Já fazia algumas horas que os rapazes do BTS (sete, ao total) haviam finalmente dado entrada no hospital, como pessoas normais tinham que fazer. Porém, a diferença entre eles e qualquer outro paciente mortal era que, quando se tratava dos mortais, o diretor não ficava grudado no cangote dos mesmos como uma perfeita fangirl. Sério, o homem conseguiu bajulá-los ao ponto de deixá-los claramente desconfortáveis — até que o testa suada, que mais tarde descobri se chamar Ji Gae Mae, um homem um tanto minúsculo e que finalmente estava parando de suar de nervoso, pediu educadamente para que eu acompanhasse os exames dos meninos.

Não vou mentir, a expressão de desgosto no rosto daquele homem enorme e carrancudo me fez bem feliz; mas a minha felicidade durou menos do que chuva de verão. Quando disse aos sete que o único exame que precisariam fazer era o de sangue, só faltou voarem na minha jugular.

"Como assim, só isso? Nós estamos quase morrendo!" — Puro drama.

Eles haviam sido acomodados em leitos mais afastados, três deles em camas do lado direito e os outros quatro do lado esquerdo, separados por cortinas. O diretor oferecera para colocá-los em quartos especiais e mais reservados, porém, como não havia nenhum outro paciente próximo de seus leitos e os mesmos queriam ficar juntos, acabaram recusando. Agora, descansavam enquanto tomavam soro para se manterem hidratados. Alguns tentaram recusar ao ver a agulha, mas acabaram sendo derrotados no final.

E sua paz durou só o tempo dos exames ficarem prontos. Assim que recebi os mesmos em minhas mãos, me dirigi até seus leitos, escancarando todas as cortinas, uma por uma, e consequentemente os assustando até o último fio de seus cabelos coloridos. Os encarei, semicerrado os olhos, enquanto recebia em troca uma enxurrada de reclamações, ou algo do tipo.

— Silêncio. — indaguei, sendo prontamente obedecida. Gostei. Estava na hora de começar a dar as notícias.— Kim Nam Joon. —chamei o nome que constava no primeiro resultado e esperei por uma resposta. O rapaz de cabelos rosados, mais próximo da minha direita, ergueu timidamente a mão. Era ele o mais alto, que havia tentado me explicar o porquê de estarem ali. — Náuseas e dores abdominais. Beba bastante água, descanse e coma comidas leves. Estará melhor dentro de, no máximo, sete dias. — antes que pudesse ser interrompida, continuei. — Min Yoon Gi. — um rapaz de pele pálida e cabelos azuis como o céu emitiu um som, e nada mais. Fitei o Mr. Simpatia, esperando que estivesse falando com a pessoa certa. — Vomitou uma vez e também sente dores na barriga. Seu diagnóstico é o mesmo.

— Como pode ser o mesmo? — perguntou, pasmo. Aquela era a mesma voz que havia respondido sarcasticamente minha pergunta sobre serem mafiosos. — Eu estava muito pior que...

— Kim Seok Jin. — continuei, cortando-o, mesmo que em seguida recebesse um olhar fuzilador. — Você não tem nada. Por que está aqui?

— Ah... fiquei com medo de passar mal também, doutora. — aquele, de cabelos pretos, gesticulava e falava alto. — Ainda bem que tenho um estômago de ferro!

Que pessoa estranha.

— Enfim... — prossegui, preferindo não discordar dele. — Jung Ho Seok.

— Sim, doutora. — um homem de cabelos vermelhos, que encontrava-se deitado na cama do meio no lado direito, fez uma expressão sofrida. — Pode dizer a verdade, eu aguento.

— Você só teve diarréia. — indaguei, fazendo-o mudar sua expressão para uma revoltada, como se eu estivesse ofendendo seu ego. Pelo jeito que os outros seguravam a risada, acho que era isso mesmo. — Coma bastante frutas secas e beba água. Ficará bem em alguns dias.

— E quanto a mim, doutora?! — uma mão balançava nervosamente no ar. O rapaz ao meu lado esquerdo, dono de mechas cinzas (ou prateadas, ou alguma coisa dessa família), parecia mais animado do que nervoso.

— Qual é o seu nome? — perguntei, folheando os exames.

Ele me encarou, perplexo.

— Você não sabe quem eu sou? — indagou, boquiaberto. Balancei a cabeça negativamente. — Aish, você não estava brincando quando disse que não nos conhecia.

— O nome dele é Kim Tae Hyung. — respondeu-me Namjoon. Pelo visto, ele era o mais respeitado da turma. Seria um líder, talvez?

O tal Taehyung esperava tão ansiosamente enquanto eu procurava pelo seu exame, que eu tive que me segurar para não gargalhar. Sentado na mesma posição que a estátua de Buda, ele sacudia as pernas como se estivesse se preparando para uma corrida.

— Aqui. Náuseas, dores no estômago, fadiga e, por algum motivo, níveis altíssimos de açúcar no sangue. — encolheu os ombros, recebendo olhares acusadores dos amigos. — Seu caso é igual ao dos outros, tirando o fato de que você precisa maneirar nos doces.

— E adianta falar? — Seokjin reclamou. — Eles toma aqueles chocolates quentes até mesmo nos dias mais quentes de verão!

— Jin-hyung, você não pode falar nada... — retrucou.

— Próximo. — indaguei um pouco mais alto, cobrindo o "Yah!" do mais velho. — Park Ji Min.

— Ye, doutora. — o loiro, com a voz um tanto doce, se pronunciou como se estivesse prestes a levar uma bronca dos pais.

— Está tudo bem nos exames. Você teve cólicas e cansaço muscular, então só precisa de repouso e manter-se hidratado.

— Sério? — perguntou, parecendo subitamente radiante. Apesar da pele muito pálida, ele abriu um pequeno sorriso. — Obrigado, doutora.

Finalmente, alguém que não havia esquecido a educação em casa ou a perdido vaso sanitário abaixo! Quem quer que seja esse ser humano, ele conquistou o meu respeito.

— Por fim, Jeon Jung Kook. — fitei uma das camas a minha esquerda, onde um rapaz de cabelos castanhos bagunçados apenas me olhava. — O seu estado era um dos piores, porém você foi o que menos se queixou. — e eu não estava mentindo. Ele não havia aberto a boca nem mesmo para perguntar o porquê de ter sido o único a necessitar tomar um remédio (que era para conter seu estado febril ainda no começo). — Mesmo assim, você também se recuperará bem dentro de alguns dias, basta fazer o mesmo que os outros.

Enquanto ele sacudia a cabeça positivamente, eu me perguntava se ele era mudo, tímido ou estava apenas muito cansado. De qualquer modo, era melhor assim do que ficar dizendo reclamações.

— Enfim, todos vocês se recuperarão bem. Mas, por favor, da próxima vez que forem sair para comer escondido, pelo menos que seja para um lugar que sirva comida bem preparada. — indaguei, e a maioria abaixou a cabeça, reconhecendo a própria culpa. — Pedirei que o médico de plantão lhes dê alta assim que as bolsas de soro acabarem. Foi um prazer conhecê-los, espero que se recuperem rápido e muito obrigada por não me fazer perder o meu emprego.

— Espera, doutora... — alguns deles indagaram ao mesmo tempo, porém:

— Sun Hee!

Por Deus, aquele homem precisava parar de gritar meu nome pelo hospital como se estivesse prestes a comer meu fígado. Depois de saltar de susto (eu e os sete hospitalizados), virei-me, dando de cara com o diretor Park. Ele estava... com os olhos arregalados?

— Nós temos um problema. — disse, com um ar receoso. — Ou melhor, seis.

— Por favor, não me diga que outro grupo de famosos resolveu aparecer aqui pedindo a minha ajuda. — respondi, mais como uma prece.

— Não, mas as fãs deles — apontou para os homens atrás de mim. — estão jogadas no chão da recepção, aos prantos.

— O que?! — a pergunta havia sido uníssona e eu, inclusive, estava junto do coro.

— Sun Hee, eu quero distância daquelas meninas. Disse a elas que chamaria a diretora geral do hospital.

E então, ele me encarou. Minha ficha demorou alguns segundos para cair.

— O que?! — desta vez, exclamei sozinha.

— Você trouxe o problema para cá. Agora, você que resolve. — e, dito isso, o diretor apenas deu-me as costas e saiu andando rapidamente.

Ah, então agora ele achava que os sete dramáticos eram um problema?

Para mim, eles estavam sendo um problema desde que colocaram os pés nesse hospital.