Naruhina: Quando os mortos amam escrita por Arysson96


Capítulo 8
Não és um demônio!!


Notas iniciais do capítulo

Yoooo, minna-san!! Konnichiwa!!! Quanto tempo! Quase dois meses!

Eu e a co-autora dessa história (que não tem conta aqui) ficamos muito ocupados durante esse tempo, obrigações da vida... mas não esquecemos de vocês!! Esse capítulo ficou na gaveta por um tempo e agora pode ver a luz do sol, rsrsrs! Esperamos que esteja dentro das expectativas de vocês! O ápice da história está começando!!



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Algumas semanas se passaram num ritmo caótico e desordenado para todas as partes. Diversas coisas aconteciam freneticamente ao decorrer de cada hora. Tsunade, ao perceber o sumiço de Sakura e dos encarregados, resolveu tomar uma atitude mais sucinta e, com a desculpa de transmitir um bem maior, não hesitou em pecar novamente; abafaria ambos os casos até onde desse. Ela ainda acreditava que Hiashi não fazia ideia do desaparecimento súbito da filha. Os pais de Sakura também eram ricos; estudar naquele convento exigia uma boa condição financeira por parte da família, não para pagar vestes ou materiais didáticos, mas sim pelos impostos eclesiásticos que suas filhas, agora como servas de Deus, deviam ao clero.

A madre superiora teria de viajar por alguns dias; Shizune, a freira que a acompanhava, iria também. O convento seria então comandado provisoriamente por Konan, uma jovem freira que havia feito seus votos públicos há não muito tempo, mas que contribuía seriamente com toda a instituição, graças aos seus conhecimentos em linguística e artes, ministrando aulas de línguas clássicas e também de história.

A primeira ordem que Tsunade a dera foi a de manter o mais absoluto silêncio, mesmo sem saber o porquê. Durante essas semanas, as visitas seriam interditadas; comunicados seriam enviados por cartas às famílias. Konan havia percebido o desaparecimento de Hinata e Sakura desde algum tempo, já que ambas eram suas alunas de Latim. Entretanto, preferiu não questionar nem tocar no assunto; ela reconhecia o seu lugar ali dentro e sabia que certas coisas não eram de seu respeito.

Os Hyuuga continuaram suas expedições em busca de Hinata, mas de maneira cada vez mais intervalada. Hiashi não parecia ter mais esperanças, e continuava apenas pelos incentivos de Neji, que só descansaria quando a encontrasse viva. Ele também já não tinha tantas esperanças, seu ego e sua paixão gritavam cada qual em seus ouvidos mais alto que a racionalidade. Sim, ela estava bem! E não queria imaginar mais o contrário. Inicialmente contra alguns métodos abusivos para retirar informações dos aldeões, ele acabou aderindo essas práticas, e incentivava seus subordinados a agirem da mesma maneira. Contudo, os vilarejos e seus habitantes pareciam cada vez mais longínquos, cada vez mais populosos, cada vez mais obscuros à medida em que o tempo passava e nenhuma notícia era obtida. Em verdade, mesmo o convento já era suficientemente distante para que situações assim chegassem aos ouvidos de qualquer um; o fato de Hiashi haver esquecido o chapéu na mesa da Madre havia sido uma coincidência trágica; uma triste coincidência trágica, ele pensava.

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No castelo, Hinata optou por não ir a lugar algum. Sua mente se envolvia em questões dialéticas, em conflitos que ela não se julgava capaz de solucionar. Era de sua vontade, desde o início, retornar ao convento o mais rápido possível, explicar o que havia acontecido, e, se necessário, sofrer as devidas consequências por sua inadimplência mediante às ordens divinas. Mas embora isso parecesse o mais certo a se fazer, os contatos com aquela criatura que ali habitava iam mudando, aos poucos, sua maneira de enxergar o mundo e todos aqueles a sua volta. Todos aqueles anos de experiência vivida lhes eram fascinantes. Eles passavam horas e horas conversando sobre assuntos variados: literatura, política, romances, trechos bíblicos. Pareciam concordar em diversas questões, e se discordavam, tentavam ao menos encontrar fragmentos onde seus pontos de vista caminhassem paralelamente. Seus olhos perolados, recheados de inocência, inspiravam agora uma maturidade recém adquirida, como a de um jovem que percebe o sentido e a verdade da vida. Já não temia mais aqueles olhos azuis, que outrora eram donos de uma profundidade aterrorizante; agora, eles transbordavam uma tranquilidade reconfortante, que a acolhia e a fazia se sentir segura. Perto dele, ela se sentia completa e ignorava completamente o fato dele ser, na visão de qualquer religioso, um ser amaldiçoado e diabólico.

Já ele, por sua vez, ao lado daquela noviça tão encantadora e sagaz, que apesar da juventude mostrava-se já muito sábia, não sentia mais todo aquele vazio existencial e tampouco se pegava em fluxos de consciência aleatórios, onde ele divagava sobre sua própria tristeza, interior e exterior. Frutos de uma vida amargurada e que, para seu próprio castigo, não iria acabar tão cedo. Graças a Hinata, ele ia voltando a apreciar as artes; já não odiava mais o seu próprio castelo e, durante as noites, poderia ouvi-la cantando angelicalmente todos aqueles minuetos que ele tocava em seu órgão; a sua música precisava de uma voz, e seu coração gelado precisava da presença dela, para que pudesse, assim, irradiar um calor que já não lhe era mais habitual ao corpo.

Certa noite, estavam ambos no salão de jantar, sentados cada qual em luxuosas cadeiras de marfim, em lados opostos da mesa, conversando animadamente. Sasuke havia colhido frutas para a hóspede, enquanto Naruto, em seu jejum prolongado de sangue, limitava-se a aproximar e retirar os pratos que Hinata não podia alcançar. Ambos conversavam sobre um tema bastante discorrido na época: alquimia e a química, e discordavam.

— Mas isso é algo impossível de se fazer! Transformar metais ordinários em metais nobres! O elixir da vida eterna! Isso é bruxaria! – Dizia Hinata, estupefata e ao mesmo tempo encantada com a discussão.

— Eu não tenho coisas a dizer sobre isso – dizia Naruto, com um tom mais sério. – Se Nicolau Flamel e esses outros varões soubessem quão fastidiosa é a vida eterna, e quão vil é a riqueza excessiva...

Hinata calou-se, e percebeu que Naruto entrava novamente em reflexão. Ela pediu para que ele lhe desse uma outra porção de framboesas.

— Mas sim, eu acredito que bruxaria e magia negra existem, – ele prosseguiu – esse tipo de manifestação maliciosa só poderia surgir de pessoas má intencionadas. E no mundo, elas jamais faltam.

— No convento, tais práticas são condenadas. Não devemos manipular os elementos e tampouco usar magia para darmos alguma direção em nossas vidas. Deus despreza aqueles que o fazem. É paganismo!

— De qualquer maneira, Nicolau hoje é um dos homens mais famosos do mundo; Sasuke trouxe alguns folhetos de um criminoso que ele capturou dias atrás. Não se fala de outra coisa que não dele.

— Eu repito, esse homem é um bruxo! É bem sabido que os metais nobres não são compatíveis aos metais ordinários. Não podem se fundir.

Naruto fechou sutilmente os seus olhos, de modo que suas pálpebras ondulavam levemente, passeando a meio caminho, semelhantes às pálpebras de pessoas que iniciam um pranto.

— Nós somos como tudo isso – disse ele, agora com um tom de voz cabisbaixo.

— O quê? – Hinata percebeu a alteração em seu comportamento.

— Nós... nós somos como os metais. Vós sois um metal nobre; eu, um metal ordinário.

— Que queres dizer com isso?

Uma brisa leve e ecoante invadiu o salão, tremulando levemente as cortinas das janelas, a toalha de mesa e também a chama que encandeava das velas dos candelabros, tornando o ambiente um pouco mais escuro. As sombras de ambos, ali sentados, eram refletidas na parede ao fundo, grandes e de formato não bem definido, com suas partes se misturando. As cabeças, entretanto, estavam próximas uma da outra, a ponto de se encostarem.

Naruto observou Hinata com aflição por alguns segundos. Depois, depositou levemente uma de suas mãos em cima da mesa, com a palma entreaberta, como se quisesse pegar algo. Ele definitivamente sentia algo diferente. Em sua vida de morto-vivo, as únicas emoções humanas que lhe restaram a flor da pele eram a dor, a tristeza e a amargura. Não que não pudesse sentir quaisquer outras; mas isolado como vivia, felicidade ou qualquer outra emoção dificilmente se manifestaria. A presença de Hinata ali era algo novo; diferente; em sua concepção, até mesmo surreal. Naruto estava experimentando sensações inimagináveis em um plano pós-morte; ele havia mesmo começado a sonhar, depois de séculos experimentando uma espécie de sono fúnebre, ou, em suas próprias palavras, a morte como deveria ser.

– Somos nós como os metais – repetiu ele, agora em tom mais seguro. Eu ordinário, vós, nobre. Sou um demônio; minha cara. Vós, uma serva de Deus. Eu estou morto, vós, viva. Não somos compatíveis; e nada nesse mundo mudará tal condição.

Hinata sentiu-se machucada, e passou um breve momento refletindo. Essas palavras entraram em seu coração como adagas afiadas ao perfurar a carne de uma rês ainda viva. Mas ela sabia que ele não estava certo. Um demônio certamente a teria matado na primeira oportunidade; um demônio jamais enxergaria pureza no coração de alguém. Um demônio não seria capaz de um mínimo ato de bondade. Sim, ele é um morto. Mas não completamente. Talvez estivesse apenas o corpo; seu espírito, um espírito bondoso, ressaltemos, estava vivo. E ela iria provar isso, de um jeito ou de outro.

— Vós não sois um demônio.

Naruto, que também devaneava, olhou-a estupefato.

— Vós não sois um demônio! – Hinata levantou-se violentamente, batendo os punhos contra a mesa. – Não enxergas tu mesmo o quão vivo estás?

— Não estou vivo.

— Então por que sorri ao me ver? Por que ouves e toca música para mim? Por que és bom comigo? Um morto é um morto; um demônio não passa de uma criatura maligna. Você, meu amigo, definitivamente não és nem um, nem outro. Vós não sois um metal ordinário; vós sois um metal nobre, como a prata. E sei disso, pois...

— Pois?

— Pois eu, uma serva de Deus e viva, te quero bem!

Essas palavras escaparam da boca de Hinata, e percebendo toda a impulsividade desse enunciado levou suas mãos a boca, e sentou-se novamente. Naruto, então, sem dizer sequer uma palavra, saiu da mesa e dirigiu-se a um cômodo. Hinata, sem se importar com o fato dele poder considerar essa atitude uma petulância, foi atrás dele.

Ela se viu, então, no quarto onde ele repousava durante o dia, escapando da luz do sol e de possíveis crises pessoais. Era um quarto grande, com paredes em tom escuro, com uma mobília de aspecto antigo, mas bem conservada; diria até mesmo pomposa. Os vitrais eram foscos, justo para que a luz do sol não os ultrapassassem, haviam molduras sem nenhuma pintura penduradas na parede. Tapetes em preto e branco ornavam o chão, à maneira dos grandes imperadores, e havia, no lugar de um leito, como havia nos outros quartos, um grande e aterrorizante caixão, apoiado horizontalmente em suportes de ferro fundido.

Hinata o viu encostado a esse caixão, de cabeça baixa, como quem estivesse chorando. Ela se aproximou, aos poucos, e viu que ele realmente estava em prantos, soluçando. Entretanto, seu corpo morto era livre de fluídos, então, não poderiam haver lágrimas.

Ele percebeu a presença dela, e virando-se, tomou-lhe as mãos e disse:

— Eu não quero estar morto, e não quero ser um demônio. Eu me recuso! Pois desde que pus meus olhos sobre os teus, pude experimentar algo que era somente permitido aos vivos! Amor!

Hinata chegou mais perto dele, e disse:

— Nada pode impedir o que sinto por ti. Ponho-me contra Deus e contra todos aqueles que tentarem me persuadir do contrário. Se não és compatível comigo, mate-me, para que eu possa estar, de agora em diante, ao teu lado para todo o sempre.

E se abraçaram. Hinata não sentiu o toque gelado das mãos dele; sentiu um calor ascendente, reconfortante, poderoso. O toque dos lábios de ambos foi o ápice; ao invés de lábios gélidos e mortificados, o beijo de Naruto era quente, voluptuoso, e mesmo sensual, o que fez com que Hinata estremecesse em seus braços e se entregasse de uma vez por todas, retribuindo de igual maneira. Desejava nunca mais sair dali, e enfrentaria até mesmo o inferno, o ponto mais baixo para que sua vontade se perpetuasse.

A maldição do vampiro havia sido quebrada. Agora, ele estava vivo outra vez.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado a todos vocês que aguardaram todo esse tempo! Espero de verdade que vocês tenham gostado, e vou tentar manter uma certa regularidade com os episódios, pois eu e a co-autora não paramos de escrever de uma vez por vocês que acompanham!! Obrigado de verdade, mais uma vez!!



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