Bishounen Senshi Sailor Moon escrita por Bella P


Capítulo 18
Capítulo 18




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O tapa que estalou em sua bochecha assim que ele entrou na sala de chá do Templo Hikawa pegou Mamoru mais do que de surpresa. Quando as estrelas pararam de piscar em frente aos seus olhos, ele viu uma mulher de estatura mediana, cabelo castanho escuro e olhos azuis furiosos o encarando. Rei e Makoto riam às costas da estranha, com sobrancelhas erguidas como se perguntassem silenciosamente o que ele faria e a resposta era óbvia: nada. Mamoru não sabia por que apanhou de uma completa estranha, mas não significava que ele iria revidar.

— Chiba. – Minako disse com um tom de deleite na voz, o que não agradou Mamoru. A senshi de Vênus sentia um claro desprezo por ele, um que ela não fazia questão de esconder. – Conheça Ikuko Tsukino, mãe de Usagi. – Mamoru empalideceu.

— Eu ouvi uma história muito interessante, sr. Chiba, enquanto procurava o meu filho nas primeiras horas da manhã, por toda Juuban. – a voz de Ikuko estava mais gélida que o Ártico e o olhar dela sobre o homem era mortal. Mamoru lançou um olhar confuso para o grupo às costas da mulher. O que a mãe de Usagi fazia ali e o que aqueles adolescentes contaram para ela? – Você e meu filho, sozinhos em seu apartamento, e Usagi fugindo de seu prédio logo em seguida. – Mamoru corou, porque a menção dele e Usagi sozinhos em seu apartamento lhe trouxe de volta a mente as lembranças daquela noite, que pareceu ter acontecido há semanas, quando foi apenas há horas.

Outro tapa estalou em sua bochecha, a esquentando ainda mais, e Mamoru piscou repetidamente para espantar mais uma leva de estrelas que surgiu em frente aos seus olhos.

— Como você se atreve? Ele só tem quinze anos! Como você ousa aproveitar-se dele assim? – Ikuko sibilou, furiosa.

— O quê? – Mamoru balbuciou, ainda atordoado pelo tapa e pela presença da mulher ali. – Não! Não! – repetiu quando compreendeu, finalmente, o que Ikuko implicava. – Ok, eu confesso, nos beijamos, – a menção do beijo fez Rei e Makoto empertigarem-se no lugar como suricates curiosos, Ami arquear as sobrancelhas e Minako fuzilá-lo com o olhar. – as coisas podem ter ficado um pouquinho quentes... – Makoto e Rei inclinaram-se na direção deles, como velhas fofoqueiras, curiosas sobre o que iriam ouvir. – mas tudo foi consentido! Aliás, foi Usagi quem começou. Na verdade era algo que estava previsto para acontecer, porque estamos há meses nesta dança e... – Mamoru fechou a boca em um estalo, porque via quê, quanto mais ele explicava, mais Ikuko inflava de indignação e raiva. Makoto e Rei voltaram a rir, Minako tinha uma expressão de triunfo e Ami tentava esconder o seu rosto rubro de vergonha pelo que ouvia. Não estava disposta a ouvir sobre a intimidade de Usagi.

— Consentido? Ele fugiu do seu apartamento! O seu porteiro me disse isto! – Ikuko acusou e Mamoru deu um relance para o grupo às costas da mulher. Como explicar para ela que Usagi não fugiu por causa do beijo deles, mas por causa do ataque?

— Ela sabe, Chiba. – Minako falou.

— O quê? – Mamoru soltou, intrigado. Vênus fora a primeira a protestar quando Mercúrio sugeriu chamar os bombeiros para socorrer Usagi, e agora lhe dizia que havia contato tudo para a mãe do garoto?

— Não era como se pudéssemos esconder. Ela ouviu a nossa conversa e achamos justo contar à ela a verdade, caso falhássemos em nossa missão. – Rei explicou, dando de ombros, e Mamoru franziu as sobrancelhas em uma expressão de desagrado.

— Não vamos falhar em nossa missão, Hino. – advertiu. Não queria, e não precisava, do pessimismo de Marte naquele momento. – E sra. Tsukino, Usagi saiu correndo do meu prédio porque o medalhão dele começou a piscar. Suponho que a joia sirva de alerta para ataques do Reino Negro, para quando Sailor Moon é necessário, certo? – ele perguntou, olhando diretamente para Minako que parecia ter mais conhecimento de como funcionava os poderes dos sailors do que os próprios.

— Sim. – ela respondeu e isto pareceu acalmar Ikuko um pouco e a mulher recuou um passo, mas pareceu mudar de ideia no meio do caminho e apontou um dedo bem entre os olhos de Mamoru.

— Se eu souber que você fez algo contra a vontade do meu filho, príncipe ou não, poderoso ou não, eu vou arrancar as suas bolas fora. Estamos entendidos? – Mamoru engoliu em seco e assentiu em concordância para mulher que deu-se por satisfeita e retornou para junto do grupo de adolescentes, sentando-se ao lado de Makoto que sorriu largamente para ela.

Após toda a história ter sido contada, todas as explicações dada, o gelo havia quebrado entre eles. Ikuko ainda estava confusa, discretamente beliscava-se para confirmar que não estava sonhando, mas pouco a pouco aceitava a verdade e a nova realidade. E a nova realidade era uma aterrorizante. Uma onde o seu filho era prisioneiro e estava a mercê do inimigo.

Vendo que as suas bolas estavam seguras, por enquanto, Mamoru também juntou-se ao grupo e percebeu que a aparência deles não era melhor do que a dele.

— Vocês ao menos dormiram? – ele perguntou. Se estavam prestes a atacar o Reino Negro, precisavam estar no auge de suas forças.

— Revezamos e tiramos alguns cochilos. – Ami explicou. – Mesmo que quiséssemos dormir, a adrenalina não iria deixar.

— E em seu momento de insônia coletiva vocês descobriram alguma coisa? – Mamoru perguntou e todos os olhares foram para ele. – O que foi?

— Acreditamos que a base do Reino Negro permaneça no mesmo lugar. – Minako apontou no mapa um ponto que ficava entre a Sérvia e a Croácia. – O reino da Terra era baseado nesta área e quando Serenity colocou Metalia para dormir, e Endymion morreu, este foi o fim da linhagem real guardiã do Cristal Dourado. A história desta região é de guerras civis intensas até que com a expansão do Império Romano, a mesma caiu sob o controle deste. As lembranças da família real, da magia que movia a vida de todos naquele tempo, foram se apagando com o tempo e histórias viraram lendas e lendas viraram mitos.

— Você está achando o quê? Que Metalia e seus generais estão usando o velho castelo da família real como esconderijo? Aquele lugar deve estar em ruínas, ou ter virado pó. – Mamoru comentou, com os olhos ainda fixos no mapa. Se forçasse bem a mente, podia ver com clareza o castelo ao topo do monte, o caminho de pedras flanqueado por rosas, que levava a entrada principal, as torres de guarita de onde podia ver todo o mercado central e os casarões dos nobres, as cortinas pesadas de veludo, o cheiro de mógno e dos pães que invadia os corredores pela manhã.

— Serenity não apenas colocou Metalia para dormir, como foi caridosa o suficiente para usar como prisão o lugar que ela sempre chamou de lar. – Rei disse com desdém e um rolar de olhos. – Ou seja, Metalia literalmente foi colocada em uma prisão domiciliar e a prisão em si foi escondida dos olhos mortais pelo poder do Cristal de Prata. E é aí que encontra-se o nosso dilema. O castelo ainda está lá, mas não está.

— Como? – Mamoru franziu o cenho, confuso.

— Acreditamos, – Ami começou. – que a rainha usou o mesmo princípio básico da transformação dos senshis: o subspaço. O nosso uniforme está sempre pronto para ser invocado para combate, mas quando isto não acontece ele fica armazenado em uma fenda do espaço, um “armário” interdimensional. O castelo permanece no mesmo ponto em que estava há mais de 2.000 anos, apenas não está nesta realidade.

Mamoru grunhiu e coçou os olhos com as pontas dos dedos, em um gesto de cansaço.

— E sem o Cristal Dourado não temos como chegar lá. – falou.

— Como assim “sem o Cristal Dourado”? – Makoto endireitou-se no lugar, debruçando sobre a mesa de café para olhar diretamente nos olhos de Mamoru. – Você não tinha ido para casa descansar, tentar colocar as ideias no lugar, lembrar onde enfiou este maldito Cristal? – acusou e Mamoru respondeu o olhar verde irado do senshi com um igual.

— Estamos falando de uma vida pregressa da qual em nem deveria lembrar, mas lembro, e até ontem em nem ao menos recordava do meu nome verdadeiro, quanto mais de um Cristal... – Mamoru calou-se, franzido as sobrancelhas. Uma lembrança veio a sua cabeça, a primeira deste tipo. Não era uma memória da época do Milênio de Prata, mas sim desta vida, de um menino de sete anos no banco traseiro de um carro que seguia por uma estrada em noite de chuva. A lembrança de pneus perdendo a aderência, escorregando na pista molhada, do freio sendo ativado, da borracha queimando no asfalto, o cheiro forte subindo e invadindo o carro. Mamoru lembrava-se de sua mãe nesta vida gritando, grandes olhos azuis iguais aos seus o miraram pelo retrovisor, cheios de pavor. Ela sabia o que estava prestes a acontecer e sentia-se impotente por não conseguir fazer nada.

O carro saiu da pista, atingiu com violência o guard-rail e desceu pela ribanceira. Mamoru gritou, as lágrimas já rolavam pelos seus olhos, uma árvore enorme apareceu no caminho e ele, em sua mente jovem, teve a certeza de que seria o seu fim e então tudo a sua volta foi tomado por luz. Uma luz brilhante, cegante, em tom dourado, e em um piscar de olhos e outro, o cenário mudou. Quando Mamoru percebeu, não estava mais no carro, estava rolando sobre o asfalto molhado, ralando braços e pernas. Assim que parou, levantou aos tropeços e atordoado e ofegou quando o bum tremeu as folhas das árvores e o fogo subiu. O carro havia explodido, os seus pais estavam mortos e ele estava ali, sozinho, e sem entender o que tinha acontecido.

— Chiba? Chiba! – Mamoru piscou e viu que Minako o chamava. Com outro piscar ele direcionou o olhar para o centro do seu peito coberto.

— O que foi, querido? Você está pálido. – Ikuko disse com uma voz preocupada, depositando uma mão sobre o antebraço de Mamoru em um gesto de conforto.

— Eu estava em busca do Cristal de Prata porque toda a noite eu sonhava com a “princesa” da Lua me pedindo para encontrar o Cristal. – todos os adolescentes inclinaram-se na direção dele, afoitos em ouvir esta história. A razão de Tuxedo Kamen estar atrás do Cristal nunca fora revelada e embora as memórias deles estivessem voltando aos poucos, isto não significava que os senshis confiavam 100% em Chiba. – Mas eu acho que não era exatamente a “princesa” que me pedia ajuda. Acho que era a própria rainha Serenity. Se eu encontrasse o Cristal...

— Encontraria o príncipe. – Ami completou o raciocínio dele. – Porque a rainha enviou o Cristal para a Terra junto com a alma de Selene e a melhor maneira de despertá-lo seria te reencontrando.

— Eu... – Mamoru ofegou quando lembrou-se de cada detalhe de antes do acidente. Ele não simplesmente esqueceu de quem ele era antes de ser Mamoru, ele esqueceu de ser Endymion. – Eu não perdi a memória.

— O quê? – Minako perguntou, desconfiada.

— Eu renasci como Endymion, com todas as lembranças da minha vida passada. O acidente tirou isto de mim. Os sonhos eram uma forma de me lembrar, lembrar que eu tinha uma missão, reencontrar Selene, porque o Cristal Dourado tirou essas lembranças de mim.

— Espera aí. – Makoto o cortou. – O Cristal Dourado te fez esquecer? Por quê?

— Porque eu tinha sete anos, meus pais nesta vida morreram em uma explosão depois que o nosso carro saiu da estrada e bateu em uma árvore, da mesma forma que eu morri da vez passada ao alcançar o corpo sem vida de Selene no balcão do palácio e uma bola de fogo explodir sobre nós. O fogo trouxe à tona esta lembrança, o trauma fez eu usar incoscientemente o poder do Cristal Dourado para apagar a minha memória.

— E como você sobreviveu ao acidente? – Ami perguntou, curiosa.

— O Cristal me salvou.

— Isto significa... – Ikuko murmurou e como Mamoru fez mais cedo, o olhar dela foi para o centro do peito dele.

— Então vamos! – Makoto espalmou o tampo da mesa, compreendendo rapidamente o que Mamoru implicava. – Se você já tem o Cristal, vamos salvar Usagi! – Mamoru torceu o rosto em desagrado para o rapaz.

— Eu tenho o Cristal, mas isto não significa que eu sei usá-lo. Ser salvo do acidente foi coisa do próprio Cristal, apagar minhas memórias foi uma reação instintiva. Eu nem sei como invocá-lo. Então não acredito que seja de grande ajuda. Vamos precisar de um outro meio para encontrar o castelo.

— Os generais. – Rei comentou ao lembrar-se deste fato. – Os generais vêm e vão de ambos os planos. Como eles fazem isto?

— Está sugerindo o quê? – Makoto respondeu ao amigo. – Que nós capturemos um dos generais?

— Ou vocês poderiam pedir “por favor”.

Quando a voz de Zoisite ecoou pela sala, a reação foi instantânea:

Em um flash os jovens transformaram-se em sailors, a roupa de Mamoru transformou-se nas vestes de combate do príncipe Endymion e ele colocou Ikuko às suas costas enquanto apertava com força o punho de sua espada, esperando por qualquer investida dos dois generais que surgiram na sala.

— Eu pensei que o templo tinha proteção contra pragas. – Júpiter disse de canto de boca para Marte.

— E tem. Os ofudas espalhados pelo templo afastam o mal. – Marte resmungou, conjurando um ofuda ele próprio para afastar aquele mal que mais parecia uma infestação. Os generais eram inimigos respeitáveis, poderosos e habilidosos, mas a frequência com que eles apareciam para causar problemas, nos lugares menos esperados, mais lembrava os senshis de um ataque de pragas em uma plantação do que um ataque do Reino Negro.

— Nós viemos em paz. – Jadeite declarou, com as mãos erguidas para mostrar que estava desarmado. A ideia de Zoisite era ridícula, ele sabia desde o começo. Havia muita animosidade entre os generais e os senshis para eles irem atrás dos guerreiros da Lua e esperar uma reunião pacífica, mas não custava nada tentar.

— Meu príncipe... – Zoisite deu um passo em direção a Mamoru que estreitou os olhos, empurrou Ikuko mais para as suas costas e apertou o punho de sua espada até os nós de seus dedos ficarem brancos, mas não ergueu a lâmina que apontava para o chão... Ainda. – Eu sinto muito pelas coisas que eu fiz. – o general continuou, com lágrimas nos olhos e segurando a vontade de cair de joelhos aos pés do príncipe, pedindo perdão.

— Qual parte? – Mamoru disse com a voz grave e fluindo veneno. – A parte em que você usou a minha confidência em um momento de destempero para cair nas boas graças de Metalia? – porque disto ele lembrava claramente. Endymion, ao descobrir a verdade sobre Selene e sentindo-se traído, havia contado tudo para Zoisite, o único general que sempre o alertara para tomar cuidado com o belo andarilho que eles sempre encontravam no mercado. E não deu um minuto depois que o príncipe colocou um ponto final em seu relato e pediu para ser deixado sozinho, que Zoisite foi dar com a língua nos dentes para a rainha, sendo o pivô do ataque a Lua. – Ou a parte em que você atravessou uma espada de cristal no peito de Usagi? – Zoisite recuou como se tivesse sido chicoteado e, sinceramente, preferia que fosse. Ele merecia punição por sua traição. Por ambas as traições.

— O quê?! – Ikuko guinchou às costas de Mamoru que teve dificuldades de segurar a mulher que avançou com determinação na direção de Zoisite. O brilho alucinado nos olhos dela dizia que se Mamoru não a estivesse impedindo, ela estaria arracando, naquele momento, a pele de Zoisite fora a unhadas.

— Príncipe Selene está vivo. – Jadeite declarou antes que uma batalha começasse naquele espaço diminuto. Não era bem para isto que eles estavam ali.

— Mas está seguro? – Júpiter acusou. Estar vivo, eles sabiam que Usagi estava, mas seguro eram outros quinhentos.

— Por enquanto. – Jadeite continuou. – O Cristal de Prata o protege em uma barreira de energia enquanto o cura, mas é só uma questão de tempo até Beryl conseguir uma forma de quebrar esta barreira.

— Como você nos achou? – Mercúrio perguntou e Zoisite corou enquanto Jadeite rolava os olhos e explicava:

— Os Quatro Generais foram escolhidos a dedo para servirem ao príncipe. Escolhidos pelo Cristal Dourado, da mesma forma que os senshis foram escolhidos pelo Cristal de Prata. Temos uma conexão com o príncipe Endymion que foi abafada pela influência da Escuridão que Metalia usou em nós. A influência está se desfazendo pouco a pouco com a ajuda do Cristal de Prata e com isto conseguimos rastrear Endymion até aqui. – e nisto ele virou para Mamoru, pousando um braço paralelo ao peito e curvando o tronco em uma reverência polida. – Nos perdoe, alteza, pois se tivéssemos sido mais fortes, não teríamos acreditado nas mentiras de Metalia. Teríamos reconhecido e lutado melhor contra a Escuridão.

Para Mamoru, o pedido de perdão era um bom começo, mas não significava que ele iria aceitá-lo, ou acreditar nas palavras de Jadeite. Ele ainda lembrava das acusações que recebeu, vindas da boca do general, no calor da batalha. Muitos dos ferimentos que ganhou na invasão ao Milênio de Prata foram deles, dos seus soldados que deveriam lhe ser leais, e este tipo de traição não era esquecida tão facilmente, mesmo que a razão para uma atitude tão anormal vinda de seus generais tenha sido influência da Escuridão.

— Certo... – Vênus interrompeu o momento de comiseração de Zoisite e Jadeite. Aquela conversa mole e lágrimas de crocodilo não a convenciam nem um pouco do arrependimento dos dois homens. – Vamos supor que nós acreditamos em vocês, como irão nos ajudar?

Zoisite abriu um largo sorriso diante da pergunta e todos surpreenderam-se como o gesto o mudava completamente, o fazia parecer mais jovial e menos ameaçador.

— Portais. Quando você sabe para onde esta indo, basta abrir um portal para lá. – Zoisite estendeu uma mão na direção de todos em um convite mudo, mas os senshis e Mamoru hesitaram.

— Sei que não acreditam em nós, mas vocês não estavam querendo um modo de chegar a base do Reino Negro, para resgatar Sailor Moon? – Jadeite falou. – Então, o que tem a perder?

Júpiter foi o primeiro a reagir, dando um passo hesitante na direção de Zoisite e sendo parado por Mercúrio, que segurou o seu braço com força e o olhou com olhos azuis largos.

— Não podemos esperar que Chiba aprenda a usar o Cristal Dourado. O tempo de Usagi está acabando e Metalia está saindo de sua prisão. Precisamos agir, agora! – ele explicou para a sailor que ainda o olhava com apreensão, mas o soltou mesmo assim e o deixou dar mais um passo na direção de Zoisite e segurar a mão do general com a sua. – Mas tente alguma gracinha e eu jogo um raio pela sua garganta abaixo. – ameaçou e viu quando um tremor passou pelo corpo do general, o deixando satisfeito.

Pouco a pouco, diante do exemplo de Júpiter, os outros senshis foram dando as mãos, formando um círculo, com Jadeite servindo como um dos elos, também, até que sobrou apenas Mamoru para unir-se ao grupo.

— Alteza? – Zoisite chamou, com a voz um pouco trêmula. Ele podia ver nos belos olhos azuis do príncipe a desconfiança, a dor do que eles fizeram no passado à ele. A traição de Selene havia sido branda comparada a dos generais. Selene apenas havia ocultado um fato de sua identidade, que em outros tempos, em tempos em que não houvesse uma guerra proeminente entre os reinos, não teria sido tão relevante. Os generais, homens que foram escolhidos pelo cristal sagrado, que existiam para servir aquele que empunharia o Cristal Dourado, que cresceram com Endymion, que treinaram com ele, que eram mais do que os seus companheiros de batalha, eram os seus amigos, seus irmãos, ter esses o traindo foi a pior coisa existente.

Mas Endymion não sabia que a dor que ele sentia não era nada comparada a dor que Zoisite sentia ao lembrar-se que ele foi a causa da morte de seu adorado príncipe. Zoisite era o caçula entre os generais, o último escolhido para tamanha honra. Quando ele olhava para Endymion, ele via um exemplo a ser seguido, um irmão mais velho que admirava e que estava perdendo para Selene. Endymion passava mais tempo com o selenita do que com eles e Zoisite, como o caçula mimado, não sabia compartilhar direito. Talvez tenha sido por isto que a Escuridão de Metalia o tenha influenciado de forma mais rápido e alimentado-se de seus sentimentos vis por tanto tempo.

Jadeite pode ter sido fraco, mas ele resistiu por mais tempo, embora as dúvidas também o tivesse tornando suscetível a influência de Metalia. Zoisite? Esse caiu em desgraça na primeira oportunidade e quando teve a chance de finalmente tirar a peste que era Selene do caminho, aquele que estava tomando toda a atenção de seu adorado príncipe, aproveitou sem hesitar, sem pensar nas consequências. Ele se lembrava claramente do discurso de Metalia, o discurso inflamado para as tropas, com a sua voz sendo ecoada e propagando a Escuridão no coração daqueles homens, os fazendo acreditar que as mentiras saídas da boca da rainha eram a pura verdade.

Metalia dissera que a Lua estava planejando um ataque, que Endymion os ajudava porque Serenity lhe prometera o trono da Terra, porque Endymion estava planejando um golpe de Estado. Ela dissera que essas ideias traidoras foram implantadas na mente do jovem e influenciável príncipe pelo herdeiro do trono da Lua. Que Serenity usou o filho, que ela escondeu sob a mentira de ser uma princesa, para ludibriar o príncipe. A Lua não era confiável, o seu povo não era confiável. Como poderia quando a rainha mentia para todos os reinos sobre sua própria linhagem?! Eles precisavam ser abatidos, eles eram uma ameaça a tudo de bom que eles construíram, eles corromperam o príncipe Endymion.

Zoisite lembrava de cada vírgula com nojo por ter caído naquela ladainha, por não ter tido mais fé em seu príncipe. Metalia nem ao menos conhecia o próprio filho. Se conhecesse, saberia que Endymion era mais forte do que isto. Ou talvez ela conhecia e, assim como o falecido rei, e seu pai, o invejava e precisava destruí-lo. Endymion tinha o controle do Cristal Dourado e ele, aparentemente, não deixaria-se levar pela Escuridão tão facilmente.

O olhar de Endymion ainda estava sobre Zoisite quando ele deu um passo a frente, decidido a unir-se ao grupo.

— Mamoru. – o chamado de Ikuko o parou e o fez olhar para a mulher, cujas lágrimas inundavam os seus olhos. – Traga-o de volta. Traga o meu filho de volta, seguro, por favor. – implorou e Mamoru assentiu para ela, com uma expressão séria e decidida. Desta vez não falharia com Usagi. Desta vez salvaria a vida dele, nem que este ato custasse a sua.

Com isto em mente, ele segurou nas mãos de Zoisite e Mercúrio, fechando o círculo, e desaparendo com eles em um flash de luz.


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