Caso encerrado escrita por Amanda


Capítulo 7
Capítulo seis




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— Você está bem? — Rony perguntou, atraindo a atenção de Draco e Harry.

Hermione movimentava o ombro e produzia uma careta, passava a mão constantemente pelo local, como se testasse os níveis de dor em pontos variados com a pressão do dedo indicador.

— Não é nada! — Resmungou, usando a varinha para iluminar o chão irregular.

Com a luz do dia não parecia tão assustador, apenas um beco cheio de caixas e lixo, como qualquer outro, exceto que aquele ali era uma cena de crime, fechado para investigação.

Haviam voltado ao local do assassinato para verificar a área, tentar descobrir mais alguma coisa, mesmo quando parecia não haver absolutamente nada ali. Draco, com a ponta da varinha iluminada por uma bolinha de luz aproximou-se de Hermione, os olhos varriam o chão atrás de qualquer coisa suspeita.

— Se continuar insistindo em dormir no sofá até o fim da semana não conseguirá mover o pescoço!

Olhou-o e sacudiu a cabeça.

— Não vou tirá-lo da cama, já basta eu estar invadindo sua privacidade.

— E quem falou em me tirar da cama? — Um sorriso irônico estampava seu rosto, assim como a sobrancelha arqueada que indicava uma proposta.

Aquilo era uma proposta real.

Estalou os lábios em discordância e seguiu analisando o local com Draco em seu encalço. Não admitiria em voz alta, mas a presença lhe deixava nervosa. Curvou-se para puxar uma caixa apoiada na parede e recuou rapidamente, batendo contra o peito de Draco quando um camundongo saiu correndo e guinchando.

Sentiu seu rosto ganhar uma tonalidade avermelhada quando notou o grau de proximidade de seus corpos, afastou-se constrangida ao notar que Harry os observava de longe.

— Medo de ratos, Granger?

— Vá se ferrar, Malfoy! — Voltou a trabalhar, mas não sem antes ouvir a risada alta do loiro.

Seguiu observando cada centímetro do local, seus amigos já haviam desistido e conversavam entre si, descrentes de que haveria algo ali que valesse a pena. A chuva que começara a cair na noite passada limpara todos os vestígios que importavam, continuavam sem nada.

— Achei! — Exclamou Hermione, apontando a luz para enxergar melhor. — Harry, achei pegadas aqui atrás.

— Deixe-me ver. — Aproximou-se curioso e sorriu. — O telhado nessa parte é mais alongado, protegeu as marcas. Hermione você é um gênio!

Pegadas podiam informar muito mais que apenas o número do pé do Comensal da Morte, as características de pisadas podiam ser únicas em diversos casos. Com uma boa observação podia-se ainda calcular a altura e peso aproximado.

— Assumimos daqui, Malfoy. Obrigado pela ajuda. — O tom de Harry fora de uma cordialidade forçada. — Hermione, preciso de você no Ministério.

— Para onde achou que eu fosse? — Questionou-o duramente, a câmera em sua mão indicava que já terminara de fotografar as pegadas. — Já tenho tudo o que preciso. Podemos?

Olhou para Draco e maneou a cabeça, uma despedida silenciosa.

***

Depois de uma longa tarde de trabalho estudando e analisando as fotografias das pegadas, tudo o que queria era tomar um longo banho e deitar-se. Estava exausta mentalmente, sentia que sua cabeça poderia explodir de tanto processar informações em algum momento do dia. Despediu-se dos amigos, sem dar tempo para perguntas ou questionamentos e aparatou assim que saiu do Ministério.

A casa de Draco a agradava mais do que imaginara, a quietude do lugar acalmava sua mente conturbada, trazendo um pouco mais de paz.

Atravessou o espaço entre a mureta de pedras e a porta da frente. Entrou na casa e seu estômago gritou contente com o aroma da comida que invadiu seu nariz com força, trazendo consigo um calor agradável.

— Você cozinha?! — Tirou o casaco e deixou-o pendurado no gancho ao lado da porta.

Draco colocou a cabeça para fora da cozinha e olhou-a.

— E muito bem! — Confirmou. — Por que não sobe para tomar um banho? O jantar está quase pronto. Espero você.

— Tudo bem. — Disse mais para si, surpresa com toda aquela comoção quanto ao jantar.

Desceu vinte minutos depois, o cabelo molhado caindo sobre os ombros. A calça que vestia agora era muito mais confortável, assim como a camiseta do Chudley Cannons que ganhara de Rony na época em que namoravam.

— Bem na hora! — Draco servia os pratos naquele instante, a bancada da cozinha fora arrumada para que comessem ali. — Fiz carne assada, batatas e alguns legumes.

— Está ótimo, Draco. — Sorriu e sentou-se no banco.

Por alguns minutos comeram em silêncio, beberam o vinho tinto e trocaram apenas olhares relacionados à comida.

— Gostei da camiseta, só não sabia que era fã dos Cannons. — Comentou, quebrando o silêncio.

— Não sou. — Respondeu-o. — Ganhei de Rony.

Cortou uma batata com o garfo e mordeu-a, saboreando a combinação perfeita de temperos.

— Alguém já disse que você é um ótimo cozinheiro? — Perguntou, analisando a batata presa na ponta de se garfo. — Isso está delicioso.

— Obrigado. — Sorriu, mas não durou muito. — Quero que fique com minha cama hoje.

Hermione largou o garfo e bebericou o vinho em sua taça, parecia pensar na proposta.

— Draco, não vou ficar com sua cama. Estou bem no sofá, sério!

Ele por sua vez, uniu os dedos e apoio os cotovelos na bancada.

— A ideia de dormir comigo é tão aterrorizante? — Provocou.

— Draco, eu...

— Gosto quando me chama pelo nome. — Tirou dos lábios o sorriso provocativo e começou a recolher os talheres e seu prato. — Vou trabalhar durante a noite, seria um desperdício você dormir no sofá quando minha cama estará vazia. Aproveite!

— Obrigada!

Draco saiu poucos minutos depois da conversa.

Apesar de sentir que fazia algo errado, Hermione pegou sua varinha e subiu as escadas. O quarto de Draco ficava à esquerda, e apesar de ser espaçoso, parecia bastante intimista, com móveis muito elegantes em seus detalhes e entalhos, assim como as cores sóbrias e comportadas. As cortinas pendiam pesadas nas duas janelas, bloqueavam toda a luz do lado de fora.

Sentou-se na cama e seu corpo estremeceu de prazer. Guardou a varinha de baixo do travesseiro, como sempre fazia, e deixou-se afundar no colchão. O sono pesou seus olhos, fechando-os instantaneamente, fazendo-a entrar em puro torpor, adormecendo em seguida.

***

Esticou-se preguiçosamente na cama, um rangido baixo despertou-a, mas a sonolência era tanta que não conseguiu mexer-se tanto quanto gostaria.

— Que horas são? — Perguntou a Draco que tirava o casaco mais lentamente que o normal.

— Volte a dormir, ainda é madrugada. — Resmungou. — Vou ficar no escritório, só queria checar se estava bem.

— A cama é grande. — Balbuciou sonolenta. — Não me importo!

Seus olhos fecharam-se, mas sentiu quando o colchão afundou alguns centímetros, sentiu o cheiro de Draco que agora parecia preencher tudo a sua volta e sua hesitação em aconchegar-se sob os cobertores densos. Seus pés encostaram-se rapidamente, mas fora o suficiente para causar arrepios por todo o corpo de ambos.

Draco observava-a dormir, confuso com a sensação de formigamento que perpassou seu corpo. Mas atribui ao cansaço, coisa de sua imaginação. Adormeceu rapidamente, como um sopro.

***

Hermione despertou sozinha, não houve influencia da luz que ultrapassava sua cortina ou dos carros que passavam em frente à casa, ali era tudo muito silencioso. Abriu os olhos preguiçosamente e esticou o corpo inteiro, ronronando como uma gata. Do seu lado, Draco gemeu roucamente, virando de lado num sono profundo.

Passou a mão pelo rosto e saiu de baixo dos cobertores, carregando a varinha consigo. Prepararia o café da manhã, em agradecimento ao jantar e claro, por dividir sua cama. Na ponta dos pés atravessou o quarto, mas parou próxima a porta. Um cheiro forte e pungente chamou sua atenção e no mesmo instante seus batimentos aceleraram.  Movimentou a varinha e as grossas cortinas deslizaram, deixando que a luz do dia entrasse e iluminasse o cômodo. Na cama, Draco moveu-se.

Sobre a poltrona jazia a camisa azul que Draco usara para ir ao trabalho na noite anterior, havia rasgos em toda a parte da frente, assim como uma imensa mancha de sangue escuro já seco.

— Droga! — Correu até a cama e começou a puxar as cobertas. — Não pode ser...

Draco acordou assustado, Hermione puxava seus cobertores com brutalidade e afobação. Segurou-a pelos pulsos com mais força do que gostaria, controlando-a.

— O que está fazendo sua maluca?

— Você está ferido! — Sua voz era completamente histérica. — Me solte.

Obedeceu com cautela e observou-a puxar o lençol que lhe cobria a torso. Não vestia camisa, mas seu tórax estava coberto por bandagens. Draco deixou a cabeça cair pesada sobre o travesseiro, não queria que Hermione visse, já tinha coisas demais na cabeça para se preocupar.

— O que? Como...? — A pergunta ficara entalada. Sentou-se na beirada da cama, muito próxima de Draco. Perplexa para articular qualquer coisa.

— Lobisomem. — Explicou. — Chegou no hospital para atendimento, mas aparentemente tinha outra ideia. Declarou-se Comensal da Morte depois de me atacar, sumiu da mesma forma que chegou. Ninguém conseguiu intercepta-lo!

— Que dia é hoje? — Alarmou-se, pondo-se de pé, tonta com a possibilidade. Draco segurou-a pela mão, puxando-a de volta.

— Não vou virar me transformar, se é o que a preocupa. — Disse. — Já chequei!

Hermione passou as mãos pelo rosto.

— Estou tão cansada disso. — Murmurou, o tom em sua voz tremia como suas mãos. Seu corpo vacilante mostrava-se frágil e sensível.

Olhou para Draco. Dos cabelos loiros bagunçados passou para o rosto, depois para os ombros esguios e musculosos, assim como seu tórax escondido por trás das grandes e largas bandagens.

Não conteve o impulso de tocar o tecido que já começava a mostrar manchas de sangue, teria de ser trocado muito em breve. Passou os dedos suavemente ali, mordia os lábios, sua cabeça em outro lugar. Estava sendo observada minunciosamente por Draco, cada mínimo movimento, cada suspiro, sendo precisamente analisado.

— Jamais devia tê-lo metido nas minhas brigas. — Sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos. — Principalmente quando não consigo travá-las sozinha!

Aquela frase, Draco lembrava-se de tê-la dito quando fugiam pela Londres trouxa, sua consciência automaticamente o repreendeu. Jamais imaginou que depois daquilo começaria a gostar da companhia.

— Esqueça que um dia eu disse aquilo, não penso... — Batidas fortes na porta o cortaram.

Hermione saltou da cama, a varinha firme em seu punho.

— Fique aqui! — Não fora um pedido.

A ordem era clara. Surpreendeu-o a forma que Hermione mudava de postura, tão rapidamente. Em poucos segundos passou a ser uma auror forte e autoritária, preparada para enfrentar quem quer que fosse. Aquilo, de certo modo, o deixava impressionado. Extasiado.

No andar de baixo Hermione parara a alguns metros da porta, a varinha apontada para a entrada.

— Hermione, você está aí? Vou entrar! — A voz veio do lado de fora, conhecida e num tom preocupado.

— É Rony. — Explicou à Draco que já aproximava-se.

A porta se abriu e o ruivo atravessou a entrada rapidamente, segurava a varinha, e seus olhos passaram por todo o cômodo, revistando-o.

— O que aconteceu? Por que Malfoy está todo enrolado? — Perguntou para a amiga, seu olhar mudara para completa confusão em poucos instantes.

— Longa história. Que horas são? — Olhou em volta, procurando um relógio que não existia.

— Já passou das onze. Harry e eu ficamos preocupados que você não apareceu para o trabalho, vim ver se estava tudo bem. — Explicou-se, aturdido com a situação.

— Perdi a hora. — Sacudiu a cabeça negativamente antes de voltar-se para Draco e dizer com urgência: — Vá se arrumar, precisamos ir para o Ministério!


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Notas finais do capítulo

Meu presentinho de Natal, adiantado, para vocês... Espero que gostem!



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