A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 116
116. Trabalhos comunitários




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745463/chapter/116

Trabalhos comunitarios

— Acorde, filho.

A noite do dia primeiro para o dia dois de julho pareceu a Regulus curta demais, ele virou-se para o outro lado evitando olhar para a mãe.

— Deixa eu dormir um pouco mais, mãe, estou de férias, lembra?

— Eu lembro que você está de férias de Hogwarts, mas deve comparecer ao Ministério às 8 da manhã se não quiser ter problemas. Seu pai vai deixá-lo lá antes de ir ao Saint Mungus.

Ele havia esquecido. Trabalhos comunitários com o senhor Crouch. Levantou-se rapidamente, trocou-se e foi até o banheiro escovar os dentes. Ao olhar-se no espelho e ver refletidos os próprios olhos, ele lembrou-se de Alice e de sua imagem refletida nas pupilas dela quando estavam no trem. Aquele era apenas o segundo dia sem ela e seu peito doía se saudades como se já tivesse feito um mês. Como ele iria suportar isso?

— Reg, meu filho, sonhando acordado? Assim você vai se atrasar!

Sua mãe encostou-se no batente da porta, enquanto segurava uma xícara de café. Ele sorriu para ela e terminou de se arrumar. Quando desceu até a cozinha encontrou o pai e assim que terminaram de tomar o café da manhã, eles entraram na lareira e viajaram pela rede de flu até o Ministério.

Regulus se sentia, agora que estava lá, um tanto ansioso para saber o que iria fazer. O pai havia lhe contado de bruxos do ministério que ele havia atendido no hospital, cada um com um machucado, queimadura ou de alguma forma injuriado por um feitiço mal executado. A “moda” agora era atender Aurores que haviam perdido partes do corpo em combate com o pessoal de Voldemort (embora ninguém admitisse que fosse isso na verdade). E se fosse mandado trabalhar com Aurores e se recusasse? Ele nunca lutaria contra os Comensais, iria preferir ir para Azkaban, com certeza. Na verdade, a certeza lhe escapou da mente tão logo o elevador chegou ao segundo andar do prédio e um bruxo alto e encapuzado lhe fez lembrar de dementadores e que Azkaban estava repleta deles.

— Bom dia, senhor Crouch. Trouxe meu filho para cumprir sua obrigação. – disse Orion, estendendo a mão para cumprimentar o chefe da Execução das Leis Mágicas.

— Vejo que é um homem de palavra, senhor Black. Tenho certeza que alguns dias de trabalho farão muito bem aos nossos filhos. – respondeu Crouch, sacudindo a mão de Orion. Então Regulus avistou, em uma mesa mais adiante, Crouch sentado atrás de uma alta pilha de papeis. – Hoje os dois devem ler estes documentos aqui e separar cada um dependendo do tipo, colocando em ordem cronológica. Os documentos com mais de vinte anos e cujas sentenças já prescreveram ou os envolvidos já morreram, deve ser novamente arquivado. Os arquivos antigos, com mais de cem anos, devem ser destruídos. Usem esta máquina. Ela está um tanto quanto velha, eu sei, mas ainda funciona muito bem. Use as luvas protetoras e tome cuidado para não perder um dedo. Meu filho irá demonstrar para você como fazer, caso tenha alguma dúvida.

Após ter certeza de que o filho não teria dificuldades em cumprir sua sentença, Orion foi embora e o senhor Crouch entrou em uma porta mais adiante, deixando os dois garotos sozinhos para fazer o serviço. Naquele primeiro dia, nenhum dos dois dirigiu a palavra para o outro e entre bocejos e resmungões, o dia se arrastou e, sem pressa, chegou ao fim. Os dias seguintes não foram tão diferentes e passados apenas três dias, Regulus já havia colocado para picotar mais de dez mil documentos quando os dois acabaram.

— Não aguento mais ver papéis na minha frente - disse Bartô.

— Nem eu - concordou Regulus.

Os dois, então, como se estivessem vendo um ao outro pela primeira vez, começaram uma conversa ingênua  sobre o que poderia ser a sua próxima tarefa quando Crouch-pai chegou e, parecendo bastante satisfeito com o que via, mandou os dois tomarem um lanche no átrio.

Nos dias seguintes Bartô ficou com o pai, enquanto Regulus foi mandado para diferentes departamentos a cada dia para repetir a mesma tarefa enfadonha de destruir documentos antigos, como se esta fosse sua especialidade. Ele se sentia tão aborrecido com o trabalho que, ao chegar em casa tudo o que queria era ter algum tipo de diversão. Mas Kreacher continuava ocupado demais com as tarefas domésticas e Sirius se recusava a conversar com ele, por conta da carta que Simone havia mandado antes de iniciarem as férias.

A porta, mais uma vez, estava fechada. Aquilo era ridículo! Será que Sirius não percebia que eles estavam passando pelo mesmo problema? Será que não poderiam ao menos sentar juntos e conversar, chorar as mágoas um para o outro assim o tempo passaria mais depressa? Ainda era 5 de julho e haviam três meses de longos dias pela frente, dias de total solidão se o irmão continuasse a teimar em deixar aquela porta idiota fechada.

— Sir, abra. Sou eu.

— “Me desculpe, não estou interessado em comprar enciclopédias”.

Regulus conhecia aquela resposta. Eles estavam juntos, passeando no Largo Grimmauld quando ouviram a moradora do número 9 responder isso a um homem todo suado que carregava uma enorme mala de viagem e parecia realmente muito interessado em lhe vender algo. O homem conseguira convencê-la a deixa-lo entrar. O que ele havia respondido? Ah, sim:

— “Você não precisa comprar nada, se não quiser. Mas garanto a você que trago em minha mala uma vida inteira de aventuras inimagináveis!”

— “Você quer casar comigo?” respondeu Sirius, abrindo a porta deixando escapar um sorriso maroto.

Ele não conseguiu resistir à provocação, aquela era uma piada antiga entre os irmãos.

— “Se você prometer que vai ler a enciclopédia para mim, eu caso, pois nunca aprendi a ler...” respondeu Regulus, jogando teatralmente os braços em torno do pescoço do irmão.

 Ambos sabiam que depois disso a vizinha havia convidado o vendedor de enciclopédias para entrar e os dois acabaram casando. Se ela havia lido a enciclopédia inteira ou se tivessem feito viagens inesquecíveis, eles não sabiam, mas pouco importava o que faziam os trouxas.

O quarto de Sirius estava ainda mais lotado de coisas vermelhas e douradas penduradas na parede para as quais Regulus teve que fazer um esforço fora do comum para não torcer o nariz.

Sirius o convidou para sentar em sua cama e pegou o tabuleiro de xadrez e o colocou entre os dois. Os dois irmãos, como se tivessem voltado no tempo, riam e faziam piadas enquanto as peças de xadrez se esmigalhavam com fúria. Foi quando Regulus notou o envelope rosado saindo do bolso da camisa de Sirius. Sirius, imediatamente, pegou a carta e a enfiou embaixo do travesseiro; e, de repente, suas piadas se tornaram um tanto escassas. Regulus ficou triste, aquilo tinha que mudar. Sirius precisava entender de uma vez por todas que ele poderia namorar quantas mestiças ele quisesse que não havia problema, desde que se casasse com uma sangue-puro. Era isso que o pai havia dito no passado e era assim que as coisas funcionavam. Toujour Pour!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Breve História de Regulus Black" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.