A Breve História de Regulus Black escrita por Mrs Borgin


Capítulo 114
114. De fora, mas nem tanto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745463/chapter/114

De fora, mas nem tanto

Após medi-lo de cima abaixo, como se nunca tivesse visto Regulus Black em sua vida, Crouch passou por ele triunfante, bem diferente do garoto que algumas horas antes havia chegado malcheiroso e exausto depois de cumprir mais um dia de detenção com Kettleburn. Aquilo fez o sangue de Regulus ferver e, pela primeira vez em dias ele deu razão à professora McGonagall: se estivesse com sua varinha, teria feito algo do qual se arrependeria depois. Ele fechou os olhos e respirou fundo, ainda parado em frente da porta da sala comunal, que acabava de se fechar com um som oco. Seus punhos se fecharam instintivamente e ele socou a porta.

— Ai!

Ele deu um passo atrás e massageou a mão machucada.

— Podemos ir? – perguntou Severus às suas costas.

Regulus respondeu sim com a cabeça e abriu a porta sem olhar para o amigo. Severus não comentou nada sobre a cena ridícula que acabara de presenciar e Regulus se sentia muito grato por isso. Já lhe bastava a sua própria consciência a lhe censurar.

Aquele era o primeiro encontro com os Comensais que Regulus não iria participar. Amifidel e Severus tinham se oferecido para ficar com ele, mas Regulus não achou justo. Além disso, quem o iria ensinar as novas lições dos Comensais? Ele pretendia ocupar o tempo livre treinando quadribol com Mulciber, que não tinha sido capaz, até então, de fazer algo incrível o bastante para impressionar os Comensais da Morte a ponto de deixá-lo entrar no clube. Regulus suspeitava que, como o pai de Mulciber era próximo de Voldemort, todos tinham uma expectativa mais alta em relação a ele do que tiveram com os outros. Ambos se sentiam completamente derrotados e precisavam urgentemente fazer coisas que os fizessem sentir-se úteis.

Regulus e Mulciber acompanharam Severus, John e Amifidel pelos corredores de Hogwarts em silêncio até que seus caminhos se separaram. Regulus espichou o olhar em direção aos amigos, o coração apertado e um forte sentimento de tristeza a pesar-lhe sobre os ombros.

— Você estará sempre conosco, mesmo quando não estiver em carne e osso. Crouch vai aprender isso essa noite. – disse John.

— É, ele vai aprender a diferença entre ter amigos leais e forçar uma situação. – Completou Amifidel.

— Como? O que vocês estão pretendendo? – perguntou, com um olhar amo mesmo tempo curioso e divertido para os amigos.

— Nós sabemos o que estamos fazendo. Relaxe!  Mas não muito, treinem bastante, contamos com vocês para bater a Grifinória. Nos vemos mais tarde. – disse Severus, estendendo a mão para baterem um cumprimento antes de se afastar.

Black não ousou olhar para Mulciber, que parecia entretido comendo um sapo de chocolate. Ao virarem uma esquina para sair do castelo por uma porta lateral, ouviram passos apressados em sua direção.

— Esperem por mim!

Regulus e Mulciber viraram-se. Era Avery, que os alcançava, bufando.

— O que aconteceu? – perguntou Regulus, saindo do castelo em passos apressados, acompanhado pelos dois batedores.

— Emma. Ela disse que se vocês podem treinar hoje, então todos iríamos treinar! – respondeu, aborrecido e virou-se para Mulciber de forma acusatória, deixando transparecer seu aborrecimento pelo treino de última hora – e você? O que anda fazendo para entrar no novo clube? Não pense que ficar suspirando por uma garota vai te transformar num Comensal da Morte! Já basta o Black e suas idiotices!

— Ah, nem vem! Quem me provocou foi Crouch! E você está esquecendo que se não fosse eu e minhas idiotices nós nunca teríamos cumprido o prazo de Rosier. – Defendeu-se Regulus – e ... quer dizer que Caspar Mulciber anda suspirando por uma garota? Taí uma coisa que só vendo pra crer... – ele riu.

Mulciber bufou.

— Não enche!

— Com quem você anda saindo? – perguntou Regulus interessado, cutucando o amigo nas costelas com seu cotovelo.

— Com ninguém. – disse Mulciber, olhando feio para Avery.

— É, ela disse que ele era muito feio e só sairia com ele se ele fosse o último garoto disponível ou se estivesse com conjuntivite de dragão ou algo assim ...

— Ela quem? – perguntou Regulus, se divertindo com a história. Um pouco de conversa jogada fora era a melhor coisa para esquecer a cara de triunfo do Crouch.

— Faz alguma diferença?

— Faz... eu poderia lançar um “conjuntivus” nela...

— Dããã! Com que varinha? – Mulciber apertou os olhos para Regulus.

— Ah, como você é cruel! Precisa me lembrar? - Regulus reclamou, embora o tom de voz o traísse e mostrasse que ele continuava se divertindo.

Os garotos entraram nos vestiários rindo, inventando diversas piadas sobre Mulciber e a improvável garota.

“Meninas”, agora que vocês já colocaram as fofocas em dia, peguem suas vassouras e vamos pro campo. Eu assisti o treino da Grifinória e eles não estão de brincadeira. E estamos praticamente empatados com eles para a Taça das Casas, não podemos bobear! Vamos! Vamos!

— Estamos indo, Emma! Vai dar tudo certo!

— Só acredito depois que você entregar aquele pomo na minha mão!

— Emma, você está parecendo minha mãe... – ele riu. Isso a desconcertou.

Os garotos pegaram suas vassouras e equipamentos de quadribol e foram para o campo. O silêncio entre os jogadores era anormal. Emma sabia que isso podia estragar qualquer treino.

— A propósito, Reg, Eu vi o Crouch hoje cedo reclamando das bolhas nas mãos.

Regulus, que andava um passo à frente de Emma, virou-se, interessado. Os outros também olharam para a capitã. Ela continuou:

— Você acredita que eu estava chegando no corredor do quarto andar quando o encontrei parado olhando para uma aranha enquanto massageava as palmas das mãos? Quando me aproximei, percebi que ele falava, distraído, para a aranha “boa é vida de inseto, que por mais que ande nunca tem bolhas” ... Eu então disse “você realmente tinha uma aparência bem melhor quando Black o havia transformado em barata, se quiser, posso emprestar minha varinha para ele e seu desejo será atendido novamente”!

Todos caíram na gargalhada. Regulus perguntou:

— Então ele nem sabe diferenciar uma aranha de um inseto? E o que ele respondeu?

— Ele resmungou qualquer coisa... Sabe, eu não sou nenhuma fã do seu namoro com a menina da Lufa-lufa, acho que você estaria melhor servido se ficasse com alguém da nossa Casa; mas o que ele fez com vocês foi ridículo!

— Que hipocrisia é essa agora, Emma? Por acaso o seu namorado não é da Corvinal?

— É, mas entre Corvinal e Lufa-lufa, fico com a Corvinal. Eles têm mais estilo.

Ele olhou para Emma levantando uma sobrancelha. Aquilo não fazia sentido para ele. Como haviam acabado de chegar ao campo, ele montou sua vassoura e deu um impulso. A conversa estava muito melhor antes quando o assunto era o Mulciber.

Logo pegou altitude e ficou observando o time abaixo, Emma ensaiando jogadas com os artilheiros, enquanto Avery e Muciber faziam o que podiam para interferir, arremessando balaços contra os outros. Regulus suspeitou que Avery estivesse colocando sua frustração de não estar na reunião com os Comensais em seus arremessos, cada vez menos piedosos. Ele conseguia entender Avery. Se pudesse, faria o mesmo. Mas não podia. Não era batedor, não tinha um bastão, nem varinha, nem nada. Este pensamento o paralisou de tal forma que não notou quando Emma emparelhou a vassoura com a dele.

— Black. Eu sei o quanto está chateado com a sua punição, deve ser horrível ficar sem varinha. E agora sem ir para o encontro dos garotos. Mas aqui no Quadribol você nunca precisou de uma varinha para brilhar. Olhe lá em baixo. Está vendo? Potter, McGonagall, MacDonald, Prewet e os outros vieram assistir nosso treino. Se eles achassem que você estar sem varinha mudasse alguma coisa, não se dariam ao trabalho de vir. Faça o que você sabe. Quanto mais impressionados ficarem, mais fácil será vencê-los no próximo sábado!

Regulus olhou para ela e sorriu. Emma tinha o dom de falar as coisas certas quando era necessário. Talvez por isso fosse a capitã. Então aguardou ela se afastar e voltar para próximo das balizas, onde já gritava qualquer coisa para Lucinda Talkalot, a goleira. Ele balançou a cabeça para os lados e avistou, não o pomo, mas Lisa Prewet – a apanhadora da Grifinória, sentada ao lado de James Potter. Como se fosse uma ave de rapina, ele inclinou o corpo para frente e mergulhou em lata velocidade em direção à garota, mudando seu curso no último instante a fim de evitar uma colisão. Pelos gritos dos garotos da Grifinória, ele sabia que tinha alcançado seu objetivo. A menina ficara assustada o bastante para querer deixar as arquibancadas. Ela caminhava apressada para fora do estádio quando ele a alcançou.

— Foi mal, Lisa. Eu pensei ter visto o pomo... você sabe, nós apanhadores temos que estar atentos para o menor sinal de algo brilhando e voar até lá. É o que vou fazer no sábado. Não importa quantos apanhadores tiver no seu time, o pomo vai ser meu! – ele disse, sem descer da vassoura e, sem se dar ao trabalho de ficar para ouvir a resposta dela à sua provocação, deu uma guinada à direita e voou feito um raio de volta ao campo de Quadribol. Emma tinha razão, não importava se estivesse sem varinha, ele ainda era um bruxo, ainda era um Black e tinha uma Casa para honrar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Breve História de Regulus Black" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.