Igreja Adventista do Sétimo dia

09:30 AM

   As famílias se reuniram em frente a igreja. Rose vestia um vestido azul longo, Lily, um branco, Hermione e Astoria vestiam-se com conjuntos empresariais e Gina estava dentro da igreja. Todos os rapazes com seus ternos e gravatas apertadas. Lily se sentia inquieta, cansada e impaciente. Se arrependia de tudo que havia feito nos últimos meses, mas evitava pensar nisso com todas as forças que tinha. Tinha medo do que seu pai diria. Ela conseguia imaginar o olhar de decepção do grande Harry Potter. Aqueles grandes olhos azuis, aquele arrependimento e desgosto que o irá corroí-lo de dentro para fora. Tentou se acalmar e respirou fundo. Sorriu o máximo que conseguia, mas não conseguia. Ele havia ido embora e deixou o seu coração tolo partido em milhões de pedaços.

— Lily está tão bonita hoje, parece até uma imagem grega pintada. - Astoria a abraçou. Lily engoliu seco. - Naquela época a beleza e a santidade eram pintadas com a imagem de meninas lindas assim como você. 

Rose a olhava de um jeito estranho. Na noite anterior Lily havia dado uma desculpa muito furada para a prima. Rose sentia que algo estava errada com Lily, mas não dizia nada, apenas ficava calada. Os rapazes como sempre não desconfiavam de nada, completamente perdidos nos seus próprios mundos. Lily sempre se sentia solitária na família e por isso, apesar da proximidade com Rose não conseguia ser uma grande amiga. Confiança deve ser conquistada.

O culto começou um pouco depois deles entrarem. Draco tentou com todas as forças ignorar Hermione Granger que estava sentada ao lado de sua esposa. O pastor para sua surpresa falou exatamente do que o desnorteava: Pecado e adultério. Sentiu-se sujo, corrompido e tentado de todas as formas. Os seus pensamentos o corroíam por dentro, geralmente ele não pensava assim sobre quaisquer outras mulheres, mas Hermione o atingiu como um meteoro. Ele relaxou a gravata, que Deus o perdoasse.

 Lily saiu de seu lugar e foi pegar água no bebedouro, seguida por Rose.

— Lily... 

— Não. - Lily disse rispidamente, porém como um sussurro. - Rose, não.

 E saiu, deixando Rose parada no bebedouro.

***

Três meses antes.

    Lily corria pelos corredores com medo de se atrasar. Havia acordado atrasada e deu o máximo para se arrumar com os vinte minutos que sobraram. Seu cabelo ruivo estava bagunçado, sua maquiagem derretendo e um pouco mal feita. Assim que estava quase chegando na sala de aula, o sinal tocou. Ela jogou os livros no chão, revoltada. Começou a arrumar sua blusa, que estava para fora da saia do colégio. Seu suéter estava ao avesso e ela foi arrumar isso também. Quando começou a pegar os livros uma risada masculina soou atrás dela.

— Você é daquele tipo que nunca perde a hora, não é?

 Ela se virou e viu Logan Nott. Revirou os olhos e respondeu:

— Você não vai me ajudar a pegar os livros?

— E qual é a graça de fazer desse encontro um clichê, Senhorita Potter?

  Logan era novo na escola. Seus tios decidiram ficar com ele uma temporada curta para os pais irem à França. O rapaz era um desastre, mas uma força da natureza. Aonde ia conseguia enfervecer tudo e todos. Além de ter uma beleza atípica. Independente de suas notas exemplares era o tipo de pessoa que ninguém queria para sua vida. Aluno da escola havia duas semanas, era o tipo de cara que qualquer garota gostaria de viver um romance curto e afrodisíaco. Mas ele nunca gostara de coisas fáceis. Logan gostava de brincar e vencer e Lily Potter naquele momento se tornara seu joguete. Exatamente por ser uma intocável Potter.

****

Quarto de Lily Potter.

13:00 AM.

Lily andava de um ponto do quarto para o outro, bufando. Logan não respondia suas mensagens. Ela sentou-se no pé da cama e começou a chorar. A situação descia pela garganta rasgando como se ela tivesse engolido vidro. Nenhuma decisão na sua vida havia sido má ou imutável. Sua cabeça doía com muita força até que ela adormeceu e sonhou com a primeira vez que o viu na escola, com suas roupas despojadas, seu humor mórbido e seu sorriso galante. Sonhou com a primeira troca de olhar que havia durado um flash entre o rapaz sentado lendo Leviatã e a garota em volta das amigas que por um segundo parou de sorrir e respirar. 

****

Dois meses antes

    Logan olhou de relance para Lily que sentiu o chão sumir. Em alguns segundos o Pastor não tinha mais voz, não haviam mais bancos e nem colegas de igreja. Tudo se movia em câmera lenta. Logan levantou-se e fez um sinal com a cabeça para que Lily fosse atrás dele. Obedecendo-o, caminhou até o corredor do banheiro masculino, onde sentiu um braço puxa-la para dentro e prensa-la contra  a parede. Entre os beijos em seu pescoço e a mão que subia em suas coxas, a garota arrumou fôlego para dizer:

— Você... Não... Pera, vão nos achar.

— E qual seria a graça se fosse cem por cento seguro? - Disse após coloca-la em cima da pia do banheiro e rasgar sua roupa íntima. A garota grudou a mão em seus cabelos e tentou não gemer. Um pouco de sangue ficou na pia do banheiro masculino junto com toda a personalidade e juízo de Lílian Luna Potter.

****

Um mês antes

— Logan, por favor não vá! - Lily implorou pela décima vez. O garoto arrumou sua mochila e colocou no capô da moto. - Não faz isso...! - Ela se sentia sem força, sem ar. Logan decidira que estava cansado de tudo: Da escola, da família, da namorada. Lily jogou o capacete reserva nele, com raiva. Seu rosto estava uma ruína como sua alma. Ela sabia desde o começo que Logan era como uma droga e que iria embora de seu sistema nervoso como sempre, mas não que tudo era uma mentira. Sentia-se traída, sem vida. - Eu nunca vou perdoar você!

— Acabou, Lily! - Gritou ele. - Estou indo embora. Você nunca me conheceu. Apague meu número.

  O rapaz acelerou a moto e sumiu no meio da noite sem olhar para trás. Por semanas ouviu pessoas comentando sobre Logan, seu sumiço, se ele havia morrido. Isso até uma semana depois alguém tê-lo visto em um motel algumas cidades de Hogsmeade. Vivo, bem e jogando em bares. Fazendo o que ele melhor sabia fazer: Viver como se não houvesse amanhã. Lily torcia para que ele chegasse vivo até os vinte e nove. Era humilhante lembrar que ela chorou por horas na árvore que ele fora embora e voltava até ela todos os dias. Demorou para perceber que ele não iria se arrepender e voltar para ela.

***

Atualmente

Londres, duas horas depois.

O celular de Logan toca. Ele não sabia bem de onde vinha o toque já que o apartamento dele estava uma zona. Ele geralmente acordava às 17:00 para começar o turno de garçom, mas hoje ele acordaria mais cedo. Sua cama estava vazia, logo, a garota de ontem se mandou. Ele saiu da cama parcealmente nu e foi para a sacada. Desligou o vibrador de chamada quando viu uma mensagem de sua ex-namorada. Ele se lembrava dela. Respirou fundo e abriu a mensagem:

Logan, é uma emergência.

Estou atrasada há dois meses. 

Estou grávida.

   Logan sentiu tontura e sentou colocando a mão na boca. Tudo o que pensava era: Droga!