The tradicional family. escrita por giovanacanedo


Capítulo 4
Fogueira da dor


Notas iniciais do capítulo

Hello!



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Casa dos Flemming

00:30 AM

 

 

  Dominique não conseguia parar de chorar. Apesar de ter passado todo o momento desacordada sentia sua saliva descer por sua garganta como soda caustica. Torceu para que realmente tivesse engerido o veneno e estivesse morrendo mas não. O fato acontecera e era tão real quanto as pérolas no pescoço que sua mãe usava. Cambaleando, deixou o quarto agora escurecido. Não havia clareza em seus pensamentos e seus passos eram realizados por impulsos. Chorou silenciosamente durante o pequeno trajeto da cama até a porta onde encostou as costas. Tudo o que conseguia fazer era sentir - Raiva, nojo, desespero. Aconteceu e foi comigo. Era o que ela pensava Nunca em sua vida desejara a justiça divina para ninguém como desejara para aquele garoto nojento. Se arranhando e debatendo, queria cortar sua pele até fazer desaparecer o toque do garoto. 

   Rose escutou um barulho vindo de um dos quartos da família Flemming. Pensou seriamente em não ir, não queria se meter em problemas mas sua intuição sempre falara mais forte. A música alta e a piscina distraia todos da casa que pareciam envolvidos demais em suas bolhas cor-de-rosa para notar que alguém pretendia por a baixo a porta de cima. Rose subiu as escadas de mármore com uma estranha sensação de pesar. Ao abrir a porta do quarto encontrou Dominique Weasley despida, arranhada, roxa, em prantos, sangrando como se o sangue lavasse sua alma. Sentiu como uma faca em seu peito sendo empurrada com força contra seu coração, partido.

— E... Eu vou tirar você daqui. - Rose colocou a prima em um lençol e a retirou de lá pela escada ligada ao quarto do sr. e sra. Flemming.

*****

 

    Lily saiu da festa um pouco cedo quando viu Rose entrando em seu carro tentando não ser vista. Chamou a prima que tentou a todo custo disfarçar. No começo pensou que poderia ser um garoto mas quando se aproximou ficou perplexa. 

— Domi... Nique? - Disse antes de finalmente tomar o susto e começar a tremer. Rose fez um sinal de silêncio com a boca e abriu a porta do carro antes de liga-lo. Os lençóis estavam pingando o sangue da garota. Lily viu o carro deixar a rua antes de se virar e reconhecer um rosto encostado em um poste qualquer como era de costume. Em alguns segundos sentiu seu mundo cair pela segunda vez. Logan Nott estava parado com as mãos nos bolsos como costumava fazer. Seu rosto parecia envelhecido e maduro mas seus olhos não haviam perdido o brilho de menino que adora brincar de tirar o ar da garotinha do papai. Lily não fez nada para que o perdesse de vista, mas o perdeu. Apertou o alarme do carro e se dirigiu até ele, ligando-o e voltando para a casa dos Weasleys.

****

Casa dos Weasley

03:40 AM

    Rose desceu as escadas e encontrou Lily limpando as manchas de sangue da escada. A ruiva revirou os olhos e cruzou os braços.

— Você sabe ensaboar um chão? - Zombou. Lily jogou o pano em cima e secou a última gota de água. Ao todo passara duas horas limpando a casa suja pelos lençóis. Após Rose fazer os curativos e dar banho em Dominique seis vezes devido ao sentimento de sujeira. O lençol foi guardado no quarto de Rose e tudo fora esquecido, pelo menos até Dominique acordar após o fim do efeito do remédio. Um barulho de chave fez com que as garotas se escondessem no quarto de hospedes, onde por uma fechadura conseguiram ver o adultério de um Malfoy.

 

   Draco e Hermione subiram as escadas sem descolar os lábios. No caminho já haviam tirado quase todas as roupas. As garotas testemunharam o senhor cristão e a senhora agnóstica consumarem uma traição em cima da pia de um banheiro por duas horas seguidas sem pausa. Rose se sentia envergonhada, cansada e aflingida. Com o fim do ato nenhuma palavra havia sido conversada, apenas as devoluções das roupas para seus respectivos donos e uma troca de olhares. Rose observou toda a idealização de sua mãe ruir pelos seus dedos. Lily se silenciou por alguns segundos, até Hermione entrar em seu quarto no fim do corredor e trancar a porta.

Casa dos Weasley

07:20 AM

     Draco acordou com um ruido vindo do quarto de seus pais. Um pouco cansado, decidiu ignorar. O som de sua mãe brigando com seu pai pelas horas extras e todo o serviço do gabinete estava alfinetando suas orelhas. O rapaz levantou, escovou os dentes, lavou o rosto e colocou uma roupa de corrida. Saiu em direção a qualquer lugar, sua cabeça sempre bagunçava com coisas daquelas. Não parava de pensar que apesar de ter vivido em um ambiente perturbado não era assim  que alguém deveria manter uma família ou um filho. Correu além do centro da cidade, passou a escola e todo o parque, foi parar perto das serras no início da cidade. Não que fosse uma cidade muito grande, era um município pequeno que era abastecido onde as coisas realmente aconteciam. Descendo das serras encontrou Rose, ofegante e séria. Não disseram uma palavra, apenas sentaram na beira do mato que dava origem a um barranco. 

— O que você achou que seria voltar para Hogsmeade? - Perguntou ele após alguns minutos. Rose permaneceu silenciosa. Não conseguia olhar para o rosto de Draco. Quando algo finalmente saiu de sua boca, se sentiu uma traidora.

— Achei... Que teria calma. E família. 

— Estava enganada? - Ele a encarou. Ela olhou para baixo e suspirou.

— Muito.

    O rapaz assentiu e levantou, ajudando-a a se levantar. Eles caminharam de volta em silêncio.

****

Casa dos Grangers

13:30 AM

 

—  O que você quer fazer agora, Domi?

    Dominique parou por alguns segundos e olhou para o lençol em sangue. Olhou de novo para as primas e monosilabou "Queimar".

    As garotas jogaram o lençol no meio do quintal e colocaram álcool. O isqueiro ficava nas mãos de Dominique que ateou fogo na peça de cama. Estranhamente não se sentira melhor em fazer aquilo. Ela sempre fazia pequenos rituais para deixar a dor sair como escrever cartas para ex namorados e queimar, queimar seus bichinhos mortos e afins. Mas queimar o lençol não representava que estava matando algo mas que estava morta, pela primeira vez. A garota olhou as chamas crescerem e morrerem com uma estaca no peito.


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