Bishounen Senshi Sailor Moon escrita por Bella P


Capítulo 13
Capítulo 13




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Usagi não teve tempo de reagir para sair da linha do primeiro ataque, pois Mamoru quebrou a sua concentração ao abraçá-lo novamente pela cintura e com um salto poderoso levá-los para outro ponto daquele enorme hall. Mas mal eles tocaram novamente o chão, e dardos feitos de cristais voaram na direção deles.

Usagi jogou-se entre duas fileiras e ouviu o tud nauseante dos cristais cravando-se nas almofadas das cadeiras. Um milésimo de segundo de atraso em sua reação e Usagi seria agora uma almofada de alfinetes.

Um estalar ecoou pelo recinto e entre a brecha formada por duas cadeiras, Usagi viu Vênus em um embate de corrente contra espada, com Kunzite. Júpiter, Mercúrio e Marte estavam divididos entre atacar Jadeite e Nephlyte e defender-se das meninas que Jadeite colocara sob o poder do Reino Negro.

— Sailor Moon! – Mamoru gritou as suas costas e o coração de Usagi veioà boca quando a espada cortou os encostos das cadeiras, o expondo ao adversário. O ataque seguinte da lâmina foi bloqueado pelo seu bumerangue. Com a mão livre, Usagi apoiou-se no chão, girou o corpo, tomando impulso, e acertou um chute na lateral da cabeça da garota que o atacava, a derrubando com um golpe só. Finalizou o movimento colocando-se de pé, sob o olhar surpreso de Tuxedo Kamen.

— O quê?

— Por que você não aplica essa desenvoltura toda em seu dia a dia?

— Porque... Abaixe-se! – Mamoru abaixou por reflexo e o bumerangue voou centímetros acima da sua cabeça, acertando algo atrás de si. Com um baque seco, alguém foi ao chão. – Porque geralmente eu não estou lutando contra adolescentes possuídas em meu dia a dia.

Mamoru olhou por cima do ombro para ver uma dita adolescente possuída desmaiada as suas costas.

— Você não pode fazer nada sobre isto? – Mamoru não sabia a extensão dos poderes de Sailor Moon, mas alguém que usava bumerangues como armas e golpes espalhafatosos deveria ter algo na manga para lidar com isto.

— Eu posso aplicar a cura lunar nelas, mas são muitas e não dá para eu curar uma por uma, eu ficaria exposto demais. – Usagi ponderou e rodou os olhos pelo lugar, a procura de alguma coisa que pudesse ajudá–lo, quando a sua atenção caiu sobre o espaço característico entre o palco e a plateia, cercado por grades e destinado ao trânsito do staff do show. – Temos que colocá–las em um único lugar. – ele apertou o comunicador dentro de sua orelha. – Marte, preciso da sua ajuda.

— Eu... – a voz ofegante de Rei chegou ao seu ouvido e ao longe ele viu Marte em um embate mano a mano com Jadeite, e em aparente desvantagem. – estou ocupado.

Sailor Moon uniu os bumerangues e os arremessou na direção de ambos, bem rente ao chão. A arma foi girando, deixando um rastro dourado no caminho e abrindo um talho no concreto assim que passava. Marte só precisou sentir a energia aproximando-se para saber que deveria sair do caminho, pois ultimamente os golpes de Usagi estavam ficando cada vez mais poderosos e, portanto, de fácil detecção para aqueles com o sexto sentido mais apurado, como Rei. Diferente dos outros sailors, Usagi era o que tinha mais dificuldade de relembrar o seu passado, mas isto não o impedia de evoluir de forma impressionante e até mesmo mais rápido que os outros senshis.

Nem mesmo Vênus, que parecia estar aguentando bem os ataques de Kunzite, era tão forte assim. E ela era a Princesa da Lua, detentora e única capaz de empunhar o sagrado e poderoso Cristal de Prata. Isto somente não deveria lhe dar vantagens em seus contra ataques?

Marte saltou para trás quando os bumerangues o alcançou e assim que as solas de seus sapatos tocaram o chão, ele girou sobre os saltos e correu na direção de Moon.

Jadeite também saiu da linha do ataque, mas não rápido o suficiente para evitar o talho que foi aberto no casaco de seu uniforme, expondo uma parte do peito alvo que começava a sangrar devido ao corte superficial causado pelo deslocamento de ar dos bumerangues.

— Preciso que guie todas essas meninas para o curral entre o palco e a plateia. – Moon informou assim que Marte aproximou-se dele.

— E ele? – Rei apontou com um dedo para Tuxedo Kamen, que embora tenha ajudado a salvá-os, ainda estava na lista negra do jovem Hino com todo o seu mistério e mentiras.

— Ele vai ajudar. – Mamoru abriu a boca para protestar a ordem. Quando apareceu ali, guiado pelo eterno e estranho instinto que o apoderava cada vez que Sailor Moon entrava em batalha, conseguiu captar o final da ameaça de Kunzite.

O general estava exigindo da princesa o Cristal de Prata em troca da vida dos sailors, e por um momento ele ficou paralisado de choque diante do que ouviu.

A nova sailor era a Princesa Serenity.

Mamoru tinha a certeza de que a revelação deveria mexer com algo dentro dele. Ali estava a mulher que tinha todas as respostas para os mistérios de seu passado, que o atormentava por meses em seus pesadelos mas, quando a viu, só pôde sentir desapontamento. Mamoru sempre soube que reconheceria a princesa assim que a visse, escondida ou não sob o feitiço de camuflagem dos senshis. Ambos tinham uma estranha conexão, mas tudo o que sentiu foidecepção e a primeira coisa que veio à sua mente ao por os olhos na princesa foi: “esta não é a princesa”. Aquela não era a princesa da Lua e disto ele tinha certeza.

— Tuxedo Kamen! – Sailor Moon chamou, estalando os dedos na frente dos olhos dele.

— Sim, eu vou ajudar. – declarou, porque quanto mais rápido eles despachassem os generais, mais rápido ele teria a chance de falar com a princesa que não era princesa e exigir explicações.

E uma contagem de três, o trabalho de encurralar as meninas possuídas começou, entre ataques das próprias ou ataques errantes dos generais. Mercúrio, Júpiter e Vênus rapidamente captaram a ideia do que Marte e Moon faziam e tentavam manter Kunzite, Jadeite e Nephlyte ocupados enquanto rosas de caules afiados cortavam o ar, fincavam-se no chão aos pés das garotas e chamava a atenção delas para o seu atacante. Assim que elas viram Tuxedo Kamen, foram na direção dele e ele correu para o curral enquanto, metros a sua direita, uma parede de fogo pareceu brotar do chão, obrigando as garotas que seguiam Sailor Moon a tomarem um outro caminho, o caminho do curral.

Sailor Moon arremessou um bumerangue, que ricochetou em paredes e cadeiras, bloqueando passagens e obrigando a mudança de percurso das meninas. As adolescentes apossadas pelo reino lembravam zumbis. Não tinham muita coordenação motora ou vontade própria, mas a mira era ótima e a força que elas empregavam por detrás dos golpes era sobre-humana. No entanto, a falta de vontade própria e o fato de que elas estavam focadas em derrubar Sailor Moon tornava ainda mais fácil atraí-las para o curral em frente ao palco.

Mais uma parede de fogo surgiu na frente de um grupo, o obrigando a ir na direção contrária. Rosas as fizeram mudar o percurso mais uma vez e o ataque de Sailor Moon as atraiu para ele.

Usagi pulou a grade que delimitava o curral e subiu no palco agilmente, girando sobre os saltos e vendo com satisfação que o seu plano tinha funcionado. Com um sorriso de triunfo no rosto, ele juntou mais uma vez os bumerangues acima da cabeça, preparou-se para invocar o seu poder de cura, e sentiu o ar ser perfurado para fora de seu pulmão.

Literalmente perfurado.

— USAGI! – o grito desesperado de Mamoru o fez desviar da ponta do cristal que brotava de seu peito, banhado com sangue que Usagi notou, de forma desconexa, que era seu.

O cristal deixou o seu corpo tão rápido quanto o penetrou, sugando consigo o pouco ar que ainda tinha em seus pulmões. Usagi tossiu, tentando desalojar o bolo em sua garganta e sentiu o mesmo, em forma de líquido viscoso e quente e de gosto metálico, empapar a sua língua e descer pelo seu queixo. Os bumerangues caíram no chão, desfazendo a sua formação dupla, enquanto Usagi levou as mãos ao peito ferido, tentando compreender o que estava acontecendo. Que buraco era aquele? Por que estava sangrando e por que pressionar o ferimento não melhorava a situação?

— USAGI! – Mamoru berrou mais uma vez, abrindo caminho entre as garotas que agora caíam como pinos de boliche ao redor dele assim que ele as tocava. Às suas costas ele ouvia o desespero dos outros senshis, ouvia o ódio e o pânico em suas vozes enquanto eles desferiam os seus golpes sobre os generais e, entre a cacofonia de sons, ele distinguiu o som característico da risada estridente de Zoisite que surgira detrás de Sailor Moon, ainda empunhando a espada de cristal manchada de sangue. O ferimento em sua cabeça manchara de sangue o colarinho de suas vestes e empapara o seu cabelo, ele estava pálido e tinha um olhar alucinado, mas isto não fez Mamoru parar de correr, não o impediu de saltar na direção do general, de invocar a sua bengala, de ver os olhos largos de Zoisite ficarem ainda mais largos quando viram a fúria que era Mamoru descendo sobre ele.

Zoisite mal teve tempo de bloquear o ataque do homem e, ainda sim, quase perdeu o braço no processo quando a lâmina da espada de Mamoru partiu a espada de cristal em milhares de pedaços.

As batalhas ao redor do trio entraram em estado de suspensão. As adolescentes possuídas desmaiaram e os cristais que as controlavam deixaram os seus corpos. Os generais haviam cessado os ataques, surpresos demais com o que viam. Com quem viam.

No momento em que Mamoru pulou na direção de Zoisite, com ódio pulsando em suas veias, bengala erguida, havia também uma aura dourada que pulsava ao redor dele e a medida em que ele alcançava o general, a sua fisionomia mudava. O smoking dava lugar a roupas negras de couro e algodão, braçadeiras, joelheiras, ombreiras e peitoral de prata surgiram sobre as roupas, o bengala transformou-se em uma longa e mortal espada. A máscara sumira e uma capa maior e mais pesada do que a que ele usava antes estava presa ao peitoral por uma corrente e um medalhão com um brasão familiar.

Zoisite recuou, apavorado, porque ele não conseguia acreditar no que via. Ele suspeitava que o rapaz que encontrara meses atrás fosse o mesmo homem que os condenou, mas não podia acreditar que, mais uma vez, a história estava se repetindo. E por mais que o odiasse, Zoisite, lá no fundo, ainda nutria um carinho por aquele a quem jurou ser leal e proteger. Mas, aparentemente, a recíproca não era verdadeira, pois o ódio com que Endymion o olhava, a forma como ele ergueu a espada na clara intenção de cortar-lhe a cabeça fora, fez lágrimas involuntárias escorrerem dos olhos do general.

— Ma-mo... – Endymion parou o ataque ao ouvir a voz fraca e gorgolejada. Os seus olhos azuis ainda prometiam morte a Zoisite, o seu corpo ainda estava tenso, mas Sailor Moon retirou forças do além para repetir o nome do homem. – Ma-moru. – Endymion foi lentamente abaixando a espada, mas o seu peito ainda arfava, o seu rosto tinha uma expressão tempestuosa e Zoisite deu um relance a Sailor Moon, ainda milagrosamente de pé, não sabendo se odiava ainda mais aquela criatura que era capaz de invocar sentimentos tão intensos e conflitantes em seu príncipe, ou o agradecia por ter salvado a sua vida.

Olhar para Sailor Moon, no entanto, provou-se ser um erro. Endymion não lhe cortara a cabeça, mas o soco que ele lhe deu não apenas quebrou o seu nariz, como o apagou novamente.

 

oOo

 

Mamoru viu com prazer Zoisite cair como um peso morto sobre o palco e como desejou que ele fosse, literalmente, um peso morto.

— Mamoru. – Usagi chamou em um sussurro e Mamoru correu para o lado do garoto, o segurando no momento em que as pernas dele fraquejaram e juntos eles foram ao chão, com Mamoru abraçando Usagi contra o peito enquanto com uma mão pressionava o ferimento, sabendo ser ato inútil. Havia ponto de entrada e saída nas costas e peito de Usagi e ambos sangravam copiosamente. O sangue na boca indicava que um pulmão foi atingido, portanto era só questão de tempo para o mesmo entrar em colapso e Usagi começar a sufocar.

— A... – Usagi balbuciou, com lágrimas escorrendo pela lateral de seu rosto. – princesa. – conseguiu dizer e Mamoru desviou os olhos, também cheios de lágrimas, do rosto do garoto para os outros senshis.

A batalha dos sailors com os generais havia cessado e os servos do Reino Negro o olhavam como se estivessem vendo um fantasma.

— Faça alguma coisa! – Mamoru berrou para Vênus. Ela não era a Princesa da Lua? Ela podia usar o Cristal de Prata, um objeto tão poderoso que pôde aprisionar Metalia, que enviou as almas deles para a Terra para reencarnarem quando o momento fosse propício. Ela tinha que fazer alguma coisa!

— Eu... – Minako balbuciou. Não era para ser assim. Não era assim que a história terminava, com ela ouvindo o seu subconsciente gritando em seus ouvidos sobre como ela falhara, mais uma vez.

— Moon! – Mercúrio foi a primeira a deixar o seu estupor e ir até a dupla sobre o palco, ajoelhando-se do outro lado de Usagi e pressionando a mão nas costas dele, onde foi o ponto de entrada da espada. – Eu vou chamar uma ambulância.

— O quê? Não! – Vênus finalmente reagiu e com um salto uniu-se ao grupo sobre o palco. – Você está maluca? Irá nos expor! – ela avançou sobre Mercúrio, na intenção de arrancar o computador da senshi da mão dela, mas foi impedida.

— Não tão rápido, amiga! – Júpiter segurou com força o braço de Vênus, a puxando com um tranco e a afastando de Mercúrio. – Princesa ou não, eu quebro a sua carinha bonita se você interromper o pedido de socorro de Mercúrio.

— Vocês não entendem! – Vênus esbravejou. Enquanto tinham o anonimato, eles estavam seguros. No momento em que as pessoas soubessem quem eles eram, sabe-se lá o que aconteceria. O ser humano tinha um longo histórico de reagir de forma negativa e violenta à aquilo que eles não conseguiam explicar ou controlar.

— Chame a ambulância, Mercúrio. – Marte ordenou, colocando-se no caminho de Vênus.

— N-não. – Usagi balbuciou, conseguindo com uma força descomunal erguer o braço e segurar com dedos fracos o pulso de Ami, impedindo que a garota começasse a fazer a ligação. Com olhos brilhantes em uma mistura de delírio, choque e lágrimas, ele viu com mórbida fascinação os seus dedos ensanguentados mancharem a luva de Sailor Mercúrio e por um instante riu, uma risada molhada que o fez tossir dolorosamente em seguida, mas não conseguiu evitar, pois a ideia absurda de que Ami teria trabalho para tirar as manchas de sangue de seu uniforme e arrumar desculpas esfarrapadas para a lavanderia o fez rir involuntariamente.

— Usagi, fica quietinho. – Mamoru pediu e o olhar de Usagi foi para ele e as suas sobrancelhas franziram, tentando reconhecer o homem debruçado sobre si. Aquele não era o seu Mamoru. Não aquele sujeito trajando armadura brilhante, de expressão fechada, de olhos lacrimosos.

A testa de Usagi franziu mais. Aquele não era o seu Mamoru, mas ao mesmo tempo era. A figura lhe era familiar. O cenário era familiar, mas o plano de fundo era diferente. O plano de fundo original Usagi viu quando piscou lentamente e tudo saiu de foco por um segundo e então o palco sumiu, os instrumentos revirados e holofotes quebrados, tudo desapareceu e em seu lugar surgiram colunas caídas, fogo e gritos, explosões, rosas murchando e o poder do Cristal de Prata, sendo usado a sua capacidade máxima, pulsando ao seu redor e ao redor de Mamoru. O mesmo Mamoru que o abraçava contra o seu peito largo, estava debruçado sobre ele, com uma expressão tempestuosa e lágrimas rolando pelas suas bochechas.

Mas este Mamoru não o chamava de Usagi. Este Mamoru o chamava de...

— Selene, por favor. Por favor. – ele implorava por algo que Usagi não fazia ideia do que era. – Por favor, não morra. Não me deixe, seu idiota. – o repreendeu e Usagi riu fracamente. Idiota, era assim que ele o chamava. Era assim que o chamou quando se conheceram, nas ruas empoeiradas do reino da Terra.

— Endymion... – Usagi sussurrou o nome como se fosse uma prece, o nome que lhe era tão familiar e sagrado, em seu coração. – Eu sinto muito.

— Usagi? – o cenário do Milênio de Prata destruído desfez–se, voltando a ser o palco destruído do Zepp Tokyo. – USAGI? NÃO SE ATREVA! – Mamoru praticamente berrou no ouvido do garoto quando este fechou os olhos. – Por favor, por favor, não morra. Não me deixe. – mas era tarde. No momento em que Mamoru abraçou o corpo mole de Usagi contra o seu, colocou o rosto dele na curva de seu pescoço com o ombro e não sentiu nem um sopro de ar tocar a sua pele, sabia que era tarde.

Os senshis estavam estáticos, Mercúrio continuava com a mão erguida, os dedos congelados sobre o touch-screen, não sabendo como reagir. Do que adiantava chamar a ambulância agora se tudo o que os paramédicos fariam era ensacar o corpo para levar para o necrotério?

— Não! Não, não, não! – Júpiter repetiu a negativa como um mantra e correu até o sailor caído, chegando até ele em um deslizar de joelhos.

Os generais continuavam imóveis de puro choque diante não da cena que presenciavam, mas da pessoa que viam, abraçando o corpo de Sailor Moon.

Endymion. O príncipe que os traíra, o príncipe que eles acharam nunca mais ver, o que os condenara e que novamente estava ali, diante dos olhos deles, para alimentar ainda mais os seus constantes pesadelos.

— Por que a transformação não retrocedeu? – Marte comentou com a voz embargada. Todos os sailors conheciam-se há pouco tempo, mas a ligação entre eles era forte e foi estabelecida no primeiro momento em que os seus olhos se encontraram. Era uma ligação que vencia a barreira do tempo, da vida e da morte, e que causava uma dor imensa dentro de Rei ao ver um dos elos se romper daquela maneira. Era como perder um membro. Pior, era como ter o coração arrancado do peito e vê-lo pulsar nas mãos do inimigo.

— Não pode ser. – Vênus ofegou ao seu lado. Ela estava absurdamente pálida e com um olhar atormentado. A aura que a cercava era escura, a aura da culpa e da raiva. Marte imaginava que a princesa tivesse uma ligação mais intensa com todos os seus senshis, embora ele nunca tenha conseguido sentir esta conexão da mesma forma que sentiu com Usagi quando o conheceu. Luna dizia que a princesa era candura e bondade, alguém digno de ter servos leais como os senshis, mas tudo o que Vênus conseguia fazer era irritá-lo. – Não. – a sailor murmurou, mas o não dela não era uma negação pelo que tinha acontecido, mas surpresa pelo que estava acontecendo.

Marte voltou o olhar para Sailor Moon que brilhava. Literalmente brilhava. Uma luz prateada densa, como poeira lunar, pulsava ao redor de seu corpo e quando Mamoru desfez o abraço, deitando Usagi delicadamente no chão, todos notaram que havia um ponto de luz surgindo no centro da testa dele.

— Não, não, não! – Vênus disse em desespero. – Eles não podem saber! – e correu até Usagi, com a intenção de fazer alguma coisa, qualquer coisa, mas Júpiter foi mais rápido e abraçou a senshi pela cintura, impedindo o seu progresso e a afastando de Sailor Moon. – Me solta, Júpiter! – Vênus ordenou com fúria.

— Não! – Júpiter rebateu, igualmente raivoso. – O que quer que esteja acontecendo, está salvando a vida de Usagi. – e era verdade, Marte pôde ver. A cor estava voltando as bochechas de Usagi e o peito dele começou a subir e descer vagarosamente em uma respiração fraca.

— Você não entende! – Vênus esbravejou. – Eles não podem saber, ninguém pode saber!

— Saber o quê? – Mercúrio perguntou, surpresa e assustada com o escândalo que Vênus estava fazendo.

— Que Usagi é o príncipe da Lua. – Mamoru disse em um sussurro quase inaudível, mas que foi o suficiente para todos os senshis virarem-se para ele e vê-lo olhar com fixação a testa de Usagi, onde um símbolo de meia lua prateado havia surgido. A marca da família real do Milênio de Prata. – Nunca existiu uma princesa da Lua. – o olhar dele, perplexo ao lembrar-se disto, ao finalmente perceber o que havia de errado, de desconexo em seus sonhos, foi para os senshis, também surpresos com aquela revelação. – Usagi foi o primeiro príncipe a nascer de uma longa linhagem de Serenitys e a rainha escondeu isto como o seu segredo mais valioso. – ele mirou Vênus como se a visse pela primeira vez. – Vênus foi a última senshi a unir-se ao ranking de sailor guerreiras e a sua semelhança com o príncipe e a idade próxima a tornava o disfarce perfeito. Vênus quem sempre se passava pela princesa da Lua em funções diplomáticas. Esta sempre foi a sua missão, não é mesmo? Protegê-lo a todo custo.

— E você arruinou tudo! – Vênus disse, venenosa. – Por sua causa a Terra descobriu o nosso mais bem guardado segredo. Por sua causa o nosso reino foi destruído e Selene morto!

— Eu... – Mamoru recuou, surpreso diante das acusações. As suas memórias não estavam 100%, mas tinha certeza de que não foi bem assim que as coisas aconteceram.

— Gente, melhor discutirmos isto depois. – Marte alertou e Mamoru e Vênus quebraram o contato visual para verem que Mercúrio havia unido-se ao amigo, formando um barreira entre Mamoru, Usagi e os generais que tinham saído de seu estado de choque e preparavam-se para mais um ataque.

Júpiter largou Vênus e pôs-se de pé, indo juntar-se aos amigos na barreira de proteção, e eletricidade corria por sobre os seus braços. Com Marte acontecia o mesmo, mas eram chamas que lambiam os seus membros. Névoa começava a tomar o ambiente ao redor deles e o brilho da corrente de Vênus chamou a atenção deles por um milésimo de segundo.

Os generais também tinham invocado as suas armas e Mamoru fechara os dedos com força no punho de sua espada. A tensão pairando no ar era densa e cada grupo esperava o outro dar o primeiro golpe.

— Não tão rápido. – uma nova voz ecoou pelo Zepp Tokyo e Mamoru só viu o golpe quando este já o acertou no queixo e o arremessou longe, sobre a bateria ao fundo do palco e quebrando e amassando as peças desta com o seu peso. A corrente de Vênus estalou no ar, envolvendo um pulso magro, mas dedos igualmente magros seguraram os elos e partiram estes com extrema facilidade. A onda de choque causada pela quebra da corrente arremessou Vênus e os outros senshis para fora do palco, deixando Usagi, ainda inconsciente, vulnerável e a mercê da recém chegada.

A mulher tinha longos cabelos ruivos, em um tom acobreado, descendo em ondas pelas costas pálidas e magras. Os seus olhos verdes tinham um brilho maldoso neles, os lábios cheios estavam pintados com um batom vermelho vivo, fazendo-os parecer que estavam manchados de sangue. Ela usava um vestido longo, justo as curvas do seu corpo e com um enorme decote em V no colo. Ela parecia frágil, mas a facilidade com que derrubou Mamoru e os senshis, a facilidade com que levantou Usagi no colo, mostrava o contrário.

— Generais! – ela ordenou, com a voz rouca e olhar sério. – Retirada. – e desapareceu com Usagi, antes que os senshis pudessem fazer alguma coisa.

Os generais também sumiram, levando um Zoisite desacordado com eles e, ainda atordoados pelo ataque súbito e por tudo o que aconteceu e pelo ataque surpresa, Mamoru e os senshis ainda levaram um segundo para reagir e somente depois deste segundo passado que Júpiter soltou a pergunta que atormentava a mente de quase todos ali presentes.

— Quem era a maluca? – a reposta, quem deu, foi Vênus, com ódio borbulhando dentro de si por ter falhado em sua missão mais uma vez.

— Beryl. – disse, seca. – Rainha Beryl.


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