mão descoberta dentro da água.

O resultado foi instantâneo, a água no mesmo momento se transformou em gelo e fez Meri soltar um pequeno grito e por reflexo se afastar.

Coloquei rapidamente a luva de volta e olhei para ela rezando para que ela não fugisse.

— Meu Deus do céu, você também? – Ela perguntou ainda espantada. – Isso é tão maneiro, nós vamos formar uma dupla de super heroínas. Eu serei a flame curls e você a ice girl. Seria perfeito. – Ela diz e tenta se aproximar de mim mas me afasto.

— Você só pode estar louca Meri. Você não sabe o que isso significa? Nós temos poderes contrários. Se por acaso gelo e fogo chocarem no final um deles desaparece. Nós podemos nos machucar. – Digo tentando colocar juízo nela.

— Elsa não viaja. Somos melhores amigas muito antes desses poderes além do mais nós nos machucaríamos apenas se lutássemos e nós nunca faríamos isso pois somos irmãs. Não de sangue mas de coração que é o que importa. – Ela diz e me abraça antes que eu consiga me afastar. – Se cuida. – Ela sussurra baixinho ainda no abraço.

Meri e eu sempre tivemos dificuldades em expressar algumas coisas e sempre achamos que dizer eu te amo é algo que não deve ser dito a toda hora por isso quando queremos dizer isso acabamos por dizer: Se cuida. Bobo, eu sei mas é algo que realmente faz sentido pois que ama cuida.

— Se disser para alguém que te abracei dessa forma eu quebro sua cara. – Ela completa me soltando um pouco envergonhada. Meri sempre fica com vergonha de demonstrações de carinho assim, adora bancar a durona.

Gargalho e sinto uma lágrima cair. Por mais que as coisas ficassem confusas ou perigosas eu teria minha melhor amiga do meu lado.

— Mas ainda acho que você está louca Meri, Flame curls é um péssimo nome para uma super heroína.

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POV Jack

Esses dias realmente tem sido bem estranhos para mim. Hiccup parece estar sempre preocupado e pensativo mas quando pergunto o que ele tem ele sempre desvia do assunto.

Merida e Elsa também parecem bem estranhas e Elsa tem me evitado mais do que o normal. Hoje por exemplo, Foram ao banheiro e voltaram sorrindo radiantemente mas Elsa parecia alguém que tinha chorado ou que queria chorar.

Estou me sentindo como se todos estivessem suas próprias bolhas e estavam me deixando de lado. Quando a aula terminou fui para casa e deixei Hic indo para o seu castigo com a Meri. Desde o dia do beijo eles não tinham se falado direito por isso ele estava um pouco apreensivo.

Quando cheguei em casa só encontrei Emma e ela disse que nossos pais tinham ido passear juntos e só voltariam no outro dia.

Eca! Eu já tinha ideia do que eles pretendiam fazer e pela careta que Emma fez ela também já sabia. Eu preferia continuar pensando que meus pais não faziam esse tipo de coisas.

— Jack, vamos passear hoje! – Ela diz não como quem pergunta mas como quem ordena. Muito mandona essa mini bruxinha.

— Não! – Digo já me dirigindo para o quarto.

— Tudo bem. Como não tenho nada para fazer talvez eu telefone para a mamãe e conte-a que você a uns dias atrás foi para uma balada e levou o carro que aliás mamãe tinha proibido. – Ela disse distraidamente enquanto lia uma revista.

— Como você sabe disso? – Quase grito voltando para junto dela.

— Elsa trouxe o carro ontem e eu esqueci de dizer. – Ela responde me olhando como quem tinha acabado de dar cheque mate. Você me paga Emma!

— O que você quer para manter a boca fechada? – Pergunto rendido, eu pensaria num plano de vingança mais tarde.

— Você vai me levar para passear, vai convencer o papai de me deixar fazer uma festa do pijama esse final de semana, vou ficar com sua sobremesa por 4 dias, você vai comprar uma capinha de celular nova e um colar. Só isso.

— Só? Você está ficando louca se acha que eu vou fazer tudo isso para você. – Digo exaltado.

— Tudo bem Jack, eu não estou te obrigando a nada. – Quando ela termina de falar apanha o telefone e diz: qual é o numero da mamãe mesmo?

— Vou trocar de roupa para irmos sair. – Digo subindo depressa as escadas. Melhor as chantagens de Emma do que as broncas e castigos de minha mãe.

Depois de alguns minutos eu e Emma nos dirigimos para o lugar preferido dela: a floresta Winter que por acaso ficava a quilómetros de distancia da nossa cidade ou seja nós estamos nos dirigindo para lá de tarde mas mesmo assim só voltaríamos para casa a noite. Eu realmente deveria ser filho único.

Apesar da distância a floresta era realmente linda. Tinha arvores grandes e muito bonitas que contrastavam com o grande lago que havia ali. Apesar de ainda ser inicio de Outono o lago estava congelado por uma fina camada porque a floresta ficava num lugar bem alto.

Ficamos brincando de pega pega pela floresta um bom tempo até que resolvemos descansar.

Deixo a Emma sentada num tronco em frente ao lago enquanto eu passeio mais ao fundo da floresta.

— Jack!!! – Ouço a voz de Emma gritar assustada e corro depressa até ela. Quando chego até ela está de pé do meio do lago. Entro no lago também mas antes que eu chegue perto dela ela grita:

— Não! O gelo está fino e está quebrando, não vai aguentar o peso de nós dois. – Ela estava soluçando enquanto o gelo quebrava aos poucos. Emma não sabia nadar e além do mais mesmo que a camada de gelo da água estivesse fina de certeza o lago estava gelado e ela no mínimo apanharia uma pneumonia isso se sobrevivesse.

A ideia de perder minha Emma me faz estremecer e vê-la desesperada naquele estado parecia o inferno para mim.

Ela falava coisas desconexas e tremia muito enquanto seu rosto estava banhado de lágrimas. Eu tinha que salvar minha irmã, eu já tinha errado muito com ela e com minha família mas agora eu não erraria mais. Não seria digno da minha família, não seria digno deser chamado de irmão se não salva-se Emma.

Dei um longo suspiro para mandar todos os pensamentos e medos para longe.

Está tudo bem, está tudo bem… - Digo duas vezes tentando me convencer disso. – Não olha para baixo, olha para mim.

— Jack e-eu estou… estou com medo. – Ela diz baixinho quase sussurrando.

— Eu sei mas você vai ficar bem, você não vai cair. – Digo tentando sorrir para ela e transmitir confiança. – Em vez disso vamos brincar como você queria.

— Mas você não gosta de brincar comigo. – Ela diz.

— Gosto, claro que gosto. Você é minha irmã e eu te amo. – Digo rezando para que algo aconteça e me ajude.

Por Favor Meu Deus me ajude. Viro a cara para o lado e vejo um cajado no chão perto de onde eu estava. Obrigado!

— Que tal a gente brincar de amarelinha? Que nem a gente fazia quando éramos mais pequenos? Você adorava. Eu começo! – Digo e começo a pular na direção do cajado. – Um… Dois… ohhuhh – Digo fingindo me desequilibrar para fazer Emma se divertir e consigo a fazer rir um pouco. – Três. Agora sua vez.

Enquanto ela dá o primeiro pulo apanho o cajado do chão e o seguro nas mãos. O cajado era reto feito de madeira mas na ponta era entortado de forma quase perfeita formando um arco.

Quando Emma dá o seu segundo pulo o chão racha um pouco mais. É agora.

— Três! – Dizemos ao mesmo tempo e eu agarro o cajado e com a sua ponta em forma de arco coloco nos pés de Emma e a puxo para um lugar onde o gelo era mais firme e perto da terra.

Mas com a força que fiz o impulso me levou para onde ela estava e como eu era mais pesado o gelo rachou completamente e senti o chão desaparecendo debaixo dos meus pés.

A ultima coisa que ouvi foi o grito de Emma e o som da agua antes da escuridão me dominar.

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Está tudo escuro e me sinto molhado, não consigo respirar…

O que aconteceu? Uma voz baixinha que parece conhecida sussurra:

— Jack… a hora chegou, a segunda fase vai começar e vocês tem de estar preparados. Escute, Confie e acredite… Magia…