Agora que Hermione sabia onde Riddle e seus seguidores se encontravam ela não podia deixar de perambular por aqueles lados na tentativa de, talvez, flagrar algo e de fazer com que o rapaz de olhos escuros com sua alma percebesse que ela não estava de brincadeira.

No decorrer da semana, logo após o encontro dos dois a noite, Hermione sempre sentia o olhar de Riddle sobre si enquanto ele, provavelmente, pesava minuciosamente o significado de cada vírgula que ela lhe dissera.

Em breve ele teria um pensamento formado, disso não tinha dúvidas, e então viria atrás dela para dar seu veredicto.

Hermione estava ansiosa por isso, Tom Riddle não estava acostumado que fossem contra seus comandos ou que lhe dessem um ultimato, a garota tinha certeza que seu ato de rebeldia ficaria gravado nele, até que o jogador existente em Riddle o obrigaria a ver até onde iria essa marra de Hermione.

***

Tom sempre examinava cada passo que daria, cada sorriso que deixaria escapar e qual lado seu determinada pessoa veria.

Ele não sabia porque fazia isso quando era mais jovem, sempre acreditou que fosse por conta de que era a única forma que ele pudesse ter algum controle.

Com o passar dos anos, após ele descobrir que era um bruxo, Tom finalmente descobriu a resposta para essa pergunta.

Ele fazia isso porque era a forma mais fácil de conseguir o que queria.

As pessoas eram facilmente manipuladas por um rosto bonito e palavras doces, nem mesmo percebendo que por trás das boas ações existia uma cobra sibilando pronta para dar o bote.

Ah, mas Dumbledore nunca se deixou enganar.

Não quando Tom era um jovem qualquer entre todas as outras crianças do orfanato e principalmente não agora quando ele era monitor na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, convencendo a todos com sua falsa simpatia de que ele estava ali para ajudá-lo.

Mas tudo bem que Alvo não gostasse dele e desconfiasse de sua personalidade, o professor não tinha provas e dificilmente falaria algo contra um de seus alunos.

Então chegou a nova aluna, vindo de muito longe embora parecesse conhecer o castelo como a palma de sua mão, Hermione Thatcher. Algo nela deixou um ponto de desconfiança em Tom desde o momento em que ele a viu, mas tudo bem que isso acontecesse, ela teve um pequeno confronto com uma de suas colegas ainda no Expresso de Hogwarts e se transformou em um incômodo que ele sabia que teria que lidar se não quisesse que Druella fizesse alguma besteira.

Só que ela não era tão inofensiva quanto Druella parecia acreditar fielmente, era uma Sonserina afinal, e provou isso encurralando Tom no corredor perto da Sala Precisa onde ele havia acabado de se reunir com seus ‘seguidores’ , dizendo coisas intrigantes e fazendo o rapaz pensar se ela seria outro problema como Dumbledore.

Ele tinha que tomar cuidado se ela fosse, não poderia se dar o luxo de ser descoberto logo agora quando as coisas caminhavam tão bem na direção que ele desejava. E para que tudo continuasse da mesma forma Riddle teria que manter Thatcher perto, mas isso não seria tão difícil.

Hermione Thatcher, assim como muitas das outras garotas em Hogwarts, não era imune à beleza e o charme que ele exalava. Ela podia pensar que era indiferente a isso, entretanto, o pequeno estremecimento involuntário que ela tinha toda vez que o via era o suficiente para delatá-la.

Riddle sorriu minimamente do seu canto da mesa da Sonserina enquanto observava Hermione remexer sua comida se prestar atenção aos arredores, a menina podia achar que o tinha pego, mas só estava caminhando para sua própria armadilha.

***

Foi durante uma aula de Transfiguração, muito tempo depois, que Druella deu sinal de que não esquecera a afronta mortal que Hermione fez a ela: Esbarrar com ela no trem.

Na aula em questão os alunos deveria transfigurar suas cadeiras em texugos e de volta à cadeiras, aquela era uma atividade fácil para Hermione, que tinha uma incrível afinidade com este tipo de magia. O problema foi que ela simplesmente não conseguia fazer a cadeira mudar e isso a deixou perplexa.

Estava dizendo o feitiço corretamente e balançando a varinha levemente no sentido anti-horário, assim como o professor Dumbledore explicara, mas nada acontecia.

Depois de algumas tentativas vergonhosamente frustradas ela começou a pensar que talvez não fosse culpa sua ou de sua varinha (ela tinha certeza que não era) e estava certa pois, ao se virar para observar o restante da classe percebeu Druella lançando um contra feitiço em sua direção.

Irritada, Hermione se protegeu antes de lançar o feitiço novamente e transfigurar não só sua cadeira, como a mesa também.

O olhar de frustração no rosto da outra garota foi muito mais satisfatório para Hermione do que os dez pontos que Dumbledore concedeu à Sonserina graças a sua atuação.

Se Druella queria brincar com feitiços e traquinagens ela ensinaria à garota que podia fazer muito melhor.

Afinal, ela ainda era Hermione Granger.