A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 115
115. Voltando para Londres, verão 1975




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745463/chapter/115

Voltando para Londres, verão 1975

“há tempos não se via a Grifinória levando uma surra desta proporção! O que estará acontecendo? MacDonald parece totalmente alheia ao jogo! Nem os batedores da Sonserina estão se dando o trabalho de mirar nela!” O jogo já estava ganho, só faltava ele pegar o pomo. Era engraçado olhar os jogadores de tão alto, pareciam ovelhas correndo em grupos. O comentário de Bertha Jorkins tinha vindo a calhar: Mary MacDonald, que já parecia bastante distraída, agora se preocupava em gritar com Bertha enquanto...

“Mais dez pontos para Sonserina! O gatíssimo Rupert Greengrass marcou de novo! Alguém aí sabe dizer se ele está namorando? Me amarro em garotos fortes como ele e Caspar Mulciber... ah... esses sonserinos! Marcaram mais 10! Agora foi a vez da capitã! A Lucinda, por outro lado, poderia estar polindo suas unhas que ninguém notaria, não é Lucinda? Ei! Olha lá! O time da Grifinória resolveu jogar! James Potter passa para Markus McGonagall, que lhe devolve a goles em um só golpe bem na frente do terceiro aro, confundindo Talkalot que rodopia no ar e rebate a goles com força! James recupera a goles, joga para Markus, que joga para Mary... Essa garota está dormindo ou o quê? James mergulha e pega a goles, atirando ela com força para o centro do primeiro aro. Não deu para Lucinda... É, parece que o leão acordou e não vai sair do campo com o rabo entre as pernas hoje, não! Vanity com a posse da goles, ai, não! Davey Gudgeon acerta um balaço na orelha da capitã sonserina! James recupera a posse da goles e mergulha em direção às balizas. Parece que desta vez ele não vai passar... E ele marca mais 10! Grifinória 40, Sonserina 180. Grifinória reagindo! Sonserina desequilibra na vassoura! Fazem quinze minutos que não marcam mais nada! Vamos lá, Lisa! Hora de pegar o pomo e ganhar a partida!” Realmente, aquela era a hora. Se a Lisa pegasse o pomo, ganharia com uma diferença de 10 pontos, fazendo escorrer ralo abaixo todo esforço do time sonserino. Mas ele estava jogando e isso não iria acontecer. Exatamente como no treino, ele mergulhou a toda velocidade em direção à cabeça de Lisa Prewet. Mas desta vez não era para assustá-la. “Black pega o pomo num mergulho sensacional! Sonserina vence! Sonserina 330 sobre suados 40 pontos para Grifinória! Ei! Parece que Mulciber não percebeu que o jogo acabou... tsc tsc tsc... Pobre Potter.” A voz de Bertha ainda ecoava em sua cabeça quando ele acordou. Parecia que sua mente precisava rever o jogo passo a passo para ver que a vitoria épica da Sonserina sobre a Grifinória era real.

Mais uma vez o balanço do trem embalava seus sonhos. Regulus não lamentava o fim do namoro de Emma e Davies após o garoto ter torcido pela Grifinória no último jogo. Já que não podia ficar com Alice, o colo de Emma estar vago era algo que vinha a calhar. De tempos em tempos ele abria um olho para espiar a cena já familiar da cabine do trem lotada: Avery e Mulciber jogavam Snap Explosivo contra Jack e Amifidel, enquanto esmagavam Severus contra a janela – que fingia não se importar e continuava a folhear, displicentemente, um grosso livro de poções.

Onde estaria John? Este pensamento o fez lembrar de Alice e, de repente, a cabine do trem pareceu menor e o ar escapou de seus pulmões. Ele precisava sair para respirar. Com a desculpa de ir atrás do carrinho de guloseimas, ele pediu licença para Emma e levantou-se. A garota pareceu-lhe subitamente sem saber o que fazer.

— Você gostaria de ir comigo, Emma? Podemos dar uma passadinha na cabine do meu irmão e ver como eles estão... – ele sorriu maliciosamente para ela. Tinha certeza que exalar um pouco de orgulho sonserino sobre os grifinórios faria bem para ambos. Não era sempre que se vencia um jogo com 190 pontos de vantagem.

Eles passaram por diversas cabines em silêncio e, ao ouvir a inconfundível gargalhada de seu irmão vindo através da porta aberta da cabine próxima, ele começou a falar em voz alta:

— A Taça das Casas ficou perfeita sobre nossa lareira, não? Parece que foi feita para ficar ali.

— Para quem ganhou a disputa por míseros 30 pontos, você está se gabando demais, Black...

A voz feminina de desdém não vinha de dentro da cabine, mas de suas costas. Antes mesmo de se virar ele sorriu. Ele tinha ido até ali para humilhar Potter e, pelo jeito, levaria Rachel de bônus.

— Realmente, 30 pontos não foi muita coisa... Mas os 345 pontos que que separaram nos separaram da Corvinal e seu terceiro lugar são realmente significativos, não? E, pensando bem, também nunca vi seu time vencer outro com uma vantagem tão boa quanto o meu... Fizemos 190 pontos de vantagem no Quadribol...

A garota corou. Como vingança ela agarrou o braço de Davies que estava passando e o puxou para o lado, fazendo os olhos de Emma se encher de lágrimas.

“Isso foi golpe baixo,” ele pensou, pegou Emma pelo braço e apressou o passo. Para sua surpresa, Sirius saiu da cabine e bloqueou sua passagem.

— Simone me mandou uma carta. – Ele disse, em tom acusatório.

— E o que eu fiz agora, Sir?

— Ela não vai estar em Bramshill estas férias. Seu pai a colocou sob os cuidados da tia... A tia dela não vai deixá-la ir!

Regulus sentiu pena do irmão. Não iria retrucar. Não iria tomar como ofensivo ele fazer de conta que não pertencia à família Black. O tempo ia passar e Sirius certamente, um dia, perceberia o quanto estava errado; cedo ou tarde ele iria perceber que o que o pai e o avô haviam feito tinha sido para proteger a família. Sirius, inclusive. E não importava que estavam em Casas diferentes, que tivessem e a Sonserina tivesse ganho as taças de Quadribol e das Casas graças à sua espetacular performance em pegar o pomo.

— Sempre dá-se um jeito, Sir. – pelo menos essa era a esperança que ele tinha em relação à Alice. Mas aquele não era a hora nem o local apropriado para conversar com o irmão.

Sirius bufou, olhou para o outro lado e afastou-se para deixa-lo passar, voltando em seguida para dentro da cabine. Regulus olhou rapidamente para os outros e viu que Potter ainda tinha a cabeça enfaixada como se fosse um troféu. Regulus sabia que não devia estar mais machucado, pois o balaço que Mulciber havia acertado nem tinha sido dos mais fortes. Mas suspeitou que a faixa era o que mantinha a atenção e carinho das garotas em torno dele. Até mesmo Lily, que passava pela cabine naquele exato momento, esticou o olhar, parecendo preocupada. O olhar de Lily, de alguma forma, pareceu machucar James, que gemeu mais alto. Regulus riu, não gostava de James, mas sua performance “eu estou mesmo muito machucado” era, de fato, muito boa.

Ele ainda arrastava Emma pelo corredor quando uma mão apertou seu ombro com força. Ele olhou para trás. Era Davies, pelo jeito havia notado o que o gesto de Rachel havia causado em Emma.

— Black, solte Emma. Preciso conversar com ela.

— Se assim ela quiser, eu solto.

Emma fez “sim” com a cabeça e Regulus a soltou, observando os dois se afastarem. Neste momento, um vazio imenso tomou conta de seu interior. Ele queria poder fazer o mesmo que Davies, pegar Alice pela mão e falar, mais uma vez, o quanto a amava, o quanto iria sentir sua falta.

Ele caminhou rapidamente pelo corredor lotado, alguns alunos o saudavam pela espetacular performance do dia anterior, outros viravam-lhe a cara, ainda ressentidos pela derrota. Ele enfim conseguiu avistar, por cima de alguns ombros, a senhora empurrando o carrinho de guloseimas. Ela passava ao lado de uma massa disforme verde, preta e azul, que ele identificou como sendo John agarrando Bethania em um beijo indecente. Ele desviou o olhar, pediu algumas licenças e chegou ao carrinho de doces, para o seu desprazer, Crouch estava lá. O verme não ousou olha-lo, pegou rapidamente seus doces e sumiu no corredor.

Regulus olhou para Crouch Quando Snape havia lhe contado o que Rockwood havia feito ele quase não acreditou: os garotos haviam forçado Crouch a repetir todos os passos de Regulus que eles tinham notícia – pesquisas exaustivas para  descobrir os segredos do pó de flu, manobras radicais sobre a vassoura, roubar pó de flu de Kettleburn, dominar cava-charcos – algo que chamaram de “treinamento intensivo para se tornar Regulus Black”. Contaram que o forçaram a fazer tudo isso em 3 horas para que ele entendesse  porque Regulus era popular e querido por todos. No final das contas, os Comensais da Morte haviam se juntado a eles e acabado com a tal punição, para o alívio de Crouch.

— O que você vai querer hoje, querido?

Regulus comprou um bolo de caldeirão e estava para seguir em frente quando a mulher do carrinho o segurou pelo braço. O que seria agora? Teria ele errado o valor?

— Siga até o vagão de serviço, você sabe onde é. Tenho uma surpresa esperando por você lá. – Ela sussurrou, piscando um olho.

Ele se lembrou da primeira vez que havia ido até aquele vagão, na sua primeira viagem à Hogwarts. Sirius o havia levado até lá. Talvez a mulher de nariz pontudo tivesse se lembrado daquela vez e estivesse tentando curar sua tristeza com bolo de cenoura roxa, como da outra vez. Mas ele não queria comer, realmente.

— Não estou com fome, obrigado. Me desculpe.

— Eu insisto. – Ela disse, apertando-lhe o braço com mais força.

— Está bem, - ele respondeu, contrariado. O que quer que fosse que ela queria oferecer-lhe, ele não estava interessado.

Ele não poderia estar mais enganado. Ele abriu a porta sem dar atenção aos dizeres de “proibida a entrada”. Alice o aguardava, em pé, com o sorriso mais bonito do mundo no rosto. Ele fechou a porta e correu em sua direção.

— Você demorou!

— Prometo nunca mais deixa-la esperando, nem quando eu não souber que você está à minha espera... – ele riu e a abraçou.

Os dois se sentaram, entrelaçaram os dedos das mãos e ali permaneceram, conversando animados até que a viagem, subitamente curta demais para a quantidade de beijos que ainda queriam ser dados e juras de amor que ficaram sem ser ditas, chegou ao fim. E como dois estranhos, os dois desceram do Expresso sem se olhar, mas magicamente consciente dos movimentos um do outro até que o perfume e a presença do outro se traduziu em um suspiro de saudade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Breve História de Regulus Black" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.