Caso encerrado escrita por Amanda


Capítulo 19
Capítulo dezoito




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746105/chapter/19

O Átrio do Ministério estava elegantemente decorado, faixas em tons de púrpura harmonizavam os tons escuros de janelas e painéis espalhados pelo ambiente, parecia-se mesmo com um salão de festas. Os convidados enchiam o local com conversas animadas e danças, muitos repórteres pediam uma entrevista rápida para alguns dos recém chegados, inclusive Draco e Hermione.

— Srta. Granger, pode falar sobre sua missão na França? — A garota loira perguntou, sua pena de repetição rápida flutuava ao lado, aguardando por uma resposta.

— Na verdade é confidencial, não posso citar o que foi tratado. — Comentou desconfortável com a mentira, sequer lembrava-se do que a bruxa falava até que Draco a cutucou imperceptivelmente.

— Pode nos contar sobre seu relacionamento com Draco Malfoy? — A pergunta fora feita com uma velocidade incrível, demorou alguns segundos para compreender o teor do questionamento, e seu corpo tencionou-se no segundo em que entendeu.

Draco pareceu igualmente curioso, e olhou-a em expectativa. Claramente que não diria que estavam apenas dormindo juntos, seria uma resposta escandalosa que agradaria os tabloides de fofoca, mas tinha de haver algo mais palpável.

— Estamos nos conhecendo. — Draco respondeu, quando Hermione claramente não conseguira formular uma frase.

Outro jornalista se aproximou.

— A forma que a está abraçando faz parecer que já se conhecem bem o bastante. Tem algo a dizer sobre?

Hermione sorriu desconcertada com a insinuação feita, e sentiu a mão de Draco em sua cintura apertá-la carinhosamente, como se dissesse que tudo estava bem.

— Você reparou na minha acompanhante? Estou apenas mantendo-a por perto! — Fez graça enquanto puxava-a para mais perto e dava as perguntas por encerradas enquanto dirigiam-se para dentro da multidão.

Mal tinham parado para analisar o local quando Hermione pegou uma taça de champanhe de um dos garçons e esvaziou-a em alguns poucos goles.

— Segure isso. — Empurrou-a para Draco. — Não diga que é minha!

— O quê?

— Hermione! — Harry aproximou-se a abraçou a amiga. — Está linda.

— Sempre nos surpreendendo. — Rony beijou-lhe a bochecha e passou o olhar para Draco. — Mantenha-se sóbrio, Malfoy.

Harry expressou seu descontentamento ao vê-lo segurando a taça vazia, e sequer reparou na desculpa silenciosa que Hermione mandava para seu acompanhante.

— Podemos dançar? — Rony virou-se para a amiga que aceitou o convite de imediato.

De longe Draco mantinha-os sob seu olhar firme.

— Se realmente sente algo por ela, deve contar! — Harry do seu lado também observava os amigos dançando. — Consigo contar uma dezena de caras que gostariam de uma dança com ela, e por mais que eu não goste da sua cara de doninha, prefiro que seja você a fazê-la feliz!

— Agradeço a confiança, cicatriz! — Deixou a taça numa bandeja que flutuava por entre os convidados.

— Saiba que se a machucar, mesmo que minimamente, vou atrás de você! — Sorriu para Draco e sinalizou a amiga com um olhar.

— Não esperaria menos de você! — Deixou Harry para trás e saiu em direção à garota.

Hermione girava nos braços de Rony, e jogou a cabeça para trás enquanto gargalhava de algo que o ruivo dissera. Desejou estar ali, fazendo-a rir enquanto conversavam sobre algo banal que acontecera, queria ter aquela intimidade que ela tinha com os amigos.

Aproximou-se até que estivesse no campo de visão de Hermione, que sorriu ao lhe ver.

— Posso? — Apertou o ombro de Rony com mais força que o necessário, mas recebeu apenas um “anuir” discreto.

Passou a mão lentamente pela cintura de Hermione até prendê-la na posição adequada para a dança, a melodia arrastada passou a embalá-los pelo salão.

— Estava me perguntando quando você apareceria. — Disse com um sorriso perfeito nos lábios.

— Admita, Granger, você estava quase morrendo de tédio com o Weasley.

— Jamais direi isso, por mais que eu prefira você como par durante uma valsa. — Mordeu o lábio inferior. — Sei também que você vai me obedecer e depois do casal de azul, dar um giro bem lento para que eu consigo ver nosso suspeito.

— Você diz isso com uma naturalidade invejável. — Sorriu, atento ao casal de azul que embalava-se num ritmo próprio. — Para onde devo olhar?

— Qualquer lugar que não para onde estarei olhando, precisamos ser discretos. — Apresou-se em dizer, o casal estava a menos de dois passos, e foi aí que Draco a conduziu lentamente para um amplo giro, onde conseguia visualizar muitos rostos os observando. — Ótimo!

— Conseguiu o que queria? — Perguntou aproximando-a novamente de seu corpo.

— Sim, mas não há nada de suspeito. — Resmungou. — E você, olhou para onde?

— Seus seios. — Disfarçou o olhar quando Hermione gargalhou. — Você estava inclinada, era isso ou seu suspeito.

— Certo, finjamos que era sua única opção. — Concordou como se acreditasse. — O que Harry disse para você?

— Você não perde nada, não é? — Girou-a, aproveitando os poucos segundos sem contato visual para pensar. — Disse que se eu a machucasse ele viria atrás de mim!

Hermione riu.

— Típico. — Rolou os olhos. — Ele acha que todos que se aproximam de mim podem me magoar ou ferir de alguma maneira, esquece que sou uma mulher adulta e...

— Prometi a ele que jamais a machucaria. — Cortou-a, e ao ver a surpresa nos olhos de Hermione, imaginou que aquele seria o melhor momento para confessar todo o resto. — Hoje mais cedo você disse que não me conhecia, que nunca conseguia decifrar o que eu estava sentindo e entendo a forma que se sente, de verdade. Você também não facilita as coisas para que eu tenha a chance de me explicar!

— Draco, agora não...

— Agora é o momento perfeito para isso, apenas me escute. — Puxou-a para mais perto do seu corpo e sentiu-a retesar-se sob seu toque. — Não vou machuca-la se é disso que está com medo, não seria capaz, não propositalmente. E apesar de estar com a sensação de que sou eu quem vai precisar de uma bebida mais tarde, queria entender o que está acontecendo entre...

— Abaixe-se! — Gritou com ferocidade empurrando-o para trás, enquanto procurava nas dobras da saia pela fenda que a possibilitaria de pegar a varinha presa em sua perna.

Um lampejo azul passou a poucos centímetros de Draco que caía para trás, enquanto Hermione rolava no chão. Os presentes começaram a correr, outros a sacar suas varinhas enquanto continuavam incertos sobre o que estava acontecendo.

— Onde ele está, Hermione? — Harry ajoelhou-se ao lado da amiga para ajuda-la a se erguer, enquanto Rony e mais dois aurors serviam de escudo.

— Estava na balaustrada, logo ali! — Apontou, a varinha na outra mão.

— Você está bem? — Draco juntou-se ao dois e ajudou-a a levantar-se. — Sente alguma dor?

Hermione lançou-o um olhar enviesado e irritadiço.

— Fique atrás de mim. — Puxou-o pela manga da camisa para trás de seu corpo.

— Ficarei do seu lado! — Posicionou-se à sua direita, com a varinha já em mãos procurava por algum sinal do Comensal.

Aurors tentavam levar os civis para longe do tumulto.

Por alguns segundos tudo ficou em completo silêncio, o primeiro som que se seguiu foi de um raio amarelado direcionado no grupo no centro do salão, Hermione usou “protego” rapidamente, e atacou com ainda mais precisão depois de ter um relance do esconderijo de seu alvo.

— Deixe de ser um covarde a apareça! — Rugiu, tentando enxergar qualquer movimentação.

Palmas ecoaram no canto próximo aos elevadores.

— Livre-se de seus cães e podemos conversar. — Propôs saindo das sombras, uma refém na mira de sua varinha. — O que acha?

Hermione olhava-o, mas não sabia com quem lidava, jamais o vira em toda sua vida, não compreendia a razão dos ataques.

— Tenho mais alguns amigos aqui dentro, estão com seus homens na mira de suas varinhas. A vida de cada um deles está nas suas mãos, decida-se!

Hermione rosnou.

— Afastem-se. — Era uma ordem, que apesar da hesitação, foi atendida. Exceto por Draco que foi puxado por Harry e Rony. — Quais seus termos?

— Um duelo.

Pensou por alguns rápidos segundos enquanto o Comensal aproximava-se em lentos e calculados passos.

— O que eu ganho se aceitar?

— A chance de salvar seus preciosos aurors, se for rápida o suficiente. — Empurrou a refém para frente, usava-a de escudo. — Sei que aceitará, não conseguirá deixar a única chance de vingar McHeart e aquele garoto estúpido passar. Você quer vingança, quer mostrar o quão forte é, mas está vacilando por medo.

— Quer duelar ou conversar? — Limitou-se a tirar os sapatos de salto.

O homem sorriu e empurrou sua refém para um grupo de bruxos que observava.

— Duelo limpo, façamos os devidos cumprimentos.

Cara a cara, ergueram as varinhas e baixaram-nas, alguns passos para trás e o primeiro feitiço foi lançado.

Hermione protegeu-se e atacou, derrubando-o a alguns metros de distancia. Nada que realmente o tenha ferido ou incapacitado de continuar.

— Prefere brincar de gato e rato com feitiços inúteis quando tem a chance de me matar. — Riu com escárnio enquanto levanta-se. — Não serei piedoso, não fui com seus aurors e não serei com você!

Hermione apoiou-se no pé direito e enviou três fortes feitiços contra o bruxo que aguentou dois deles, no terceiro voou alguns metros longe.

— Por que eu? — Gritou, aproximando-se alguns passos. — De todos os aurors, por que escolheu a mim?

— Porque você hesita, sinto o medo crescer dentro de você. — Hermione apontava a varinha para o homem caído. — Porque prendeu meus bruxos, dentre eles minha esposa. Ela morreu em Azkaban, e a culpa é sua!

— Elizabeth Fearwood! — A compreensão a atingiu como o feitiço estuporando que o comensal lhe atacou.

— Não diga o nome dela, você a matou! — Hermione ergueu-se tão rápido pode e protegeu-se de um outro feitiço.

Lembrava-se daquela prisioneira, a única mulher num grupo de comensais homens. Foi a mais difícil durante os interrogatórios, aguentava as doses de Veritaserum até a exaustão. Seria brilhante se não fosse uma Comensal da Morte. Enforcou-se duas semanas depois de ser presa, foi encontrada por aurors na manhã seguinte, pendurada e sem vida.

— Elizabeth se enforcou usando as vestes de prisioneira, não tive nada a ver com isso. — Atingiu-o no ombro, um feitiço cortante.

— Mentira! — Atacou-a novamente, dessa vez, hesitante e esgotado.

Vendo sua chance, Hermione repetiu o combo de feitiços, os quais não puderam ser impedidos por Fearwood, que ao ser atingido rolou para longe — inconsciente.

O braço de Hermione caiu ao lado do corpo, e pode respirar fundo por um breve momento, tempo este, suficiente para seus amigos aproximarem-se. O Comensal fora retirado por aurors.

Harry e Ron a abraçaram coletivamente, e Draco que aproximara-se junto apenas os olhava. Queria gritar com Hermione por sua estupidez, e depois beijá-la por sempre querer cuidar de todos, mas os vultos negros alcançaram sua visão e conseguiu lançar um feitiço de proteção antes que fossem atacados.

— Ainda não terminamos, fiquem atentos! — Hermione voltou a posição de ataque.

Os feitiços começaram a vir como numa enxurrada, eram tantos e tão rápidos que mal conseguiam acompanha-los, os feitiços de proteção começavam a se quebrar e os ataques a se tornarem mais violentos.

— Rony, solte na minha contagem. — Disse ao amigo. — ... Dois... Três... Agora!

Correu para o lado e atacou-os de um outro ponto, onde ficaria mais fácil obter algum resultado, em contrapartida ficara desprotegida, tornando-se um único alvo. Fora atingida por alguns feitiços, mas seu plano estava dando certo.

Tudo passou a transcorrer em câmera lenta, os feitiços vinham em sua direção assim como Draco que corria para fora da proteção. Harry, Rony e alguns aurors atacavam os Comensais da Morte distraídos com sua distração, caíam um a um.

Quando caiu sentiu uma forte dor em seu pulso esquerdo, mas manteve-se alerta, percebendo que algo escorria por sua têmpora apertou a varinha na mão livre e segurou o feitiço de proteção o tanto que aguentava. Não sentia-se tão mal assim.

Draco entrou em seu campo de proteção pouco depois, parecia gritar, mas o som não chegava em seus ouvidos. A expressão dele era a mais pura angustia, não compreendia, mas esperava que todos estivessem bem. Suas pálpebras pesaram mais do que aguentava, num último segundo soltou a varinha, sem forças para manter-se acordada. Piscou uma vez mais, a tempo de ver Draco ser atingido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí está, atrasadinho, mas enfim... Espero que gostem! Os próximos dois capítulos já estão prontinhos, então me esperem por essa semana ainda!
Até