Bishounen Senshi Sailor Moon escrita por Bella P


Capítulo 9
Capítulo 9




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745298/chapter/9

 

Usagi acordou Naquela manhã com a notícia de que uma nova guerreira, lutando contra estranhos monstros sugadores de energia, havia surgido em Tóquio, somente para completar a sua frustração.

O baile da noite passada havia sido um enorme alarme falso. A tal misteriosa princesa da Suécia não passava disto; uma princesa, e o cristal sagrado da família dela era apenas uma pedra que deveria valer alguns milhões de dólares, mas não era o sagrado, sobrenatural e poderoso Cristal de Prata. A frustração que Usagi sentiu foi tamanha que ele até agradeceu o aparecimento do incoveniente do Zoisite para estragar a festa. Estava mesmo com vontade de bater em algo, ou em alguém.

E, claro, não vamos mencionar a curiosa interação que teve com ninguém mais, ninguém menos do que Mamoru Chiba.

A dança deles havia sido cheia de promessas e segredos, com Mamoru acusando Usagi de fingido.

Usagi não era fingido, ou idiota. Ele sabia muito bem o que estava acontecendo entre o Idiota e ele, a questão era que tinha problemas demais no momento para dar atenção a hormônios adolescentes borbulhando, ou crise de identidade devido a sua orientação sexual. Quando antes as suas maiores preocupações eram as provas da escola e se conseguiria fazer a sua mesada durar até o final do mês diante de tantas visitas ao Arcade e compras de mangás, agora tinha que queimar a mufa para descobrir onde estava a princesa do perdido Milênio de Prata, o cristal mágico deste mesmo reino, impedir que uma rainha maluca mergulhasse a Terra em escuridão e escravizasse a humanidade, mais um ladrão mascarado que queria roubar o cristal e usava um smoking para fazer isto. E Mamoru queria que Usagi desse mais atenção a tensão sexual que havia entre eles.

Onde, na agenda já lotada de Usagi, ele iria encontrar brecha para Mamoru e seus problemas? Nunca, provavelmente. E agora surgia mais um problema: uma nova sailor senshi não identificada.

Ao menos ela parecia uma sailor senshi. A fotografia borrada na capa do site de fofocas não esclarecia muita coisa, mas a silhueta mostrava que aquele uniforme era de uma sailor e não parecia ser imitação, visto que testemunhas disseram que a misteriosa mulher desaparecera com os monstros em um estalar de um chicote de luz.

— Perdeu! – o grito soou perto de sua orelha e o celular, onde lia na tela a notícia, sumiu de sua mão e do seu campo de visão. Quando ergueu os olhos, viu Shingo correndo para o outro lado da mesa, colocando o móvel entre eles e sacudindo o celular de Usagi acima da cabeça enquanto dava caretas para o irmão. Na cozinha, além do balcão americano que a separava da sala de jantar, Ikuko rolou os olhos diante das atitudes do caçula e preparou-se para o grito característico que Usagi daria, agudo e ofendido, chamando pela mãe e pedindo pela intervenção dela no assunto. Shingo conseguia pisar nos calos de Usagi como ninguém e o adolescente fazia questão de rebaixar-se ao nível de infantilidade do irmão de dez anos.

Mas, ao invés do grito, o que veio foi um estalo que calou as provocações de Shingo.

— Está vendo estes hashis? – Usagi disse, soltando os hashis quebrados, e a origem do som, sobre a mesa. – O próximo será você se não me devolver este celular em três, dois... – Shingo prontamente estendeu o celular na direção do irmão, cuja expressão tempestuosa desfez-se e foi substituída por um sorriso doce, que ainda sim causou calafrios em Ikuko diante da falsidade daquele gesto.

— Usagi! – Ikuko gritou quando viu o filho recolher, com ar triunfante, o celular da mão trêmula do irmão caçula. Certo que meninos eram mais territoriais que meninas e Ikuko sempre esteve preparada para um conflito de egos desde que Shingo nasceu, mas Usagi sempre foi um garoto doce e normalmente, em suas disputas com o irmão, ele recorria a Ikuko para conseguir colocar um controle que fosse em Shingo. Era a primeira vez que ela via o filho mais velho fechar a expressão daquela maneira, ganhando um ar sério e ameaçador e, literalmente, ameaçar o irmão de danos físicos se este não fizesse o que Usagi queria.

Usagi mirou o rosto ultrajado da mãe e soltou um suspiro exasperado. Abriu a boca para proferir o pedido de desculpas que a expressão azeda de Ikuko exigia que ele desse a Shingo, mas o franzir de sobrancelhas e o fechar da boca mostraram que ele mudou de ideia rapidamente.

— Não. Eu não vou pedir desculpas. – Usagi disse seco e em um tom de finalidade. – Se a única maneira de fazer Shingo me ouvir e respeitar é incutindo um pouco de medo nele, assim será. – completou e enfiou o celular, a causa da discórdia, no bolso da calça assim que levantou-se da mesa.

Ikuko ainda tentou protestar esta decisão do filho, chamá-lo de volta e exigir as desculpas, mas algo no tom de Usagi dizia que de agora em diante ele não iria se sujeitar as infantilidades de Shingo e muito menos as toleraria como fazia antes.

Usagi estava escorregando de seus dedos e ganhando o mundo e Ikuko não fazia ideia de quando isto aconteceu, quando ela começou a perder o seu filho para a vida.

 

oOo

 

— Não há nada no fogo sagrado. – Rei comentou ao unir-se ao círculo que reunia-se em uma das salas de visita do templo. – Nada sobre a nova senshi.

— Luna. – Usagi virou-se para a gata. – Tem certeza de que não há uma quinta senshi? – Luna rosnou entre dentes afiados e sacudiu a cabeça em negativa.

— A guarda pessoal da princesa era composta de quatro sailor senshis. E já temos as quatro aqui. – Luna insistiu.

— A sua memória não está 100%, você mesma disse. – Usagi rebateu. – Nem ao menos lembrar o rosto dessa princesa, o que nos seria muito útil, você lembra. – Luna rosnou e de birra cravou as unhas nas costas da mão de Usagi que gritou e recolheu a mão ferida em um gesto brusco.

— Mais da metade das sailors não deveria ser homens, mas aqui estamos, não é mesmo? – Luna resmungou.

— Este fato é algo que também deveria ser levado em consideração. – Ami murmurou com os seus olhos ainda fixos na tela do computador, onde ela tentava ao máximo editar a foto da misteriosa sailor para obter mais nitidez e, de preferência, uma identidade para a nova senshi. Os sailors eram os únicos que conseguiam ver além do feitiço de camuflagem da transformação. – Se algumas das sailors reencarnaram homens, por que o mesmo não pode ter acontecido com a princesa? Não deveríamos estar procurando por um príncipe, também?

— Blasfêmia! – Luna gritou, ultrajada, diante da sugestão de Ami que ergueu a cabeça de detrás da tela do laptop para mirar a gata com surpresa. A conselheira sempre foi tão centrada, mas a mera sugestão de que a princesa poderia ser um príncipe e ela dava um ataque. – Os herdeiros do trono do Milênio de Prata sempre são mulheres! – Luna completou e uma gargalhada, provinda de uma lembrança de seu passado, ecoou em sua mente.

Certas regras não foram escritas em pedra, Luna. E algumas merecem ser quebradas!

A voz que ecoou em sua lembrança, risonha, assemelhava-se muito a da rainha Serenity e ela trazia uma recordação borrada a mente de Luna. Uma recordação da rainha, rindo com um pequeno embrulho de mantas nos braços. Rindo da expressão horrorizada e chocada da conselheira.

— Luna? Luna! – Usagi chamou, tirando a gata dessa breve viagem ao passado.

— Não! – Luna enfatizou. – Os herdeiros do trono lunar são mulheres, sempre! Nós temos que encontrar uma princesa, não um príncipe! – nenhum dos senshis argumentou, não quando Luna parecia tão certa disto.

— E por falar em príncipes. – Makoto, deitado no chão entre Rei e Usagi, comentou, fixando os seus olhos verdes no garoto de cabelos dourados. – O que está rolando entre você e Chiba?

— É. – Rei apoiou o cotovelo sobre a coxa, o queixo no punho fechado, e também mirou Usagi com as pálpebras tremulando de forma coquete. – O que está rolando entre você e Chiba?

— Nada! – Usagi negou e ouviu Ami soltar uma risada que disfarçou com um pigarro. – Et tu Ami?

— Usagi, você precisa admitir que o evento da noite passada deixou muitas perguntas no ar. Chiba e você eram a atenção da festa. – Ami comentou.

Mamoru Chiba e Usagi não foram apenas a atenção da festa como o foco de todos os comentários. Ambos, no centro da pista, formavam um casal belíssimo, em um contraste de luz e escuridão, envolvidos em uma aura de mistério e sensualidade. Por um momento, quando Chiba puxou Usagi para mais perto dele, Ami achou que o homem iria beijar seu amigo, a respiração dela até ficou presa na garganta em expectativa e ela suspirou desapontada quando o beijo não aconteceu e Usagi afastou-se logo em seguida de Mamoru para ir falar com a princesa Kathryn.

— Aliás, como foi que vocês se conheceram? O que foi que aconteceu para existir tamanha animosidade entre vocês dois? – Makoto perguntou, sentando e mirando Usagi com uma expressão intrigada quando viu o amigo ficar vermelho de vergonha.

— Eu o acertei na testa com uma prova amassada minha. Foi um acidente, do qual eu me desculpei e tudo ficaria por isto mesmo se o Idiota não tivesse aberto a prova, visto a minha nota vermelha e começado a zombar de mim. – Usagi disse, avesso. Só de lembrar desse dia, o seu sangue fervia. O dia infeliz que o seu caminho cruzou o de Mamoru Chiba e nunca mais descruzou.

— E há quanto tempo faz isto? – Rei perguntou e Usagi deu de ombros.

— Um ano? – ele respondeu e Rei, Makoto e Ami começaram a rir.

— Não estou achando graça. – Usagi disse em um muxoxo, o que fez os amigos rirem mais ainda.

— Eu não sei o que é mais ridículo, – Rei disse entre risadas. – você guardar rancor por tanto tempo ou Chiba divertir-se trollando um garoto cinco anos mais novo do que ele. – Usagi jogou uma almofada na cabeça do rapaz, mas isto não diminuiu as risadas do jovem Hino.

— Eu detesto todos vocês. – Usagi resmungou, cruzando os braços sobre o peito e fazendo um enorme bico.

As risadas demoraram um pouco para morrer, mas enfim elas cessaram e um silêncio confortável caiu sobre o grupo.

— Gente. – Ami chamou depois de alguns minutos. – Olhem isto aqui. – e girou o laptop sobre a mesa de centro, mostrando a tela do mesmo para os três meninos.

A imagem do site de fofocas agora era mais nítida e surreal. Porque na tela, vestida de sailor senshi e lutando contra um youma, estava ninguém mais, ninguém menos que Minako Aino, a nova princesinha da música pop japonesa.

 

oOo

 

Motoki conhecia Mamoru desde o primário. Conhecia todas as facetas do amigo, todas as caras e bocas dele o suficiente para saber exatamente o que ele pensava em um simples arquear de sobrancelhas ou torcer de lábios.

— Como está a sua mãe? – Motoki perguntou, para quebrar o silêncio entre eles. Desde que entrou no Arcade e pediu a sua usual xícara de café, Mamoru não dissera palavra. Motoki tomara conhecimento do ataque ao baile da princesa Kathryn pelos jornais e sabia que o amigo e a família estariam na festa. Quando ligou para Mamoru, este informara o que acontecera com Mitsuo, mas que ela estava bem, se recuperando, e que passaria a noite no hospital em observação.

— Bem. – Mamoru respondeu, distraído, olhando pela terceira vez a entrada do Arcade quando as portas automáticas se abriram e mais um grupo de adolescentes entrou no estabelecimento. Motoki sabia muito bem quem o amigo procurava e normalmente, há esta hora, um certo rapaz de cabelo loiro e expressivos olhos azuis estaria chegando na loja. Mas hoje parecia ser o dia para a exceção as regras.

— O que aconteceu neste baile que você não está me contando? – Motoki exigiu, desistindo de fingir limpar o balcão e colocando-se na frente de Mamoru, o mirando diretamente nos olhos. Para a sua completa surpresa, o amigo corou e desviou o olhar. – Mamoru! – Motoki disse o nome do outro rapaz em um tom que demandava respostas. Mamoru suspirou.

— Tsukino estava no baile.

— Usagi? O nosso Usagi? – Motoki não pôde deixar de observar como os olhos de Mamoru brilharam diante do pronome possessivo que ele usou para se referir a Usagi.

— Sim.

— Como...? – como um garoto como Usagi consegiu entrar em um baile da elite da sociedade japonesa, organizado pela realeza de um país estrangeiro? Até onde sabia, os Tsukino eram uma família de classe média normal.

— Rei Hino. – Mamoru disse como se isto explicasse tudo e Motoki levou alguns segundos para compreender.

— Filho do primeiro-ministro Tsubasa Hino?

— O próprio.

Certo, Usagi tinha amigos influentes, mas ainda sim não fazia sentido. Em que uma festa de cunho político atrairia um adolescente? Motoki poderia dizer que era a comida, mas geralmente nessas festas a comida não era tão boa assim.

— Certo. Usagi estava na festa, e? – Mamoru corou pela segunda vez, para o espanto de Motoki que daria qualquer coisa para voltar no tempo e ser uma mosquinha para presenciar os acontecimentos desse baile. Acontecimentos que faziam o seu amigo corar de vergonha só de lembrar.

— Nós dançamos.

— Dançaram? – Motoki piscou olhos largos. – Na frente de todos?

— Sim. – Mamoru sussurrou.

— Me diga que você ao menos o beijou, senão eu jogo esse café quente em cima de você! – a vergonha sumiu do rosto de Mamoru e foi substituída por frustração.

— Não. Ele simplesmente negou o que estava acontecendo entre nós e depois foi flertar com a princesa. Você sabia que Usagi fala inglês fluente?

— Sim. Mas não muda de assunto...

— Não, não! Como assim você sabe? – Motoki rolou os olhos diante do tom de incredulidade do amigo.

— Usagi é inteligente, Mamoru. Ele tem facilidade para aprender línguas, é ótimo em História, Literatura, Geografia e Gramática. O fraco dele são os números. Ele tem preguiça de estudar e por isso sempre tira notas vermelhas em matérias que envolvem cálculo. E tem mania de deixar pra tirar o atraso na última hora.

Mamoru piscou repetidamente. Conhecia Usagi há um ano e as coisas que sabia sobre o garoto eram mínimas.

— Agora, voltando ao assunto, ele te largou para ir flertar com a princesa?

— Sim. – Mamoru respondeu, irritado. – Eu nem sabia que ele sabia o que era flertar.

— Você sabe muita pouca coisa sobre Usagi para alguém que está a fim dele.

— Estou ciente. – Motoki surpreendeu-se ao ver que o amigo não negou a implicação dele, de que o outro homem estava atraído por Usagi. Isto era um progresso? Motoki iria considerar um progresso. Mamoru finalmente estava saindo da terra da negação.

— Ok, deixe-me tirá-lo de seu estado miserável. Vamos lembrar que Usagi tem quinze anos, quase dezesseis.

— Dezesseis?

— Daqui a três meses. Trinta de Junho. Guarde esta data e compre um presente decente. – Mamoru assentiu com a cabeça e inclinou-se na direção de Motoki, ávido pelo que mais iria ouvir sobre Usagi. – Usagi parece inocente, mas não é. Ele sabe exatamente o efeito que tem nas pessoas, mas é um garoto educado demais para usar isto em sua vantagem. Aparentemente, o baile foi exceção. Ele sabe das paixonites que desperta, dos corações que parte, ele sabe exatamente o que esta rolando entre vocês.

— Sabe e nega.

— Ele deve ter as suas razões.

— Eu poderia até acreditar que fosse crise de identidade, não saber lidar com um homem mais velho flertando com ele, mas noite passada ele não pareceu inseguro, ou em dúvida de suas orientações, ele parecia mais... – Mamoru pausou.

— Parecia mais o quê?

— Irritado. Como se eu tivesse interrompido alguma coisa. – Mamoru mirou o amigo. – O que Usagi estava fazendo naquele baile? – Motoki deu de ombros, não sabendo dizer se a pergunta era retórica ou direcionada à ele. – Usagi é uma pessoa de ir a bailes? – Motoki riu.

— Usagi detesta festas, principalmente festas de cunho formais. Ele não foi na festa de formatura do ginásio. Eu lembro que foi um escândalo. Todo mundo comentou aqui no Arcade. Usagi é popular no Colégio Juuban, conhecido por todos que estudam e trabalham lá. Ele não ter ido a festa gerou bastante comentários.

— Pois ontem ele parecia bem a vontade naquele baile. – Mamoru resmungou.

— E como ele estava vestido? – Motoki só vira Usagi em uniforme escolar e roupas informais e não conseguia imaginar o menino em trajes de gala.

O rosto de Mamoru ganhou um ar abobalhado e ele retirou o celular do bolso da calça, o destravando e mostrando para Motoki o papel de parede que havia no aparelho. Era uma foto de Usagi em um smoking branco e belíssimo em sua roupa formal. Mamoru tirou uma foto de Usagi, no baile, e a colocou como plano de fundo de seu celular.

É, Motoki pensou, o amigo não estava mais atraído pelo jovem Tsukino, ele estava apaixonado.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bishounen Senshi Sailor Moon" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.