As semanas passaram com uma calma silenciosa, o que surpreendeu Hermione que sempre viu seus dias em Hogwarts passaram com rapidez todos os anos em que se manteve lá. E nesse meio tempo, Riddle parecia manter os olhos cada vez mais nela.

Durante as aulas a garota continuou demonstrando sua máxima inteligência, para a alegria dos professores e a consternação de Tom e de Druella que parecia não ter esquecido o pequeno encontro com Hermione no trem logo no começo do ano letivo.

Sempre que a garota olhava para Hermione seus olhos faiscavam com uma espécie de raiva mal contida e isso fazia Thatcher se perguntar porque Druella não fizera nada à ela ainda, conhecia bem aquela família para saber que eles não deixavam nada para lá, então isso só podia significar que, embora tomada de raiva, ela só se vingaria no momento em que achasse certo.

Hermione chacoalhou a cabeça, os pensamentos turvos e pesados demais por conta do sono que não ia embora, ela acordara mais cedo do que deveria por conta de um sonho, sendo mais uma lembrança do que qualquer outra coisa, do momento em que Voldemort derrotou Harry.

Ela não conseguira dormir após aquilo, aquela lembrança a machucava, e a fazia perceber o quanto Hermione estava se demorando para realizar a queda de Tom Riddle. Seus amigos deveriam estar sofrendo agora, se perguntando se ela tinha feito mais loucura a ponto de usar o vira-tempo.

A cabeça de Hermione se ergueu rapidamente quando ela reconheceu o lugar onde estava e não era a sala comunal da Sonserina, pelo contrário.

Ela se encontrava em frente a entrada do Salão Comunal da Grifinória.

Sua mente cansada a levara até ali sem que percebesse, procurando pela familiaridade que sua antiga casa lhe passava.

— Thatcher? — Alguém perguntou enquanto ela continuava encarando o quadro da Mulher Gorda dormindo — O que faz aqui?

Hermione piscou enquanto virava lentamente para seu companheiro.

Ela demorou um pouco para associar o nome à pessoa já que a luz difusa dos archotes presos nas paredes não ajudava em nada sua mente enevoada.

— Só… Passeando, você sabe — Respondeu.

Atrás da figura de Riddle ela podia jurar que uma sombra acabara de virar a esquina do corredor, mas quando ela olhou novamente não tinha mais nada.

Confusa, ela pensou que pudesse ser só um truque da luz brincando com ela, mas logo outro pensamento se sobrepôs àquele. A torre da Grifinória não era tão longe da Sala Precisa, que era exatamente o lugar perfeito para encontros proibidos dentro de Hogwarts.

E se Riddle acabara de sair de uma reunião dessas?

— Um pouco tarde para caminhadas, eu diria — Seu maxilar se movimentou enquanto ele trincava os dentes — Todos deveriam estar na cama a essa hora.

— Entretanto você também está aqui.

— Sou monitor, é meu dever patrulhar os corredores em busca de alunos que, como você, pensam que é uma ótima ideia andar por aí de madrugada. Aprontando coisas…

— E o que você está aprontando, Tom? — Hermione inquiriu.

Ele engoliu seco, ela podia ver, assim como seus olhos comandando que ela não usasse aquele nome.

Ah, ela sabia bem o ódio que ele possuía por sua mãe tê-lo nomeado com o nome de seu pai trouxa que a abandonara assim que ficara livre da poção que ela administrava.

— Como eu já disse… — Um gesto de mão de Hermione mostrou o quão interessada ela estava naquela conversa.

— Talvez você não esteja fazendo seu trabalho direito, já que alunos se esquivam às suas costas com tanta facilidade — Hermione estava com muita raiva, o sono já evaporara fazia muito, como ela pudera se deixar aproveitar os dias em Hogwarts enquanto seus amigos continuavam presos no Largo Grimmauld sem qualquer esperança, enquanto os Comensais de Voldemort os procuravam incansavelmente?

— O que você pensa que está insinuando com isso?

— Não pense que sou boba Riddle, estou de olho em você, sei que esconde alguma coisa e que alguns dos seus amigos devem estar no meio também. Não sei o que é, mas tenho certeza que não é coisa boa, fique esperto — Dizendo isso passou pelo rapaz e foi para a direção das escadas.

Entretanto, Tom Riddle não estava tão disposto a ser confrontado e deixado para trás.

— Não faço ideia do que você quer insinuar para mim, Thatcher — Exclamou ele segurando o braço Hermione — Mas pode ser perigoso fazer acusações à esmo.

— Não são a esmo, nunca falo nada sem ter certeza e disso eu tenho certeza absoluta. Tome cuidado. — A garota puxou seu braço com violência — Acha realmente que vai dar certo? Você e um monte de adolescentes que querem poder, mas que não sabem nada sobre as coisas que acontecem fora daqui? Nenhum deles viu a vida realmente, provavelmente vão te abandonar assim que Hogwarts acabar e você vai ficar sozinho com seus planos de conquistas — A estupidez na voz de Hermione não de algo característico dela, assim como se aproximar perigosamente de alguém para fazer uma ameaça — Você vai cair Tom Marvolo Riddle porque acredita demais em si mesmo, vai ficar tão cego com tudo que nunca verá o fim chegando. Até ser tarde demais.

Riddle estava mais do que furioso com ela, ele tinha a morte nos olhos, o mesmo olhar que ele manteria com o passar dos anos ao se transformar em Voldemort. Ele a encarou fixamente, as duas esferas negras como a noite queimando cada centímetro que alcançava de Hermione.

Mas ela não tinha medo dele, perdera há muitos anos quando Harry Potter lhe mostrou que ele era só mais um homem, e agora que ele era somente um adolescente, não passava de um adversário à altura dela.

Um que ela teria prazer em derrubar.

— Pense bem nas suas escolhas — Continuou ela — E abra sua mente para novos aliados, às vezes você só precisa de uma única mudança para vencer…

… ou para cair.

Dessa vez, quando Hermione tentou partir o rapaz não fez objeção e ela seguiu para longe dele, embora soubesse que Riddle continuava no mesmo lugar em que ela o deixara, os pensamentos fervilhando naquela mente perversa, ela não olhou para trás nenhuma única vez.

Agora ela sabia, mais do que nunca, o porquê de o Chapéu Seletor tê-la colocado na Sonserina.

A Guerra muda verdadeiramente as pessoas.