Caso encerrado escrita por Amanda


Capítulo 6
Capítulo cinco




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— Ficarei bem! — Insistiu pela terceira vez em menos de quinze minutos.

Harry assentiu e abraçou-a.

— Fique com isso. Sei que gostava do seu e bem, ele foi queimado como tudo aquilo que pertencia à Grifinória... — Tirou do próprio pescoço um cachecol escarlate e dourado e passou pelo pescoço de Hermione.

Draco observava-os curiosamente escorado numa parede, cada movimento parecia fraternal demais, e aquilo, de alguma forma, o desarmou.

— Se machuca-la, Malfoy... — Rony segurava a varinha perigosamente, mas não terminou a frase porque Hermione e Harry aproximavam-se. Apenas maneou a cabeça, exemplificando o que aconteceria. Em resposta, Draco apenas arqueou uma sobrancelha.

— Não mandarei reforços. Fui convencido de que chamaria muita atenção, mas quero que tome todos os cuidados necessários, está em perigo tanto quanto ela! — Harry tratou de explicar, testava a decisão de Draco em oferecer sua casa como abrigo temporário para Hermione. Percebendo que não haveria hesitação, virou as costas e saiu ao lado de Rony.

A porta fechou com um clique baixo.

Respirou fundo, deixando os ombros caírem como se tivesse aguentado peso demais durante o dia inteiro, passou a mão pelo cabelo desalinhado e soltou o ar que prendia. Ao abrir olhos notou que Hermione já tomara seu lugar no escritório, onde ficaria alojada durante sua estadia. Sentada de costas para a porta dupla, parecia transtornada, uma pessoa diferente daquela com quem passara a última hora.

Gostaria de entendê-la. Mas batidas na porta fizeram-no mudar seus planos, ao menos por ora.

— Acabei de passar por Potter e Weasley, no que foi que você se meteu? — Seu amigo perguntou.

— Entre logo, Blás! — Puxou-o para dentro. — Temos que conversar.

— Aquela é a Granger? — Perguntou num tom mais baixo, apontava para a garota que permanecia de costas para a porta. — O que ela faz na sua casa?

— Para a cozinha, agora. — Seguiu o amigo, certificando-se de que Hermione não ouvira nada.

No entanto, estava enganado. Hermione podia ouvir cada mínimo barulho, estava sob alerta, desde as batidas na porta até reconhecer o tom de voz da visita, não mexeu-se porque não conseguia. Não queria. Seu coração batia devagar, pesado de tanta decepção e culpa, as lágrimas presas escapavam uma a uma quando sua respiração afogueava-se abruptamente. Não queria chorar, ainda mais na frente de Draco, mas aos poucos desistiu de segurar, um soluço baixo foi o que precisou para libertar tudo aquilo que prendia.

Na cozinha, Draco explicara para Blásio o que acontecera desde a última vez em que haviam conversado. Sobre os ataques, a forma que salvou Hermione e como sua vida mudara desde então.

— Quer dizer que Hermione Granger vai morar com você até que prendam esses lunáticos? — A resposta foi um leve aceno de cabeça. — Isso parece surreal demais!

— Nem me fale.

— Melhor ela que qualquer um daqueles dois, Granger sempre foi minha favorita do grupo. — Disse brincalhão. — Principalmente depois que ela socou o seu nariz. Cara, daria tudo para ter visto!

Draco olhou para o lado, conferindo se estavam sozinhos.

— Nunca tinha visto uma garota bater daquele jeito. — Confessou.

— Por que salvou ela naquela noite? Por que continua envolvido? — Inclinou-se para trás, apoiando o corpo na bancada. — Podia ter deixado que cuidassem de tudo desde o inicio, mas continua insistindo. Por quê?

Passando a mão pelo rosto, negou.

— Não sei, Blás. — Sacudia a cabeça — Já pensei sobre isso e não cheguei à conclusão alguma, acho que foi apenas instinto.

Blásio sorriu e deu de ombros.

— Você está acabado, vou deixa-lo descansar. — Com dois tapinhas das costas despediu-se do amigo. — Ah, voltarei logo. Quero conhecer formalmente sua convidada!

— Boa noite, Blásio! — Riu baixo.

Mais tarde naquela noite levou para Hermione cobertores e um travesseiro.

— Tem certeza de que não quer ficar com meu quarto? Ainda acho que ficaria melhor em uma cama. — Perguntou, aproveitando para indicar que entrava no escritório.

Hermione tinha o rosto afundado nas mãos, os cotovelos apoiados nas pernas, sustentando-a.

— Ficarei bem aqui, não se preocupe. — Murmurou e levantou o olhar.

— Por que faz isso? — Draco soltou o que havia trazido sobre o sofá.

— Isso o quê?

— Fingir que está bem quando não é verdade? Fez isso naquele beco. — Replicou energicamente, escorando-se na escrivaninha. — Quando aquele rapaz morreu pensei que tivesse entrado em choque, mas Potter chegou e você parecia indiferente, fria. Por Mérlin, sua casa foi completamente destruída e tudo o que fez foi juntar o que restou. Nenhuma palavra de ódio, nenhum grito histérico, nenhuma reação.

Hermione esfregou o rosto.

— Não posso me deixar abalar durante situações como aquela. Fui treinada para manter a calma e a postura firme. — Pareceu o mais adequado a responder.

— Essa é a resposta mais vaga que você podia ter me dado. — Cruzou os braços sobre o peito, parecendo mais alto. — Você me usou como isca, o mínimo que mereço é uma resposta decente.

— Está certo. — Concordou. — No meu primeiro caso como auror tive de lidar com algumas vítimas da Guerra. O caso estava atrasado tinha meses e precisavam de uma mulher para assumir. Eu deveria entrevistar algumas vítimas da gangue de Fenrir Greyback para acrescentar nas acusações, ele seria julgado em um mês.

Uma longa pausa se seguiu até que tomasse coragem para prosseguir.

— As entrevistas por si já eram terríveis, haviam histórias que faziam meu estômago revirar. Mas houve uma... — Sacudiu a cabeça. — Me envolvi mais do que deveria, tentei ajuda-la no depoimento e me ofereci para entrar na sua mente. Coloquei meu almoço para fora depois de ver o que Fenrir fizera a ela. Acabou que fui suspensa por dois meses e retirada do caso por não estar apta emocionalmente.

“Harry e Rony não me tratavam mais como antes, parecia que a qualquer momento eu quebraria e voltaria ao que fui durante aquele caso. Eu não suportaria ser afastada novamente, seria definitivo. Esse é o único jeito de me manter inabalável para eles, tenho um papel a desempenhar e é exatamente o que faço.”

— Seus amigos são dois idiotas. — Soltou severamente. — Não consigo acreditar que eles não percebem que há algo errado, é tão óbvio.

Hermione apenas deixou que o peso de seu corpo afundasse-a no sofá de couro, fechou os olhos com força. Reviver aquela história trazia lembranças que gostaria de deixar fechadas num baú o resto de sua vida. O sofá afundou, e não precisava abrir os olhos para saber que Draco sentara-se do seu lado.

— Granger? — Chamou-a, e esperou que abrisse os olhos para continuar. — Seu primeiro caso como auror não foi culpa sua. O erro foi de quem te designou para o trabalho, você recém voltara de uma guerra, o desequilíbrio emocional já estava lá, ouvir e vivenciar o que a vítima passou foi apenas o estopim.

— Como sabe?

— Passei meses me dizendo que tudo estava bem, mas bastava um pesadelo para que eu passasse uma semana sem dormir, sem me alimentar direito, sem me sentir seguro! — Contou com sinceridade. — Se quer saber, seus gritos estão nos meus sonhos até hoje.

Ela olhou-o com lágrimas beirando os olhos, no entanto, parecia surpresa.

Draco pegou a mão de Hermione e segurou-a com delicadeza entre as suas, deslizou os dedos hábeis pelo pulso e tirou a manga da camisa que cobria a cicatriz ofensiva, acariciou o local gentilmente.

— Nunca me senti tão decepcionado comigo mesmo quanto naquele dia.

Hermione não afastou o toque.

— Não havia nada que pudesse fazer por mim. — Disse com sinceridade, aproveitando o toque sutil dos dedos longos de Draco. — Quando começamos a caçada sabíamos dos riscos, e apesar de tudo, sobrevivemos!

Draco passou o dedo uma última vez pela cicatriz e livrou suas peles do contato.

— Bom, já que está decidida a dormir desconfortavelmente, tenha uma boa noite! — Levantou-se sem elegância alguma e dirigiu-se para fora, onde fechou a porta dupla.


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Notas finais do capítulo

Aí está, como prometido.
Até os comentários



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