Caso encerrado escrita por Amanda


Capítulo 14
Capítulo treze




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O livro que lia já estava chegando ao fim, uma história para se distrair enquanto o mau tempo não passava. Draco ainda dormia, mas nem mesmo isso conseguia apaziguá-la. Não tinha notícias há dias, era como se tudo o que acontecera fora simplesmente esquecido, todo o ideal puro-sangue deixado para morrer.

Bebericou o café.

Virou a página do livro.

Leu dois parágrafos e seu olhar pousou na janela.

Dois vultos caminhavam e direção a casa, apressados para fugir da chuva que os castigava, assim como o vento cortante.

A porta abriu e por ela, rapidamente, passaram Harry e Rony que surpresos, ergueram as mãos acima da cabeça. Rendidos por Hermione que apontava a varinha para seus rostos.

— Somos nós, pode checar nossas varinhas. — Rony disse, baixando uma mão cautelosamente, desistindo na metade do caminho ao notar a expressão severa no rosto da amiga. — Mione...

— Uma semana sem notícias! — Disse com fúria, a varinha em riste. — Cancelaram a coruja do Profeta Diário, não enviaram sequer um patrono para me atualizar. Sabem o que está em jogo?

— No momento nossas gargantas. —Rony engoliu seu comentário quando Hermione rosnou um xingamento.

Baixou a varinha e voltou para a cozinha.

— Onde está Malfoy? — Harry perguntou, olhava os cômodos com curiosidade.

— Dormindo.

— Não temos atualização alguma. — Explicou quando o silêncio começou a incomodá-lo. — Desde a última vez que conversamos não houve nada. Eles simplesmente desapareceram, não sabemos o porquê.

Hermione soltou a xícara na mesa e olhou-os, pela primeira vez naquela manhã, com um pouco mais de calma.

— Não é óbvio? — Perguntou e observou a confusão que causara em ambos.

— Óbvio? — Rony indagou, cruzando os braços sobre o peito estufado.

Harry bufou.

— É Hermione que eles querem, nós a tiramos de vista, então...

— Eles fazem o mesmo! — Completou Hermione, sacudindo a cabeça.

Frustrada.

— Já sabe o que fazer, Mione. — Harry indicou com a cabeça o andar de cima.

Trocaria de roupa e voltaria para o Ministério junto dos amigos, precisava fazer uma aparição para que pudessem terminar de uma vez por todas com esse caso.

— Pensei que fosse estuporá-los! — Draco entrou na cozinha, a camisa estava aberta, deixando a mostra seu peito e abdômen. — O que está acontecendo?

Hermione baixou a cabeça em direção ao livro fechado sobre a mesa e suspirou.

— Estou voltando para o caso.

— Não tenho certeza se entendi. — Disse, aproximando-se em passos lentos e perigosos. Seu tom de voz o denunciara.

— Entendeu sim. — Passou pelo loiro que lançou um olhar cheio de significados.

Haviam conversado alguns dias atrás sobre o motivo da falta de notícias, ou sequer os comunicados no Profeta Diário. Não houvera mais mortes ou desaparecimentos desde que Hermione saíra do caso, era como se estivessem esperando por sua volta.

Por ela.

Discutiram quando Hermione comentou que voltar era uma opção, desde que conseguissem se organizar e terminar de uma vez por todas com aquele caso. Draco discordava, acreditava que se colocar como isca era arriscado e que as chances de um plano dar certo era mínima.

Com opiniões adversas e firmes, não tocaram no assunto desde então.

No andar de cima Hermione trocou de roupa, cores escuras tomaram conta da lã colorida e clara que vestia, o coldre preso na perna mostrava que o descanso terminara. Estava na hora de voltar.

— Vocês não têm o direito de usá-la como isca! — Draco discutia fervorosamente com Harry e Rony, que insistiam em suas respostas ensaiadas.

— Eu estou me usando de isca, não eles. — Hermione entrou na cozinha, devidamente vestida. Sinalizou para que os amigos esperassem do lado de fora. — Não vou me esconder quando temos uma chance de capturar...

— Vai morrer por isso se for necessário? — Interrompeu-a.

Por um momento ela pareceu compreender a severidade das palavras de Draco, precisou de alguns segundos para formular uma resposta.

 — É meu trabalho, sei dos riscos. — Sacudiu a cabeça. — Preciso que entenda isso!

— Não posso. — Falou depois de alguns segundos em completo silêncio.

Hermione assentiu.

— Compreendo! — Tocou a ponta da varinha presa no coldre e bufou. — Quero que continue aqui, voltarei assim que meu expediente terminar.

— Isso é um pedido?

— Uma ordem! — Hermione olhou-o com severidade, não podia lidar com isso, não agora.

Draco riu, ação esta que fez Hermione encará-lo uma última vez.

— Você é hipócrita, Granger.

Sem tempo ou forças para discutir, deixou-o para trás, batendo a porta da frente em suas costas para dar fim àquilo que havia começado.

Viver com Draco durante aquelas semanas foi uma experiência muito mais intensa e profunda do que um dia seria capaz de imaginar. Ele trazia o seu melhor e pior de maneira brusca e repentina, fazia com que seu corpo clamasse desejosamente por um beijo e que seus punhos cerrassem-se de raiva. Com ele era tudo ou nada.

Apesar disso, gostava de estar com Draco. Sentia-se uma pessoa diferente, mas leve e despreocupada quando conversavam, a vida parecia mais fácil — apesar de tudo aquilo que estavam enfrentando. Durante aquelas semanas aprendeu que ele tornara-se alguém completamente diferente do que fora em Hogwarts, embora sua aparência e expressões continuassem as mesmas, tornara-se um bom homem. Alguém que se importava com os outros, capaz de amar e sentir culpa.

Além das características agradáveis e personalidade marcante, conseguiu encontrar nos braços de Draco um abrigo para aqueles momentos em que sentia-se frágil e vulnerável. Era ele que aquietava seu coração disparado quando acordava no meio da noite procurando, desesperadamente, pela varinha. Era Draco que silenciava sua cabeça quando nada conseguia fazê-la descansar. Seus toques, do delicado ao provocante, aqueciam seu corpo de maneira simples e enlouquecedora, na medida certa. Sempre sabia exatamente do que Hermione precisava.

Estar com ele era certo em tantos aspectos, não conseguia encontrar erros naquela equação. Não havia erros.

No entanto, pensar no assunto lhe afligia. Fazia com que um frio percorresse seu estômago e se alojasse no peito, a incerteza incomodava-a mais do que admitiria. Não haviam estipulado em que tipo de relação estavam, tinha momentos muito carnais, enquanto outros transbordavam sentimentalismo. Não conseguia definir o que era, o que queria ou sentia em relação à isso.

Apenas era complicado.


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Notas finais do capítulo

Não vou nem me desculpar pelo atraso, já que sempre atraso. Mas aí está e espero que estejam gostando, porque esse capítulo marca o início do fim... Ok??
Até