Bishounen Senshi Sailor Moon escrita por Bella P


Capítulo 7
Capítulo 7




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Ami colocou o jornal sobre a mesa, em frente aos meninos que olharam para a publicação com pura curiosidade em seus olhos.

— O que é isso? – Rei perguntou, recolhendo o jornal e o folheando de forma desinteressada.

— Luna e eu andamos pesquisando algumas hipóteses de onde a princesa e o cristal possam estar. Esta foi uma das conclusões que chegamos.

— Princesa Kathryn da Suécia visita o Japão pela primeira vez e será recebida pelo imperador em um baile de boas vindas para comemorar o novo acordo comercial selado pelos dois países. – Makoto leu por cima do ombro de Rei. – Legal Ami, mas e daí?

— Continue com a notícia. – Ami disse.

— A expectativa é que ela use no baile a joia mais importante da coroa sueca, o Cristal Milenar. – Rei terminou de ler a notícia e resmungou algo sob a respiração quando Usagi arrancou o jornal das mãos dele.

— Ela é bonita. – Usagi comentou enquanto olhava a foto da jovem loira e de claríssimos olhos azuis.

— Mas o que faz você pensar que ela pode ser a princesa da Lua? Ou que joia é o Cristal de Prata? – Makoto comentou enquanto jogava na boca algumas batatas chips. O Arcade só vendia comida não saudável, mas era um não saudável muito bom.

— É a primeira vez que a princesa Kathryn sai de seu país. Por alguma razão o rei e a rainha sempre a superprotegeram e é muita coincidência que a primeira visita diplomática dela seja justamente no Japão, justo quando o Reino Negro começa a despertar. O Cristal Milenar é uma joia tão rara que só foi vista duas vezes nos últimos oitenta anos e a sua história, a sua origem, é completamente desconhecida. – Ami explicou.

— Luna falou que somente a família real do Milênio de Prata era capaz de controlar o poder do cristal. Se esta joia é o Cristal de Prata então, logicamente, a princesa Kathryn é a princesa que procuramos. – todos olharam surpresos para Usagi que piscou repetidamente, sem entender porque os outros estavam fazendo aquelas caras. – O que foi?

— Você disse alguma coisa sensata. – Rei debochou. – Estou chocado. – e Usagi fez uma expressão de desagrado. Ele não era completamente estúpido, só achava inútil dar a sua opinião, por mais sensata e inteligente que esta fosse, quando não era perguntado.

— E a pergunta que não quer calar. – Makoto mastigou mais algumas batatinhas antes de continuar. – Como vamos nos aproximar o suficiente da princesa para checarmos se ela é quem procuramos, se a joia é o Cristal de Prata?

— A festa seria uma boa oportunidade. Muita gente em um único lugar, seria mais fácil se misturar, mas não sei exatamente como vamos entrar lá. – Ami falou e Rei suspirou

— Deixa comigo. – disse e agora foi a vez dele ficar sob os olhares surpresos dos amigos até que Usagi ergueu uma mão timidamente.

— Problema, eu não tenho roupa para ir a um tipo de festa como esta. – Makoto deu um sorriso tão largo para Usagi que ele sentiu algo desagradável revirar na boca de seu estômago, e não estava de todo errado. Usagi deveria ter desconfiado do brilho perverso que viu nos olhos verdes de Makoto quando o outro garoto ofereceu-se para encontrar para o grupo vestimentas para o baile o qual eles iriam infiltrar. Bem, não infiltrar propriamente dito, porque eles haviam sido convidados pelo pai político e extremamente influente de Rei, mas isto não tirava de dentro de Usagi a sensação de que estavam fazendo algo de errado.

— Eu não sei... – Usagi resmungou enquanto tentava afrouxar a gola do smoking que usava. O máximo que chegou de vestimentas formais na vida foram os uniformes do colégio. Sem contar que ele ficava ridículo naquela peça que o fazia lembrar de um certo herói mascarado que, ao contrário de Usagi, conseguia empunhar um smoking muito bem, obrigado.

— Tem razão, preto não combina com você. – Makoto rodeou Usagi com um ar pensativo no rosto. A loja em que estavam tinha como vendedora uma das ex-namoradas do rapaz, que lhes ofereceria um bom desconto. Aliás, o que Usagi vinha aprendendo ultimamente sobre Makoto era que esse era cheio de ex-namoradas enquanto Usagi mal conseguia um único relacionamento estável para ele.

— Ele fica pálido como uma vela dentro desse smoking. – Rei comentou enquanto experimentava uma peça que lhe caía como uma luva. Makoto também ficara bem apresentável no smoking que ele escolheu, somente Usagi que parecia o peixe fora d'água esquisito.

— Talvez a cor que esteja errada. – Makoto resmungou e desapareceu por entre araras, acompanhado da vendedora ex-namorada, e voltou minutos depois com outro smoking, completamente branco, com detalhes em fios dourados nas mangas e na gola.

— Makoto, eu não tenho como pagar isto. – Usagi murmurou para o garoto quando este empurrou a roupa em seus braços e o cutucou na direção do trocador. – A minha mesada é miserável demais para este tipo de gasto. – e tinha ficado ainda mais miserável depois da última nota vermelha que tirou em uma prova. Ikuko sabia castigar justamente onde doía.

— Não se preocupe com isto também. – Rei falou, já tendo trocado de roupa e retornado ao seu uniforme escolar de colégio particular caro. – É por minha conta. – Usagi mirou o outro garoto de forma suspeita. – Eu tenho um pai ausente carregado de culpa por não ser um pai melhor para mim e que alivia esta culpa com mesada gorda e favores caros. – Usagi não sabia se ficava com pena de Rei diante da sua situação familiar precária ou impressionado com a falta de importância que o senshi de Marte dava ao assunto.

No fim, preferiu abster-se de tecer qualquer comentário sobre aquela situação e entrou no provador para trocar o smoking preto tradicional pelo branco com detalhes em dourado.

— Agora sim! – Makoto fez um gesto de “curti” com o dedão quando viu Usagi sair de dentro do trocador. Rei franziu as sobrancelhas negras, em uma expressão estranha. Era como se ver Usagi vestido daquela maneira, com a luz às costas dele lhe dando uma aura etérea, não fosse a primeira vez.

Com roupas escolhidas e pagas, cada um seguiu o seu caminho, com a promessa de que um carro enviado pelo sr. Hino iria buscá-los em suas casas naquela noite, em horários determinados.

— Usagi! – Usagi retesou os ombros e fez uma careta quando ouviu a mãe ofegar o seu nome às suas costas. Seu pai estava de plantão no jornal naquela noite e Shingo estava no quarto jogando vídeogame e há esta hora, Ikuko estaria ocupada demais com o desenrolar da trama de sua novela para notar o rapaz bem vestido saindo de casa. Usagi virou vagarosamente para mirar a mãe e viu que Ikuko cobria a boca com ambas as mãos e os olhos largos estavam brilhando com lágrimas não derramadas.

— Mãe? – Usagi chamou em um tom preocupado ao ver a estranha reação da mulher.

Ikuko estava ciente de que o filho sairia naquela noite, a convite de Rei, um rapaz ao qual ela foi apresentada poucos dias atrás e por quem ficou encantada. Usagi estava rodeando-se de pessoas que seriam boas influências para ele, embora ela ainda estivesse com o pé atrás com Makoto, aquele menino não tinha uma fama muito boa, mas ela não havia sido informada de que o evento seria tão formal assim. Porque se tivesse sido, teria preparado melhor o coração para o que via.

Parado perto do batente da porta não estava um adolescente, havia um homem. Um homem que Ikuko não reconhecia. Não era apenas a roupa que tornava Usagi diferente, roupas em sim eram apenas um pedaço de tecido costurado, mas era a forma como Usagi trajava aquele smoking que o tornava diferente. Usagi nunca foi de trajes formais, por alguma razão ele possuía uma aversão natural a este tipo de vestimenta, mas mesmo usando o smoking pela primeira vez, o filho o ostentava como se este tipo de roupa fizesse parte de seu cotidiano.

Ele estava lindo, de uma forma surreal e dolorida. Porque o vendo vestido daquela maneira fazia Ikuko perceber que o garotinho das bochechas rosadas e grandes e doces olhos azuis estava sendo apagado com o tempo e em seu lugar estava entrando um homem.

— Onde você arrumou dinheiro para alugar este smoking? – não era o que Ikuko tinha a intenção de dizer, mas era melhor do que reconhecer o fato de que o tempo estava passando rápido demais e que logo Usagi sairia de sob a barra de sua saia.

— Rei me emprestou o dinheiro. – Usagi disse em uma resposta mentirosa. Na verdade Rei havia ficado muito ofendido quando Makoto e Usagi implicaram que pagariam de volta a generosidade do outro garoto.

Ikuko queria dizer mais alguma, qualquer coisa, principalmente dizer para Usagi não sair naquela noite, pois o coração dela não conseguia suportar a ideia de que o seu garotinho estava crescendo. Obviamente que ela sempre soube que este fato seria inevitável, mas Usagi sempre foi tão imaturo que ela nunca conseguiu vê-lo como menos do que aquela criança de calças curtas e joelhos ralados. Agora o que via era um rapaz que parecia bem confortável não somente na roupa que usava como também na pele que vestia, como se o último resquício da transição infância-adolescência tivesse finalmente esvaído dele.

Uma buzina soou da rua e Usagi deu um relance por sobre o ombro para a porta principal da casa antes de voltar a mirar a mãe.

— Minha carona. – disse e até mesmo a voz dele parecia diferente aos ouvidos de Ikuko, soando em um timbre mais suave e levemente grave. Usagi hesitou antes de dar um passo a frente e depositar um beijo na bochecha da mãe e Ikuko segurou um soluço. Ele era mais alto do que ela, alto o suficiente para olhá-la por cima, quando até ontem ela o segurava no colo.

Usagi recuou, ainda sem jeito. A mãe o olhava de forma muito estranha e as lágrimas que antes brilhavam em seus olhos agora rolavam pelas suas bochechas. Sem saber mais o que ele falar, ele despediu-se uma última vez e saiu de casa, para dar de cara com uma limousine o esperando, parada perto do meio fio.

— Você não poderia ser mais discreto? – Usagi perguntou quando a porta do carro se abriu e revelou os rostos sorridentes de Makoto e Rei.

— Nunca! – Rei respondeu com deboche e Usagi ofegou, surpreso, ao entrar no espaçoso carro e ver Ami sentada no banco oposto, que corou ao ver o olhar apreciador do rapaz sobre ela.

— Ami-chan, você está linda! – Ami ficou ainda mais vermelha diante do elogio de Usagi. Não que Ami não fosse uma menina bonita, mas era uma menina de gostos simples e de poucos arroubos de vaidade. Usagi a conhecia há poucos meses, mas tempo o suficiente para sentir que sabia tudo o que precisava saber da menina. Ami era doce, inteligente, leal, de temperamento tranquilo e não gostava de chamar a atenção. Mas esta noite, com certeza, ela chamaria a atenção de todos.

Ami usava um vestido azul marinho longo, de um tecido brilhoso e cuja maleabilidade, sobre o corpo dela, lembrava suaves ondas. O cabelo escuro estava metade preso na lateral direita com um adorno prata em forma de pequenos botões de rosas, os olhos azuis, destacados por longos cílios e lápis, pareciam misteriosos e detentores de muitos segredos, o batom escuro destacava os lábios de modo a fazê-los parecer mais carnudos e os braços desnudos brilhavam contra a luz vinda da rua devido aos minúsculos fragmentos de purpurina.

— Esta noite teremos trabalho em afastar os tarados de Ami-chan. – Makoto gracejou, trocando de banco, sentando-se ao lado de Ami e passando um braço sobre os ombros dela. Ami ficou ainda mais vermelha. Flertar com Ami era o esporte favorito de Makoto e Usagi ainda não sabia dizer se dessa “brincadeira” surgiria algo mais ou não. Não se preocupava em preservar o coração de Ami das investidas de Makoto, porque a menina apenas aparentava fragilidade, mas estava longe de ser frágil e Makoto sabia disto. Talvez por isso que ele flertava com a jovem, porque essa não era nem de longe como as outras garotas com que se relacionou.

— Quase ia esquecendo. – Rei entrou na conversa e Usagi notou que ele tinha uma caixa preta sobre o colo, a qual abriu e revelou várias máscaras de baile no estilo das famosas máscaras de Veneza.

— Não sabia que era um baile de máscaras. – Usagi comentou ao receber a sua máscara que, assim como smoking, era branca com detalhes dourados e cobria metade de seu rosto.

— Decisão de última hora. A princesa Kathryn quer manter o anonimato e o mistério neste evento e trocou o tema do baile para um baile de máscaras. – Rei explicou enquanto colocava a sua própria máscara, de um roxo bem escuro e com detalhes em prata, no rosto.

Usagi fez o mesmo no minuto em que a limousine atravessou grandes portões de cobre e seguiu o caminho de pedra até a entrada da enorme mansão onde estava sendo dada a festa. As portas do carro se abriram assim que este estacionou e Usagi levou um segundo para sair do veículo. Um estranho déjà-vu havia o acometido, uma sensação de que não era a primeira vez que vivia uma situação dessas.

Aliás, desde que se tornara Sailor Moon, a sua vida estava sendo regada de déjà-vu.

Estranho, muito estranho.


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