Bishounen Senshi Sailor Moon escrita por Bella P


Capítulo 14
Capítulo 14




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O garoto surgiu em seu caminho como uma aparição. E como uma aparição, assustou o cavalo que montava, fazendo o animal relinchar e inclinar-se nas patas traseiras, quase derrubando Endymion no chão. Quase.

Ser um habilidoso cavaleiro era uma das muitas virtudes do príncipe que rapidamente controlou as rédeas, acalmou o animal e desmontou deste quando o bicho voltou a equilibrar-se nas quatro patas.

Você é idiota por um acaso? – o idiota em questão abaixou o capuz que lhe cobria o rosto e Endymion viu-se sob a mirada dos mais belos olhos azuis que ele já teve o prazer de encarar.

Mamoru piscou e o cenário mudou.

Precisamos parar de nos encontrarmos assim. A impressão que eu tenho é que você está me seguindo. – Endymion disse, ignorando o olhar surpreso do comerciante ao ver o príncipe em sua humilde barraca de maçãs. Selene riu diante da petulância do homem ao seu lado, uma risada melodiosa que fez o coração de Endymion dar uma batida mais forte dentro de seu peito. Selene era um mistério, um mistério que ele adoraria desvendar mas que era deveras complicado.

Só para você ficar ciente. – Selene disse, desviando o olhar das maçãs que escolhia, para dar um relance para Endymion. – Eu tenho mais o que fazer da minha vida. – completou em um tom divertido e recolheu uma maçã vermelha e lustrosa de entre várias. – Ele vai pagar. – declarou para o comerciante e deu as costas para Endymion, sem nem ao menos dar um tchau, deixando o príncipe com a dívida dele.

Mamoru piscou mais uma vez e a feira sumiu e deu lugar a uma ante-sala onde dois homens discutiam.

Príncipe da Lua?! – Endymion sibilou, enfurecido. Fora preparado para lidar com traições, a posição que possuía era propícia para sofrer esses tipos de atos, mas isto? Isto foi uma facada em seu coração jovem e tolamente apaixonado. Porque nada, nada lhe tirava da cabeça que tudo o que eles viveram, todas as declarações e confissões que fizeram um ao outro, não passava de uma grande mentira. De um joguete do Milênio de Prata que há décadas tentava de uma maneira ou de outra subjugar o reino da Terra e conquistar o poder do Cristal Dourado. E que melhor maneira de fazer isto do que enviar o seu príncipe, o homem que todos pensavam ser, na verdade, uma princesa, para seduzir e espionar o herdeiro do trono terrestre?

Surpresa? – Selene parecia envergonhado, mas o seu rosto não demonstrava nenhum remorso e Endymion não podia acreditar em como havia sido tolo.

Os selenitas tinham a fama de serem manipuladores e corações de gelo, típico de um povo que desenvolveu-se na adversidade que era a atmosfera gelada e desértica da Lua, mas Edymion sempre soube que boatos ou eram exagerados ou falsos.

Neste caso não era nem um, nem outro.

— Chiba? Chiba! – Mamoru piscou e estava de volta a sala de chá do templo Hikawa, com Makoto Kino estalando os dedos em frente aos seus olhos para lhe chamar a atenção.

Mamoru ainda não acostumara-se com a ideia de saber que os sailors eram os mesmos garotos, e garota, que andavam com Usagi todo o santo dia. A novidade ainda não havia registrada completamente em sua mente turbulenta por causa dos acontecimentos da última hora.

Assim que Beryl desapareceu com Usagi e os seus generais fizeram o mesmo, Vênus tomou o controle da situação e ordenou retirada para todos, mandando-os seguir para o templo Hikawa, onde iriam reagrupar e discutir um novo plano de ação, e isto incluía Mamoru.

— Quem morreu e fez de você a líder? – Júpiter havia protestado, a tirada inapropriada devido aos acontecimentos recentes, onde Sailor Moon, o líder, havia literalmente morrido. As caretas de Mercúrio e Marte e o olhar mortal que Mamoru lançou ao senshi o fez perceber o seu erro rapidamente. – Desculpe.

— Sailor Vênus sempre foi a líder das senshis. – Vênus explicou. – Nunca existiu uma Sailor Moon.

— Então... – Mercúrio começou a questionar, mas foi cortada por Vênus.

— Templo Hikawa. – a garota ordenou. – Antes que sejamos presos. – e foi então que eles ouviram o som de sirenes ao longe e debandaram do Zepp Tokyo antes que as autoridades chegassem.

— Então nunca existiu uma princesa da Lua. – Ami repetiu, após o relato de Vênus explicando porque ela se passou pela princesa. Porque esta sempre foi a sua função. Garantir a segurança se Usagi fingindo ser a princesa do Milênio de Prata, que quase ninguém lembrava que era um príncipe porque quase ninguém sabia a verdadeira história por detrás do nascimento de Selene. – Mas Luna deveria saber, não deveria? – continuou, lançando um olhar intrigado para a gata, que desviou o olhar.

A resposta para esta questão veio de Ártemis, o outro gato conselheiro da família real do Milênio de Prata.

O felino soltou um ruído de escárnio, mas não disse nada, deixando para Minako a função de esclarecer a situação e o porquê de sua curiosa reação.

— Luna nunca gostou de Selene. Ela considerava o nascimento dele um mau presságio, uma afronta aos deuses e a linhagem das Serenity e a rainha deu ouvidos à ela. – Minako explicou, dando um olhar atravessado para Luna.

— Você quer dizer que Usagi... – Ami tinha até medo de completar os seus pensamentos, de ponderar a ideia de que a família real, a rainha que Luna pintou para elas, não era tão amorosa e misericordiosa assim.

— Não. – Minako cortou a outra garota, vendo na expressão chocada e pálida dele o reflexo de seus pensamentos. – A rainha adorava Selene. Ele era a luz da vida dela, mas existia uma tola lenda que dizia que o nascimento de um homem dentro da linhagem das Serenitys era mau presságio. A rainha sabia que o nascimento de Selene traria ventos diferentes para o Milênio de Prata, podendo ser bons ou ruins, mas ela não sabia dizer que mudanças seriam essas. Luna meteu na cabeça que as mudanças seriam coisas ruins. Serenity queria acreditar que seria algo grandioso, algo bom, e por isso tentou garantir a segurança de Selene o máximo que pôde. Para os reinos vizinhos, o Milênio de Prata gerara uma herdeira, como previsto, mas os selenitas sabiam da verdade e guardavam este segredo a sete chaves.

— E no final eu não estava errada, estava? – Luna respondeu, petulante e dando um relance para Mamoru.

— E você têm boa parte da culpa nisto! – Minako rebateu em um tom venenoso, lançando um olhar duro e acusador para a gata. – Você não escondia o seu desagrado pela existência de Selene, tanto que ele achou melhor sumir na Terra a ter que continuar ser o príncipe da Lua! E se ele não tivesse ido para a Terra...

— O quê? Não teria me conhecido? – Mamoru entrou na conversa, com o seu tom de voz denotando tanto desagrado quanto o de Minako.

— Me desculpe, alteza, mas conhecê-lo foi o ápice de tudo. – Minako rebateu e Mamoru engoliu qualquer coisa que diria em seguida, porque somente o modo como ela dirigiu-se à ele foi o suficiente para chocá-lo e calá-lo.

Ela o chamou de alteza. Ele, um jovem órfão que mal lembrava de seu passado. Sim, ele tinha agora algumas memórias de quando era Endymion, mas e quando não era Endymion e nem Mamoru, quem ele foi? O Cristal de Prata, supostamente, deveria ajudá-lo com isto, mas Mamoru suspeitava que não seria bem este passado que a pedra sagrada traria à tona e ele confessava que estava assustado.

O conflito entre a Lua e a Terra aparentava ser bem mais complexo do que era. A discussão entre Minako e Luna mostrava isto, assim como as acusações que a senshi de Vênus dirigiu à ele. Mas Mamoru sabia que havia mais. A indignação de Endymion, em sua lembrança, era profunda e dolorosa. A tradição quase o sufocou e a dor de saber que tudo não passava de uma mentira trouxe lágrimas momentaneamente aos seus olhos.

Selene mentiu para Endymion? O usou? Mamoru não queria acreditar nisto, porque Selene era Usagi e Usagi era incapaz de usar uma pessoa desta maneira, certo? Ou talvez não. Motoki mesmo lhe dissera que as coisas que ele sabia sobre Usagi não conseguiam nem preencher a frente e o verso de uma folha A4.

— Vocês poderiam esclarecer para aqueles que não tiveram as suas memórias retornadas por completo? – Makoto pediu com um erguer de mão como se estivesse em sala de aula e prestes a fazer uma pergunta cabulosa ao professor.

— Os reinos da Terra e da Lua tinham uma relação tensa há décadas. O reino da Terra visava conquistar o da Lua e o Cristal de Prata. – Luna explicou e Mamoru grunhiu, a interrompendo e cruzando os braços sobre o peito.

— Por favor. – ele disse com desdém. – Por que iríamos invadir o Milênio de Prata? O reino inteiro era um desastre estratégico.

— O quê?! – Luna guinchou.

— O Milênio de Prata não tinha terras férteis, território extenso, ou população relevante. Vocês viviam da indústria e comércio de armas e peças de decoração que produziam com o metal local, a única coisa valiosa que tinham. As suas armas sempre foram a de melhor qualidade em todo o primeiro quadrante, mas era a única coisa que tinham, mais nada. Era um milagre serem politicamente e financeiramente independentes. Invasão era uma opção ridícula e considerada desperdício de força militar.

— Mas tínhamos o Cristal de Prata. – Luna disse firmemente, decidida a manter as suas ideias e convicções.

— E nós tínhamos o Cristal Dourado, que vocês almejavam. – Mamoru rebateu, secamente. – Invadir a Terra, roubar o nosso Cristal e nos subjugar seria extremamente vantajoso para vocês. Nós tínhamos recursos naturais em abundância, terra fértil, território vasto e uma atmosfera que não foi artificialmente criada para poder abrigar vida.

— Blasfêmia! – Luna guinchou mais uma vez.

— Deixa eu ver se eu entendi. – Rei intrometeu-se na briga antes que uma cena ridícula acontecesse: Mamoru e Luna partissem para a agressão física, e Rei não estava a fim de ter gravado em suas retinas a visão de um homem crescido e um gato que não deveria pesar nem um quilo, rolando, aos tapas, pelo chão. – A Lua achava que a Terra queria o Cristal de Prata. A Terra achava que a Lua queria o Cristal Dourado. Então, quem atacou primeiro? A minha memória ainda está meio falha, mas eu lembro que o centro do conflito foi a capital do Milênio de Prata.

Mamoru desviou o olhar, ainda mais que Luna tinha estufado o peito em arrogância e triunfo.

— A Terra. – Luna respondeu.

— Por quê? – Rei ainda não estava muito convencida dessa história cheia de buracos em seu enredo.

— Minha mãe era paranoica e considerou a minha recusa em casar-se com Lady Beryl e o meu relacionamento com um selenita, que mais tarde ela veio descobrir que era o príncipe da Lua, uma afronta e uma traição. Ela achou que isto era um plano da Lua para invadir e resolveu atacar primeiro. – Mamoru explicou.

— Péra, péra, péra! – Makoto pediu, com a palma erguida em um literal pedido de “pare”. – Sua mãe? – Mamoru deu um suspiro sofrido.

— Metalia.

O choque que passou pelo rosto de Ami, Makoto e Rei não era comparado ao choque que ele sentiu ao lembrar-se desta parte de seu passado. Mas o mais estranho era que ele também lembrava de uma Metalia carinhosa, dedicada, uma mãe amorosa que pouco a pouco, conforme os anos foram passando, tornou-se amarga e obsessiva com o reino da Lua.

— A Terra tem um cristal sagrado como a Lua? – Ami sempre foi prática e esta informação era extremamente útil se iriam resgatar Usagi. Porque ela acreditava, precisava acreditar que o amigo ainda estava vivo. E Mamoru Chiba, aparentemente, estava do lado deles. Ou ao menos do lado de Usagi, pelo modo como ele reagiu quando Sailor Moon foi abatido.

— Sim. – Mamoru a respondeu. – O Cristal Dourado, como o de Prata, é de posse e uso somente da linhagem real da Terra.

— Se Metalia tem um Cristal desse em sua posse, pra que precisa do de Prata? – Makoto perguntou.

— Porque ela não o tem, não é mesmo Chiba? – Minako olhou longamente para Mamoru, que o suspirou.

— O Cristal Dourado é um objeto mágico e sagrado e, como tal, possui certas regras para ser manuseado. Uma pessoa com intenções vis ou coração dominado pela Escuridão não pode usar o Cristal. Na primeira vez que eu vi Metalia ser rejeitada pelo Cristal eu percebi que ela tinha tomado um caminho sem volta. Eu também tinha as minhas desconfianças com a Lua, sempre me preparei e preparei as minhas tropas para eventuais ataques, ficávamos de olho na Lua constantemente, mas o Milênio de Prata nunca demonstrou ser uma ameaça concreta apesar de tudo o que a minha mãe dizia. Quando ela foi recusada pelo Cristal, foi quando eu soube que tinha algo errado, foi quando eu procurei rainha Serenity para alertá-la do perigo. Foi quando eu descobri quem Selene verdadeiramente era e pensei ter sido feito de tolo, as mentiras de Selene me fizeram ficar cego e por um momento acreditar nas paranoias da minha mãe. Quando eu dei por mim e percebi a verdade, já era tarde demais. A Terra tinha atacado a Lua.

— Se o Cristal Dourado rejeitou Metalia, o que a faz pensar que o Cristal de Prata irá ajudá-la se ambas as joias são parecidas em seu modo de agir? – Ami perguntou.

— Não vai. – a resposta veio de Minako. – Metalia não quer o Cristal de Prata para usá-lo, quer para destruí-lo e assim libertar-se. A prisão dela é feita de energia, foi criada pelo Cristal de Prata e mantém-se em pé graças a este. Se o Cristal não existir mais, a prisão desaparece.

— Se ela não pode tocar o Cristal de Prata, não pode destruí-lo. – Ami repetiu.

— Ela só precisa corromper o Cristal com Escuridão o suficiente que este se destruirá. – Minako mais uma vez esclareceu.

— Se Metalia não tem o Cristal Dourado, quem tem? – Makoto perguntou e o olhar de Minako foi para Mamoru.

— Essa parte não voltou pra mim ainda. – Mamoru disse sem jeito, porque ele sabia muito bem o que aquele olhar endurecido de Minako, sobre ele, significava: eles precisavam do Cristal Dourado para salvar Usagi e ele, melhor do que ninguém, sabia da urgência de recuperar a joia.

 

oOo

 

O rosto de Zoisite era uma mistura de fascinação e ódio e os seus olhos não conseguiam desviar da cena que estava metros a sua frente.

O corpo de Sailor Moon flutava poucos centímetros acima do altar onde foi colocado, os membros relaxados moviam-se com a mesma fluidez de quem movia-se sob a água. O uniforme voltara a ser aquele branco perfeito. A mancha de sangue, o rasgo no tecido, o ferimento por completo, haviam sumido. Ao redor dele uma névoa prata o envolvia e movia-se como poeira de estrela. O símbolo da família real da Lua ainda brilhava no centro de sua testa mas, desde que fora trazido pela rainha Beryl até o palácio que era a base do Reino Negro, o senshi não acordara.

A névoa que cercava Sailor Moon provinha do Cristal de Prata, que ainda não dera as caras, mas estava ali e disposto a proteger o seu dono com todas as forças. Quando Beryl tentou atrair a joia para fora do corpo de Sailor Moon, a reação da mesma foi tão violenta que queimou–lhe metade do braço e ela teve que ser retirada da sala, amparada por Kunzite e Jadeite.

Zoisite ficara para trás, para montar guarda e para observar, tentar entender, buscar no corpo que flutuava as respostas que o atormentavam há tempos. Aquele ali era a razão da traição de seu príncipe, aquele que fez Endymion dar as costas para o seu povo, seus súditos, e aliar-se ao ardiloso reino da Lua. O observando de perto, ele nem era tão interessante assim para Endymion ter perdido a cabeça, e o coração, da maneira que perdeu.

Zoisite lembrava-se de Sailor Moon de uma época em que ele não era Usagi, não era o príncipe da Lua, era apenas Selene, um elusivo camponês cuja aura de mistério e os milhares de segredos encantaram Endymion. Zoisite era desconfiado por natureza e a aparição de Selene, e seus súbitos desaparecimentos, sempre o deixaram com a pulga atrás da orelha. Selene não tinha passado, não tinha história, quando questionado sobre assuntos pessoais, saía pela tangente. Dizia-se terráqueo mas tinha um conhecimento dos humanos muito baixo e sempre partia antes do anoitecer. Descobrir a verdade sobre ele, contada por um Endymion as berros e preenchido de fúria e da dor da traição, não surpreendeu Zoisite que se antes não gostava do garoto, a partir daquele dia, do dia em que viu o seu príncipe tentar esconder um coração aos pedaços sob a máscara da raiva, ele passou a detestá-lo.

Selene era a causa de todos os problemas da Terra no momento em que ludibriou o seu príncipe, irônico que ele também fosse a solução. Beryl não conseguiu arrancar o Cristal de dentro de Selene, mas talvez Zoisite conseguisse, ou morreria tentando.

Será que, ao retirar o Cristal, Selene morreria? Era uma possibilidade. O ferimento não estava mais a vista, mas ainda estava lá, pois o mesmo havia sido muito grave para ser curado instantaneamente. Era por isso que Selene dormia, ainda fraco demais para retornar a consciência. E se ele morresse com a retirada do Cristal de seu corpo, Zoisite admitia que não derramaria uma lágrima por ele, talvez até soltasse fogos de artifício em comemoração.

Com extrema cautela, Zoisite aproximou-se do corpo ainda flutuando sobre o altar. Quando esticou a mão na direção da barreira, surpreendeu-se por esta não ter começado a se mover como um ninho de serpentes inquietas, estalando e emitindo correntes elétricas sobre a sua superfície, esperando somente o momento certo para dar o bote. Pois foi assim que ela reagira a Beryl. Assim que ela quase arrancou o braço da rainha fora se os generais não tivesse agido a tempo.

Zoisite deu mais um passo em direção a Selene e a barreira permaneceu quieta, flutuando e movendo-se com a lentidão de ondas formadas sobre a superfície de um lago diante da brisa que soprava. Mais um passo e Zoisite estava perto o suficiente para as pontas dos seus dedos tocarem a névoa e então ser sugado por esta como uma supernova era sugada por um buraco negro.

O que ele está fazendo lá, Ártemis? – Zoisite ofegou ao ver a rainha Serenity debruçada sobre o beiral de uma sacada. Os seus dedos longos e pálidos apertavam com força a superfície do gradeado de proteção e os seus olhos estavam fixos no planeta Terra que girava lentamente, a quilômetros de distância, no Espaço.

Ao lado da rainha havia um homem alto e magro. O seu cabelo absurdamente branco e longo confundia–se com as suas vestes de igual cor. Ele era pálido e tinha olhos azuis escuros e que observavam a rainha com preocupação.

Selene acha que eu sou idiota?! – Serenity virou-se para o chamado Ártemis. A sua compostura em nada lembrava a mulher que Zoisite vira a distância, a mulher fria e compenetrada, que fortalecia nos humanos a ideia de que os selenitas não eram concebidos, mas sim esculpidos de blocos de mármores para serem belos e frios. – Ele acha que retornando antes do anoitecer, antes da lua despontar no céu terrestre, eu não irei saber onde ele foi? Novamente, ele acha que eu sou idiota?! – Zoisite ofegou, surpreso diante da explosão de Serenity, diante de uma reação tão emocional da rainha, tão humana, tão maternal.

Majestade. – Ártemis tentou aplacar a fúria da rainha em um tom apaziguador, mas Serenity era uma mulher temperamental, mesmo que não transparecesse. – Ninguém sabe quem ele é...

Ainda, ninguém sabe quem ele é, ainda. É só uma questão de tempo. As feições o denunciam, o poder que ele exala também, uma hora alguém irá fazer mais perguntas que o necessário e descobrirá a verdade e aí a Terra terá um poder de barganha poderoso sobre nós porque terá o príncipe herdeiro sob o seu poder!

A senhora acha que Metalia fará algum mal a Selene? Afinal, ele é seu filho. Ele é parte de você. – Ártemis comentou com um ar duvidoso e Zoisite deu um passo a frente, aproximando-se mais da dupla. Não tinha medo de ser visto ou reconhecido, pois era claro que aquilo era uma lembrança sendo reencenada pelo Cristal de Prata. A joia queria que Zoisite visse algo, soubesse de algo, que provavelmente seria revelado agora.

Justamente por ser meu filho que ele corre perigo. Metalia não é mais a mulher que eu conheci. – Serenity deu as costas para Ártemis, voltando a se apoiar no beiral da varanda, com um ar extremamente derrotado. – Não é mais a mulher que eu amei.

Zoisite não teve tempo para processar o choque daquela descoberta, pois logo foi cuspido para fora da lembrança. A sua visão demorou um pouco para recuperar o foco diante da mudança brusca de cenário, mas quando recuperou, viu que a névoa pulsava de forma mais intensa ao redor de Sailor Moon, como se quisesse lhe dizer alguma coisa, mais coisas do que já lhe dissera, mas segurava-se para não fazer isto, impedia-se pois o momento não deveria ser propício e Zoisite não tinha certeza se aguentaria ter outra bomba jogada em seu colo desta maneira.

Serenity amou Metalia.

A questão agora era: será que Metalia amou Serenity de volta?


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