BTS's Doctor Crush escrita por Cellis


Capítulo 27
Uma escolha


Notas iniciais do capítulo

Olá, amores! Demorei alguns dias, devido a uma semana mais corrida do que as corridas do Bolt (ai, que piada maravilhosa), mas aqui estou.
Espero que gostem e LEIAM AS NOTAS FINAIS.

Amo vocês, boa leitura ♥



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Eu já havia andado pelos corredores da Big Hit algumas (várias) vezes, isso era um fato — porém nunca tão nervosa. Mesmo no primeiro dia em que estive aqui, deparando-me com aquela fachada espelhada e imponente que o prédio possui, para assinar um contrato que literalmente mudaria a minha vida, eu havia me sentido tão ansiosa. Claro que eu estava me esforçando para não deixar isso transparecer (com sucesso, eu esperava), mas, mesmo assim, ainda sentia meu coração se apertar e em seguida bater exageradamente rápido a cada passo que eu dava pelos corredores, seguindo a recepcionista simpática e prestativa.

Sejin havia me ligado na noite anterior. Para a minha sorte, eu já estava em casa, havia tomado um longo banho morno e me encontrava um pouco mais calma depois de passar por toda aquela tensão com Yoongi e, por isso, pude atendê-lo decentemente. Ele disse que precisava conversar comigo pessoalmente e preferiu não me dizer o assunto por telefone — o que fez com que, mesmo que o manager não me parecesse irritado nem nada do tipo, eu passasse toda uma madrugada rolando desassossegada em minha cama.

Para os curiosos de plantão, não, eu ainda não havia tido qualquer tipo de comunicação com Yoongi. Foram inúmeras as vezes em que, durante minha noite em claro, eu havia alcançado meu celular e pesquisado o seu contato — mas logo em seguida, voltava a bloquear a tela e enfiava minha cabeça de volta no travesseiro com certa força, frustrada. Nenhuma ligação, mensagem, carta ou sinal de fumaça... nada, de nenhuma das partes. Eu me lembro que, quando era criança, costumava achar estúpida essa mania que os adultos tinham de complicar ainda mais as coisas, ao invés de apenas resolvê-las de uma vez.

Hoje, eu havia me tornado essa adulta estúpida.

— Bom dia, Sun Hee. — cumprimentou-me Sejin, colocando-se de pé no momento em que adentrei na sala de reuniões na qual ele me esperava. — Sente-se, por favor.

O cômodo era enorme, com as paredes pintadas de branco, um grande símbolo azul da Big Hit em uma delas e uma decoração simples e elegante — além da grande mesa de reuniões no centro, de cor clara. Devolvendo-lhe o sorriso simpático, eu o cumprimentei de volta e fiz o que havia me pedido, sentando-me na cadeira exatamente de frente para ele.

— Eu suponho que você já saiba sobre a turnê que os meninos farão, certo? — Sejin iniciou, naturalmente. Mesmo com toda a sua altura e porte imponente, o manager já havia deixado de ser assustador diante dos meus olhos há algum tempo.

Ye. — respondi, tomando o cuidado de ater-me àquilo.

Eu não sabia o que Sejin sabia, por isso, seria melhor assim.

— Bem, vendo como Yoongi estava louco para lhe contar, eu imaginei que já soubesse mesmo. — disse, abafando uma risada e sacudindo a cabeça para os lados. Pelo visto, ele parecia não saber nem metade da história. — Mas enfim, foi exatamente por causa disso que eu lhe chamei aqui, hoje. Ontem, antes da assessoria de imprensa divulgar o vídeo anunciando a turnê, eu reuni os funcionários e selecionei quais irão acompanhar os rapazes. Eu consultei a disponibilidade de cada staff até conseguir montar uma equipe e, no fim e depois de várias horas, eu finalmente consegui fechar tudo.

A fala de Sejin precisou de alguns segundos para ser digerida por mim. Ele já tinha uma equipe formada. Tinha feito uma reunião, na qual eu não estava presente, e selecionado cuidadosamente quem acompanharia o Bangtan durante os meses da turnê.

Então o que diabos eu estaria fazendo ali?

— Eu pedi para conversarmos separadamente porque o seu caso é diferente, Sun Hee. — explicou Sejin, como se estivesse lendo a minha mente. — O primeiro show será daqui a três meses, em Seul. Até lá, você ainda estará trabalhando com o Bangtan e cuidando da alimentação deles, mas... o seu contrato chega ao fim logo no primeiro mês da turnê, quando eles estiverem na China, e assim também termina o período de licença da nutricionista a qual você está substituindo.

Sejin pausou, folheando os papéis e pastas que tinha sobre a mesa e pacientemente esperando que eu entendesse toda a situação.

Para a sua sorte, eu sempre fui uma aprendiz rápida.

 — Isso quer dizer que eu não poderei ir? — indaguei mas, ao invés da pergunta soar apenas como um incentivo para que ele continuasse sua fala, pareceu que eu já tinha até mesmo comprado as minhas passagens.

Dei de ombros, desistindo de me explicar antes mesmo de começar a fazê-lo, e esperei por sua resposta.

Tecnicamente, sim. Mas, eu entrei em contato com a outra nutricionista e ela disse que preferiria não ir, porque teria de ficar muito tempo longe da filha. Então, nesse caso, há duas opções. — mais uma vez, uma pausa para fitar os tais papéis. — Você poderia ir no lugar dela e, para isso, nós colocaríamos um adicional de dois meses no seu contrato e o registraríamos oficialmente de novo. Daria trabalho, sim, mas não é nada impossível de ser feito. Ou... nós dispensaríamos os seus serviços um mês antes da validade do contrato, você receberia tudo que tem direito e os meninos viajariam sem nutricionista.

Eu fitei Sejin, ponderando as duas possibilidades. A verdade era que, nos meus planos, a inauguração do restaurante seria na mesma semana na qual o meu contrato com a Big Hit chegasse ao fim — e ambas as opções que Sejin me oferecia naquele momento atrapalhariam isso.

Além, claro, das outras dezenas de consequências que qualquer que fosse a minha decisão teria.

— Francamente, nós dois sabemos que, se eles tiverem um bom planejamento alimentar e forem devidamente acompanhados e cuidados durante esses três meses que faltam, não há necessidade da presença de uma nutricionista durante a turnê. — Sejin quebrou o silêncio. Ele tinha razão, na verdade. — Mas, eu sei como os rapazes gostam de você e que ficariam muito felizes se você fosse, por isso estou lhe dando o direito de escolher.

Sejin estava completamente certo e, por isso, eu não sabia o que dizer. Eu teria de colocar o sonho da minha vida e pessoas que tornaram-se tão especiais para mim em lados opostos de uma balança e, no final, torcer para que um deles fosse mais pesado e me fizesse tomar uma decisão.

Mas eu não poderia fazer isso, pelo menos não naquele momento.

— Eu posso pensar um pouco antes de lhe dar uma resposta? — indaguei, esperando que Sejin pudesse ao menos perceber como aquilo estava sendo difícil para mim.

Mesmo sem nenhuma obrigação, ele o fez.

— Claro que pode. — respondeu, oferecendo-me um pequeno sorriso compreensível. — Eu preciso de uma resposta até o fim da semana. Até lá, pense tudo o que precisar.

Suspirei, um pouco mais aliviada e até mesmo me permitindo abrir um pequeno sorriso.

— Obrigada.

Sejin concordou com um aceno de cabeça amigável e, em seguida, encerrou a reunião. Ele disse que tinha um outro compromisso dentro de poucos minutos, por isso, pediu licença e já estava a caminho da porta de vidro da sala de reuniões — mas parou no meio do caminho, virando-se para me fitar.

— Sun Hee. — chamou-me. Como eu ainda estava sentada, precisei girar um pouco a cadeira para fitá-lo. — Ao contrário do que a maioria das pessoas acham, o Yoongi não é uma pessoa difícil de se lidar.

Eu o encarei, repentinamente prestando mais atenção em suas palavras. Seu tom de voz sábio e suas palavras haviam me pego de surpresa, e eu me mantive em silêncio quando percebi que ele ainda continuaria (não que eu soubesse o que dizer depois daquele impacto, obviamente).

— Quando ele sente uma dor física, resmunga e faz drama por todo lado, mas... quando algo o incomoda sentimentalmente, bagunçando seus pensamentos e emoções, Yoongi se mantém quieto e não se expressa verbalmente. — pausou, sorrindo como se estivesse lembrando de algo. — Isso é um problema para as pessoas que convivem com ele, claro. Mas, se você prestar um pouco de atenção nele, logo conseguirá perceber que há algo de errado, mesmo que ele não fale.

— Porque ele tem medo de incomodar ou chatear os outros com seus próprios problemas. — completei seu raciocínio sem perceber, num sussurro.

Exatamente. E, se você não insistir, ele continuará tendo.

Quando nos conhecemos, eu não sabia nada sobre os rapazes. Porém, com o passar do tempo, eu acabei aprendendo sobre cada mania, característica, qualidade e defeito de cada um deles — principalmente de Yoongi. Atualmente, eu tinha plena consciência do que Sejin estava falando e já estava cansada de saber sobre o jeito de Yoongi, mas, por algum motivo, eu fui egoísta demais para compreendê-lo e tentar conversar com ele ontem. Porque, do mesmo jeito que eu possuía meus traumas passados e defeitos, Yoongi também tinha os dele.

O mínimo que eu poderia fazer era aceitá-lo como ele era, ajudá-lo a lidar com seu erro e ouvir seu pedido de desculpas.

E eu havia falhado em cada um desses quesitos.

— Eu vou esperar pela sua resposta, Sun Hee. — disse Sejin, mudando completamente de assunto. — Pense bastante e não tenha pressa.

Ye. — foi tudo que eu conseguir responder, um pouco sem jeito.

Então, Sejin deixou a sala de reuniões. Sozinha com meus pensamentos culpados, eu suspirei pesadamente e me recostei na confortável cadeira de escritório. Fiquei ali durante alguns minutos, de olhos fechados e apenas imersa no silêncio do cômodo, até percebe que seria melhor ir embora dali com minhas próprias pernas, ao invés de alguém me achar uma louca ou algo do tipo e me expulsar.

A Sun Hee que havia entrado no prédio da Big Hit naquela manhã com certeza não era a mesma que estava saindo. Ao invés dos passos ansiosos e do coração mais palpitante do que o normal, eu praticamente arrastava meus saltos cinza claro corredor à fora e caminhava com os ombros encolhidos. As pessoas que haviam me visto em ambas as situações provavelmente estavam achando que eu havia sido demitida, algo que eu também pensaria se estivesse me vendo naquele momento, no lugar de imaginar que a situação poderia ser muito mais complicada do que aquilo.

Aigoo... como eu queria voltar a ser criança. Voltaria a resolver meus (pequenos, porém enormes aos meus olhos) problemas e a chamar os adultos de estúpidos por não seguirem o meu exemplo. Comeria bolo de chocolate, me sentindo a pessoa mais capaz e inteligente do universo apenas por ter consertado minha panelinha de brinquedo quebrada.

Foi só quando eu entrei no táxi que me dei conta de que não precisava de uma máquina do tempo para voltar, nem nada do tipo. Para agir feito a menina Sun Hee novamente, eu só precisava mudar as minhas atitudes.

Eu só precisava voltar a seguir a solução mais óbvia e simples para resolver os meus problemas.

— Para onde vamos, senhorita? — perguntou o senhor de idade que dirigia o táxi, fitando-me com um sorriso simpático no rosto pelo espelho interior do veículo.

E então, eu abri um largo sorriso otimista e confiante. Dei ao homem o endereço que já conhecia de cor e salteado mas que, contudo, não era o meu.

Obrigada pela ajuda, pequena Sun Hee.

 

***

 

A Sun Hee criança só não contava com a dura verdade que de nada adiantaria ser um adulto descomplicado, se todas as outras pessoas ao seu redor não estivessem a fim de colaborar com a sua simplicidade.

— O hyung não está. Na verdade, ele saiu sozinho há pouco tempo e não disse para onde ia. — disse Taehyung, com uma enorme e fofa cara de sono. — Sinto muito, noona.

Eu tinha ido até o dormitório dos rapazes, cheia de otimismo e esperança. Durante todo o caminho, planejei mentalmente o que diria a Yoongi, como pediria desculpas por ter sido uma péssima namorada e como esperava que fizéssemos as pazes logo em seguida.

E, como eu já deveria esperar, tudo já tinha começado a dar errado.

— Por acaso... ele pode ter saído para ensaiar? — indaguei, utilizando meu pequeno resquício de esperança. Se esse fosse o caso, eu faria o caminho de volta para a Big Hit num piscar de olhos.

Taehyung coçou a cabeça pensativo, bagunçando ainda mais seus cabelos.

— Provavelmente não. Nós só temos ensaio marcado para à tarde, porque o manager hyung queria que nós descansássemos um pouco. — respondeu, ainda sonolento. De repente, pareceu perceber algo estranho. — Francamente, é estranho que o hyung não tenha aproveitado esse tempo para dormir o máximo que conseguisse.

Taehyung tinha razão, nesse ponto. Onde diabos Yoongi havia ido, que era mais importante para ele do que seu sagrado sono?

— Você já tentou ligar para ele, noona? — o mais novo perguntou, recostando-se no batente da porta da frente. Estava com tanto sono e distraído, que não havia ao menos percebido que não tinha me convidado para entrar.

Aniyo. — respondi, culposamente encolhendo os ombros.

Como era uma ótima planejadora e uma pessoa que sempre cuidava dos mínimos detalhes, eu não havia sequer pensado em ligar para Yoongi.

— Quer que eu ligue? — indagou Taehyung, e eu quase pulei em sua mão para impedi-lo.

Aniyo! — exclamei, assustando o pobre coitado. Tentei me recompor em seguida, envergonhada. — É que... eu preferiria conversar com ele pessoalmente.

Taehyung encarou-me, estreitando os olhos. Em seguida, deu de ombros como costumava fazer.

— Sabe, o hyung não costuma ficar muito tempo fora de casa. — constatou, balançando a cabeça sem um motivo aparente. — Você pode esperar aqui se quiser, noona.

Pensei em agradecer-lhe por finalmente estar me convidando para entrar, porém, acabei deixando esse assunto de lado e aceitando sua sugestão. Sentei-me no sofá da sala, que já era quase mais meu do que deles, e bebi, com apenas em um gole, grande parte do copo de água que um Taehyung saltitante fora buscar para mim na cozinha (sim, as mudanças de humor dele eram constantes e imprevisíveis).

E então, eu esperei.  Foram dez minutos, vinte, trinta, uma partida de videogame contra Taehyung, quarenta... e nada. Não querendo deixar-me esperando sozinha, o mais novo recusou-se a sair do meu lado — acabou caindo no sono com a cabeça confortavelmente posicionada nas minhas pernas. Impossibilitada de me mexer, com Taehyung dormindo tranquilamente em meu colo (uma cena que seria extremamente fofa, se eu não estivesse levemente desesperada naquele momento), eu tive de continuar esperando.

Foi quando, assustando-me, meu celular começou a tocar. Tentando não acordar Taehyung, eu o procurei rapidamente em minha bolsa e mal tive tempo de ler o nome de Jung Soo na tela antes de atender sua chamada.

— Alô. — eu disse, quase sussurrando.

Taehyung se mexeu um pouco, mas logo voltou a dormir tão tranquilo quanto um bebê.

Por que você está sussurrando? — foi a primeira coisa que Jung Soo indagou, mas, antes que eu conseguisse respondê-la, ela mesma ignorou sua pergunta. — Melhor, onde diabos você se meteu?  

— É uma longa história. — Jung Soo parecia nervosa, por isso, resolvi cortar caminho e descobrir o que estava a deixando assim. — Aconteceu alguma coisa?

Do outro lado da linha, minha amiga deixou escapar uma risada quase histérica, deixando-me ainda mais preocupada.

Aconteceu que Min Yoongi está esperando por você há quase uma hora, sentadinho no sofá do nosso apartamento.

— O que?!

Naquele momento, fora impossível não acordar Taehyung (mesmo que eu nem estivesse pensando nisso). Pulando de susto e dizendo algumas coisas sem muito nexo, ele se levantou de supetão, como se estivesse sendo acordado por uma buzina de caminhão. Eu o encarei com certa pena, mas foi impossível não voltar minha atenção para o telefone novamente.

— Ele está aí, esperando por mim? — perguntei, surpresa. — Por que diabos você não me ligou antes para me avisar?

Eu não sabia o que fazer, oras! Ele foi entrando, dizendo que precisava muito falar com você, e simplesmente sentou-se no sofá. E está lá até agora. — disse, se defendendo com um tom que beirava o desespero. — Eu liguei porque não faço ideia do que devo fazer. Eu preciso sair, mas não posso simplesmente trancar Min Yoongi do lado de fora, na sarjeta.

Aish... se eu soubesse disso, não teria vindo até o dormitório deles. — resmunguei, porém alto o suficiente para que minha amiga me escutasse.

Você está na casa do BTS?!

Yah, fala baixo! — a repreendi, mesmo sem saber a que distância ela estava de Yoongi. — Não fale nada para ele e enrole mais um pouco. Eu estou indo para casa agora, está bem? Você pode fazer isso por mim?

Uma longa pausa foi dada do outro lado da linha, ao passo que eu já estava me levantando.

Yah, é melhor você ser rápida. — deu-se por vencida e concordou, como eu já esperava.

Eu amava aquela mulher.

Despedi-me de minha amiga rapidamente, agradecendo uma dúzia de vezes. Em seguida, peguei minha bolsa pela alça e fitei Taehyung.

— Eu tenho que ir. — eu disse. — Obrigada por esperar comigo, Tae.

Ele, que já estava me observando desde que acordara assustado, concordou com a cabeça. Às vezes, Taehyung conseguia entender as coisas assustadoramente rápido.

Noona. — chamou-me, quando eu já estava me dirigindo em direção à porta. Eu parei bruscamente, quase dando de cara na mesma, e o fitei. — Fighting!

Eu não pude evitar de sorrir. Agradeci com um aceno de cabeça e voltei a seguir meu rumo.

O caminho pareceu durar para sempre. Durante todo o trajeto, eu pensava e repensava em tudo que havia acontecido, sem conseguir conter minha mente e todos os julgamentos contra mim mesma que ela estava fazendo. Primeiro, eu havia ficado extremamente chateada com Yoongi por ter achado que eu não gostaria da ideia da turnê, e senti como se ele tivesse pensado que eu seria contra algo que representava o mais do que bem merecido sucesso deles. Depois, quando finalmente percebi que ele vinha escondendo aquilo de mim há semanas, o meu trauma com Yong Joon falou mais alto e eu acabei me desesperando; mesmo que, nem nessa e nem em nenhuma outra vida, Yoongi fosse capaz de fazer tal coisa. Por fim, veio a revolta comigo mesma: quando Yoongi olhou-me daquele jeito e me deixou sozinha no restaurante, eu senti como se o chão abaixo dos meus pés estivesse desabando. Não importava o quão grandes fossem os meus fantasmas do passado, eu sabia que não podia falar com Yoongi daquele jeito — ele acabou por me interpretar mal e, com todo o direito, chateou-se.

Tudo isso dentro de poucos minutos e de uma briga desnecessariamente tensa.

Aigoo... finalmente eu já podia ver a fachada do meu prédio. Só assim a minha mente me deixaria em paz e voltaria a imaginar o pequeno sorriso de Yoongi, e quando eu poderia vê-lo novamente. Subi as escadas que davam na entrada principal apressadamente, atravessando o saguão feito uma ventania logo em seguida. Fui impedida de continuar meu trajeto naquela mesma velocidade pelo elevador que, como sempre, demorava uma vida inteira para chegar onde eu queria. Recuperando meu fôlego, esperei pacientemente que as portas se abrissem e me levassem logo para casa.

Mas não foi exatamente o que aconteceu. As portas se abriram e, bem, eu só acertei o que aconteceria até aí. Um vulto passou pelas portas beirando a velocidade da luz e acabou por me carregar junto — e, se eu não tivesse sido segurada pelos braços do tal vulto, provavelmente teria beijado o chão.

Eu estava prestes a xingar aquela pessoa de todos os modos possíveis, até deparar-me com fios azuis levemente rebeldes. Com os olhos arregalados, Yoongi encarava-me e tinha seus braços envoltos um pouco acima da minha cintura, impedindo que eu caísse direto no chão.

— Oi. — foi tudo o que ele disse, quase sussurrando. Não se moveu e nem fez menção de que o faria, apenas continuou a encarar cada centímetro do meu rosto e a segurar-me quase que pela cintura.

— Você estava indo embora? — foi a primeira coisa que perguntei.

Dane-se a educação, eu estava pensando coisas demais naquele momento para me lembrar da mesma ou me preocupar com isso.

 — A sua amiga deixou escapar que você estava no dormitório. — ah, tinha que ser culpa de Jung Soo; quando finalmente conseguiu falar com Yoongi, foi para isso. — Eu estava indo atrás de você.

— E eu estava vindo atrás de você. — afirmei, a poucos centímetros de distância do seu rosto. Não consegui segurar uma risada nasalada, o que o confundiu. — Seria um tanto ridículo se a gente tivesse se desencontrado.

Yoongi acabou me acompanhando e rindo também.

— Seria mesmo. — concordou. Em seguida, ficou em silêncio durante alguns segundos, fitando-me intensamente. — Eu sei que nem se passou tempo suficiente para isso mas, mesmo assim, eu ainda senti sua falta.

E então, exatamente naquele momento, todo o discurso que eu havia preparado e ensaiado mentalmente foi para os ares. A verdade era que, quando se trava de Yoongi, não importava o quanto eu planejasse as coisas — ele acabaria me surpreendendo de algum modo e, no final, eu faria tudo diferente e sem pensar.

E isso era tão bom. Quase tão bom quanto sentir o seu delicioso gosto de hortelã novamente, o que aconteceu assim que inclinei-me para frente para beijá-lo. Ah, eu também tinha sentido tanta falta daquilo... seu jeito carinhoso e gentil, ao mesmo tempo intenso e caloroso. Yoongi endireitou nossos corpos, trazendo-me em seus braços sem interromper o beijo, e eu me perguntei ao céus o que tinha feito de tão bom na vida para merecê-lo.

Quando o ar finalmente nos faltou, ele gentilmente quebrou o contato dos nossos lábios e encostou sua testa na minha, mantendo seus olhos fechados.

— Desculpe. — sussurrou, um pouco ofegante. Seu nariz estava muito próximo do meu e, conforme ele respirava, uma ponta encostava na outra. — Eu prometo que jamais voltarei a lhe esconder algo, ou mentir, ou fazer nada para magoá-la.

Eu não o interromperia, nem diria que ele não precisava se desculpar. A verdade era que ambos precisavam fazê-lo e, como ele já tinha feito, agora era a minha vez.

— Desculpe. — sussurrei de volta, fazendo com que ele abrisse os olhos um pouco surpreso. — Eu prometo que nunca mais vou julgá-lo sem ouvi-lo, nem compará-lo com mais ninguém. Você é você, e é por isso que eu te amo.

Sem ao menos tentar se conter, Yoongi moveu seus lábios para formar seu pequeno sorriso, o qual eu havia morrido de saudades. Pelos céus, só de pensar que poderia perdê-lo e nunca mais ser contemplada com aquele sorriso, meu coração chegava a doer. Eu deveria ter dito mais, é verdade, mas eu sabia que somente ao olhar em meus olhos Yoongi podia ler todos os meus pensamentos. Apenas fitando-me, Yoongi sabia o que se passava em minha mente e, se eu falasse mais alguma coisa, acabaria por estragar aquele momento tão importante para nós. Foi quando, carinhosamente, ele trocou nossa posição para um abraço aconchegante e apertado. Rodeando-me com seus braços, ele me envolveu por completo e depositou um beijo no topo da minha cabeça, fazendo com que eu me sentisse a pessoa mais amada e protegida do mundo.

— Eu quero que saiba que, não importa qual for a sua decisão, eu sempre estarei lhe apoiando. — disse, afagando os meus cabelos com uma de suas mãos. — Se você resolver ir conosco, eu ficarei muito feliz. Mas, também me sentirei extremamente contente se você ficar para batalhar pelo seu sonho.

Então ele já sabia sobre as duas opções que Sejin me dera. A maioria das pessoas ficaria chateada por ele ter descoberto por outros meios que não fosse eu mesma, porém, eu estava apenas grata em não ter de contar-lhe tudo aquilo — por isso, escondi mais ainda minha cabeça no seu moletom grande e preto, como se estivesse planejando jamais sair daquele abraço. A verdade era que eu já havia tomado uma decisão, só precisava que alguém me incentivasse a acreditar em mim mesma e a seguir com ela.

E eu tinha esse alguém bem ali, abraçado a mim e dando-me todo o apoio do mundo.

— Obrigada, oppa. — disse, mas minha voz acabou sendo abafada pelo casaco.

Quando Yoongi riu, senti seu peito subindo e descendo sob o meu rosto. Não fora a risada que ele costumava usar quando achava algo engraçado, mas sim quando estava feliz demais para se lembrar como deveria se expressar.

Aigoo... como eu te amo. — disse naturalmente, como se estivéssemos conversando sobre o clima. — Obrigado a você, Sun Hee-ah, por me amar de volta.

Eu ri bobamente de sua fala. Yoongi era a única pessoa que eu conhecia que agradecia a alguém por amá-lo, o que o tornava ainda mais especial.

E que também tornava infinitas vezes mais difícil sobreviver a três longos meses sem ele.


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Notas finais do capítulo

"Mas Cellis, você reatou nosso casal para separá-los de novo?"
"Mas Cellis, esse capítulo não tem 6.000 palavras."
Caaaaaaalma! Tia Cellis é maldosa, mas também sabe ser muito boa às vezes. Para presenteá-los (e porque não consegui segurar a empolgação com essa ideia que surgiu da noite para o dia só para mim), eu tenho uma NOVA FANFIC para vocês. Isso mesmo, história fresquinha com nossos meninos e que já comecei a postar.

https://fanfiction.com.br/historia/754564/Iguais_porem_opostos/

Se se interessarem, é essa que está aí. Espero que gostem e deem tanto carinho quanto dão a essa daqui!
Não se esqueçam de me dizer o que acharam do capítulo, ein! Prometo que não demorarei muito para voltar.

Até ♥



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