The tradicional family. escrita por giovanacanedo


Capítulo 1
Reencontro regado a álcool


Notas iniciais do capítulo

Hello



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  Astoria olhou pela sacada de seu quarto. Havia um carro de luxo preto parado em frente a mansão Gilmore. Finalmente os vizinhos chegaram! Há uma semana via-se entrada e saída de homens com móveis, produtos de limpeza, até mesmo animais. A casa era a maior e com mais mata de toda a região. Antiga, fama de ser mal assombrada, mas do mesmo jeito ainda era valiosa e considerada uma ostentação além dos padrões. 

  No carro da família, Rose olhava para o vidro com a expressão de tristeza. Sua mãe saiu do carro assim que ele encostara, procurando sinal para telefonar para o gabinete. Sua mãe é a Ministra do Supremo Tribunal e muito ocupada, seu pai é um escritor muito famoso e talentoso, mas eles não estão juntos há três anos. Desde então Ronald Weasley passa de relacionamento em relacionamento colecionando feridas emocionais e Hermione Granger ficou sozinha como já era acostumada, ocupada demais para lidar com sua vida ou sentimentos. 

 Rose vestiu seu casaco com estampada de guerra e caminhou até a luxuosa entrada de casa, quando sua mãe abriu a porta e correu em direção do carro.

— Mãe, onde você tá indo? - Rose perguntou ao virar-se bruscamente para o carro. Hermione a olhou arrependida e após um suspiro leve respondeu:

— Eu volto a tempo de jantar com a família e os amigos de Harry. Eu prometo. Tenho que resolver coisas no escritório Rose, sabe que a mamãe é muito ocupada. 

— Tudo bem, mas pelo menos tira o Hugo do carro! - Hermione olhou para trás e levou um susto ao ver o menino dormindo no banco de trás. Ela acordou o menino e ele caminhou sonolento até a porta.

— Isso não incomoda você? - Rose virou bruscamente para o garoto. 

— Rose, eu tenho treze anos. A última vez que fiquei próximo mais de três horas da mamãe eu estava sendo amamentado. Por isso papai deixou ela.

— Não fala assim, Hugo! - Disse séria. - Papai não é um mau homem.

— Não. Mas era um homem cansado e hoje é um homem amargo. E ela, ah, eu sei lá... Eu estou com sono, Rose. Não sei nem onde ascender a luz, me ajuda aqui.

 E entraram.

Duas horas depois.

 

 

  Scorpius se olhou no espelho e ajeitou a gravata. Sua mãe era adventista e tinha um gosto a mais por roupas de gala e jantares à mesa. Estava sempre bombando a carreira de seu pai com suas fabulosas festas, deixando-o com boa fama na câmara dos deputados. Ele não gostava de frequentar a igreja e ia raramente, mas seus pais eram devotos. Scorpius torceu para conseguir beber nem que fosse um gole de vinho tinto nesse maldito jantar.

— Você está muito bonito, meu filho. - Astoria disse ao vê-lo. Sua mãe era muito cautelosa com todos da família e um pouco ríspida ao primeiro contato, mas era uma boa mulher. Sempre envolta em causas sociais, em boas ações. Sua mãe era um ser humano excepcional, daqueles que não se encontra em qualquer lugar.

— Obrigada, mamãe. A senhora também está impressionante. - Respondeu educadamente. Apesar de todo o amor, às vezes sentia que sua família era de plástico. Artificial demais.

   Eles desceram para a sala sincronizadamente com o toque da campainha. Os Potter chegaram e cumprimentaram seus amigos. Apesar dos Malfoys serem mais frios, os Potters tinham uma ternura mais perceptível. Rapidamente formou-se a divisão e Lily acabou sozinha na sala mexendo no celular. Scorpius e Alvo eram inseparáveis, James estava na faculdade, sua mãe e a Sra. Malfoy eram muito amigas e seu pai e o Sr. Malfoy falavam de política o tempo todo. Logo a campainha soou novamente.

— Eu atendo, querida. - Draco sinalizou para Astoria, que tornou a se sentar. Mal sabia ele que acabara de cometer o maior erro de sua vida. No momento que abriu a porta, seus sentidos falharam. Pensou que havia visto um anjo, mas não. Ele vira o próprio demônio. E ela sorriu para ele, estendendo a mão para cumprimenta-lo.

— Eu sou Hermione Granger, prima do Harry. 

  Um pouco desnorteado pelo decote em V preto, sorriu e deu espaço para que a família passasse e era impossível não olhar. As duas mulheres Granger tinham uma beleza atípica, quase transcendental. Hermione logo se serviu de champanhe e cumprimentou todos, seguida por Hugo e Rose. 

— Eu sou Rose Weasley. - A garota tinha uma voz doce, mas sem dúvida sua feição mostrava uma força e luz tremenda. Scorpius sorriu e estendeu a mão sem dizer nada. Os cabelos vermelhos da garota a tornavam algum tipo de sinalizante na sala, junto ao irmão. - Oi, Alvo.

— Rosa. - Ela torceu o nariz. Alvo chamou Lily com a cabeça e pegou na mão de Rose, guiando-a para a escada. - Vou mostrar o que há de bom em Hogsmeade. - Com o outro braço roubou uma das garrafas que o pai de Draco mantinha fechada por ser muito cara. Subindo para o telhado da casa, Scorpius tentou não olhar para as curvas de Rose. Ela usava um vestido fino vermelho, com salto alto de diamantes. Não era nenhum pouco modesta. Suas costas estavam abertas e o cabelo balançava na medida que ela subia. Pediu a Deus que seu pai não viesse atrás dele, mas seu pai estava ocupado demais sendo enfeitiçado. 

— O que você pegou? - Perguntou Rose. 

— Como se você se importasse, você bebe álcool que vende em farmácia se servirem num copo. - Alvo respondeu.

 Lily pegou a garrafa e estourou, derrubando do copo um pouco. Scorpius ficou um pouco nervoso, sempre bebera pequenas doses, escondidas, nunca copos. Afinal achara bebida ardente, amarga e fedida. Mas ele bebia para acompanhar. 

— Você não precisa beber se não quiser. - Rose disse. Todos olharam para Scorpius, ele se sentiu constrangido.

— Não é isso. Eu só não bebo com frequência. 

  Rose o olhou de cima a baixo e depois sorriu com o canto da boca, um pouco antes de beber todo o resíduo do copo. A luz alcançou seu rosto por alguns segundos e o rapaz podia jurar que vira uma santa. Se ela fosse santa com certeza ele seria devoto a ela. 

 

 

Durante o Jantar.

 

 

— Draco é muito ocupado. - Riu Astoria. - Mas eu me orgulho de seu esforço. 

 Scorpius sentiu-se anestesiado todo o jantar. Era insuportável ficar sentado lá ouvindo banalidades de seus pais e amigos. Sentia-se de porcelana, como se fosse quebrar ou arranhar-se com facilidade. Era tão mórbido. Ele olhou para sua mãe. Astoria tinha classe, de fato. Seu blazer turquesa deixava seu cabelo castanho com um brilho sem igual. Olhos sempre gentis, sua mãe, apesar de seu colar de pérolas dizer que é uma vizinha arrogante era nada menos que uma mulher doce e frágil. Olhava para seu pai com amor e devoção, mas Scorpius sempre pensou que faltava algo. Seu olhar caiu sob seu pai. A gravata parecia asfixia-lo. Típico, quando criança Scorpius perguntou se o seu pai possuía apenas um conjunto de roupas para a governanta, e ela disse que não. Eram todas iguais. Seu pai gostava de um clássico. Isso vai de um drink caro ao som de Nirvana à história de vida. Comum, porém rico. 

Lily gostava de Rose, apesar de reconhecer que o jeito temperamental de Rose às vezes poderia irritar qualquer um. Apesar de toda a personalidade difícil, era bom ter uma amiga por perto em família. Suas primas eram muito legais, mas também muito elitistas. Imaginou se Rose ligou para o pai dizendo que está na cidade. Ou melhor, está morando na cidade. Provavelmente não. Ouviu seu pai falar de como sua mãe era agressiva com os rapazes do time que ela treinava. Seu pai tinha muito orgulho dela. Lily também tinha. 

 De todos os familiares que ela sentia falta, Ronald Weasley era o topo da lista. Seu tio era mais que um bom homem, era verdadeiramente um segundo pai. Mas ele não ligava há anos e fingia que não tinha mais família. Ele se perdera no imenso coração que tinha. O cachorro dele também tinha morrido, mas ele não ligou para Lily para contar. Ela mesma teve que vê-lo enterrando o cão. 

 Entre uma garfada e outra, sentiu tontura. Pediu discretamente para a prima tira-la da mesa.

— Com toda licença, temos que nos retirar. - Rose pediu. - Estou com um pouco de dor de cabeça, Lily, me acompanha.

 A menina assentiu. Quando chegaram na metade do corredor, Lily correu para o banheiro e vomitou. Ao terminar de lavar a boca, lembrou que dia do mês era e implorou a Deus por perdão.


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