Sem Limites escrita por Débora Ribeiro


Capítulo 19
Capítulo 19




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Capítulo 19

Bianca

 

— Você tem certeza que quer fazer isto? – Ryan me pergunta quando me deixa na Starbucks perto da Belle Époque.

Eu tinha certeza? Sim.

Eu estava pronta? Por incrível que pareça, sim.

Também me sentia orgulhosa de mim mesma e da força que eu estava adquirindo. Eu me sentia totalmente bem comigo mesmo, não me culpava pelas coisas que aconteciam e não me arrependia das minhas escolhas.

— Sim, eu tenho. – Respondo com um leve sorriso, ao qual ele não retribuí. – Não seja um bundão, amor, estou bem. Sei que está preocupado por mil e um motivos que você inventou, mas realmente não é necessário. Preciso colocar um ponto final nesta parte da história.

Ryan suspira e me puxa para um último abraço, então beija suavemente minha testa.

— Vou estar esperando por você. – Ele diz e finalmente, um sorriso aparece em seus lábios. – Não demore.

— Sempre, querido. – Falo e o beijo brevemente. – Agora, vá.

Espero até ele desaparecer da minha linha de visão para entrar no estabelecimento. Peço um cappuccino original e me sento em uma das mesas do fundo, esperando.

Os últimos dias haviam sido os melhores do meu ano. Meus pais e minha família aceitaram Ryan de braços abertos, e isto aliviou meu coração de uma forma que eu não pensava ser possível. Passamos mais dois dias na minha cidade depois da chegada do meu pai, e tenho que dizer que foram dias que me fizeram rir ao ponto de me fazer querer me mijar na roupa. Sério, meu namorado e meus amigos eram sensacionais!

Recuperamos nossas roupas e malas – algo que sempre irei me constranger ao lembrar -, e apesar de toda vergonha, Ryan e eu fizemos bom aproveito daquelas algemas, devo acrescentar...

O médico do meu pai me prometeu que ele se recuperaria muito rápido, o que me tranquilizou o suficiente para voltar para São Paulo. Passar aqueles dias com boa parte dos meus amigos, meu namorado – ainda era estranho se referir a Ryan com esse termo –, e minha família, foi simplesmente perfeito.

A todo segundo, eu me surpreendia com Ryan, me surpreendia com cada uma das suas ações, e pelo homem maravilhoso que ele é. Ele não é apenas carinhoso, amoroso e atencioso, Ryan realmente se importa com tudo e com todos. Ele é uma daquelas pessoas que quando você fala, ele realmente para e te escuta, e ele também fará de tudo que estiver em seu alcance para ajudar a quem precisa.

Ryan era temperamental, mas raramente se deixava levar por suas ‘’piores’’ emoções, e quando isso acontecia, era possível que eu o estivesse provocando entre quatro paredes. Se é que me entende...

Eu ainda não conseguia acreditar que ele era meu, que estávamos juntos e que tudo era tão fácil e espontâneo entre nós. O fato é que eu estava muito feliz, e isto me assustava. Acho que nos acostumamos tanto com as merdas da vida, que uma hora ou outra, nos encontramos esperando alguma coisa fodida acontecer parar nos atrapalhar. Está sensação é ridícula e horrível, e eu lutava contra ela a todo custo e a todo momento.

Não queria ser uma daquelas pessoas que sentia medo de amar, apesar de tudo. Sempre protegi meu coração depois da minha primeira decepção, mas agora eu estava pronta para confiar mais uma vez. Se passaram meses, e eu não fui esperta o suficiente para perceber que meus sentimentos por Ryan já estavam em um nível avançado, e eu não queria perder isso.

— Bianca?

Quase salto de susto quando ouço a voz de Cristian atrás de mim.

— Bem, merda, não é muito educado chegar assim por trás das pessoas. É assustador na verdade. – Falo secamente.

— Sinto muito. – Cristian fala me observando, e eu mesma tiro alguns segundos para analisar o cretino. Ainda continuava lindo, um pouco mais magro, mas nada que atrapalhava sua boa forma. – Posso me sentar?

— A não ser que você queria ficar de pé enquanto conversamos, você deve se sentar. – Digo não me perguntando se soava como uma cadela ranzinza. Eu me sentia como uma.

Cristian engole em seco e se senta. Acho que ele tinha percebido que eu não era a adolescente inocente que ele conhecia e que ele abandonou. Agora ele estava na frente de uma mulher.

— Eu realmente não sei como começar está conversa. – Ele fala e eu quase rio.

Ele nunca soube fazer porra nenhuma sozinho, o covarde.

— Deixe-me facilitar para você então, Cristian. – Digo apertando minhas mãos em punho. – O que aconteceu entre nós, está no passado, você me abandonou com um bebê morto e um coração partido, e eu não quero nunca mais, ter algo com você.

— Bianca, eu realmente sinto muito, nós erámos jovens...

— Sim, nós erámos jovens! – Eu quase grito, mas não e importo. – Mas eu fui madura o suficiente para escolher ser mãe do seu filho, porra! Então não me diga sobre sermos jovens, seu estúpido, porque na primeira oportunidade você correu e eu não tive notícias suas por um bom tempo.

Cristian literalmente murcha em sua cadeira.

— Eu me sinto uma idiota por sentir pena de você agora, porque sei que você está finalmente lidando com seu erro, mas eu não posso me importar, Cristian, porquê finalmente estou feliz. – Falo ficando mais calma. – Eu nunca vou me esquecer daquele momento, nunca, mas eu não quero viver sob ele.

— Você está com outra pessoa. – Ele afirma com semblante triste.

Puta que pariu, ele não podia estar falando sério...

— Estou, não que seja da sua conta. – Ataco, indignada com sua expressão. – Você não esperava que eu estivesse te esperando, né?

Cristian não diz nada e eu finalmente rio alto.

— Cara... – Falo me sentindo um pouquinho horrível pelo meu ataque de risos. – Você só pode estar brincando comigo.

— Pensei que poderíamos reatar com o que tínhamos. – Ele finalmente fala, com o rosto vermelho.

Jesus, Maria e José...

— Eu realmente não sei o que te dizer, Cristian, porque isso é inacreditável. – Falo suspirando. – Olha, apesar de tudo e de toda a minha raiva, desejo que você seja feliz e que encontre alguém que lhe complete, mas esse alguém não sou eu, Cristian. Você me entende?

Nós nos encaramos por um momento, aonde vivenciamos em um replay tudo pelo o que passamos. Este era o nosso ponto final.

— Entendo. – Ele concorda calmamente.

— Então é isto. – Falo me levantando e ele faz o mesmo. – Venha, me dê um último abraço.

Desajeitadamente nós nos abraçamos e nos despedimos, finalmente deixando o que aconteceu conosco para trás, na página do meio de nossos livros.

A volta para a revista é rápida, e quando entro no elevador, sigo para a sala de Ryan. Eu me sentia mais leve do que nunca e estava quase saltitante por isso. Meu celular começa a tocar quando saio, mas eu ignoro pois já estava em frente a porta da sala de Ryan. Assim que eu abro a porta da sua sala, eu me arrependo.

Uma expressão assassina habitava o lindo rosto de Ryan enquanto ele encarava uma pequena mulher na sua frente. Eles nem mesmo percebem minha súbita entrando de imediato, e quando me olham, a mulher baixa rapidamente entra na defensiva, percebo isso pelo o modo como ela me olha como se quisesse me fatiar com uma faca sem corte.

— Bianca – Ryan fala, mas não sei se era algo como: Bianca saia, ou, Bianca porra tire está cadela daqui antes que eu a estrangule!

Ele realmente parecia puto, mas sabendo que Ryan nunca tocaria em um fio de cabelo de uma mulher de forma violenta, eu fico tranquila, enquanto analisava os dois.

O que percebo, é que:

A mulher tinha seu batom borrado;

Ryan estava com a boca suja de batom.

Eu não iria tirar conclusões precipitadas, nunca faria isto novamente. O que aprendi nos meus poucos vinte e cinco anos de idade foi que uma história possui dois lados e você deve ouvir os dois.

— Não é o que você está pensando. – Ryan diz com a voz tensa quando me vê encarando os dois.

— Quem é esta? – A mulher – com uma voz irritantemente aguda – pergunta.

— Quem é você? – Retruco, deixando minha bolsa em cima da mesa de Ryan e me sentando na poltrona da frente.

— Eu sou Abigail. – Ela responde com desdém evidente.

— Como Ryan já disse, eu sou Bianca, sua namorada. – Falo casualmente. – E vou te dizer, eu nunca bati em alguém antes, pelo menos não que eu me lembre, mas vou te dar cinco segundos para me dizer por que diabos você está aqui e por que diabos você beijou o meu namorado.     

Ryan e Abigail me encaram com os olhos arregalados, e eu quase gargalho. Oh cara, eu estava me sentindo tão bem...

— Olha aqui... – Abigail começa apontando aquele seu dedinho com unha postiça para mim.

— Olha aqui você. – Digo me levantando elegantemente no meu salto 12cm. – Eu sei quem é você, e que Deus nos ajude, Ryan não suporta nem mesmo citar seu nome, você é porra de um chiclete que gruda no sapato e não sai. Coloca nessa sua cabecinha oca que você o perdeu quando o traiu pela primeira vez.

Abigail abre e fecha a boca duas vezes, sem palavras, então olha para Ryan. Eu odiava ser uma cadela com outras mulheres, sempre preguei que mulheres deveriam apoiar umas às outras, mas Deus teria que me perdoar por esta exceção.

— Bianca – Ryan me chama.

— O que? – Pergunto irada.

— Eu posso lidar com isso. – Ele fala e eu bufo pegando minha bolsa.

— Realmente espero que sim, porque se você tocar nessa mulher mais uma vez, eu realmente vou enfiar meu salto no seu rabo. – Ameaço e saio da sua sala, ignorando a ambos.

Quando entro no elevador, eu estou com um sorriso enorme no rosto.

                              Ryan

Que merda foi aquela que tinha acabado de acontecer?

Respiro fundo e passo as mãos repentinas vezes por meus cabelos, sentindo um cansaço enorme me atingir de repente. Mulheres deveriam vir com um aviso: Perigo! Você pode perder sua mente se seguir por este caminho.

Primeiro, Abigail entra em minha sala e me agarra como uma louca, me transformando em uma merda de animal raivoso, então segundo; Bianca entra na sala e ameaça a mim e a Abigail. Ela estava calma, apesar de tudo, e isto não deveria me tranquilizar, mas o fez. Na verdade, assustou a merda fora de mim. Uma mulher muito calma nunca era um bom sinal.

Esperei até o fechamento na revista para falar com Bianca, me chame de covarde, eu não me importo. Eu na verdade estava quase molhando minhas calças. Amo Bianca com todo meu coração, mas ela poderia ser muito selvagem e não se um jeito bom e sexual.

Eu subo para seu andar e a encontro se despedindo da minha irmã Daphne e minha sobrinha Melissa, que apenas me encaram e acenam, com semblantes debochados. Oh cara, eu estava tão fodido...

Bianca cruza os braços contra seus lindos seios e eu quero apenas mergulhar meu rosto entre eles e dormir ali para sempre, mas não estava em meu melhor momento com ela.

— Amor... – Começo e ela ergue uma sobrancelha, então bate um pé rapidamente contra o piso, esperando pacientemente minha explicação/humilhação.

— Eu juro por tudo que e mais sagrado que eu não tenho nada com aquela mulher, ela simplesmente entrou em meu escritório e se jogou contra me, praticamente violentou minha boca. – Bianca revira os olhos e eu engulo em seco. – Fiz com que ela entendesse que ela não tem mais lugar em minha vida, eu só quero uma mulher.

Bianca bufa.

Eu não estava dando nenhuma bola dentro pelo visto.

— Eu só quero você, amor, mais ninguém me completa como você faz. Isto já é certo para mim, eu escolhi você no momento em que você dançou contra mim naquela noite e me deixou de pau duro por toda a noite. – Ela ri levemente, me fazendo sorrir. Finalmente! – Então eu deixei você me enganar, dizendo que não aconteceria nada mais que sexo entre mim e você, eu tentei seguir o que você queria, mas você é tão perfeita e maravilhosa, que foi impossível não me apaixonar por você.

Os olhos dela se arregalam e seu braços caem para a lateral de seu corpo, eu dois mais dois passos e fico na sua frente, encarando seus lindos olhos.

— Você me impressionou de tantas formas, que eu não sou capaz de listar todas elas. Você se importa com todos, você sente sem se importar, você amor, não tem medo de se jogar. Sei que você não pensa assim sobre si mesma, mas eu te vejo. Eu vejo você. – Pego suas mãos e beijo cada, e sorrindo, eu digo. – Eu te amo, Bianca Lins, não sei quando entreguei meu coração a você, mas isso aconteceu, e eu quero que ele seja seu.

Bianca aperta seus lábios firmemente e respira fundo pelo seu nariz, e assim que eu sei que ela está tentando não chorar.

— Eu acredito em você, Ryan, sei que você não tem nada com a Regina George. – Eu bufo uma risada e ela estapeia meu braço. – Mas se algum dia você beijar outra boca que não seja a minha eu vou enfiar meu salto no seu traseiro. E não sou só eu que tenho seu coração, você também tem o meu.

Sorrio e respiro aliviado.

— Eu também te amo, não sei quando esse sentimento começou, mas estou feliz por ter começado. Não sabia que estava pronta para amar novamente, não até conhecer você.

Ela se inclina para me beijar, mas então para e faz uma careta.

— O que foi? – Pergunto contrariado.

— Não vou realmente beijar você depois daquele projeto de Regina George ter te beijado. – Ela responde e eu tento não rir, mas falho miseravelmente. – Isto não é engraçado, Ryan Martins!

— Ela não me beijou, amor, não realmente. – Eu digo e ela estreita seus lindos olhos para mim. – O máximo que ela conseguiu foi encostar sua boca contra a minha, seu batom era algo realmente desagradável e molhado, por isso fez toda aquela bagunça.

— Você escovou seus dentes? – Ela pergunta severamente.

— Três vezes. – Respondo como o bom menino que eu era.

— Sendo assim! – Ela exclama.

Rindo, Bianca se joga em meus braços e enlaça minha cintura com suas pernas tonificadas. Em poucos segundos, com seu corpo contra o meu, com ambos completamente vestidos, meu pau fica duro. Era este um dos efeitos que ela tinha sobre mim.

E eu estava fodidamente grato por amar esta mulher e por ela me amar. Apenas isto importava.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem!



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