"7:05" no despertador. Miguel acorda, estava confuso. Não lembrava direito do que havia acontecido na noite passada. Olhou ao redor viu alguns pôsteres de bandas de Rock, móveis novos e bonitos e um mural de fotos. Quando olhou para o chão viu Marina dormindo, lembrou de tudo, mas não a havia reconhecido quando ela o ajudara. Ele riu e pensou "quão arteiro é o destino".
Dormindo Marina era mais linda e fazia jus ao apelido de anjo sem asas. Ele queria somente que ela acordasse para conversar e saber seu nome. Mas ele agora era humano e as necessidades naturais falaram mais alto: sua barriga começou a roncar de fome, Moisés havia lhe avisado sobre isso.

Miguel abriu a porta do quarto e sentiu um cheiro maravilhoso que vinha da cozinha, seguiu para lá. Em cima da mesa havia um belíssimo bolo de chocolate. A mãe de Marina estava de costas preparando algo.
Ele não hesitou em se aproximar, quando ia por as mãos naquela delícia, alguém tapou sua boca com as mãos e o arrastou de volta para o quarto, era Marina, claro:
-O que você pensa que está fazendo? Meus pais não podem saber que eu trouxe um estranho para casa.
Miguel apenas a admirava fixamente:
-Qual o seu nome?- pergunto ele.
-Hã? desculpa!!! Você deve estar mesmo com fome. Eu me chamo Marina.
Os olhos dele brilhavam, eu me chamo Miguel, disse ele.
-Onde você mora Miguel? O que estava fazen...

Nesse exato momento sua mãe bateu na porta.
-Se esconda embaixo da cama, sussurrou Marina. Ele quase voou para se esconder, a mulher entrou:
-Já acordada filha? Vá trocar de roupas, eu preparei um bolo especial para você.
Sua mãe se chamava Carla. Ela estava tratando Marina exageradamente bem desde a morte de Lucas, pois percebera que a filha estava mal.

Marina Mandou Miguel ficar no banheiro enquanto ela trocava de roupas, dizendo-lhe para não olhar. Mas o garoto não se conteve e brechou pela fechadura e pode ver o belíssimo corpo de Marina seminu. Ele não tinha maldade nenhuma, apenas era curioso.

Enquanto ela foi tomar café, ele ficou no quarto vendo as fotos do mural, na maioria delas, Marina estava acompanhada de um garoto (Lucas). Ele desejou profundamente estar no lugar dele porque ela parecia muito feliz ao seu lado, inconscientemente ele sentiu um pouco de ciúmes.

Marina voltou ao quarto trazendo um grande pedaço de bolo e suco de laranja. Miguel começou a devorá-los com muita ânsia:
-Deus, isso é uma delícia, como se chama?- Perguntou de boca cheia.
-Para de gracinha Miguel. Qual criança não conhece bolo de chocolate?
-Eu não sou criança! Tenho duzentos anos.
-Eu já pedi pra você parar.
Miguel lembrou-se que Moisés pediu para ele dizer que tinha 16 anos:
-É mesmo. Estou brincando, tenho dezesseis anos e adoro bolo de choco... Chocolate.
-Só dezesseis? Nossa você aparenta ter bem menos -disse ela confusa- Onde você mora menino?
-Eu não tenho casa, respondeu Miguel lambendo os dedos.
-Não vai dizer que fugiu de um orfanato? -perguntou ela ironizando.
-Foi mesmo!
-Tá, finjo que acredito. Ei, quem lhe bateu ontem a noite?
-Acho que foram os Dark Angels.
-O que é isso? -Perguntou rindo.
Miguel levantou-se do chão e disse:
-Anjos do Mal.

Marina sabia que os gangsters haviam feito aquilo. Mas quando o garoto falou em anjos, ela se arrepiou. Lembrou-se de seu fenômeno sobrenatural.

-Você acredita em anjos? -perguntou.
-Acredito sim.
-E o que você sabe sobre eles?
Com um olhar malícioso Miguel respondeu:
-Eu sei tudo sobre eles...

A garota assustou-se um pouco, mas encontrar alguém que acreditasse no mesmo que ela, era tudo que ela estava procurando. Pensou então na possibilidade de contar para seu novo amigo o que havia acontecido com ela:
-Você quer dar uma volta comigo?
-Quero sim!- falou Miguel já voltando a sorrir.
-Certo, vou lhe arranjar umas roupas que pertenciam a um amigo meu e você vai tomar um banho, ok?

Assim o fez. Miguel arrumou-se com roupas que eram de Lucas. Pela primeira vez a garota notou como ele era parecido com o verdadeiro dono das roupas, mudava-se apenas o cabelo e a altura, pois o cabelo de Lucas era preto, o de Miguel castanho e Lucas era mais alto.

Miguel pensava "consegui encontrá-la, e agora? O que faço?". Quanto mais ficava junto de Marina, mais desejava estar com ela, se perguntava o porque daquilo e desconfiou pela primeira vez, que podia estar sentindo o proibido entre os anjos: O Amor.

Logo os dois estavam prontos para sair, Marina deu um jeito de distrair sua mãe para conseguir tirar o garoto de dentro de casa, seu pai estava trabalhando e não foi problema. Os dois caminharam até o ponto de ônibus e logo estavam indo em direção a praia, para uma certa PONTE para ser mais exato...