Bishounen Senshi Sailor Moon escrita por Bella P


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745298/chapter/2

 

Como de praxe, por volta das sete da noite, Ikuko havia se acalmado o suficiente para ligar para o celular de Usagi e ordenar que ele voltasse para casa. O jantar na casa dos Tsukino foi tenso, pois Ikuko passou a refeição inteira de cara amarrada, lançando olhares irados para Usagi que se abaixasse mais ainda a cabeça para esconder a sua vergonha, acabaria enfiando o rosto no prato de comida. Kenji suspirava vez ou outra, já sabendo que tentar opinar sobre o assunto apenas traria a ira da esposa para cima dele. Shingo engolia risadas de deboche e lançava olhares para Usagi, mostrando claramente que estava se divertindo à beça com a desgraça do irmão.

Após o jantar, Usagi praticamente foi fazer barricada em seu quarto e para evitar qualquer novo confronto com a mãe, deitou para dormir mais cedo que o habitual, apenas para acordar duas horas depois com um peso sobre o seu peito e enormes olhos âmbar brilhando no escuro e absurdamente perto de seu rosto.

— Usagi. – o gato, porque depois de piscar várias vezes para ajustar a sua visão na escuridão, Usagi viu que o peso era um gato, falou.

Usagi piscou mais vezes abobalhadamente e só então o que estava acontecendo foi registrado pela sua mente.

— Ahhh! – o garoto sentou com um pulo em sua cama, deslocando o gato de lugar, e com o travesseiro acertou o bichano que voou pelo quarto e aterrissou nas quatro patas perto da porta de entrada.

— Usagi! – o gato sibilou enquanto Usagi colocava-se de joelhos sobre a cama, com o travesseiro erguido para um novo ataque.

— Eu estou sonhando. Completamente sonhando. – Usagi murmurou e o gato sibilou mais uma vez antes de pular na cama e arranhar o braço dele. Rapidamente Usagi soltou o travesseiro e levou a mão ao ferimento. – Ai! Por que fez isto?

— Para mostrar que você não está sonhando.

— É claro que eu estou sonhando. Porque somente em sonhos que gatos falam. – o gato rolou os olhos e o mirou com exasperação. Era um bicho bem expressivo para quem não tinha sobrancelhas.

— Eu sou Luna. – se apresentou, ignorando completamente o fato de aquela cena era bizarra demais. – Conselheira da rainha Serenity.

— Mãe de quem? – Luna mais uma vez rolou os olhos e então começou uma longa explicação sobre o reino lunar, o Milênio de Prata, sobre a sua família real, a rainha Serenity, a guerra com a Terra e a razão dela estar ali.

— A rainha Serenity, em seu último sopro de vida, usou o poder do Cristal de Prata para salvar a princesa e suas senshis e as enviou para a Terra, junto comigo. Infelizmente estive dormindo por muitos e muitos anos, perdi completamente o rastro da princesa e do cristal e a minha memória ainda não retornou por completo. Mas quando o encontrei hoje, eu soube de imediato que você era uma das senshis.

— Uma? – havia uma coisa claramente errada na forma como Luna entoava os pronomes, todos no feminino.

Luna pigarreou e fez uma cara culpada.

— Todas as guerreiras da lua eram mulheres. Ver uma delas reencarnada como homem foi realmente uma surpresa, é uma quebra na tradição, mas não faz diferença. – o sinal de meia lua na testa de Luna, coisa que somente agora Usagi percebeu existir, brilhou de maneira estranha. Um feixe de luz saiu da testa dela e aterrissou na coberta sobre o colo de Usagi e então algo começou a tomar forma no centro do círculo de luz. Um minuto depois um cordão de ouro com um medalhão circular com detalhes em dourado, ametista e ouro branco, apareceu sobre a colcha.

Usagi piscou várias vezes e então deixou o corpo cair para trás no colchão e cobriu a cabeça com o edredom.

— O que você está fazendo? – Luna disse com uma voz absurdamente aguda e Usagi descobriu a cabeça o suficiente para responder:

— Voltando a dormir para ver se este sonho sem nexo acaba.

Luna chiou e os pelos de suas costas eriçaram antes dela voar no rosto de Usagi e começar a arranhá–lo. Com um safanão, Usagi arremessou a gata longe.

— Está maluca? – berrou e depois olhou com apreensão para a porta fechada do quarto, esperando que a sua mãe aparecesse sob o batente como um anjo vingador. Dois minutos de silêncio tenso e quando nada aconteceu, Usagi soltou a respiração que nem percebeu estar segurando.

— Isto não é um sonho, Usagi!

— Eu percebi. – Usagi resmungou, indo até o armário e tentando ver no espelho que este tinha na porta o tamanho do estrago que Luna havia feito em seu rosto.

Os arranhões pareciam superficiais e ardiam levemente, mas não haviam deixado marcas muito profundas. O olhar de Usagi foi para queixo e o ferimento de mais cedo que a enfermeira falou que poderia ter que costurar, mas que agora parecia nada mais que a lembrança de um antigo machucado, pois o roxo estava quase sumindo e o corte já estava quase curado.

— Surpreendente, não?

Usagi virou para Luna sentada sobre a sua cama.

— O que é surpreendente?

— Seu machucado estar quase curado. Eu estou te seguindo a manhã inteira e vi a sua queda. Um machucado daquele teria que levar pontos, mas agora está quase curado. É o poder das sailors despertando.

Usagi suspirou e voltou para a cama.

— Vamos dizer, por um momento, que eu acredito em você. O que você quer exatamente de mim? – Luna bufou.

— Você não ouviu nada do que eu disse?

— Sim. Princesa da Lua, sailors senshis, Cristal de Prata, rainha Metalia, blá, blá, blá. E o que isto tem a ver comigo?

— Você é o líder das senshis! Sailor Moon!

— Sailor… Moon? – Usagi olhou intensamente para Luna e teve quase certeza de que a gata corou.

— Como eu disse antes, o fato de você ser um menino é uma surpresa, mas não muda quem você é.

— E a joia?

— É o que vai te ajudar a se tornar um defensor da justiça. – Usagi ergueu a joia na altura dos olhos e neste instante ela começou a pulsar com um estranho brilho avermelhado.

— O que é isto? – ele perguntou, colocando a joia suavemente sobre a cama como se esta fosse uma bomba prestes a explodir.

— Isto é um alerta de que um ataque está acontecendo. – Luna falou e ficou olhando para Usagi como se esperasse que ele fizesse alguma coisa.

— O quê?

— Você precisa se transformar e impedir este ataque.

— Por quê? – Usagi não tinha vocação para ser super-herói e ele era péssimo nesse negócio de ser altruísta.

Luna sibilou e ergueu uma pata, as garras expostas e brilhando sob a luz da lua eram ameaçadoras o suficiente para convencer Usagi de que ele era o cara para o trabalho.

— Certo. O que exatamente eu preciso fazer? – perguntou, colocando o cordão ao redor do pescoço. O brilho vermelho estava ficando ainda mais intenso e Usagi suspeitava que isto não era um bom sinal.

— Diga: pelo poder do prisma lunar, transformação.

Usagi olhou longamente para Luna que desviou o olhar, envergonhada.

— Eu já disse, eu não esperava que você fosse um garoto.

— Da próxima vez, ao menos leve isto em consideração. – o garoto bufou e pôs-se de pé. – Pelo poder do prisma lunar, transformação!

Usagi poderia jurar que quando as luzes douradas e vermelhas explodiram do centro do medalhão e o envolveram como em um casulo, uma trilha sonora tosca tocou durante todo o processo onde o seu pijama desapareceu e uma outra roupa surgiu sobre o seu corpo. A transformação levou apenas alguns segundos e quando terminou, Usagi estava com os olhos fechados. Luna achou que ele era uma garota, portanto tinha medo de ver no que exatamente havia se transformado.

— Usagi! – Luna o chamou em um tom exasperado e, derrotado, Usagi abriu os olhos.

A sua nova roupa não era feia. Na verdade, o faria ser bem visto se ele vivesse na França da época vitoriana.

Usagi vestia uma jaqueta branca cujo comprimento ia justamente até o cós da calça azul marinho que vestia. A jaqueta tinha lapelas largas e da mesma cor que a calça, com finas linhas brancas em sua borda. A peça de roupa também tinha ombreiras douradas, com franjas e metade de uma bola vermelha no centro. A camisa que estava por sob a jaqueta era de linho e gola reta. No pescoço havia uma gravata bufante presa a camisa pelo medalhão de transformação que havia se tornado em broche e a gravata em si era de uma cor vermelho berrante. O novo uniforme também tinha luvas brancas e as botas eram negras, de cano longo, e iam até um dedo abaixo do joelho de Usagi, por cima da calça.

Todo o visual era uma mistura de uniforme de marinheiro, com smoking, com sei lá mais o quê.

— Se este é o uniforme masculino, tremo só de pensar qual é o feminino. – Usagi resmungou e Luna o mirou atravessada. – Certo, salvar o Universo. Estou indo.

 

oOo

 

Durante o percurso da casa dos Tsukino ao local do ataque, Luna deu um curso relâmpago a Usagi sobre as vantagens de ser um sailor senshi. Uma delas era que a transformação vinha com uma magia bônus que camuflava a verdadeira identidade de Usagi, o que era bom, porque o ataque estava sendo justamente na joalheria da família de Naru e a própria Naru e a mãe estavam sendo vítimas de um monstro para lá de esquisito.

O youma, como Luna o chamou, tinha formas femininas, mas era uma mistura de Hello Kitty com aqueles postes em espiral de barbearias. O bicho tinha uma risada aguda de doer as orelhas e enquanto Naru servia de escudo para a mãe desacordada, o monstro quebrava vidros e revirava joias a procura de algo.

— Onde está? Onde está? – a Hello Kitty bradou e virou-se para Naru com fúria pura nos seus olhos negros e pequenos.

Hello Kitty marchou na direção de Naru com a determinação de quem estava prestes a estripar um inocente e Usagi viu nisto a sua deixa para agir.

— Ei! – gritou, fazendo o monstro parar em sua marcha e virar para ver Usagi na entrada da joalheria. Hello Kitty dos infernos inclinou a cabeça para o lado em um gesto claro de confusão. E por que não estaria confusa? Havia um adolescente vestido de cavaleiro da corte de Luís XV parado sob o batente da porta.

— Quem é você? – o youma perguntou naquela voz irritantemente estridente e esperou, realmente esperou por uma resposta.

Usagi ficou vermelho como um pimentão.

— Er... – ele balbuciou algo que o youma não ouviu, porque a criatura deu um passo a frente e repetiu a pergunta.

— Quem é você?

Resignado, Usagi suspirou e respondeu:

— Sailor Moon. – Hello Kitty piscou repetidamente, como se estivesse considerando como reagir a esta revelação. Naru foi mais rápida do que isto e abafou muito mal uma risada e depois fez uma falsa careta ressentida quando viu o olhar irritado de Usagi sobre ela.

Usagi, se um dia encontrasse a tal rainha Serenity, iria explanar para ela sobre “considerar todas as possibilidades”, principalmente aquelas onde as suas senshis poderiam reencarnar como homens e por isso era uma boa ideia ter um nome mais masculino para dar as suas guerreiras. Ele já era zoado por causa do seu nome, não precisava ser alvo de risada dos seus inimigos também.

— Tanto faz! – Hello Kitty sibilou e atacou.

Nossa! Para alguém que claramente tinha o QI de uma ostra, o poste de barbearia realmente sabia como ser violento.

Foi por puro instinto que Usagi desviou do soco que acertou o chão onde ele estava segundos antes, abrindo um pequeno buraco no pavimento e que o fez pensar: e se tivesse sido a minha cabeça? E então, ao perceber que não havia batido em Sailor Moon, Hello Kitty resolveu apelar e fez um canhão tão listrado quanto ela surgir em seus ombros, e este canhão começou a lançar balas. Usagi não estava brincando, a munição do canhão eram enormes bolas de balas coloridas que quando atingiam algo sólido explodiam e envolviam o seu alvo em uma enorme goma de mascar.

Usagi se jogou atrás de um display de joias, o mesmo para onde Naru havia arrastado a mãe inconsciente e agora usava como esconderijo.

— O que aconteceu com a ti... – Usagi engoliu a pergunta a tempo. Naru não sabia quem ele era, portanto não seria muito sábio referir-se a senhora Osaka com tanta familiaridade, a chamando de tia. – O que aconteceu com ela?

— Aquele monstro fez alguma coisa com ela, não sei exatamente o quê.

— Provavelmente sugou a energia dela. A rainha Metalia precisa de força vital para restabelecer os seus poderes e sair da prisão onde está. Umas horas de repouso e ela irá se recuperar. – Luna disse ao surgir ao lado deles e Naru mirou a gata com olhos largos.

— O seu gato... – a menina estava chocada demais para completar a pergunta.

— Eu sei. – Usagi rolou os olhos. – Nem eu mesmo me acostumei. – e viu de rabo de olho uma bola rosada vir na direção deles.

Usagi não fazia ideia de como ele conseguiu aquele feito, ó sabia que assim que viu a bola vir na direção deles, ele passou um braço pela cintura de Naru, com o outro puxou a sra. Osaka pelo pulso e a jogou sobre o seu ombro esquerdo, e em um pulo saiu da linha de tiro e foi se refugiar atrás de uma coluna.

— Você parece absurdamente surpreso. – Naru comentou quando Usagi colocou delicadamente a sra. Osaka no chão e retirou o braço da cintura dela.

Usagi estava surpreso. Em um bom dia ele jamais conseguiria levantar a amiga um centímetro que fosse do chão, hoje ele carregou duas pessoas nas costas e deu um salto olímpico, como se isto fosse algo normal.

— Eu sou meio novo no cargo, então não tenho muita ideia do que sou ou não capaz de fazer.

Naru arregalou os olhos antes de gritar:

— CUIDADO! – e empurrou Usagi para longe no instante em que uma bola de chiclete bateu na coluna. Mas, diferente das outras, ela não se tornou uma enorme goma de mascar grudenta, ela simplesmente explodiu.

Pedaços de cimento e gesso voaram para todos os lados e Usagi cobriu a cabeça, onde estava deitado, para impedir de ser atingido. Assim que a poeira abaixou, ele levantou o rosto e olhou por cima do ombro para Naru, apenas para vê-la caída sobre o piso frio, inconsciente, coberta por escombros e com arranhões nos braços e pernas e um corte na têmpora de onde sangue escorria para lateral de seu rosto até chegar ao chão.

Um calor de raiva subiu pelo corpo de Usagi. Aquela era a sua melhor amiga, a irmã que ele sempre quis ter no lugar do irritante do Shingo, e ela estava ferida e tudo por causa daquela Hello Kitty idiota.

Com uma determinação que lhe era estrangeira, Usagi levantou e virou-se para o monstro, o mirando com pura fúria.

— Ei! – chamou. – Por que você não pega alguém do seu tamanho? – a Hello Kitty, que tinha o seu canhão de balas apontado para Naru, voltou-se para Usagi e piscou os olhos repetidamente para ele, como se somente agora percebesse a presença dele ali. O monstro mais uma vez inclinou o cabeção para o lado em consideração e com um puf o seu canhão se transformou em uma espada. Uma espada que embora fosse ridícula pois sua lâmina também era listrada, mostrou ser bastante afiada quando cortou uma das estantes da joalheria ao meio quando Usagi, em mais um pulo, desviou do ataque.

Talvez tivesse sido uma boa ideia ter mantido a boca fechada.

 

oOo

 

Luna suspirou quando viu Usagi aterrissar a poucos metros de distância, tropeçar nos próprios pés e continuar a correr, desviando de mais um ataque do youma.

— Sailor Moon! – gritou. – Lute de volta! – o senshi passou por ela correndo e lhe lançou um olhar abismado.

— Será que é uma boa hora para dizer que eu também bombei em Educação Física? – Usagi ofegou, usando outra coluna como esconderijo, em vão. Se a coisa continuasse naquele ritmo, a joalheria não ficaria de pé nos próximos minutos.

— Sailor Moon! – Luna gritou mais uma vez, desta vez com um leve tom de alarde.

A sua audição aguçada captou um som ao longe, o som de sirenes, o que significava que a polícia já deveria estar a caminho. E por que não estaria? Youmas não foram feitos para serem a delicadeza em forma de criaturas sobrenaturais. Ao atacar, com certeza aquele monstro ativou o alarme. Luna apenas estava surpresa por ter levado tanto tempo para as autoridades aparecerem.

— Sailor Moon, termine logo com isto! – Luna ordenou. Se soubesse que Usagi era um desastre em TODOS os aspectos de sua vida, jamais teria o escolhido como senshi.

Usagi, no entanto, estava ocupado demais fugindo da lâmina afiada do youma para dar ouvidos as ordens de Luna. Mais uma vez ele usou um dos display de joias como esconderijo, e mais uma vez teve que sair correndo dali quando este foi cortado como manteiga pela espada da Hello Kitty.

Para Luna era fácil ficar empoleirada no parapeito de uma das janelas no mezanino, dando ordens, enquanto Usagi era o que estava prestes a ser dividido ao meio e era obrigado a lutar sem ter uma única arma ao seu alcance. E olha que ele tentou revidar, usou até uma cadeira como pseudo escudo, mas a sua ideia só durou dois segundos, assim como a sua fuga constante não perdurou por muito tempo, pois logo que Usagi saiu de detrás do display destruído, um pedaço de coluna partida colocou-se em seu caminho e o derrubou no chão.

Usagi grunhiu diante da dor que o impacto causou em seu corpo e congelou quando viu a sombra da Hello Kitty cobri-lo. Pela sombra ele viu o youma erguer o braço com a espada e não precisava ser um gênio para saber que ele não conseguiria fugir a tempo. Com o coração vindo a boca, Usagi fechou os olhos apertado, se perguntando por que ele simplesmente não ignorou Luna e voltou a dormir, e esperou pelo pior.

E então o zumbido de algo cortando o ar ecoou pela joalheria, Hello Kitty soltou um silvo de dor e o som de metal caindo sobre o azulejo chegou aos ouvidos de Usagi que abriu os olhos, virou-se sobre o corpo e viu que agora o youma segurava a mão ferida e sangrando contra o próprio peito, e que havia uma rosa cravada no chão.

Usagi piscou repetidamente, surpreso demais para reagir, e ofegou quando um vulto surgiu na sua frente, cobrindo a sua visão da Hello Kitty. Do estranho Usagi só pôde ver que este era homem, por causa da altura e dos ombros largos, e tinha cabelo curto e negro. O restante era coberto pela enorme capa que descia até o chão. E então Hello Kitty soltou mais um silvo, desta vez de ódio, e a sua espada caída voou de volta para a sua mão e ela mais uma vez atacou.

Diferente de Usagi, o recém-hegado não correu do youma, mas sim foi de encontro a este e bradava... aquilo era uma bengala? Sim, era. Uma bengala lustrosa e negra e com punho de prata. Era ridícula, e mais ridículo ainda era o fato de que ela estava aguentando bravamente as investidas da espada da Hello Kitty. Usagi sentiu-se humilhado e, agora que brigava com o youma, ele podia ver melhor quem era o estranho que aparentemente o salvou.

O sujeito usava um smoking. Sem brincadeira alguma. Um smoking com direito a luvas brancas, como as que Usagi usava, e uma ridícula máscara de mesma cor que cobria-lhe parte do rosto. A capa com certeza era feita de titânio, porque o sujeito a usava como escudo vez ou outra e esta não rasgava de jeito nenhum. E os seus movimentos eram como os de um bailarino e as suas investidas com a bengala eram ataques de fazer um esgrimista profissional chorar de inveja.

— Você não vai fazer nada? – Luna pousou ao lado de Usagi, com uma expressão nada feliz em seu rosto felino.

— Ele parece estar se virando muito bem sem mim. – Usagi deu de ombros.

— Sailor Moon! – Luna sibilou irritada e Usagi suspirou.

— O que você espera que eu faça? Ao menos o pinguim de gala tem uma arma. O que eu tenho exatamente?

— Você tem uma arma, basta se concentrar. – Usagi arqueou as sobrancelhas, levantou-se do chão e olhou Luna longamente. – Deixe o instinto prevalecer.

Usagi rolou os olhos. Ao menos não iria doer se ele tentasse seguir o conselho da gata. Ao menos esperava que não. Como Luna disse, ele se concentrou, deixou os instintos prevaleceram e antes que pudesse perceber, as suas mãos formaram uma concha em frente ao broche em seu peito que brilhou e então dois bumerangues se materializaram entre os seus dedos.

As armas eram praticamente da extensão de seu braço, mesmo com o seu design em V. Eram douradas, com entalhes abstratos sobre a sua superfície e no centro deles, onde eles angulavam, havia um pequeno rubi. Ainda seguindo os instintos, Usagi levou os dois braços acima da cabeça e com um claque cruzou os bumerangues que formaram um X perfeito e transformaram-se em uma única arma.

— Ei! – ele gritou, o que chamou a atenção da Hello Kitty e do pinguim de gala. – Esta é pela Naru. – e Usagi arremessou o bumerangue que voou como o escudo do Capitão América na direção do youma.

A arma cravou-se no peito da Hello Kitty, girando como se o youma fosse um obstáculo que estivesse tentando transpassar e antes mesmo que a Hello Kitty pudesse reagir e entre um piscar de olhos e outro, o monstro desfez-se em luz e purpurina. O bumerangue, vendo-se livre de seu obstáculo, continuou o seu voo, deu uma curva sobre o guarda corpo do mezanino e voltou para a mão de Usagi com um tranco.

— Já não era sem tempo. – o pinguim de gala falou e Usagi segurou-se para não arremessar os bumerangues, agora separados, nele.

— Como é? Caso você não saiba, eu estava indo muito bem antes de você aparecer! – o sujeito não rebateu, apenas deu um sorriso para Usagi que era uma mistura de presunção e sedução, o que fez o seu coração dar um pulo suspeito.

— Se você diz. – em um pulo o pinguim voou para o mezanino, com a sua capa esvoaçando as suas costas.

— Espera! – Usagi o chamou antes que ele sumisse na noite. – Quem é você? – o sujeito deu mais outro sorriso que fez coisas estranhas acontecerem dentro da barriga de Usagi.

— Pode me chamar de Tuxedo Kamen... Sailor Moon. – Tuxedo Kamen havia dito Sailor Moon em um tom de divertimento e carinho, o que piorou o estado das borboletas doidas que voavam dentro da barriga de Usagi. Mas antes que ele pudesse dizer alguma coisa, perguntar como Tuxedo sabia o seu nome, este sumiu na escuridão da noite através da janela.

— Usagi! – Luna chamou quando Usagi ficou ao menos uns dois minutos olhando feito idiota para a janela. – Vamos embora!

— O quê? Por quê? E a Naru? – ele fez menção de ir na direção da amiga, mas a luz do giroflex do carro da polícia, entrando pelas portas quebradas da joalheria, foi incentivo o suficiente para que ele desaparece como Tuxedo Kamen e confiasse que as autoridades fossem cuidar bem da sua amiga.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Bishounen Senshi Sailor Moon" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.