Naruhina: Quando os mortos amam escrita por Arysson96


Capítulo 7
Tramas e transformações


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo leitores! Me desculpem a demora, tudo culpa da Universidade e suas burocracias desnecessárias... estou passando por um período bem pesado, mas não quer dizer que deixarei de produzir! Aos que conhecerem a história por esse capítulo desde já bem vindos, e um grande abraço a todos os que acompanham desde o início!! ♥



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— Hiashi, isso é realmente necessário?

— Ora cale-se, Neji. Quer ou não quer ela de volta? Não abra mais essa boca na minha frente. Ela é minha filha, e, mais importante, será tua futura esposa.

— Mas você está exagerando!!

— Nesse clã quem manda sou eu. Apenas acate o que eu estou dizendo. Não se esqueça do nosso acordo; se você deseja que tudo dê certo, não interfira no que eu faço.

Neji abaixou a cabeça.

— Me esconderam à surdina esse acontecimento – Hiashi prosseguiu, aparentemente mais calmo. – Tenho direito de fazer o que quiser também, sem prestar nenhuma satisfação. Quero que provem do meu veneno de surpresa; mas agirei por mim mesmo.

Neji gesticulou algo com as mãos. Sabia que, tanto em força quanto em poder, não poderia disputar com seu tio. E pensando com mais atenção, percebeu que esse tipo de atitude seria a mesma que ele tomaria se estivesse em seu lugar; apesar do homem rígido que era na prática, Hiashi era extremamente sábio e jamais havia dado um passo adiante sem antes refletir. Era a honra e, principalmente, interesses importantes que estavam em jogo.

Hiashi levantou-se da cadeira, onde estava sentado, e dirigiu-se para o seu aposento, sem nada mais dizer.

Neji o fez uma reverência. Ali, ainda no pequeno escritório da casa principal, começou a andar de um lado para outro. A ordem de Hiashi aos homens havia sido a mais direta possível, e Neji, com certo desespero, recordou o seu tio discursando, alguns dias antes, em frente a todos os homens:

— Homens, um membro do clã Hyuuga está perdido! A minha filha, Hinata, desapareceu de alguma forma, e não sei há quanto tempo! Fiquei sabendo disso ainda agora, ao escutar a madre lastimando, após mentir e ultrajar toda a honra da nossa família, tratando-nos por déspotas impiedosos e insensíveis. Uma serva do diabo! Se ela está escondendo isso de nós, agiremos também em silêncio, para logo depois fazer com que se arrependa de seus atos malignos. Procurem a Hinata em todos os lugares possíveis, e se preciso, não hesitem ao utilizar da força para que ela esteja sã e salva aqui, lugar de onde não deveria ter saído, e não sairá mais. Eu e o Neji ficaremos aqui para conversar. Mas em breve estaremos ao lado de vocês, irmãos de sangue e de amizade! E que deus nos proteja!!

Neji sabia que, em partes, a culpa disso tudo estar acontecendo agora era dele. Hinata nunca o amou; na verdade, todo o contato que ele possuía com ela vinha das visitas que ele fazia ao convento quando possuía algum tempo, e ela nunca se mostrou entusiasmada com a ideia de dividir um leito com ele todas as noites. Essa indiferença, no entanto, assegurava Hiashi, pouco faria diferença: Hinata seria induzida por Tsunade a amá-lo e, por consequência, com ele casar. A palavra de uma serva de deus para outra quase nunca se engana, e Hinata depositaria toda a confiança nas palavras de alguém tão magnânima. Seu destino seria, assim, feliz.

Mas não havia nada de inocente nesse amor não correspondido. Por trás disso, havia uma trama onde todos conseguiriam benefícios. Hiashi ganharia o dote de Neji e ficaria ainda mais rico e poderoso; também teria em suas mãos o controle de toda a região que era administrada pelo seu falecido irmão Hizashi, coisa que ele cobiçava desde a época em que o avô de Hinata separou-as uma para cada.

Tsunade, por sua vez, ao prestar um favor de tamanha importância, ganharia prestígio mediante à alta cúpula eclesiástica, devido ao fato dos Hyuuga serem a oligarquia mais influente, incluindo no que diz respeito às atitudes da igreja naquela região. E Neji, sem se importar com bens materiais ou poderes que ele julgava como frivolidades, teria para si o amor de sua vida; por Hinata, ele fazia questão de abrir mão de toda a herança deixada por seu pai, e comercializaria até mesmo sua dignidade em troca de passar o resto de seus dias com ela.

Tudo ocorreria perfeitamente, mas esse incidente fez com que o muro construído entre todas as partes desabasse. Se Hinata fosse encontrada morta ou sequer fosse encontrada, a ira de Hiashi levaria à acusação de Tsunade ao clero, e isso, por sua vez, causaria um escândalo; acusada de pecar e omitir um ato tão grave, ela seria exonerada; mas ela também possuía um contragolpe, cujo qual Hiashi sequer tinha imaginado. Ela abriria a boca, revelando que ele, por debaixo do pano, forjava um casamento com o intuito único de conseguir monopolizar toda a economia da região, ultrajando a alma e a integridade da própria filha; avareza, ganância e desrespeito ao próximo também são pecados, e com isso, os Hyuuga perderiam todas as bênçãos concedidas pela igreja. Para completar, a reputação de clã nobre cairia por terra. E Neji, simplesmente amargaria o resto da sua vida sem Hinata.

Ele não desejava que houvessem todos esses arranjos para que ele conseguisse sua felicidade. Ele gostaria simplesmente de conquistar Hinata com seus próprios gestos e qualidades, mostrando-se digno de receber o amor dela, de ser um pai digno dos filhos que ela o daria. Mas ela não demonstrava nenhum tipo de empenho para com ele, e de vez em quando, era até desdenhosa, o que o deixava cabisbaixo. Hinata desejava ser uma freira, viver para testemunhar o poder e a importância de Deus. A única forma de consegui-la era se envolvendo nesse esquema; no amor e na guerra, valem tudo. E ele pensava exatamente dessa maneira. Deu um suspiro pesado e apagou as velas que iluminavam o escritório.

Caminhou para sua casa, localizada não muito distante da casa principal dos Hyuuga. Era um prédio de tamanho e formato semelhante, sendo constituído por 3 andares espaçosos, com cômodos variantes. No primeiro andar havia a cozinha, que de tão pouco iluminada necessitava de velas mesmo durante o dia. Havia uma porta adicional, que levava aos fundos, um pátio de tamanho médio, onde havia uma horta pequena e malcuidada. No segundo andar, havia o escritório, semelhante também ao da casa principal. Entretanto, diferia na disposição da mobília e no diâmetro. A mesa ficava ao lado da porta, enquanto na casa principal, ficava do lado oposto desta. Uma grande foto de Hizashi e Neji, ainda criança, emoldurada e pendurada na parede de lado direito à entrada, decorava o local. Não haviam estantes ou criados mudos, apenas um grande baú, no canto oposto da mesa, onde ficavam algumas quinquilharias de valor, e um espaço vazio entre as divisórias. No terceiro andar, havia uma biblioteca, que ao contrário da da casa principal, ficava trancada. Os livros lá dentro estavam tão mofados, que as cores das páginas agora eram de um amarelo acentuado, quase alaranjado, e algumas eram devoradas pela ação do tempo e dos fungos. Neji era sem dúvidas muito inteligente, mas não possuía o hábito de ler livros. Lia, de vez em quando, alguns versículos da bíblia, quando iria tomar alguma decisão arriscada ou quando iria fazer alguma viagem longa. Era um grande observador e apreciador do canto dos pássaros. Possuía em sua casa diversos espécimes raros, que ele cuidava como filhos.

 Ao chegar em casa, ele dirigiu-se ao seu quarto. Deitou-se sem trocar de roupa e sem tirar os sapatos; desamarrou a vasta cabeleira, que se espalhou à vontade no colchão. Pensava em Hinata. O que tinha acontecido com ela? Onde ela estaria agora? Essas duas perguntas iam e viam em sua cabeça, alternando-se com uma enxaqueca que o arrebatou de vez. Não aguentaria perdê-la. Segurou-se para não sair correndo no meio da noite atrás de seu paradeiro; tentou se acalmar um pouco, pensando que ainda amanhã, teria notícias. E se deixou levar pelo sono, mas pouco dormiu durante a madrugada; pesadelos com os gritos desesperados da amada o despertavam de hora em hora.
 

Enquanto isso, os Hyuuga continuavam a busca por toda a região.

Kö e Hoheto, dois Hyuugas pertencentes à casa principal, eram os que mais estavam próximos da trilha por onde a expedição passara; haviam tomado como rota as direções possíveis do convento para qualquer outro lugar. Os locais por onde eles passavam, entretanto, estavam quase sempre desertos, e as casas dos aldeões, aparentemente trancadas. Eles batiam de porta em porta em busca de informações, buscavam saber se alguém havia visto noviças passarem por ali, simplesmente. Mas ninguém os recebia. Os Hyuuga inspiravam medo nas outras pessoas, e isso se confirmou com a atitude que Kö tomou.

— Se as pessoas aqui estão nos ignorando, tomaremos as informações à força. O senhor Hiashi nos permitiu fazer isso – disse a Hoheto, enquanto tirava o machado que levava pendurado em suas costas.

Amostras de um comportamento mais agressivo passaram a se manifestar nesses dois. Passaram a invadir e arrombar as casas dos aldeões para verificar se Hinata estava em alguma delas. Tornaram-se hostis para conseguir extrair o máximo possível de informações dessa pobre gente que nada sabia. Hoheto, após invadir a casa de um velho senhor e não obter informações, o espancou na frente do próprio filho. Justificavam a violência com a falta de paciência, mas esse método também não deu muitos resultados.

Após deixarem um dos vilarejos, entraram por um bosque escuro, a caminho de uma pequena aldeia. Trocavam conversas sobre a pequena possibilidade de alguém ter alguma informação, e chegaram ao consenso de voltar para casa; a fadiga não os permitiria ir mais longe. Todos os outros, talvez, já deviam ter feito isso. O dia já estava acabando, e seus corpos reclamavam agora um momento de inércia.

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Sakura começava a despertar de forma consciente. Sentia uma dor forte em seu pescoço, e ao tentar se mover, sentiu uma ardência crescente nas partes descobertas de seu corpo. Abriu os olhos e pode ver que sua pele estava se avermelhando, como se, aos poucos, a luz do sol a estivesse deixando em carne viva. Com o mínimo da consciência recobrada, foi para baixo de uma das grandes árvores, perto da floresta, onde havia uma sombra para livrá-la do sol. Sua pele começou a se curar de forma surpreendentemente rápida; entretanto, um enjoo forte começou a revirar seu estômago, e não demorou muito para que vomitasse. Mas não era um vômito qualquer; era seu próprio sangue, sendo colocado para fora, expulso! Sua expressão ao notar isso foi de total espanto. Não fazia ideia do que estava acontecendo com seu corpo. Era uma hemorragia? Havia sido ferida? Tentou puxar sua memória, para se lembrar do que acontecera na noite anterior, mas não recordava muita coisa. Apenas de ter vindo à procura de Hinata com os encarregados. Por fim, a figura de um homem alto e misterioso, o qual ela não fazia ideia de quem fosse, resplandeceu em sua mente.

Ao se sentir um momentaneamente melhor, Sakura começou a reparar no ambiente. Ele não lhe era estranho, as árvores grandes, a floresta sombria... e um grande castelo de arquitetura assustadora à poucos metros. Tudo lhe era familiar, mas nada fazia sentido em sua mente conturbada. Há quanto tempo estava ali? Tentava desembaralhar o raciocínio, começou a se perguntar sobre os encarregados. Não era possível que tivessem voltado ao convento sem ela, afinal, isso levaria a mais um caso de desaparecimento, e em um futuro próximo eles próprios a teriam de procurar. Não havia motivos cabíveis que os fizessem abandoná-la ali, a não ser que algo de ruim tivesse também os tivesse acometido. De qualquer forma, Sakura se recusava a voltar ao convento sem a Hinata; o nome da morena pairava em sua mente como um falcão estudando sua presa. Mas sem sua memória e com os dois encarregados desaparecidos, sua missão teria sido pior do que um fracasso, seria mais que isso, um problema maior. A madre não lhe daria benefícios, e com toda certeza aumentaria sua penalidade pela incompetência. Ela precisava, no mínimo, de algumas respostas. Novamente, aquele homem misterioso lhe veio à cabeça; associou-o com o castelo e resolveu procura-lo para pedir abrigo e exigir explicações.

Ela se levantou, ainda sentindo uma náusea constante. Caminhou até o castelo, onde repousava sua última memória, e andou pelos cantos, passando pelos locais onde havia mais sombras para não queimar a pele. Ao chegar no portão, percebeu que já estava aberto, e que adiante se estendia um longo corredor coberto até a porta de entrada. Caminhou a passos rápidos, ansiosa pelas respostas e pela alta possibilidade de cumprir aquilo que lhe fora ordenado. Ao parar diante da grande porta de madeira, Sakura estava determinada a bater por todo o tempo necessário até que a atendessem. Mas, ela ouviu uma voz que a fez cessar instantaneamente; era a voz de Hinata! A jovem correu para a janela, afim de ter certeza de que se tratava da Hyuuga. Não poderia ser uma ilusão, mas no estado em que estava, era bastante provável que sim.  Ao espiar pela janela, arregalou os olhos ao concretizar que era ela mesma, de cabelos soltos e vestes normais, conversando com um homem alto, loiro e pálido. Não parecia estar em pânico ou em perigo, mas ainda assim, estava desaparecida. Tinha de levá-la de volta de qualquer maneira; descartou a hipótese de apenas indicar o paradeiro. Essa era a chance de conseguir todos os privilégios que Tsunade a prometera. Entretanto, antes que pudesse gritar o nome da noviça desaparecida, algo a segurou com força e a jogou para longe, fazendo com que se chocasse contra o muro e expelisse mais sangue.

— Achei que estiveste morta. Mas infelizmente, tens sangue demais para que eu pudesse sorver completamente.

— Você… - Sakura o reconheceu; com certeza era o homem da noite anterior. O olhar ameaçador a paralisou.

— Parece que causei um problema. Tiveste a possibilidade de fugir uma vez, e irei dar-te outra. Não posso sujar o castelo de milorde, e sua presença aqui é ultrajante.

Mas esse não era apenas o único motivo para que Sasuke não acabasse com ela naquele momento. Ele a olhava com desprezo, a achava fraca e burra, suficiente para ir atrás e tentar dialogar com alguém que a deixou a beira da morte. Também a imaginava oportunista e desprezível, como todos os ladrões e criminosos que eram suas vítimas. Viver sem teto e sem rumo, para ela, seria uma lástima ainda maior.

— Eu…

— Cale-te e retire-te! - Sasuke deu um forte chute no estômago de Sakura, que a fez vomitar mais sangue e gemer profundamente com a terrível dor de tal golpe. - Somes da minha frente, antes que minha ira fuja do controle e caia sobre ti.

Sakura se arrastou pelo chão, sentindo muita dor; ao se levantar, deparou-se com as pernas trêmulas. Andou o mais rápido que pode, se escorando pelo muro e chorando lágrimas de sangue. Por que aquele homem a odiava tanto? Porque agora tudo lhe parecia tão diferente? E acima de tudo, o que estava acontecendo afinal? Ela tentou buscar seu terço para rezar e pedir ajuda a deus, mas percebeu que havia rompido. Mal sinal. Uma ira gigantesca começou a tomar o lugar de toda a sua inconstância: independente do que tivesse acontecido, e do que iria acontecer, de uma coisa Sakura tinha certeza: isso não ficaria assim. Aquele homem definitivamente pagaria por todo mal que a fizera.

Continua...


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