Paradigma escrita por Any


Capítulo 4
Coragem


Notas iniciais do capítulo

Ei o/
Esse capítulo está um tanto grande u-u



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O céu tinha uma coloração límpida, um azul puro e desprovido de nuvens, era amplo e infinito.

Ás vezes, Quinn se pegava pensando se o céu que jazia em cima de sua cabeça não seria a liberdade disfarçada, em uma irônica posição que a vida lhe dera, sempre, incansavelmente, procurando algo que sempre esteve ali.

Outras vezes, ela acabava sendo presa por um talento infinito, sorrisos cheios e canções doces, presa em suas próprias divagações apaixonadas e impossíveis.

Impossíveis por causa dela mesma e suas escolhas que lhe traziam momentos de felicidade.

Momentos tão pobres comparados aqueles em que ela se encontrava somente pensando.

— Querida, você está tão distraída, aconteceu alguma coisa? – Judy perguntou do outro lado de sua mesa de trabalho recheada de papéis e trabalhos nos quais tomavam todo o seu dia.

A voz de sua mãe parecia tão distante, como se ela estivesse ouvindo de baixo d’água.

— Nada com que você precise se preocupar mamãe. – A última palavra saiu da forma mais doce que pode, mascarando qualquer presença de seus pensamentos. - Não íamos a igreja hoje? –

— É muito atencioso de sua parte lembrar. – Sua mãe assentiu enquanto mexia em papeladas em cima de sua mesa de trabalho. – Lucy, meu bem, você está ciente que seu pai não volta mais cedo para casa ultimamente, não é? –

A sobrancelha de Quinn se arqueou em um questionamento silencioso sobre a afirmação duvidosa de sua mãe. Já tinha certa ideia do que seriam esses atrasos com falsas justificativas do seu pai tão querido.

Fidelidade era uma palavra tão.... Curiosa.

Quinn circulou o escritório da mãe com os olhos, absorvendo cada detalhe cinza e preto do lugar.

— Mas você nunca me disse o real motivo dos atrasos. – A loira se sentou no sofá do canto da sala. – Você dizia para eu não me preocupar. –

— De fato, são só motivos bobos. – Judy suspirou, tirando os óculos de leitura do rosto. – Só que esse pequeno problema pode acabar com você, Lucy. –

Se vendo curiosa pelas palavras da mais velha, Quinn tombou a cabeça, os olhos avelãs tentando encontrar, mesmo que no ínfimo do brilho de seus olhos, algo de errado.

— Existem certas pessoas no nosso círculo pessoal que não deveriam estar lá. – Cruzando as mãos sobre o colo, os olhos de Judy pareciam jorrar incomodo. – Na nossa igreja, como por exemplo, a família Jones começou a frequenta-la. – Espalmou as mãos sobre a mesa do escritório.

Quinn franziu o cenho, não entendendo onde sua mãe queria chegar.

— Não consigo ver o problema. –

— Quinn, eles são negros. –

Os pensamentos da loira decaíram-se sobre aquela afirmação tão, mas tão....

Estúpida.

Os olhos avelãs encontraram os castanhos da mãe, tentando ser crédula em seus próprios sentimentos quebrados e tentar não acreditar naquelas palavras tão cruéis que poderiam fazer seu peito rachar.

Mas somente encontrou aceitação naquela zona de conforto em que se encontrava. Sempre fugindo e se escondendo.

Sempre tão covarde que ela mesma não conseguia aceitar a sua submissão tão malditamente estúpida.

Tudo aquilo era tão estúpido.

Ela queria somente quebrar cada pedaço daquele lugar, queria jorrar aquela raiva escondida em seus sorrisos sempre tão falsos....

Tudo tão falso.

— Você quer que eu fale com eles? -

— Quero que peça para a filha deles nunca mais voltar. – Continuou a olhar para seus documentos. – Nossa igreja acolhe pessoas de bem e puras. – Judy olhou de soslaio para a filha, observando o rosto petrificado. – Querida, podemos julga-los pela cor de pele deles. –

— Mas, você acha uma boa ideia? –

Aquela pergunta pareceu fluir algo na Fabray mais velha, seus olhos castanhos endureceram e seu cenho se franziu sobre a dúvida de sua filha contra ela.

— Digo.... Eles ajudam na contribuição da igreja, na doação para o hospital e para as casas de repouso, não seria uma perda...

— Lucy. – O nome sibilou sobre os lábios finos e secos. – Adão E Eva, por um acaso, eram negros? –

Quem sabia?

— Não. – Negou.

— Onde você acha os negros surgiram, querida? –

A respiração de Quinn parou e ela era capaz de sufocar-se.

Mas, que maldita conversa era aquela?

Perfeita. Perfeita.

Você vai sorrir, vai dizer que sim, vai afirmar cada palavra.

Por que motivos tinha passado por tantas mudanças então? Para estragar seus objetivos por pessoas impuras?

— Espero que tenha entendido. –

A loira engoliu em seco, os lábios sendo mastigados cruelmente por seus dentes em uma ação ansiosa, denunciando todo seu descontentamento com aquilo.

— Agora.... Mais uma coisa. – Girando a caneta vermelha em mãos, Judy, dessa vez, não olhou para Quinn ao sentenciar a próxima ordem. – Finn disse que você e aquela Judia....

— Rachel. –

O nome saiu suave sobre seus lábios, o som saindo como um acalento sobre aquilo tudo.

— Rachel.... – Gesticulou as mãos em descaso. – Estão andando juntas ultimamente. –

— Estamos fazendo atividades do clube do coral. – A afirmação verdadeira fez com que os ombros de Quinn relaxassem. – Nada de muito relevante. –

Judy afirmou com a cabeça, seus pensamentos perdidos em algum lugar.

— Não se encontre mais com ela. –

De todas as coisas que fez, de todas as crueldades controladas por sua personalidade machucada e anos de pressão, aquela, em particular, era impossível.

— Isso não depende de mim. –

— Mas vai depender. –

Aquilo não era um pedido.

Quinn engoliu em seco e assentiu.

***

Rachel não estava chegando ao auditório.

Quinn já estava a longos trinta minutos esperando a judia atrasada, que parecia encher, cada vez mais, seus pensamentos de preocupações descabidas.

— Acho que ela não vem Fabray. – Puck, com seu violão e toda a sua aura sexy, sorriu para a líder de torcida, que somente apertou seus olhos avelãs para a entrada.

Sem dizer nenhuma palavra, a loira saiu do auditório, em uma falsa aparência de desistência.

Andando com passos largos sobre o piso de linóleo, a Fabray mais nova percorreu os corredores da escola, tentando achar, de qualquer maneira, a dona de seus pensamentos.

Seus olhos decaíram para uma sala na qual conhecia muito bem e na qual recorria boa parte de seu tempo – apesar de não admitir isso em voz alta –.

Captando vozes familiares, seus olhos se espicharam para a porta aberta da sala da Orientação, lhe dando uma imagem de duas pessoas.

Uma delas era Rachel que parecia balançar sua cabeça de forma lenta e letárgica, a sua frente, a Orientadora Educacional, senhorita Pillsbury, tinha um sorriso reconfortante e triste em direção a ela.

O que tinha acontecido? Quinn se perguntava de forma incessante.

Por que ela parecia tão.... Triste?

— Rachel, talvez você devesse deixar isso de lado, por enquanto. – A mulher mais velha sorriu de forma compreensiva. – Eu sinto muito por você não ter conseguido ganhar aquele concurso e sua voz estar prejudicada, mas existem outras coisas a fazer, outros sonhos a seguir. –

— Mas eu.... Eu... –

Os olhos da loira se repuxaram em surpresa ao ouvir o som rouco e distorcido que um dia tinha sido algo caloroso.

— Eu não quero desistir. –

A mulher de cabelos ruivos somente suspirou, colocou suas mãos entre o rosto da cantora.

— Rachel, isso não é definitivo. –

— E se for? –

— Você vai superar, como todos os dias você faz, por que você é forte. –

Quinn assistia tudo de forma atenta, suas mãos se transformando em punhos.

Desistir.

Rachel se levantou, pegou sua bolsa e da forma mais desanimada, saiu da pequena sala, ignorando completamente a presença da líder de torcida.

A loira mordeu seu lábio inferior, observando Rachel dar passos cada vez mais longes dela, se tornando mais inalcançável a cada segundo.

Mas, pela primeira vez, ela não deixaria se levar pelas palavras dos pais e correria atrás daquilo que amava.

Com passos apressados, ela conseguiu alcançar a morena.

Com um puxão no antebraço, o corpo de Rachel parou de se mexer e se chocou com o seu.

— Preciso falar com você. – A sua voz não era gentil, não era bondosa.

Ela parecia querer rasgar algo com suas próprias mãos.

Ela estava tão, mas tão furiosa.

— Veio rir da minha falta de voz? – De forma rouca e forçada, Rachel parecia triste e desacreditada. – Ou talvez querer gravar algum áudio e divulgar para a escola inteira? –

— Não seja ridícula. – Rosnou a Fabray, empurrando Rachel de forma agressiva.

— Eu sou a ridícula aqui, Fabray? – Rachel tentou gritar, mas tudo o que saiu foi um fiapo agudo de voz. – Você.... Você é a pessoa mais inacreditável que eu conheci! –

A loira sorriu internamente.

— E então? Eu continuo melhor que você. – Quinn cutucou o peito de Rachel ofensivamente. – E melhor do que tudo o que você ouviu daquela porcaria de orientadora. –

— Emma só quis me ajudar, você não sabe o que eu estou passando. –

— O que? Você está passando pela primeira dificuldade da vida? –

— Você não me conhece! –

— Eu não preciso. – Quinn rosnou. – Eu sei o quanto você é frágil e covarde. –

— Você não tem esse direito Fabray. –

— O que? De dizer tudo o que você tem tanto medo de ouvir? De machucar o seu ego interminável. –

Um soluço.

Quinn sentiu todos os seus músculos travarem.

—Por que você está fazendo isso, de qualquer jeito? – Os olhos magoados brilharam em sua direção. – Só me deixe em paz. -

 – Não espere que um sonho como o seu venha de forma fácil. – De forma brusca e dolorosa, o ombro da loira se chocou contra o de Rachel.

A judia somente encolheu os ombros, sentindo que, depois daquela discussão, tudo aquilo no qual lidou, tivesse piorado em proporções gigantescas.

Ás vezes, pensava que odiava Quinn Fabray mais do que qualquer outra pessoa, ás vezes, ela pensava que simplesmente não conseguia encarar a loira de tanto asco que apenas um olhar parecia exercer sobre ela.

— Não me decepcione, não depois de tudo. –

A frase confusa de Quinn fez com que Rachel se virasse com brusquidão para atrás, para encarar tanta intensidade que eram os avelãs de seus olhos.

***

Um dia de cada vez.

Uma hora de cada vez.

Um segundo de cada vez.

Uma respiração.

Os olhos de Quinn abriram-se.

Ela estava novamente longe de seus pais, de sua casa e amigos.

Aquilo estava se tornando um hábito, simplesmente pegar seu carro e sair sem destino sobre Lima, tentando a todo custo, se ver livre daquilo que prendia quem ela realmente era.

Seus olhos se fecharam novamente sobre o pôr do sol, um sorriso deslizando sobre seus lábios.

Ela sentia-se.... Apaixonada.

E quando se sentia assim, era como se ela pudesse fazer tudo, como se ela pudesse pular e sair voando para longe, como se pudesse viver para sempre, como se pudesse ser livre.

Um barulho e seus dedos já agarraram o celular, seus olhos visualizando o número, seus pensamentos pendendo entre atender ou não.

Era Santana afinal de contas, ou ela estava ligando bêbada demais por ter perdido Brittany, ou chorando por ter perdido Brittany.

Ela não sabia quem estava mais no fundo do poço, ela ou Santana.

Soltando um suspiro cansado, Quinn atendeu o celular.

— Eu falei para eles. –

A frase era uma grande incógnita.

— O que, exatamente? –

Santana soltou o ar de forma trêmula e então a loira notou que a latina estava chorando.

Seus olhos se arregalaram e seu queixo decaiu, a mão que segurava o celular apertou envolta do aparelho eletrônico com força.

— Você....

Passando a mão pelos cabelos de forma exasperada, Quinn não sabia se começava a gritar de felicidade ou xingar a melhor amiga de todos os adjetivos ofensivos e preconceituosos que conhecia.

— Como eles.... Reagiram? –

— Da melhor forma possível. – Santana confirmou.

Engolindo em seco, Quinn fechou os olhos com força.

— Você tinha certeza? –

— Acho que tinha certeza desde que conheci Brittany. –

— Santana, nem todas as histórias de amor dão certo. – Quinn tentou explicar da melhor forma possível que um ato impulsivo naquele momento era um erro, um grande erro.

— Não, se você não lutar por ela. –

***

— Impossível. –

— Essa é uma palavra relativa Kurt, ainda mais se estamos falando de Quinn Fabray. – Rachel circulou seus olhos ao redor do refeitório lotado.

— Desculpe, eu pensei que você tinha acabado de falar que a garota mais popular dessa escola. – O garoto não parecia convencido. – A presidente do clube do celibato, a capitã das líderes de torcida e a garota mais desejada dessa escola mandou você não desistir de seus sonhos. – Revirou os olhos dramaticamente. – A sua excentricidade acabou de alcançar um nível exorbitantemente enorme. –

Rachel castigou seus lábios secos de forma irritada, franzindo o cenho contrariada, enchendo as bochechas.

— Digo, só não ache isso uma grande coisa.... – Enquanto Kurt falava, Rachel observou certa pessoa atravessar as portas do refeitório. – Quinn é inalcançável demais para boa parte das pessoas. –

Inalcançável.

Rachel observou a pessoa que a cativara desde o primeiro momento e que odiara não muito tempo depois.

Quinn tinha seus cabelos em seu característico rabo de cavalo, seu uniforme das Cheerios parecia tão imaculado quanto sua popularidade e ela tinha um sorriso disfarçado nos lábios.

— Ás vezes eu penso que ela é mais do que mostra ser. – Rachel se remexeu na cadeira de plástico, seus olhos decaíram-se para a salada murcha em sua bandeja

— Além de uma vaca vadia? – O tom de voz de Kurt jorrava escárnio. – Uma vaca vadia gostosa. – Assentiu, enquanto dava uma grande mordida em seu sanduíche.

— Você é tão superficial. – Rachel cerrou os olhos.

— A humanidade é superficial. – Dando um sorriso sujo, Kurt riu sobre o olhar horrorizado da melhor amiga.

Enfiando os vegetais verdes e semicongelados na boca, Rachel resmungou sobre o gosto ruim.

— Sua última chance. – Kurt ofereceu o enorme lanche recheado de carne e queijo para Rachel. – Uma mordida e toda sua filosofia de vida irá mudar. –

— Não. – Rachel se afastou bruscamente do melhor amigo. – Não quero ser mais uma assassina em massa. –

Kurt deu de ombros.

— Lembre-se que isso é escolha sua. –

Rachel revirou os olhos.

— Vou lembrar, obrigada. –

Dando de ombros, o garoto continuou seu lanche distraidamente, seus pensamentos se perdendo na líder de torcida que roubava os pensamentos de sua melhor amiga.

Ás vezes eu penso que ela é mais do que mostra ser

Rachel não sabia da razão que tinha.

— Eu preciso ir, certo? –

— Espere, eu vou com você...

— Preciso falar com Mercedes e depois da última briga que vocês tiveram por aquele solo, eu não tenho certeza de que um encontro entre vocês duas seria bom. –

Um tanto quanto irritada pela impaciência do amigo, Rachel somente balançou sua mão em descaso.

Distraída demais, Rachel somente focou-se em terminar a sua comida.

Mãos se espalmaram sobre a mesa e a bandeja a sua frente tremeu pelo impacto.

Seus olhos subiram para encontrar certa presença marcante que parecia chamar a atenção de cada pessoa no refeitório.

— Quinn. – O nome saiu como um suspiro cansado e envergonhado, se sentindo-se estranha ao falar com uma pessoa que não fosse Kurt ou qualquer um que não debochasse sua aparente falta de voz.

— Vejo que você não melhorou. – O tom de voz de Quinn era mais ameno, completamente contrário da última vez em que elas se encontraram, dois dias atrás.

Olhando para os lados, notando ser o centro das atenções do refeitório inteiro, Rachel encolheu os ombros e se afundou à frente da mesa, tentando se esconder.

— Todos estão olhando.... – Sussurrou.

Tombando a cabeça para o lado, Quinn colocou suas mãos sobre a cintura e sobre toda a sua altivez – que, secretamente, Rachel invejava – somente deu de ombros.

Por que simples gestos pareciam conter tanto segredo e impacto sobre ela?

— Queria perguntar se nossos ensaios estão ainda marcados. – Quinn murmurou, se sentando de frente a ela, como se não fosse algo completamente estranho a garota mais importante daquela escola inteira estar falando com a mais ridicularizada.

Estando ciente de que faltara a esses encontros com Puck e Quinn por sua vergonha, Rachel somente engoliu em seco ao encarar os olhos avelãs tão atentos a ela.

— Preciso de ajuda na montagem de uma música para as Regionais. – Disse, sabendo que se colocasse a competição entre corais no assunto, talvez Quinn se entediasse e fosse embora.

— Que tipo de música? –

A pergunta surpreendeu a judia, que levantou seus olhos de forma surpresa e levemente indignada, seus pensamentos travando com a frase.

Mesmo que fosse possível, Quinn não poderia estar interessada em nada do que ela falava, poderia?

A garota que cruelmente jogava raspadinhas diariamente em seu rosto não poderia estar querendo ter uma conversação amigável.

— Pensei em algo calmo e relaxante, talvez um pouco romântico. – Rachel murmurou, a sua animosidade crescendo ao ver o olhar interessado de Quinn em sua direção. – Nós poderíamos fazer casais no Glee, tanto hetero quanto homossexuais, em uma representação do amor de forma igualitária, que não existe nada que o impeça de forma geral, claro, se todos estiverem confortáveis com isso ou se Mrs Schue aceitar a ideia. Mas ainda tenho muito trabalho a fazer visto que não tenho a música nem a coreografia, pensando bem, a coreografia pode ser algo questionável....

Um pigarro.

Rachel piscou, parando seu monólogo de forma abrupta.

Rachel nunca pensou que algo tão pequeno poderia fazê-la sentir tanto encantamento.

Quinn sorria. Era um leve repuxar de seus lábios. Algo pequeno, quase insignificante. Mas estava lá.

— Vamos fazer isso. – A loira assentiu, desviando os olhos do sorriso aberto e verdadeiro de Rachel. – Agora.... – Seu rosto decaiu-se novamente para antipatia, os olhos avelãs dizendo algo que Rachel nunca conseguiria decifrar, prendendo algo que ela nunca veria mesmo que tentasse muito.

— Não me faça esperar por dois dias seguidos Rachel. – O nome saiu facilmente, como se aquela não fosse a primeira vez que a loira teria dito seu nome sem nenhum adjetivo ofensivo como acompanhante.

Observando a garota de uniforme vermelho, Rachel somente pensava o quão confusa ela poderia ser.

Talvez ela estivesse querendo uma aproximação.

Ou talvez ela estava querendo machucar seus sentimentos com uma amizade falsa.

Mas, quem se importava? Era Quinn Fabray e a loira tinha acabado de falar com ela normalmente na frente de metade da escola.

***

— Você não foi cruel com ela dessa vez. – Santana sorriu de lado ao ver Quinn se sentando-se na mesa dos atletas em sua frente.

— Ela perdeu a voz. – Quinn murmurou distraída, se esforçando para não olhar para atrás e observar a judia pelo resto do intervalo. – É a coisa mais importante para ela. –

— Então você se importa, huh? – Santana fez um som estranho com a garganta, algo como um riso malicioso. – Se eu fosse você, esqueceria de toda essa baboseira e investiria. –

— Ela me odeia. – Quinn levantou uma sobrancelha e sorriu, como se estivessem falando algo casual. –

— Por que você a manipulou dessa forma. –

— Não, porque eu nunca seria melhor que isso. –

Santana franziu o cenho de forma irritada.

— Você é tão frustrantemente teimosa. – Santana suspirou, olhando de forma descaradamente apaixonada, outra loira a três mesas longe delas. – Eu não sei como você consegue ficar sem isso. –

— O que fizeram com a minha Santana e por que ela está tão sentimentalista hoje? – Quinn cutucou a testa da latina, que resmungou alguns palavrões em espanhol.

— Não me provoque Fabray. –

— Eu sou sua capitã, tenha mais respeito. – Quinn mexeu as sobrancelhas de forma engraçada enquanto arrumava os ombros. –

— Capitã? Eu vou mostrar a capitã. – Santana jogou as batatas de sua bandeja no rosto de Quinn.

— Sua mentalidade desceu quantos níveis? –

— Minha mentalidade está melhor do que esse joguinho besta que você está fazendo com a Berry. –

— Não é um joguinho. – Quinn resmungou.

— Sabe, você deveria experimentar, Brittany é boa na maioria do tempo. –

— Eu não quero ouvir. –

— No banheiro, na sala do zelador... –

— Eu disse que não quero ouvir! – Quinn arregalou os olhos enquanto suas bochechas se avermelhavam.

— Ah! Qual é Qui...- O nome da melhor amiga morreu em seus lábios e seus olhos se tornaram fixos.

Olhando por cima do ombro, os olhos avelãs captaram certa presença loira e alta atrás de si.

— Santana.... – A voz era frágil e feminina, doce e insegura.

A latina pigarreou.

— Sim Brittany? –

— Eu gostaria de conversar com você. –

Quinn observou, com divertimento, a melhor amiga sair espalhafatosa da mesa e ir em direção da ex-namorada.

— Quinn, eu poderia conversar com Santana por alguns minutos? –

As mãos da loira mais alta pairavam em seu ombro e Quinn sorriu de lado.

— Vocês estão liberadas do treino de hoje. –

Quinn ouviu, mesmo de costas, Santana soltar uma respiração.

— Você é a melhor. – Brittany estalou um beijo em sua bochecha e com toda a sua desenvoltura, a loira saiu saltitante com uma Santana em seu encalço.

Santana, nem todas as histórias de amor dão certo.

Não, se você não lutar por ela

Santana então estaria certa?

Seus olhos decaíram-se para uma garota do outro lado do refeitório, sozinha, comendo seus vegetais de forma tranquila e pensativa, tão solitária como sempre.

Ela teria coragem para se aproximar de Rachel?


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Notas finais do capítulo

Então, Santana está certa ou não? =P
Digam suas opiniões sobre a história e o que vocês gostariam que acontecesse.
Até o próximo o/