Caso encerrado escrita por Amanda


Capítulo 9
Capítulo oito




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O vento gélido e salgado soprou-os com brusquidão, dava as boas vindas.

— Onde estamos? — Draco pendurado no ombro de Harry perguntou, sua voz saíra fraca e baixa, um sussurro.

— Chalé das conchas!

Dentro da casa certificaram-se de que não haviam sido seguidos, reforçaram os feitiços protetores e Rony acendeu a lareira, fazendo com que lentamente o chalé perdesse o ar gélido e se tornasse um pouco mais aconchegante.

Harry deitara Draco no sofá e o olhava, sem saber o que fazer. Hermione entrou, após reforçar os feitiços, e aproximou-se dos dois. Não entendera o que havia acontecido.

— Draco, está me ouvindo? — Perguntou e ajoelhou-se ao lado do sofá.

O rapaz ficara ainda mais pálido do que o normal, a camisa que usava estava empapada de sangue ainda molhado, e uma expressão de dor tomava seu rosto pouco a pouco, como se até o momento tentasse aguentar o melhor que podia.

— Preciso que o levem para cima! — Olhou para os amigos, e seu olhar foi mais que uma ordem.

Depois de gemidos de dor, Draco foi colocado sobre a cama, onde teria mais espaço para ser examinado.

— Preciso que me contem o que aconteceu, que feitiço o atingiu... — Não olhava para Harry e Rony, sua atenção estava voltada para os botões da camisa encharcada que tentava tirar o mais rápido possível. — Vamos, preciso que pensem!

Despiu-o da camisa, recebendo alguns resmungos doloridos em resposta. A faixa que o circundava estava tão ruim quanto a camisa, e teve, rapidamente, o mesmo fim. As cicatrizes a assustaram, muito parecidas com aquelas que Gui Weasley ganhara há alguns anos depois de brigar com Fenrir Greyback. As de Draco, no entanto, espalhavam-se por todo seu tronco, eram terrivelmente largas.

— Hermione? Ele foi apenas estuporado. — Rony chamou-a com suavidade ao vê-la sentada na beirada da cama, perdida em pensamentos.

— Os cortes devem ter se aberto. — Murmurou em resposta. — Me tragam toalhas e água, rápido.

Os amigos saíram atrás do que pedira e não conteve o impulso de tocar o rosto pálido de Draco, sua pele parecia inclusive mais fria que o normal.

— Sei que está acordado, continue assim, por favor. — Suplicou enquanto acariciava a bochecha do homem com seu polegar. — Você perdeu muito sangue, e sei que consigo reverter, mas preciso que se mantenha acordado. Ok?

Como se para confirmar, Draco abriu os olhos com extrema dificuldade e ao focar Hermione seu lábio elevou-se num breve sorriso.

— Não é como se você fosse me deixar apagar. — Hermione teve de se esforçar para ouvi-lo, tamanha sua dificuldade de expelir as palavras em um tom mais alto.

— Aqui está. — Harry deixou as toalhas ao lado da bacia de água e afastou-se, puxando Rony consigo, para deixar que a amiga trabalhasse.

Limpou os ferimentos e tentou estanca-los por longos e cansativos minutos, fazendo com que o sangue diminuísse gradativamente até que parasse. Aproveitou para passar uma grossa camada de pomada cicatrizante por toda a extensão dos cortes.

— Draco? — Chamou-o com delicadeza, sentindo seus batimentos, fracos, mas estáveis o suficiente.

— Hum-hum. — Resmungou, mexendo a cabeça milimetricamente.

Harry pareceu respirar novamente, assim como Rony que apenas ergueu a cabeça para olhar o que acontecia.

— Por que não preparam um chá? Desço em alguns minutos. — Olhou para os amigos e permitiu-se sorrir minimamente.

De dentro da bolsa tirou alguns rolos de bandagens limpas.

Passou o braço de Draco por cima de seu ombro e elevou-o num abraço desajeitado, temendo machuca-lo. Assim que estabilizou-o sobre si pressionou a ponta do tecido branco sobre o abdômen de Draco e começou a desenrolá-lo em longas voltas sobre todo o torso masculino. Quando sentiu que estava bom, puxou a ponta do tecido para frente, de modo que pudesse prendê-la com um esparadrapo, mas ao afastar-se do corpo de Draco notou que ele a observava com firmeza. Lentamente deitou-o na cama e terminou se trabalho.

— Descanse agora, mais tarde venho ver como está. — Não o olhava, apenas começou a ajeitar a bagunça que fizera no quarto de hóspedes. Camisa, bandagens ensanguentadas, toalhas sujas e uma bacia de água avermelhada decoravam o piso.

Não esperou uma resposta, com um floreio delicado da varinha saiu do quarto e apagou as velas, além de fazer com que toda a bagunça desaparecesse.

Antes de chegar ao andar de baixo escorou-se na parede em meio às escadas e deixou as lágrimas que prendera até aquele instante caírem. Cobriu a boca para abafar os ruídos e dobrou o corpo, à medida que os soluços comprimiam seu peito. Levou poucos minutos, e logo já limpava seu rosto e seguia em direção à cozinha.

— Ele vai ficar bem? — Rony perguntou enquanto Harry entregava à amiga uma xícara de chá quente e adoçado.

— Vai sobreviver! — Bebericou o chá e sentiu seu corpo aquecer-se instantaneamente de dentro para fora. A sensação foi boa, e aquietou seu coração apertado. — Obrigada.

Harry abraçou-a e Rony imitou-o.

— Estou feliz que esteja bem. — Harry a apertava fraternalmente, certificando-se de que estava tudo certo.

— Estou bem, segura, e é isso o que importa! — Sorriu, mas não durou muito. — O que faremos agora?

— Não sabemos ainda. — Disse com irritação. Passou as mãos pelo rosto, frustrado.

— Vamos ao que sabemos, certo? — Tentou ver o lado positivo da situação, sempre o fazia quando tudo parecia desmoronar.

Passaram parte da noite e o início da madrugada discutindo opções, estratégias e métodos, aquilo que podiam ou não fazer, e que abordagens seriam melhores quando colocadas em prática pelos aurors. No fim, ficara decidido que Hermione não participaria. Como alvo principal dos Comensais, entrar em duelo significaria mais mortes, naquele momento, manter-se escondida era sem dúvida alguma a melhor opção que tinham. Continuaria ajudando-os, sobre isso não houve discussão, mas desde que fosse tudo por baixo dos panos.

— Gui e Fleur estão viajando, ofereceram a casa para escondê-la até que tudo se acalme. — Rony explicou quando Hermione questionou-o sobre seu irmão.

— Traremos comida e notícias em breve. — Harry abraçou-a novamente antes de desaparatar, Rony o seguiu, deixando apenas o eco de sua presença.

O único som presente na casa era o crepitar da lenha queimando e as ondas batendo ferozmente na areia, e assim mesmo, tudo parecia tão barulhento que Hermione desistira de dormir. Sentada no sofá observava as chamas dançando enquanto a fumaça serpenteava para dentro da chaminé.

O cansaço puxava seu corpo para baixo, mas o instinto a fazia manter-se de pé. Esfregou o rosto uma, duas, três vezes antes de levantar-se e caminhar pela casa, descobrindo as conchas de diferentes tamanhos, tons e texturas. Uma mais incrível que a outra. Fingia para si mesma que estava curiosa em explorar o chalé e suas peculiaridades, quando na verdade, apenas não queria dormir.

Sentia que se dormisse algo terrível aconteceria. Não se sentia segura. Pelo contrário, parecia presa em uma jaula apenas esperando pelo momento em que alguém a puxaria para fora e faria que lutasse por sua vida.

O sol brotava timidamente no horizonte. Estava na sua sexta xícara de café quando resmungos altos vieram do segundo andar. Largando a bebida pela metade subiu as escadas, degrau por degrau.

Não fora visitar Draco durante a madrugada, subir as escadas e observá-lo lhe custariam muito mais que apenas alguns minutos. Desabaria novamente se o fizesse, e não estava em condições de ser frágil.

— Draco? — Chamou-o baixinho, colocando apenas a cabeça para dentro do quarto.

— Oi. — Ouviu a resposta baixa, mas mais firme. — Você está péssima!

Sorriu ao ouvir o insulto, era um sinal de que Draco estava bem.

— Fala o homem que foi carregado depois de ter sido estuporado. — Revirou os olhos e deixou-se sentar na beirada da cama. — Como se sente? De verdade.

Draco sacudiu a cabeça e buscou fôlego.

— Dolorido. — Tocou o peito. — Fez um belo trabalho, Granger. Onde aprendeu aquilo tudo?

— Anos de prática. — Deu de ombros.

Durante a guerra teve de cuidar do braço estrunchado de Rony com pouquíssimos recursos. Em suas missões era difícil sair sem algum arranhão, assim como seus amigos cabeças-duras que insistiam em dizer que não precisavam ir ao St. Mungos, ficariam bem com ditamno e alguns curativos. Idiotas.

— Preparei café. — Analisou-o, realmente parecia bem, apesar de sua pele continuar pálida. — Quer que eu traga?

— Posso descer. — Sentou-se, confirmando sua resposta. — Ajude-me somente a levantar.

Hermione posicionou-se ao lado de Draco e deixou que ele passasse seu braço por cima de seus ombros, de modo que segurou-o pela cintura. Levantaram-se com dificuldade e em alguns passos Draco deixara claro sua dificuldade em locomover-se sozinho, seu tronco curvava-se instintivamente, protegendo-o da dor.

Descer a escada fora a parte mais complicada, em alguns momentos Hermione pode jurar de que desceriam o restante rolando, já que desequilibrava-se constantemente, tamanho o peso do homem sobre seu corpo. Na sala, livrou-se do peso jogando-o sobre o sofá.

— Quanta delicadeza! — Reclamou, ajeitando-se melhor conforme preferia.

Hermione revirou os olhos e serviu-o café, porém, quando foi entrega-lo um tremor a denunciou. Tentou desviar do olhar inquisidor de Draco, mas não conseguiu afastar-se quando ele segurou-a pelo punho.

— Você dormiu?

— Não consegui. — Soltou-se bruscamente do aperto de Draco.

 — Então suba, tome um banho e deite-se para dormir. Tomarei conta de tudo, Granger! — Apesar de parecer um pedido, ambos sabiam que aquilo não passava de uma ordem disfarçada.

Hermione obedeceu-o. Começou pelo banho longo e quente, que retirou o sangue seco que permanecera grudado em sua pele a noite inteira e relaxou seus músculos tensionados por toda a adrenalina.

Embrulhada em uma toalha observou seu reflexo no espelho, sua aparência mostrava-se cansada, e surpreendeu-se com as grandes olheiras que formavam-se abaixo de seus olhos. A exaustão pesou ainda mais em seus ombros.

Após vestir-se confortavelmente e deitar-se na cama notou o quão escuro o quarto era, sentiu que era observada, e do breu pareceu-lhe que algo se aproximava. Podia ouvir os suspiros pesados, os olhos famintos a espreita. Sabia que não passava de sua imaginação pregando peças, mas não podia ficar ali nenhum segundo mais.

Jogou os pés para fora da cama e apressou-se para fora do quarto, com a respiração entrecortada passou pelo corredor em passos suaves e rápidos, como se realmente estivesse sendo seguida por algo e tivesse de fazer silêncio para escapar. Nas escadas diminuiu o ritmo, mas ainda fugia do escuro como uma menina de quatro anos que vira monstros dentro do armário. Quase esbarrou em Draco e enrubesceu ao notar o que fizera.

— Está tudo bem? — Ele perguntou, sem entender a agitação que Hermione se encontrava.

— Sim, apenas não vou conseguir dormir lá em cima. — Respondeu sem olhar para as escadas, ao passo que Draco fitou os degraus e o escuro fim do corrimão, onde não enxergava-se nada.

— Certo... — Murmurou, ainda compreendendo a situação. — Fique com o sofá!

Hermione rumou para a sala, onde ajeitou-se o mais confortável possível.

— Descanse, certo? Ficarei de olho em tudo! — Draco disse tranquilamente, trazia na mão uma manta felpuda de um tom róseo.

Ali, de frente para a lareira e sob o olhar protetor de Draco fora fácil relaxar, seu corpo moldou-se ao sofá e aconchegou-se sob o calor da manta macia. Sem medo do que se escondia no escuro ou a observava durante seu sono, sabia que estaria segura ali. Seus olhos fecharam instantaneamente e adormeceu imediatamente.

A última coisa que viu foi Draco escorado na lareira, observando-a.


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Notas finais do capítulo

Percebi, tarde demais, que fazia alguns dias que eu não postava nada. Então, depois de todo o atraso, aqui está!!
Espero que tenham gostado, e não esqueçam de comentar e deixar a opinião sobre a história, enredo, ortografia e todo o resto. Ok?
Até



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