Bishounen Senshi Sailor Moon escrita por Bella P


Capítulo 17
Capítulo 17




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Pare de deixar marcas no meu corpo. – Selene resmungou quando sentiu Endymion debruçar sobre ele. A pele gelada devido ao suor seco pela brisa que vinha da janela, suor causado pelas atividades recentes de ambos, fez um arrepio percorrer o seu corpo quando roçou na sua. Os lábios quentes do príncipe estavam em sua nuca, chupando a área com vigor e alternando com beijos.

Endymion riu contra o pescoço de Selene, mas parou de tentar deixar a sua marca no homem mais novo, saindo de cima dela e colocando-se de lado na cama estreita, deslizando as pontas dos dedos languidamente pelas costas nuas, ameaçando tocar o traseiro redondo e empinado, o que fez Selene prender o ar em expectativa e depois soltar um baixo grunhido frustrado quando os dedos do homem voltaram para o topo de suas costas, não cumprindo a sua ameaça.

Selene virou o rosto para encarar Endymion, ainda fascinado com o que via. O príncipe era a perfeição em forma de humano. O seu corpo tinha músculos esculpidos pelos anos de treinamento em combate, pois além de nobre ele também era um militar. A sua pele morena curtida pelo sol contrastava com os seus olhos azuis belíssimos, os seus cabelos negros lustrosos refletiam a luz do lampião, ganhando tons azulados, e ele tinha um sorriso largo e de dentes brancos e perfeitos. Endymion era surreal demais para ser de verdade, mas Selene atestou que ele era de verdade na última hora que passaram juntos, quando sentiu os músculos moverem sob o seu toque, a pele quente roçar contra a sua, a forma como o homem foi perdendo controle pouco a pouco quando o prazer foi tomando conta de seus corpos.

Quando alcançaram o ápice do prazer, os olhos de Endymion brilharam de forma mais intensa que a lua em sua fase cheia sobre a Terra, e foi a coisa mais linda que Selene já tinha visto na vida, porque havia mais do que tesão ali, o desejo carnal, havia amor. A forma devotada como Endymion o olhou, como ele o tocou, como ele fez por um segundo Selene perder a noção da realidade, mostrava que a conexão deles era mais intensa e mais profunda que uma simples paixão de juventude, como a sua mãe insistia em dizer que era.

Selene não acreditava, não, ele recusava-se a acreditar que teria o mesmo destino de Serenity. Quem quer que a rainha tenha amado, se não deu certo, era problema dela. Selene não iria seguir o mesmo destino.

Endymion... – ele murmurou o nome, aproximando-se do outro homem e colando cada curva de seu corpo no dele. – eu te amo. – declarou. Três palavras que saíram tão baixas que quase não foram ouvidas, mas foram ouvidas e fez Endymion prender a respiração enquanto acariciava fios dourados úmidos. – Endymion? – Selene chamou com preocupação diante da ausência de resposta do outro homem. Será que havia cometido um erro? Será que revelera os seus sentimentos muito cedo, ou enganara-se sobre o que realmente havia entre eles? Será que Serenity estava certa?

Não! Não queria acreditar que a sua mãe estava certa. Ele não era a rainha da Lua, ele era uma pessoa independente, com sua própria alma e escolhas. Destinos são compartilhados, mas não são repetidos. Que graça teria?

End... – Selene foi calado com lábios sobre os seus, o devorando, tirando-lhe o ar, com uma mão grande e quente descendo pelas suas costas, o apertando contra o corpo maior do príncipe. Quando se afastaram em busca de ar, seus olhos brilhavam, suas respirações misturavam-se e Endymion sorria.

Eu também te amo. – disse com a convicção e certeza daqueles que sabiam que o sol nasceria todos os dias atrás do monte e de que o céu sempre seria azul. – Eu te amarei para sempre.

Selene sorriu. Para sempre, para ele, era um ótimo começo.

Zoisite ofegou e recuou aos tropeços, afastando-se o máximo que pôde do corpo inerte de Sailor Moon, até as suas costas encontrarem a parede fria. Sabia que as suas bochechas estavam rubras de vergonha e desejo. Ver o seu principe em um momento tão íntimo seria razão o suficiente para levá-lo as masmorras mas, ele precisou testemunhar aquela cena, precisou ver a profundidade daqueles sentimentos. Zoisite nunca entendeu o que levou Endymion a dar as costas para Terra em favor da Lua, nunca entendeu que amor era esse, arrebatador, que o homem sentiu, mas agora começava a ter uma vaga ideia, assim como começava a ter ideia de que, talvez, Endymion não os tenha traído tanto quanto eles pensaram.

— Zoisite? – desta vez era Jadeite que entrara na sala que abrigava o corpo inconsciente de Sailor Moon. O homem franziu as sobrancelhas quando viu o outro general encostado na parede, com o rosto rubro e olhos largos. Nas últimas horas, Zoisite mal deixara o seu posto ao lado do altar onde Moon flutuava com a leveza de uma pena sendo levada pela brisa, envolto na barreira protetora do Cristal de Prata, e cada vez que um dos generais ia checá-lo, o homem tinha uma expressão diferente no rosto, uma que não era o enfado ou a raiva que eles esperavam encontrar quando o vissem.

Zoisite foi o mais afetado pela traição de Endymion. Ele era o caçula dentre os cinco e Jadeite suspeitou, que por um tempo, o rapaz estivesse apaixonado pelo príncipe e por isso de sua raiva contra Selene. Jadeite apenas considerava o namorico entre os dois homens algo divertido de se observar. Endymion não era homem de grandes amores, mas sim de casos passageiros, e Selene, aos olhos dos generais, seria apenas mais uma pobre alma a passar pela cama do príncipe.

Jadeite quis morder a língua quando viu o tempo passando e Selene tornando-se uma constante na vida do príncipe ao invés de uma vaga lembrança. E chocou-se ao perceber, em uma manhã, quando testemunhou Endymion abrir um sorriso mais luminoso que o sol ao ver Selene no mercado, o ponto de encontro usual deles, que o seu querido príncipe estava apaixonado, verdadeiramente apaixonado e que isto não era nada bom.

Rainha Metalia já negociava com um lorde da corte pela mão da filha do homem em casamento. Ela já fazia planos para Endymion, embora, curiosamente, nenhum desses envolvesse abdicar da coroa para o homem. Portanto, se ela soubesse dessa paixonite, ainda mais por um selenita, ela surtaria.

Porque Jadeite não era idiota. Endymion poderia estar cego pelo amor e os companheiros generais faziam vista grossa apenas para agradar ao príncipe, mas ele sabia que Selene era um selenita. As características do rapaz eram gritantes. Extremamente belo, pálido, olhos azuis claros, cabelos dourados, traços comuns ao povo da Lua que era agraciado com menos raios solares do que a Terra. Portanto sim, seria um desastre, senão guerra finalmente declarada, quando Metalia soubesse da verdade.

Por um tempo o próprio Jadeite tentou desencorajar o romance, mas havia algo em Selene que cativava o príncipe Endymion, o atraía como lebre para uma armadilha e ficou extremamente feliz quando o seu príncipe retornou irado de um encontro com a rainha Serenity e informou sobre a traição do selenita. Endymion nunca explicou direito o que ele havia descoberto sobre Selene, mas agora Jadeite via exatamente o quê.

Selene era o segredo mais bem guardado do Milênio de Prata. Um príncipe nascido de uma linhagem que só gerava princesas. Jadeite era menino ainda, mas ele lembrava-se de como a notícia foi recebida pelo reino da Terra. Rainha Metalia destruiu uma ala inteira do palácio diante do seu ódio ao saber do nascimento da “herdeira” de Serenity. Ninguém entendeu o motivo de uma reação tão exarcebada da mulher mas, a partir daquele dia, a aversão dela pelo Milênio de Prata foi crescendo mais e mais. Jadeite confessava que muitas das razões da rainha para manter distância daquele reino, e preparar-se para uma propensa invasão, pareciam absurdas e infundadas. Serenity possuía sob o seu controle o Cristal de Prata, mas Metalia tinha o Cristal Dourado em contrapartida. Além do mais, o Milênio de Prata tinha um poderio militar bem menor do que o da Terra, os guerreiros mais poderosos deles eram quatro garotas de vestimentas curiosas e habilidades de combate duvidosas. Fora isto, o seu exército era fraco e com certeza despreparado frente aos humanos que por séculos guerreavam uns contra os outros.

Mas, ainda sim, Jadeite deu ouvidos à ela. Metalia ainda era a sua soberana, a quem devia lealdade e respeito, e ela só queria proteger o reino, os seus súditos, a qualquer custo.

— O que está acontecendo, Zoisite? – Jadeite conhecia o rapaz tempo suficiente para saber que havia algo errado.

Os olhos claros de Zoisite o miraram com determinação e antes que ele pudesse reagir, Jadeite foi agarrado pelo pulso pelo outro general e a sua mão enfiada na névoa prateada que cercava Sailor Moon. Jadeite esperou que o choque que queimou o braço de Beryl fizesse o mesmo com ele, mas ao invés disto ele foi sugado para dentro de um cenário que em segundos formou-se ao seu redor.

Serenity descia as escadas do palácio com rapidez. Ao seu redor, explosões tremiam os alicerces da construção e fazia blocos de pedra caírem como meteoros aqui e acolá, esmagando móveis e objetos de decoração. A mulher vestia roupas de guerreira, semelhante as vestimentas das senshis, mas em um tom completamente branco. Quando um soldado surgiu por um beiral e investiu em um ataque, a rainha apenas girou o cajado sobre a cabeça e com a ponta com garras de prata e um cristal entre essas, disparou uma onda de choque sobre o homem que voou além do beiral e sumiu na escuridão.

Serenity voltou a correr, deslizando abruptamente sobre o chão molhado e levando a mão a boca quando, com os olhos largos, percebeu que havia escorregado em sangue e que este provinha da barriga da mulher caída contra uma coluna.

Marte. – a rainha ofegou, ajoelhando-se ao lado da senshi e tentando estancar o sangue com as suas mãos enluvadas. Marte gemeu, piscou os seus olhos ametistas e sorriu fracamente para a soberana.

Perdão. – pediu para a mulher que engoliu um soluço e sacudiu a cabeça em negativa.

Não. Está tudo bem, você vai ficar bem. – mentiu, retirando as mãos do ferimento e colocando as próprias mãos da senshi sobre este, tentando fazer com que ela aplicasse força no local, mas sentindo que os músculos fracos de Marte não conseguiriam fazer mais nada dali por diante. – Está tudo bem. – Serenity repetiu quando viu os olhos desfocados da sailor piscarem repetidamente. Marte estava partindo e a rainha não teria nem tempo de sofrer pela sua guerreira.

Engolindo outro soluço e com um beijo suave de despedida na testa da senshi, Serenity ergueu-se do chão, trazendo o seu cajado consigo.

Um trovão ressou ao longe, um relâmpago poderoso desceu dos céus e gritos de agonia ecoaram no ar. O ataque causou um certo alívio no coração de Serenity. Júpiter ainda estava de pé, a rainha apenas não sabia por quanto tempo.

As forças da Terra chegaram na surdina, o ataque não era inesperado, pois a tensão entre os dois reinos sempre esteve lá mas, ainda sim, pegou o Milênio de Prata de surpresa. Para cada soldado selenita, havia ao menos sete soldados terráqueos, uma desvantagem que estava ficando clara pouco a pouco. Serenity não teve tempo de ordenar a evacuação do Milênio e civis eram abatidos com ferocidade, sendo caçados como animais selvagens. O choro das crianças era calado pelas espadas afiadas dos terráqueos, a atmosfera possuía um miasma venenenoso sufocante e ela sentia o poder da Escuridão pulsando por todos os cantos, penetrando as suas roupas, tentando invadir o seu corpo pelos seus poros. A Escuridão emanada por Metalia.

Serenity voltou a correr, porque ela tinha uma missão, uma missão extremamente importante.

Selene não estava a vista. Quando o ataque veio, este foi no meio da madrugada. O alarme soou tarde, as tropas de Metalia já estavam dentro da capital quando Serenity acordou com o estrondo das bolas de fogo chocando-se contra as construções. Mercúrio surgira ao seu lado assim que a rainha deixara o quarto, Vênus já dava ordens a guardas e as outras sailors. Generais não tiveram nem tempo de congregar e já terminavam de afivelar as suas armaduras, recolher as suas armas e partir para o combate. Serenity ordenou a evacuação do palácio e da cidade, mas sabia ser tarde demais, e Selene havia desaparecido.

Outra explosão balançou os alicerces do palácio, a bola de fogo arremessada atingiu justamente o ponto em que Júpiter estava. Serenity sentiu os seus pulmões contraírem e o ar lhe faltar por um segundo. Outra senshi havia sido abatida, a senshi com maior poder de fogo entre as quatro guerreiras que serviam diretamente a rainha e ao príncipe.

Ainda correndo, Serenity passou por soldados congelados e um prazer mórbido tomou o seu corpo ao vê-los. Mercúrio era uma mulher ponderada e de temperamento brando, até que alguém pisasse em seus calos.

Selene! – o grito ecoou entre o caos, a voz grave e familiar. Ao longe, Serenity viu o príncipe Endymion abrir caminho com a sua espada, atacando selenitas e humanos sem nenhum pudor. Os olhos dele vez focavam-se no adversário que servia como obstáculo, vez no balcão ao longe, onde Selene estava, cercado por oito soldados, lutando bravamente contra eles e mostrando destreza ao manejar o cajado com lâminas duplas.

Um soldado caiu, e mais um, e mais um. Serenity arqueou as sobrancelhas.

Selene foi treinado para combate, como um herdeiro do trono deveria ser, mas a rainha nunca o viu em batalha verdadeiramente. O filho era extremamente habilidoso com a arma de sua escolha, movia-se com fluidez e elegância e, quando atacava, escolhia investir em pontos letais. Aparentemente o príncipe não andava treinando apenas com os seus tutores, mas com as senshis também. Porque aquela forma de combate era características das guerreiras do Milênio de Prata.

Endymion ainda abria caminho entre os soldados, não importando-se contra quem estava lutando. O objetivo dele era claro, ele precisava chegar até Selene, porque era óbvio que o outro príncipe, embora estivesse em uma desvantagem menor agora, ainda sim estava em desvantagem.

Serenity tomou o mesmo caminho que Endymion. A sua missão também era encontrar Selene e, agora que conseguiu, ao menos o filho ela salvaria. Um soldado surgiu a sua esquerda e foi derrubado por uma flecha antes que pudesse erguer a sua espada contra a rainha. Serenity agradeceu a um de seus generais pelo salvamento em cima da hora e continuou o caminho.

Um flash pegou Jadeite de surpresa e o cenário mudou de perspectiva.

Selene estava se cansando. Os soldados o encurralaram com extrema facilidade e estavam fechando o cerco ao redor dele. Apesar de três já terem caído aos pés do príncipe, com feridas profundas e mortais, isto não os demoveu de seu intento. Eles tinham ordens, a sua rainha queria o herdeiro do trono da Lua morto e assim eles o fariam, mesmo que custasse as suas vidas.

O miasma denso que permeava o ar emitia um cheiro de podridão horrível, sufocando Selene ao misturar-se com as cinzas das bolas de fogo arremessadas pelas enormes catapultas no alto das colinas, ao leste da capital.

Uma bola de fogo caiu a poucos metros do balcão, tremendo o chão e tirando a concentração de todos ali por um segundo. Selene deu uma tragada violenta de ar quando sentiu a lâmina gélida enterrar em sua carne. A faca havia sido afundada até o cabo em sua cintura e ele levou dedos trêmulos até o cabo da arma, mas optou em deixá-la ali enquanto matava o soldado que o pegara desprevinido. Outro foi ao chão com um girar de seu cajado, e a lâmina cortou-lhe a garganta com a facilidade que uma faca cortava manteiga.

Selene! – ele ouviu o seu nome ser gritado em eco, enquanto tropeçava nos próprios pés, recuando de forma cambaleante. Os soldados que restaram de pé viram nisto a oportunidade de investir contra o príncipe ferido. Selene trincou os dentes, estreitou os olhos e preparou-se para o pior. Se iria cair, levaria o máximo de pessoas consigo.

Outro flash e a perspectiva mudou novamente.

Serenity estava fascinada e aterrorizada com o que via.

Selene era a própria deusa que descera no meio daquele campo de batalha para vingar a perda de seu povo. O seu cajado girava e cortava o ar com destreza, os soldados defendiam-se como podiam, chocados ao ver que não estavam em vantagem como achavam que estariam. Selene estava ferido, a faca ainda enterrada na lateral de seu corpo era a única coisa que impedia o ferimento de sangrar copiosamente, mas Serenity não se iludia: aquele ataque foi mortal. Aquele era o fim de Selene. No momento em que tudo estivesse acabado, que o último soldado fosse derrubado, Selene também caíria.

Selene! – Serenity ouviu Endymion gritar. O desespero do príncipe da Terra era palpável e o desespero dele estava o levando a cometer erros, a baixar a guarda, a dar brechas ao adversário. Os humanos o atacavam, tentando impedir o seu progresso, os selenitas queriam derrubá-lo porque ele era o inimigo, ferimentos em seus membros fluíam sangue muito bem camuflado pelas suas roupas negras, mas a letargia dele mostrava que o seu estado não era melhor do que o de Selene.

Feliz, Serenity? – o sangue gelou nas veias de Serenity a ouvir a voz que há anos não ouvia. Vagarosamente ela virou para ver a outra mulher parada na sua frente.

Metalia continuava tão bela quanto da última vez que a vira. Mais velha, de expressão endurecida, com os olhos verdes sem conter mais o brilho intenso e cheio de vida de antes, mas ainda bela com a sua capa de pele de lobo, o seu vestido de veludo e a sua armadura de guerra. Os cabelos negros agora tinham algumas mechas grisalhas, que lhe adicionavam um toque de elegância, mas, ainda sim, ela não era a mesma mulher que Serenity conheceu.

Por que, Lia? – Serenity disse com a voz falha e lágrimas nos olhos e a expressão de Metalia ficou ainda mais endurecida.

A sua Lia está morta, Serenity. Você a matou no dia em que a rejeitou. – a voz dela era puro ácido e ódio e Serenity sabia que a culpa era sua, completamente sua. – Você era a luz da minha vida, o que mantinha a Escuridão que amaldiçoa a minha família a distância. O que você esperava que acontecesse quando a luz se apagasse?

Serenity sabia que chorar agora seria em vão.

O reino da Terra tinha sob a sua posse o Cristal Dourado, entregue à eles pelos deuses para proteção e uso sábio. O Cristal Dourado e o de Prata eram irmãos, suas propriedades eram parecidas, seus poderes semelhantes. Eles foram criados para protegerem a galáxia em que viviam e os seus povos e guardiões foram escolhidos a dedo para manejá-los entre os selenitas e os terráqueos. Foi assim que surgiu a linhagem da família real da Lua e da Terra. Mas mortais eram criaturas voláteis, ambiciosas, gananciosas, com tantos defeitos quanto virtudes. A Escuridão era algo que fazia parte do coração deles e os cristais poderiam ser uma benção como uma maldição. O poder deles poderia ser a salvação, assim como corromper.

A família real da Terra foi uma das primeiras a perecer. O rei não conseguia usar o Cristal, pois corrompeu-se com o poder deste, pois era um homem fraco. Mas a rainha, uma prima distante a quem o homem desposou, de coração puro e benevolente, conseguia e todos esperavam que Metalia puxasse mais a mãe do que o pai. Mas Serenity sempre soube que as coisas não eram bem assim. Metalia tinha a Escuridão sempre pulsando dentro dela e Serenity tentou dar a mulher um pouco de luz, fazê-la criar a sua própria luz para afastar a Escuridão, e falhou miseravelmente.

Eu sinto muito, Lia. – Serenity disse com tristeza, recuando um passo e colocando-se em posição de batalha. Metalia fez o mesmo, erguendo a sua espada de lâmina longa.

Presenciando aquela cena, Zoisite e Jadeite prenderam a respiração, porque o que iriam ver eram dois titãs prestes a entrar em combate.

Quando Metalia ergueu a espada na direção de Serenity, a sombra de algo passou pelo rosto dela: pesar.

Eu também, Serenity. Eu também.

O Cristal os expulsou da visão como fizera muitas vezes antes. Zoisite, mais do que acostumado com esta situação, nem ao menos abalou-se com a expulsão. Jadeite tropeçou sobre os pés e recuou com os olhos largos e o rosto pálido, indo apoiar-se na parede e respirando pesadamente, tentando recuperar o fôlego.

— O que foi isto? – ele perguntou, com a voz rouca.

— Iluminação. – Zoisite esclareceu.

— Eu não estou entendendo. – Jadeite endireitou-se, finalmente recuperando o fôlego, e Zoisite rolou os olhos.

— Não havia propensa invasão. A Lua nunca quis invadir a Terra. A tensão entre os dois reinos? Não era por causa política, era pessoal, simplesmente pessoal.

— Eu não estou entendendo, Zoiscite.

— Serenity e Metalia foram amantes, estiveram apaixonadas, e quando Serenity abandonou Metalia para cumprir com as suas responsabilidades de rainha, Metalia surtou. Nós sabemos que o antigo rei e o marido de Metalia ajudaram na situação, a influência e manipulações deles transformaram uma mulher cheia de vida e sonhos e esperança na criatura que conhecemos hoje, mas basicamente a guerra foi isto. Não havia nenhum interesse político ou econômico da Lua sobre a Terra.

— O Cristal de Prata...

— A Terra tinha o Cristal Dourado, que Metalia não podia usar, portanto não havia vantagem alguma ela tentar roubar o de Prata.

— Mas o Cristal de Prata poderia pará-la. Talvez tenha sido por isso...

— O Cristal de Prata poderia matá-la, mas não o fez porque Serenity não o quis. No final das contas, o amor de Serenity por Metalia nunca morreu e acho que o mesmo aconteceu de volta.

— Zoisite, estamos falando de uma mulher que usou a Escuridão para nos enganar, para nos manipular e nos fazer dizimar uma raça inteira, trair o nosso príncipe! – Jadeite quis gritar, mas ainda estavam dentro do palácio e as paredes tinham ouvidos. Era um milagre que Beryl não tenha aparecido cobrando por satisfações ou os acusando de traição.

A névoa pulsou ao redor de Sailor Moon, como se dissesse algo para eles, e Jadeite desconfiava que o Cristal queria informar que ele estava protegendo aquela sala, garantindo a privacidade da conversa.

Uma única visão e a sua mente clareava como água límpida.

Agora ele lembrava como pouco a pouco as suas ideias e visões foram mudando, como os seus questionamentos foram morrendo, como ele parou de desconfiar das ações de Metalia e começou a desconfiar de Endymion. Como as palavras de Beryl, protegida e queridinha da rainha, começaram a se tornar lei e como Metalia declarou guerra e ordenou o ataque quando descobriu que Endymion havia traído o povo deles, havia unido-se a Lua que estava prestes a invadi-los, portanto eles tinham que fazê-lo primeiro.

Mas agora Jadeite lembrava-se dos rostos assustados e surpresos, dos soldados que apareceram fracamente armados, pegos de surpresas, das sailors no fronte de batalha, dando ordens, tentando planejar um contra-ataque no calor do momento. Lembrava-se dos civis que não tiveram tempo de fugir de suas casas e foram mortos em suas próprias salas de estar. Como um povo que estava preparado para invadir a Terra parecia tão despreparado assim? A resposta era simples: porque a Lua nunca considerou a invasão. A animosidade da rainha Serenity com os humanos não era desprezo, não era inveja, era medo. Serenity sabia do que Metalia era capaz de fazer, sabia o caminho que a outra rainha estava tomando, sabia que a invasão aconteceria, em um momento em que ela menos esperasse, e tentava manter a distância para assim não dar razões para a mulher atacar e assim poder desacreditá-la quando isto acontecesse.

Afinal, alguém iria questionar o por quê de Metalia querer derrubar um reino que nunca demonstrou nada além de passividade e diplomacia, certo? Ou ao menos essa foi a esperança de Serenity.

Mas a Terra também estava começando a ser tomada pela mesma Escuridão que tomou Metalia. Pouco a pouco ela controlava a mente de todos, os fazendo crer que a sua vontade e as suas razões eram absolutas, e o ataque veio quando ela descobriu a tal “traição” de Endymion.

Jadeite ofegou quando a verdadeira iluminação o alcançou.

Metalia atacou por despeito, por ciúmes, porque Endymion conseguiu aquilo que ela não conseguiu: a devoção e o amor eterno do príncipe da Lua.

— É. – Zoisite interrompeu os pensamentos do outro homem. – Essa também foi a conclusão que eu cheguei. – porque os pensamentos de Jadeite estavam estampados no rosto dele. – Mas Serenity nunca deixou de amar Metalia. Ela apenas não teve coragem o suficiente para lutar por este amor.

— E acha que Metalia se importa? Ela deve ter percebido que o amor de Serenity não morreu no momento em que a rainha da Lua não conseguiu matá-la e ainda sim permanceu atacando.

— A Escuridão é um caminho sem volta, Jadeite. Serenity não podia mais salvar Metalia, mas também não conseguiria matá-la.

— E ao reencarnar Selene, Endymion e os senshis, ela esperava o quê? Que eles fizessem o que ela não conseguiu? – Zoisite deu um relance para Sailor Moon, para o poder do cristal pulsando ao redor do corpo dele.

— Sim. – disse, convicto. – E nós vamos ajudá-los. – completou.


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