O Olho do Inferno escrita por Tori Veiga


Capítulo 4
Capítulo 3




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Eu acabei de assassinar duas pessoas, quantos anos de cadeia eu pegaria? Estou para lá de fudida. Fui interrompida por gemidos de um homem coberto de sangue tentando levantar.

— Você está bem? – corri até o rapaz deitado e sem forças. – O que eles queriam?

— Vem cá, você é estupida? – gemeu.

— O que? – afastei-me ofendida.

— Eu perdi minhas asas para te proteger... – com muita força conseguiu sentar. – e entrega a sua localização numa bandeja de prata pros demônios.

— Deve ter batido a cabeça na briga né? Pode deixar, vou leva-lo a um hospital, cuidarão melhor de você lá. – sorri incrédula.

— Acha que é brincadeira? Acha que eu apanhei de graça? Isso é o apocalipse e você é o nosso único triunfo.

Paralisei. Eu já ouvi isso antes. Em meus derradeiros pesadelos, apocalipse era o tema mais abordado.

— Isso é loucura, você está sangrando e provavelmente delirando. – o ajudei a levantar. – Céu e inferno é história para fazer as pessoas andarem na linha, esse tipo de coisa não existe.

— Sou eu quem te salva em seus sonhos, sou eu quem te protegeu todo esse tempo. – respondeu à altura de meu comentário, com aquele ar de superioridade.

— Impossível. – sussurrei paralisada.

Como aquele homem podia saber dos sonhos se eles eram meus mais segredos mais profundos?Fechei os olhos, torcendo para acordar de mais um dos sonhos psicóticos, mas quando os abri, o homem sangrando ainda estava a minha frente, sério.

— Você parecia mais esperta nos sonhos. – riu fraco, mostrando a gengiva e dentes avermelhados pelo sangue de um provável corte na boca.

— Então – olhei para mim mesma, fedendo a morte – E-eu matei eles?! –perguntei. – Não tem como... Eu só falei umas palavras estranhas... Eles explodiram... Combustão espontânea deve ser a resposta... Não é possível.

— A resposta é exorcismo. – respondeu, cambaleando ao passar por mim e o segui, oferecendo o braço para ajudar, porém negou com a cabeça. – Você os mandou direto para o inferno e lá no submundo estão pagando uma nota por sua cabeça em um espeto. – riu em meio a clara dor, e permaneci calada, assustada.

Agachei-me, me sentindo doente novamente. O que será desta vez? Esquizofrenia? Levantei e comecei a andar em círculos, hiperventilando. Isso é loucura, não pode ser real, eu sou só uma garçonete. Maldita hora em que segui aquele gostoso. Zacariel escorou-se na parede e suspirou.

— Agora já não tenho mais como te proteger. – sussurrou. – Perdi minhas asas e provavelmente meu posto no céu.

— Preciso sair daqui. – grunhi olhando para a rua, no fim do beco. – Vem cá. – virei para ele e o apoiei para que saíssemos dali. Precisava digerir a situação e num beco que fedia a vomito, sangue e urina, não estava dando muito certo. – Minha casa fica a uma quadra daqui, tenho um carro lá, vamos a um hospital. Acha que consegue ir andando?

— Eu ainda não estou morto, ok! Vamos logo. – gemeu enquanto caminhávamos lenta e dolorosamente.

Por incrível que pareça ninguém notou nossa presença nas ruas, o que é estranhamente bizarro, já que estávamos cobertos de sangue e Zacariel tinha um corte imenso em formato de V invertido nas costas. Talvez estivessem bêbados demais para isso, ou simplesmente desatentos. Mesmo assim, era bizarro.

Quando finalmente chegamos a minha casa, vi pegadas de lama no hall de entrada do apartamento e fiquei em pânico. Será que amigos dos falecidos invadiram minha casa e nos matariam?


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