Caso encerrado escrita por Amanda


Capítulo 20
Capítulo dezenove




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De início sentia como se flutuasse, tudo estava no mais completo escuro e silêncio. Sua cabeça e corpo flutuavam, sem que nenhum tipo de sensação lhes perpassasse. Tampouco conseguia formular pensamentos que não fossem a respeito do quão leve estava, e da sensação maravilhosa que era estar perdida na zona neutra.

Depois passou a sentir suas extremidades formigarem, a ponta de seus dedos da mão, seus pés e seu cabelo mexendo enquanto continuava flutuando no infinito. Ainda era bom.

Após ter passado, ao que parecia, muito tempo, teve consciência de seu corpo afundado em algo macio, porém desconfortável. Como se estivesse deitada em uma posição terrível.

O breu e silêncio a abraçaram novamente.

Dessa vez teve noção de sons e alguma luminosidade começava a despontar em meio a toda aquela escuridão, o formigamento espalhara-se por suas pernas e braços, o desconforto por seu tronco e pescoço. Já não sentia-se bem, e desejava voltar para o primeiro estágio, onde flutuava e não sentia absolutamente nada.

Seus olhos abriram-se e gemeu ao sentir sua garganta ressequida quando tentou resmungar sobre as luzes acesas. Os sons aos poucos e muito lentamente começaram a fazer algum sentido, assim como os borrões que enxergava, que começavam a firmar-se em linhas e por fim, imagens nítidas de um quarto de hospital.

Quando acostumou-se com a luz e sons que vinham do lado de fora, passou a ter mais consciência sobre seu corpo, a posição em que fora deitada era de longe a mais desconfortável, e começou a mover-se com cuidado. Não tinha ideia do porquê de estar ali, podia estar com alguma fratura e não gostaria de piorá-la fazendo algum movimento brusco. Sentou-se na cama e mexeu todos os membros, em busca de algumas respostas.

Sentia-se bem, apesar de algumas pontadas no pulso esquerdo, um desconforto muscular na lateral direita de seu tronco e a pressão da bandagem enrolada e sua cabeça.

Em perfeitas condições.

Avistou seu prontuário médico pendurado na porta do quarto e tratou de buscar sua varinha, até encontra-la sobre o criado mudo. Não precisou de muito para alcança-la, a não ser esticar-se até que conseguisse envolve-la nos dedos finos e ágeis. Com um feitiço básico fez com que a prancheta chegasse em suas mãos para poder entender um pouco do que estava acontecendo ali.

Aos poucos, começou a recordar-se do duelo no Ministério, de como atravessara metade do salão desviando de feitiços para dar uma chance a seus amigos de interceptarem os Comensais da Morte. Sua queda sobre o pulso, dos feitiços que a atingiram, de Draco correndo ao seu encontro enquanto gritava coisas inaudíveis — provavelmente sobre a loucura de se arriscar daquela forma — e do feitiço que o atingiu e cheio.

Depois disso apenas alguns flashes apareciam em sua cabeça, tais como o corpo de Draco sendo colocado sobre uma maca enfeitiçada, de Harry checando seus sinais vitais e gritando com alguns aurors, repórteres tentando se aproximar da cena para uma bela matéria sobre o ataque e só.

— Pensei que já estaria acordada, mas sentada e lendo seu próprio prontuário é realmente uma boa surpresa! — Um médico entrou com um sorriso divertido nos lábios. — Você é exatamente como Malfoy a descreveu.

— Uma sabe-tudo? — Questionou-o, baixando um pergaminho preso à prancheta.

— Quase isso. — Riu sozinho. — Como se sente Srta. Granger?

Hermione respirou fundo e deu de ombros.

— Acho que bem. — Disse com sinceridade, apesar dos três locais onde ocorrera algum tipo de lesão, não sentia nada além de bem-estar. — Quando terei minha alta?

— Assim que eu examiná-la e conferir se está bem. — Explicou com divertimento, já aproximava-se pronto para examiná-la e durante alguns rápidos minutos fez perguntas de praxe e testou seus reflexos, assim como firmeza e equilíbrio para caminhar. — Apesar de ter certeza de que está pronta para ir para casa, irei pedir para que um de seus amigos a acompanhe, só por precaução.

— É claro! — Sorriu e antes que o médibruxo deixasse seu quarto, chamou-o. — Draco está bem?

— Sim, Malfoy recebeu alta ontem pela manhã. — Falou com tranquilidade. — Perguntou sobre seu estado e depois não o vi mais, deve ter ido para casa descansar, ele enlouqueceu metade das minhas enfermeiras. Nunca tratei alguém tão impaciente quanto ele!

Hermione sorriu imaginando-o deitado numa cama hospitalar gritando com as enfermeiras e tentando escapar do quarto. Ele era um médibruxo, teimoso e arrogante não aceitaria ordens de ninguém.

— Obrigada!

Esperou os amigos, e torceu para que se lembrassem de levar alguma muda de roupa, detestaria ter de vestir o longo vestido vermelho para sair do Hospital, uma vez que a saída ficava numa rua trouxa de Londres. Mas Gina colocara alguma razão na cabeça do irmão, e fizera com que levasse uma bolsa com variadas opções.

— Gina é tão exagerada, acabei me atrasando enquanto ela escolhia algo confortável para você. — Rony revirou os olhos enquanto Hermione tirava uma calça jeans azul e uma camiseta de manga comprida de dentro da bolsa. — Harry ficou preso no Ministério, tinha algumas coisas para resolver sobre o encerramento do caso.

— Muita burocracia? — Perguntou de trás do biombo onde despia-se feliz do avental verde.

— Nós destruímos um evento oficial do Ministério, o que você acha? — Na voz apenas graça.

— Que Harry está ferrado! — Riu, pela primeira vez em muito tempo, aliviada por sua vida estar voltando aos eixos.

— Com certeza! — Rony acompanhou-a para fora do quarto de tons claros e percorreram o corredor estreito lado a lado. — Vamos tomar café? Estou faminto!

— Estava torcendo para que dissesse isso!

***

Jantavam em um clima leve e animado de pura descontração. Harry choramingava por toda a burocracia e resposta que tivera de dar para o conselho de segurança, o qual não aprovara a tática usada pela Quartel General de Aurors. Gina tentava consolá-lo, mas fazia caretas atrás do marido, o que rendia boas risadas de Hermione e Rony — que deixou um bocado de comida escapar de seus lábios no meio de uma gargalhada.

— O Profeta Diário tem conteúdo suficiente para uma semana. — Gina rolou os olhos. — Tem uma página sobre você e Malfoy, a foto está linda.

Harry segurou a mão da esposa que depois de beijá-lo na bochecha seguiu para a cozinha.

— Pensei que Malfoy a buscaria no St Mungos, ele não deu sossego para as enfermeiras enquanto não deixassem-no vê-la! — Harry contou, voltando a atenção para Hermione. — Tenho certeza de que aconteceu algo que o impediu de...

— Não tenho tanta certeza, Harry. — Disse com mais confiança do que gostaria de ter sobre aquele assunto. — Acho que criamos muitas expectativas sobre ele!

— É, parece que sim. — Murmurou baixinho, desanimado por estar errado numa situação que há poucos dias, parecia tão certa.

Gina levantou o ânimo do trio quando voltou carregando uma travessa com a sobremesa de morango com cobertura de chocolate, receita de Molly que fora passada para Gina e Hermione como um segredo de família.

O doce deixou a noite mais aconchegante e suave, inclusive para Hermione que conseguiu esquecer o vazio em seu peito.


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Notas finais do capítulo

E aí está!!! Apesar de Draco não ter aparecido, saibam que sim, ele está vivo!!!!!
Próximo capítulo: epílogo!



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