Caso encerrado escrita por Amanda


Capítulo 2
Capítulo um




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746105/chapter/2

— Dia! — Entrou na sala e largou o copo de café sobre a escrivaninha. — O que temos hoje?

Harry e Rony trocaram olhares pouco discretos.

— O que foi?

Rony coçou a cabeça em visível desconforto, mas foi Harry quem se pronunciou.

— Achamos melhor você não participar da reunião de hoje, ainda não está recuperada do ataque e temos que focar na investigação. — A cada palavra sua firmeza ia cedendo ao olhar mortal que Hermione sustentava. — Você poderia checar os últimos relatórios e arquivá-los.

— Vocês acreditam que eu vou atrapalhar? Por não estar recuperada... — Balbuciou furiosa. — Já disse que aquilo só aconteceu porque eu havia bebido com Gina pouco antes, podia ter acontecido com qualquer um de vocês.

Rony baixou a cabeça, enquanto Harry tentou tocar na amiga que esquivou-se.

— Me chamem quando realmente precisarem de ajuda! — Avisou, já caminhando para a saída.

Bateu a porta de madeira com força, as dobradiças tremeram diante do impacto. Ignorou os olhares que recebeu, já não importava-se mais com a atenção que recebia, acostumou-se a ignorar depois de algum tempo.

Não conseguia acreditar que seus amigos a descartaram tão facilmente, como se fosse incapaz de se defender.

— Aqueles idiotas! — Murmurou.

Caminhava por Londres fazia alguns minutos, não tinha um rumo exato, apenas acompanhava as vitrines e cafés ao longo das quadras. Sentia-se perdida em meio às pessoas que seguiam apressadas pela calçada, com um propósito. Virou numa rua deserta, onde as poucas lojas pareciam vazias e fechadas. Seu ombro esbarrou, repentinamente, em alguém. Prestes a desculpar-se levantou o rosto, e soltou o ar quando o reconheceu.

— O que faz em Londres? — Perguntou, sem importar-se com cordialidades.

— Estou saindo de um plantão de trinta e seis horas. — Draco disse, afrouxando a gravata casualmente. — Não deveria estar trabalhando? Tentando prender quem te atacou?

Hermione olhou para os lados, reparando que estava na rua de entrada para o St.Mungos.

— Devia, mas Harry e Rony acham que ainda estou incapacitada para cumprir minhas funções. — Afundou as mãos nos bolsos do casaco por puro hábito.

— E para onde está indo?

Respirou fundo e deu de ombros.

— Não sei! — Sacudiu a cabeça. — Enfim, vou deixa-lo ir, deve estar cansado.

Avançou alguns passou quando ouviu-o chama-la.

— Conheço um lugar, e estou precisando de café! — Não houve um convite direto, apenas indicou o caminho com a cabeça e deixou-a decidir-se se o seguiria ou não, quando Hermione caminhou em sua direção, voltou a andar.

A cafeteria era pequena, confortável e aconchegante, exalava o aroma forte do café, e o ar parecia tomado pela doçura de chás exóticos. As mesas estavam dispostas espaçosamente pelo salão, Draco escolheu aquela em frente à janela, mas próxima à parede.

— Dois cafés e duas fatias de torta de chocolate com nozes. — Pediu assim que a garçonete aproximou-se, sequer deixou-a falar. — Espero que não seja alérgica a nozes.

— Não sou. — Disse.

Entraram em completo silêncio, de modo que o pedido chegou e ainda não haviam trocado uma palavra. Hermione, no entanto, estava bastante curiosa e não conteve-se por muito mais tempo.

— Não sabia que frequentava estabelecimentos trouxas. — Comentou e Draco notou alfinetada naquele frase, sorriu lateralmente.

— Não sabia que gostava de sarcasmo, Granger. — Bebeu um gole do café. — Gosto desse lugar, as paredes me lembram Hogwarts... E é perto do trabalho.

Ela não pôde segurar o riso.

— Vem aqui por causa das paredes?

— A familiaridade delas com Hogwarts me relaxa, eram bons tempos. — Ergueu uma sobrancelha. — Além do mais só aqui tem esse café e claro, a torta que você ainda não tocou.

Assentiu e voltou-se para o café, agora sobre o olhar desafiador de Draco.

— Como está sua cabeça? Costelas?

— Não doem mais, meu ombro incomoda para dormir, mas é apenas isso! — Cortou a fatia e levou à boca. Era deliciosa. Reprimiu um gemido de satisfação e voltou a encará-lo.

— Ótimo. — Passava o dedo fino sobre a borda da xícara vazia. — Lembra-se das aulas de adivinhação?

Levantou a sobrancelha para encará-lo.

— Eu as odiava. — Comentou. — Por que a pergunta?

Virou a xícara para que Hermione visse.

— Uma lua! — Buscou em sua cabeça as páginas de livros que devorou com afinco e o estalo veio rapidamente. — Sei o que significa.

Ergueu-se e começou a tirar a carteira de dentro da bolsa.

— Eu pago. — Draco sinalizou com a mão. — Não vai me dizer, não é?

Hermione sorriu abertamente e negou com a cabeça.

— Você pode descobrir por si mesmo!

Sem dizer mais nada deixou-o, seguindo seu caminho, agora, diretamente para casa. Tinha cópias de todos os arquivos sobre o caso que fechara há cinco dias, revisaria cada detalhe e começaria seu trabalho.

***

Sentara-se no tapete e distribuíra todo o material que tinha sobre a mesinha de centro. Começou analisando os depoimentos dos Comensais da Morte, alguns eram perturbadores, tortura e assassinatos a nascidos trouxas encabeçavam a lista de crimes. E lendo as confissões detalhadas, seu estômago revirava e cenas da guerra, da tortura que passou nas mãos de Belatriz começavam a passar por sua cabeça.

“...Torturei o garoto por cinco dias. Ele disse que não contaria onde os pais estavam, maldita coragem Grifinória. No terceiro dia tive de arrastá-lo para fora da cela, no quinto ele não conseguia segurar a saliva dentro da boca, apenas balbuciava coisas. Desisti de qualquer informação. No fim das contas a maldição da morte foi melhor.”

— Preciso de uma pausa! — Deixou o pergaminho sobre a mesinha e levantou-se.

Andou em círculos pela casa por alguns segundos, seu peito estava apertado, assim como na primeira vez que lera aqueles documentos. Ficava surpresa no quanto aquilo ainda lhe abalava. Com a mão na testa e os pés descalços no piso gélido resolveu que ar fresco seria o melhor naquele momento.

A grama do seu quintal estava úmida por causa da névoa que começava a tomar conta de Londres, mas não importou-se, assim como gostou da brisa fria batendo contra seu rosto e mexendo seus cabelos. Sentir frio, os pés molhados e o vento cortante eram coisas que lembravam-na de que estava viva, e que era forte o suficiente para aguentar o que quer que fosse. Às vezes precisa de coisas reais e momentâneas para lembra-la daquilo. A vida parecia surreal demais em situações como aquela que acabara de ler no pergaminho surrado.

Respirou fundo, sentiu o ar de outono entrar por seus pulmões e refrescar sua alma.

A sensação pesada saíra de seus ombros, continuaria por inúmeras razões, o garotinho, por todos que sofreram, por ela mesma. Tinha essa dívida. E pagaria!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Lembrando que os capítulos serão postados semanalmente, com exceção de alguma inspiração repentina... Como foi o caso deste!
Comentários, perguntas e críticas são bem-vindos.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Caso encerrado" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.