Caso encerrado escrita por Amanda


Capítulo 8
Capítulo sete




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Já fazia mais de vinte minutos que Hermione olhava fixamente para o rótulo do copo de café, seu nome estava escrito errado, mas aquilo não era motivo para incomodá-la tanto. E pela sua expressão, havia algo de muito errado acontecendo — além, é claro, dos constantes ataques à aurors.

Harry seguiu o olhar de Rony e levantou-se, o peito estufado sob os braços cruzados eram um claro sinal de impaciência.

— Certo, já chega! — Aproximou-se da mesa da amiga, tirando-a do devaneio. — O que é que está acontecendo com você?

Hermione levantou o rosto para olhá-lo, e mostrou-se confusa com a pergunta. Harry compreendeu sua expressão e tratou de explicar seu ponto, o tom de voz mais inquieto do que nunca.

— Ontem você se atrasou porque perdeu a hora, já que supostamente Malfoy e você estavam "dormindo". E hoje está completamente distraída. — Completou e a veia em sua testa saltou. — Poderia explicar?

— Explique você, no quer que eu foque quando um Comensal da Morte que causou um ataque dentro de um hospital aparece morto na manhã seguinte sem deixar pista alguma? Hã? — Espalmou as mãos no tampo da mesa e levantou-se, a cabeça pendeu por um momento, mas quando voltou a erguê-la um olhar furioso brilhava em seu rosto. — Agora, Harry, se tiver duvidas sobre algo não fique fazendo suposições, terei prazer em contar o que quiser saber!

Um silêncio mortal caiu sobre a sala, o olhar de Hermione não vacilou nem por um segundo sequer, o de Harry, em contrapartida, perdeu força.

A porta abriu-se no exato momento em que Hermione preparava-se para finalizar o assunto, Draco passou pelo batente e percebeu de imediato a situação.

— Perdi algo? — Olhava atentamente de Harry para Hermione, buscando sinais do que se tratava toda a tensão.

— Não. — Hermione sentou-se novamente, mas não sem antes lançar à Harry um olhar de advertência. — Encontrou alguma coisa no corpo do nosso Comensal?

— Na verdade não. — Mexeu no cabelo. — Provavelmente maldição da morte, não deixa rastros.

— Temos como rastrear a varinha? — Rony olhou para Harry, era uma possibilidade.

— Desde que tenhamos varinhas para checar. — Hermione respondeu antes. — Continuamos na escaca zero!

— Na verdade, temos algumas pistas. — Harry esclareceu, levantando algumas pastas púrpuras. — Interroguei alguns Comensais da morte ontem pela manhã, consegui uma informação ou outra.

Hermione cruzou os braços e recostou-se na cadeira.

— E você pretendia me contar isso quando?

Rony tossiu copiosamente.

— Assim que você voltasse a si. — Respondeu Harry, friamente. — Mas não posso esperar por isso, então vou explicar assim mesmo.

Três dos quinze Comensais da Morte interrogados contaram que sabiam de um grupo de elite que não participara diretamente da guerra, seu propósito era espalhar o ideal dos puros-sangues pela Europa, mas se tornaram reclusos com a queda de Voldemort. Até agora.

— Quer dizer que durante todos esses anos deixamos passar isso? Como é possível? — Hermione caminhava de um lado para o outro, os três homens apenas olhavam-na.

— Eles tampouco têm informações, apenas sabem que existe esse grupo. — Rony falou mais para si do que para qualquer outra pessoa. — Harry não conseguiu nomes.

— Você sabia desse grupo, Malfoy? — Hermione elevou o rosto ao ouvir a pergunta de Harry. 

Draco surpreso negou com a cabeça, e explicou-se:

— Não. — Sacudiu a cabeça novamente. — Participei de poucas reuniões, evitava ao máximo!

Hermione o olhava com curiosidade, havia esquecido completamente que Draco participara da guerra ao lado de Voldemort. Aquilo parecia tão distante, tão irreal e impossível.

— Tudo o que podemos fazer agora é esperar pelo próximo movimento. — Harry soltou o ar com força. — Continuamos amanhã!

Harry deixou a sala consternado. Aquele caso era, acima de tudo, frustrante. Parecia que quanto mais perdas menos informações úteis tinham, o que significava impotência.

Rony permaneceu na sala mais alguns segundos, agrupou os pergaminhos enrolados sobre sua mesa da melhor forma possível. Olhou para Hermione e despediu-se com um aceno de cabeça, ignorava completamente a presença de Draco. Deixando claro sua opinião quanto a participação de Malfoy no caso.

— Então... — Hermione escorou-se no tampo da escrivaninha. — Vou tomar um café e comer alguma coisa. Me acompanha?

— Importa-se de eu levar um amigo? — Perguntou olhando o relógio de pulso. — Marquei com Blás naquela cafeteria perto do St. Mungos.

— Não vou estragar os planos de vocês?

— Óbvio que não. — Sacudiu a cabeça. — Além do mais, Blás quer conhece-la formalmente.

— Então vamos!

Aparataram juntos em um beco próximo e seguiram o restante do percurso a pé. A proximidade de seus corpos já não era incômoda, pareciam sequer notar seus ombros encostando-se constantemente conforme caminhavam lado a lado.

— Não me lembro de Blás ser um implicante como os outros Sonserinos. — Comentou quando Draco abriu e porta e deu-lhe passagem.

— Ele não era. — Coçou a cabeça. — Blás achava errado a maior parte das coisas que fazíamos, me mantinha na linha sempre que possível!

Concordou e esperou Draco chegar ao seu lado para procurar pelo amigo.

— Lá está ele! — Pousou a mão gentilmente na cintura de Hermione e guiou-se por entre as mesas até seu amigo. — Blás, esta é Hermione Granger. Granger, este é Blásio Zabini, meu amigo babaca!

O homem levantou-se e cumprimentou Hermione calorosamente com um abraço, deixando-a visivelmente surpresa, não esperava ser tão bem recebida por um Sonserino.

— Sou o amigo babaca do cara que você quase quebrou o nariz! — Piscou e puxou-a para sentar-se. — É um prazer conhece-la, Hermione.

— Tão formal... — Draco revirou os olhos enquanto pendurava o casaco na cadeira.

— Não posso assustá-la logo na primeira vez que conversamos. Isso requer tempo! — Explicou. — Conte-me, Hermione, como é morar com o Draquinho?

Antes de responder Hermione teve de reprimir a risada que escapou e por pouco não tornou-se uma gargalhada, Blásio analisava-a e sorria satisfeito com o efeito que causara.

— Bem, ele cozinha para mim, não poderia querer nada melhor! — Sorriu, olhava para Draco que parecia esperar pela resposta com curiosidade. — Não é tão ruim quanto imaginei que seria, estou apreciando a companhia.

— Tem certeza de que não está sob o efeito de alguma poção ou feitiço? — Passou a mão em frente aos olhos da garota. — Tem certeza de que ele não é nem um pouquinho rabugento?

— Absoluta!

Blásio virou-se para Draco com uma expressão debochada.

— O problema era comigo, então?

— Você era muito folgado! — Empurrou o ombro do amigo que riu sacudindo a cabeça, inconformado. — Blás morou comigo por dois meses, mas ele deixava as cuecas espalhadas pela sala... Isso quando não esquecia de me avisar que levaria alguém para casa, não é?

Zabini quase cuspiu o chá de aroma forte e adocicado.

— Aconteceu uma vez! — Defendeu-se.

— Na minha cama, Zabini, na minha cama. — Draco rebatia com afinco, mas divertia-se com a situação.

Hermione os analisava. Não era diferente da amizade que tinha com Harry ou Rony, as provocações, brigas e histórias hilárias que sempre aumentavam a cada ano. Draco parecia muito mais solto ao lado de Blásio, confortável demais, deixou até mesmo que os ombros caíssem de sua posição extremamente ereta e elegante, parecia mais jovem.

— O que acha de passar uma tarde comigo? Tenho histórias horríveis sobre Draco que você adoraria ficar sabendo! — Propôs à Hermione que assentiu.

— Me mande uma coruja, terei o maior prazer em ouvir tudo o que quiser me contar. — Sorriu abertamente e virou-se para o loiro. — Draco, poderia ir buscar nossos cafés? Ah, o meu sem açúcar. Obrigada!

Quando Draco retornou Hermione gargalhava, enquanto Blásio mantinha as mãos atrás da cabeça, exibia um sorriso presunçoso.

— Que história embaraçosa sobre minha adolescência Blásio te contou agora? — Perguntou, empurrando para a garota o copo de café preto. Não estava feliz com o sorriso conspiratório que ambos trocaram quando sentou-se, o que quer que fosse, tinha certeza de que não gostaria.

— Oh, não era nada demais. — Sacudiu a mão e agradeceu silenciosamente pelo café que trouxera. — Falávamos sobre Hogwarts!

— Não pense mal de mim, meu caro, posso ficar magoado e realmente deixar escapar muitas coisas. — Blásio riu e bebericou o chá de sua xícara.

— Claro, mas não esqueça-se de que também sei muito sobre você! — Apontou ameaçadoramente, para então rir abertamente. — O que acha de interrogarmos minha convidada? Aposto que Hermione Granger tem muitas coisas a contar!

Blásio escorou-se na cadeira preguiçosamente e cruzou os braços sobre o peito inflado.

— O que tem a nos contar, Granger? — O homem sorria misteriosamente, mas divertia-se com o momento. — Aposto que você sabe vários podres do Potter e do Weasley!

— Eles me mandariam para Azkaban se eu contasse algo. — Murmurou, os lábios colados na xícara de porcelana. — Mas deixe-me pensar em alguma coisa... Ah, já sei!

Os homens ouviam-na com visível curiosidade, e não deixavam-se abater pela vermelhidão que tomava as bochechas de Hermione quando a história se tornava embaraçosa demais. Riam do que ela falava e intrometiam-se para contar algo parecido que tinham vivenciado.

A tarde caiu e a lua começou a brilhar no céu quando despediram-se do lado de fora da cafeteria.

— Foi um prazer conhece-la, Hermione. Espero que possamos marcar algo em breve! — Disse, abraçando-a. — E Draco, você me deve um jantar.

— Pode deixar, Blás. — Bateu no ombro do amigo que desaparatou em seguida.

— Por que deve a ele um jantar? — Hermione caminhava com as mãos enterradas nos bolsos do casaco.

Outubro terminara há pouco, e o frio já começava a mostrar-se impiedoso.

— Ele disse que você poderia ser uma companhia divertida. — Comentou. — Eu não tinha tanta certeza, mas parece que ele acertou.

— Eu posso ser divertida! — Disse, um pouco tocada com o que ouvira. Depois de um longo suspiro, perguntou: — Sou tão entediante assim? 

Draco olhou-a e piscou algumas vezes, tentando compreender o que a pergunta significava, voltando mentalmente para o que dissera para fazê-la pensar aquilo.

— Não! — Parou de andar. — Hermione, você... Escute, eu apenas nunca havia te ouvido fazer piadas e rir do jeito que vi hoje.

— Há tempos não consigo ser essa Hermione. — Contou com sinceridade. — Estou sempre tão focada no trabalho, e esse caso... Entendo porque me via desse jeito, e tudo bem, me surpreendi com você também.

— O que quer dizer?

— Blás faz você parecer outra pessoa. — Deu de ombros.

Draco pensou sobre o assunto e teve de concordar. Blás fazia com que se sentisse livre das obrigações e dos problemas, estava sempre lá, independente do que fosse. Gostava de pensar que dividiam suas vidas um com o outro, todos os segredos e momentos, ruins ou bons, compartilhados entre si.

— Como sou quando estou com você? — Perguntou de repente, sequer pensou no que estava dizendo. Mas aquilo pegou-a de surpresa, fazendo-a virar-se e encará-lo em busca de uma resposta para aquele pergunta repentina.

— Não entendi...

— Disse que sou uma pessoa com Blás. Como sou quando estou com você? — Insistiu, aproximando-se um pouco mais. Queria ouvir a resposta.

Hermione mexeu os braços e deixou-os cair, parecia ter desistido. Analisava-a com afinco, desde a expressão facial que revelava a mais pura confusão, quanto seu corpo que deixava claro o quanto aquele assunto a deixava desconfortável. Depois de alguns segundos abrindo os lábios e fechando-os com força, bufou.

— Eu não sei, ok? Você é um completo mistério para mim. — Revelou com veemência, mexia os braços furiosamente, como se para mostrar a magnitude da situação. — Tem horas que é alguém em quem posso me apoiar, em outras é um completo babaca idiota, e há momentos como agora...

— Como agora? — Persistiu.

— Há momentos como agora que está tão perto que não consigo decidir o que pensar. — Imediatamente virou o rosto para outro lado e afastou-se alguns passos e recompôs-se. — Não me peça uma resposta que não tenho.

Enquanto Hermione afastava-se lentamente pela calçada, Draco observava-a em plena desordem mental, havia muito a ser compreendido naquele frase. Acelerou o passo até alcança-la.

— O que foi? — Perguntou quando ele segurou-a pelo braço.

— Não consegue decidir o que pensar? — Repetiu aquilo que Hermione dissera segundos antes. — Por que estou perto?

— Porque de alguma forma você me atrai. — Confessou, dessa vez não escondeu o rosto, olhava-o nos olhos, esperando que algo passasse pelas íris acinzentadas.

Admitir aquilo era demais para sua sanidade, apesar de tudo o que haviam passado até ali ele continuava sendo Draco Malfoy, que odiou-a por anos simplesmente por ter nascido numa família de trouxas. Ele poderia contar tudo à Blásio para que pudessem rir daquela história por anos.

Voltou a tomar seu caminho, contudo, a mão de Draco que segurava-a no braço não deixou que se afastasse muito mais que meio passo. Ele puxou-a de volta, aproximando seus corpos ainda mais e com a mão livre segurou-a pela cintura.

— Não me dê as costas, Granger! — Lentamente, temendo qualquer reação contrária, Draco aproximou seus rostos e quando Hermione fechou os olhos deixou que seus lábios tocassem-se.

O toque foi sútil, apenas sentiam os lábios um do outro, a textura suave e a temperatura gélida. Hermione deixou as mãos pousarem no peito de Draco e puxou-o para mais perto, aprofundando o beijo gradativamente, até que seus corpos estivessem quase fundidos.

— Isso foi bom. — Draco comentou quando separou-se minimamente, apenas para tomar fôlego.

Hermione concordou com a cabeça sutilmente. Mantinha os olhos fechados, ansiando por mais.

— O que acha de irmos para casa? —Perguntou, selando seus lábios rapidamente uma vez mais.

— Acho ótimo. — Murmurou, um sorriso brincava em seus lábios, muito parecido com o que Draco exibia.

Aparataram dentro da casa ainda no abraço que os unia.

Draco passou a distribuir beijos pelo pescoço de Hermione, uma vez que ela o despia do casaco grosso e tentava arrancar-lhe a gravata azul do pescoço enquanto arfava.

Batidas urgentes ecoaram pela sala vindas da porta. Draco tentou ignorar o visitante noturno, mas Hermione parou suas mãos e afastou-se apressada, buscando em suas vestes a varinha.

— Apresente-se! — Hermione gritou, a voz mais rouca do que o normal a denunciava.

— Harry Potter e Ronald Weasley! — Informou e a porta abriu-se, dando-lhes passagem.

Hermione aproximou-se dos amigos.

— O que houve?

— Vocês precisam sair daqui agora. — Disse. — Azkaban foi violada, nove aurors mortos e oito feridos gravemente. Eles vão procurar por você!

— Ninguém sabe que Hermione está comigo, sequer sabem onde vivo, Potter! — Draco tinha os braços cruzados sobre o peito, fazia-o parecer maior do que realmente era.

— É mesmo? Então o comensal que apagamos agora era seu amigo? — Harry igualmente cruzou os braços, segurava a varinha em um das mãos.

Hermione guinchou um palavrão e correu até o escritório, socando todos seus pertences de dentro da mala para sua bolsa. Voltava para a sala, prestes a mandar que Draco fosse buscar suas coisas quando seu olhar focou-se na figura que observava-os da porta com a varinha apontada diretamente para seus amigos.

— Harry, cuidado! — Gritou e jogou-se no chão.

As almofadas do sofá explodiram, assim como a mesinha de centro que lançou estilhaços de madeira para todos os lados. Hermione gritava feitiços de proteção enquanto Harry passava o braço de Draco por cima de seus ombros, Rony levantava-se com dificuldade.

— Estão chegando mais! — Rony avisou, segurava a própria varinha com dificuldade. — Temos de ir, agora!

Hermione ainda protegendo-os com um escudo azulado aproximou-se, forçando cada vez mais sua varinha contra os feitiços que atingiam a parede invisível.

— Rony, vou soltar e você nos leva. — Avisou e buscou com a mão livre o amigo. — Um, dois, três... Agora!

Ergueu a varinha, desfazendo o feitiço no momento exato que Rony puxou a aparatação, levando-os dali.


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Notas finais do capítulo

Último capítulo do ano, e espero que todos tenham uma boa virada!!
Até