Sem Limites escrita por Débora Ribeiro
Capítulo 18 - Bianca
A sensação era a mesma de que um gongo estava dentro da minha cabeça, e alguém está batendo e batendo nele sem parar.
Minhas pálpebras tremem quando tento abrir meus olhos. O despertador já tocou duas vezes, mas eu e Ryan erámos dos pesos mortos no momento, então nenhum de nós se moveu da minha cama para desligar o maldito barulhento.
— Porra – Resmungo com a garganta seca.
— Sim. Porra. – Ryan geme.
Olho para o lado e o encontro com o braço direito contra os olhos, desço meus olhos por seu corpo e o vejo totalmente nu, o que me traz certa animação – o quanto era possível no meu estado deplorável -, seguindo meus olhos, encontro sua mão segurando a minha. Mas não foi essa visão que me fez sentar ereta e de boca aberta, não, foram as algemas em nossos pulsos que expulsaram a merda fora de mim.
— Espero que aqueles fodidos tenham a chave dessa merda!
— Não grite, amor, pelo amor de Deus! – Ryan resmunga e eu dou um puxão, o fazendo grunhir.
— Ryan, porra, olha essa merda! – Surto e puxo novamente, mas desta vez a maldita coisa fere meu pulso. – Eu vou fatiar os malditos com uma faca de cerra!
— Do quê que você está falando? – Ryan pergunta se sentando, mas ainda de olhos fechados.
— Querido, abra seus benditos olhos. – Digo respirando e bufando ao mesmo tempo, como um maldito cavalo raivoso.
Ryan abre os olhos e olha para nossas mãos, então ele me encara com seus lindos olhos arregalados e em seguida começa a rir. Ele malditamente tem uma crise de rir que o leva de volta para a cama!
— Isso não é engraçado, eu nem mesmo me lembro como essa ‘’buceta’’ foi parar em nossos pulsos. – Grito irritada.
Tento me levantar, mas sou puxada de volta para cama quando Ryan não se move, e a algema do inferno machuca ainda mais meu pulso.
— Não puxe, Bianca, vai machucar a nós dois. – Ryan fala se recuperando. – Você realmente não se lembra?
Tomo um tempo para ver se as lembranças da noite passada retornam, mas isso não acontece, o que me deixa ainda mais frustrada e irritada.
— Não, eu fodidamente não me lembro. – Respondo quase rosnando.
— Você já é a mulher mais sexy em que coloquei os olhos, mas quando xinga e fica irritada... – Ele fala soltando um grunhido, e eu fico dividida entre cortar seu pau fora ou sentar sobre ele.
— Não me teste, Ryan. – Aviso e ele sorri abertamente. – Vamos nos levantar e procurar nossas roupas, então vamos descer e procurar o culpado.
Ele começa a rir mais uma vez, mas eu o olho mortalmente, o que o faz parar imediatamente. Juntos, reviramos o quarto em busca de nossas roupas e nossas malas, mas não encontramos nada.
— Caralho, porra! – Eu me exalto, completamente fora da minha mente. – Que Deus me ajude e que as facas desta casa tenham desaparecido também!
— Calma, corazón. – Ryan sussurra calmamente, mas pelo canto do olho o vejo apertando os lábios para não rir.
— Você tem algo a ver com isso? – Pergunto com toda a calma do mundo, quando na verdade eu queria chutá-lo no saco.
— Não, eu não. – Ele responde tranquilamente, então afirma. – Mas você sim.
— O quê? – Questiono. – Do que você está falando, fuck face?
Ryan se senta na cama e me puxa para o seu colo, um gesto claro para ele manter o controle sobre mim. Eu não reclamo, porque estava a um passo de surtar e matar alguém.
Sem roupas e ainda algemada ao meu namorado, igualmente nu.
— Estávamos todos muito bêbados e exaltados, mas você começou a dizer coisas sobre como você sempre quis ter um dominador apesar de não curtir BSDM, em como seria maravilhoso ser minha submissa. – Minha boca se abre em choque. – Eu disse que poderíamos fazer isso, mas você disse que só faríamos isso se eu estivesse casado com você, Beth estava rindo tanto que acabou se mijando e Jules apenas disse que você havia sido abduzida, porque a melhor amiga dela, Bianca, nunca iria se casar, Jules disse que você sempre disse isso, que nunca iria se casar e que preferia começar a dar a bunda antes disto acontecer.
Mas que merda?!
— Para provar seu ponto sobre a submissão e o casamento, você subiu as escadas gritando que iria esconder nossos pertences, o que pelo visto você fez. – Ryan solta uma risada e eu o belisco. – Certo, certo. Então você desceu e começou a tirar a roupa, seus primos rapidamente saíram da sala, rindo como hienas, então você começou a tirar a minha roupa.
— Oh Deus... – Sussurro e fecho meus olhos, totalmente envergonhada.
— Alice estava pirando com tudo o que estava acontecendo, mas Ben, Maria, Lavínia e Jules fizeram questão de jogar as roupas que usávamos no estábulo do seu pai. – Eu exalo completamente horrorizada. – Agora metade dos meus funcionários sabem como parecemos nus.
— Você está dizendo...
— Sim, estou dizendo que demos um show. – Ryan diz completamente sério agora. – E eu ainda estava de pau duro.
— Jesus... – Afundo meu rosto em seu pescoço, constrangida.
— Amor, você tem que se lembrar aonde colocou nossas malas. – Ryan diz passando a mão livre por meu cabelo.
— Eu não consigo, não agora. – Murmuro quase em lágrimas.
A vodca pura e eu nunca fomos uma boa combinação. Eu perdia, literalmente, minha cabeça. Quando eu me afasto para me desculpar, o alarme começa a tocar mais uma vez.
— Ryan, meu Deus, Ryan! – Eu salto e ele se levanta, evitando que as algemas machuquem ainda mais nossos pulsos. – Meu pai está chegando, o que nós vamos fazer?
Neste momento eu começo a chorar.
— Vamos nos enrolar nos lençóis então você pega algo das meninas e eu pego algo do seu primo maior. – Ryan e eu o beijo rapidamente.
— Obrigado por não me odiar nesse momento e por ser um gênio. – Digo e ele apenas continua rindo.
Nós seguimos seu plano sobre os lençóis e quando descemos as escadas posso afirmar que está é definitivamente a caminhada da vergonha, e não era agradável.
— O Dom e sua submissa! – Ben grita assim que nos vê.
Quando todas as minhas amigas chegam na sala, acompanhadas por meus primos e alguns tios, eu quero morrer de tanta vergonha. Graças a Deus que meus avós não tinham chegado ainda, ou aí sim eu teria que me casar com Ryan.
— Precisamos de roupas. – Ryan fala em tom cortante e ninguém ousa rir desta vez. – Agora.
Quando Alice e Jared, meu outro primo, se apressam em ir para seus quartos, eu respiro aliviada. Meus pais estariam chegando a qualquer momento e eu estava uma pilha de nervos.
Sou distraída quando o barulho de um ‘’flash’’ sendo disparado soa na sala, e todos nós olhamos para Maria, que tinha seu celular apontado para nós com um sorrio enorme em seu rosto.
— Eu tenho que mostrar isso a Chris. – Ela fala, dando de ombros.
— Filha da puta – Resmungo e Maria apenas ri.
— Queremos saber o que aconteceu aqui? – Meu tio Mark pergunta e eu estremeço.
— Não, tio, não querem. – Respondo e Ryan solta uma risadinha rouca. – Cale-se, Ryan!
— Eu não disse nada! – Ele se defende com sua voz maliciosa.
Eu o fuzilo com meu olhar, mas ele apenas me oferece um dos seus lindos sorrisos, um daqueles que fazem até homens 100% heterossexuais suspirarem e descerem suas calças.
— Santa protetora do brioco, eu acho que nunca mais serei o mesmo depois da noite passada. – Ben diz se abanando. – O corpo nu de Ryan sempre estará em meus pensamentos e em minhas fantasias sexuais.
Eu gemo envergonhada, enquanto Ryan apenas revira os olhos.
— Vamos, amor. – Ele me chama e beija o topo da minha cabeça. – Vamos pegar a chave e vestir nossas roupas.
Aceno, e suspiro, ainda sentindo meu rosto quente pela vergonha, então sigo com ele para um dos quartos do andar debaixo.
Ryan
Corro meus dedos para cima e para baixo no braço de Bianca, enquanto a abraço. Ela fica tensa enquanto espera toda sua família receber seus pais em primeiro lugar.
— Docinho. – O pai de Bianca a chama com a voz áspera e ela soluça.
Saindo dos meus braços ela caminha rapidamente e se agacha na frente de seu pai, o abraçando forte.
— Estou tão feliz que você está em casa, papai. – A ouço dizer com a voz embargada. – Acho que nunca fui tão grata por algo antes.
— Eu também, minha filha. – Seu pai responde acariciando seus cabelos. – Não estou pronto para deixar vocês ainda, e ainda quero conhecer meus netos.
Bianca ri baixo e se levanta.
— Bem, acho que já tenho o doador de esperma ideal. – Ela fala e seu avô ofega, e eu tenho que sufocar minha própria risada. – Qual é, vovô, o senhor não é um puritano!
— Certamente, ele não é! – Sua avó afirma, rindo.
— E quem é ele? – A mãe de Bianca pergunta, olhando entre mim e Ben.
— Deixe eu apresentar meus amigos antes de tudo. – Bianca responde com malicia. – Lavínia e Maria vocês já conhecem, estas são Beth, Alice e Ben, eles trabalham comigo na Belle Époque.
Bianca me olha atenciosamente, então me aproximo, entendo muito bem aquele olhar mandão que só ela conseguia dar.
— E este, é Ryan Martins, meu chefe e, bem... – Ela pigarreia quando entrelaça nossos dedos. – Meu namorado.
— É um prazer conhecer os pais desta mulher incrível. – Digo apertando a mão do pai de Bianca. – Fico feliz que o senhor esteja se recuperando bem, George.
Os pais de Bianca e seus avôs nos observam por um momento, e eu tenho certeza que eles estão me analisando para saber se sou a pessoa ideal para ela. Eu queria poupar o tempo deles e dizer que eu certamente não era o homem perfeito para ela, mas eu era egoísta, então faria o possível para ser o melhor possível e merece-la todos os dias.
— É um prazer conhece-lo, Ryan. – A mãe de Bianca quebra o silêncio, apertando também minha mãe. – Desculpe-nos por sermos tão rudes, mas acho que todos nós estamos chocados.
— Certamente. – George concorda, mas sorri abertamente para mim e sua filha.
— Pensávamos que nossa Bianca ia virar uma biatona! – A avó exclama rindo alegremente.
— Isso por que vocês não sabem o que acontecem ontem. – Jules se intromete.
- Shhhhhhh! – Bianca exala abanando as mãos. – Calem-se ou eu cortarei todos os nossos laços de amizade aqui e agora!
— Oh, querida, não os deixe tão curiosos. – Eu alfineto.
— Mamãe, acho que vou roubar aquela sua ideia do salto. – Bianca praticamente rosna, fazendo seus pais e sua avó rirem abertamente.
— Ok, temos certeza que temos muitas histórias para serem contadas, que tal fazermos isto enquanto comemos? – Uma das tias de Bianca fala.
— Sim, vamos. – Clarice concorda e me puxa para um abraço rápido. – Seja bem-vindo à família.
— Obrigado. – Respondo emocionado, sentindo o peso daquelas simples palavras em mim.
— Venha, Ryan, empurre seu sogro para a cozinha. – George diz a mim, com uma piscadela.
— Vocês vão me fazer arrepender de ter aceitado o pedido de Ryan. – Bianca resmunga fazendo todo mundo rir e bufar desta vez. Ela se inclina e me beija castamente e finge ameaçar. – Eu vou te prender novamente com aquelas algemas.
— Estou ansioso para isso, mi dulce. – Ronrono para ela.
Mais leve e feliz do que já estive em muito tempo, eu sigo com todas aquelas pessoas que lentamente tomavam um pedaço meu, agradecendo mentalmente o dia em que Bianca entrou em minha vida e tomou meu coração para si.
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Obrigado por lerem!