A verdade sobre Eles escrita por Jhulliaty


Capítulo 9
Capítulo 8 - Penas da temperança


Notas iniciais do capítulo

Mirror, mirror
just call my name



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Barakiel.

Disse a voz ao longe.

Você tem uma missão oferecida por Deus.

Abaixo, estão as armas lendárias feitas pelos demônios, as Armas Demoníacas, o único armamento que um Demônio pode possuir e usar contra Deus.

Pegue-as, Barakiel, não falhe em sua missão, não interfira na mente humana.

Encontre as armas, encontre Kalaziel, e volte.

Não falhe, Barakiel.

Não falhe.

O vento gelado fez o ser que caía abrir lentamente os olhos.

Ele, agora, era somente mais uma estrela cadente desse Mundo.

As Armas Demoníacas... aquilo soava tão comum...

Quem havia dito algo sobre isso mesmo?

Não falhe.

A mente de Barakiel somente clareou quando viu uma de suas penas voando para longe de suas asas.

Realmente, ela estava descendo para a Terra, estava indo para o local onde Kalaziel foi criada.

Estava indo para onde era proibido.

Barakiel virou o corpo, ficando com a barriga em direção ao chão, ela ainda estava muito alta para abrir as asas, ou algo assim, nunca a ensinaram descer, era quase um Tabu.

Somente Kalaziel a explicou, e uma única vez, quando elas estavam escondidas dos outros.

Humanos não conheciam os Seres Celestiais, corpos puros demais para serem vistos, logo, a ordem era para Barakiel mudar a forma de seu corpo e asas, assim tendo o menor contato com humanos possível. Mudar iria evitar ela quebrar uma das regras, assim como Kalaziel havia quebrado.

O brilho da cidade dos humanos incomodava os olhos de Barakiel que estava acostumada com o brilho contínuo do céu.

Havia outra ordem que lhe haviam dado, se ela lembrava bem: deveria achar a outra e voltar com ela, teria então que fazer ambas as missões.

Barakiel fechou os olhos que agora doíam, as asas estavam para trás, claras como a mais limpa neve, sua roupa, branca com ferro claro, era justa e para batalha, deixando alguns detalhes de penas no meio de tanto ferro e armadura, o cabelo preso em um coque ganhava um diadema dourado claro com detalhes em prata.

Uma armadura potente e delicada, em um corpo feminino que talvez fosse trocado logo.

O vento batia forte em sua pele como uma espada que atravessava uma nuvem sem chuva, e o barulho do vento era quase ensurdecedor nos ouvidos do Anjo, e fora isso, nada dava para ser ouvido.

Era como ser surdo no meio da Guerra.

Bom, ao menos ela pensava ser igual a um surdo no meio da Guerra.

Barakiel sabia da existência de alguns Deuses, não só o seu Deus, como a maioria dos Anjos tendiam a acreditar, mas... naquele momento... ela desejava ser o único ser vivente para poder aproveitar a liberdade de voar.

Sem deuses para ouvir, sem regras dos outros, sem uma missão, sem importar.

E quando o vento bateu forte nas asas, Barakiel as abriu.

E como castigo por ter tido a liberdade, suas asas foram quebradas pela força e gravidade.

A dor despertou o Anjo da calma que tinha, e o desespero assolou seu coração.

Barakiel balançava as mãos e as pernas, tentando fazer com que a asa funcionasse o mínimo possível para não ser o próximo Anjo abatido pela Terra.

Sabe por que é um tabu descer, Barakiel?

A Anjo ficou anestesiada quando a voz atingiu sua cabeça, as pontas de suas asas congelavam.

Porque a Terra puxa a magia de estar vivo.

Barakiel fechou os olhos novamente e apertou com força as próprias mãos.

Suas asas estavam quebradas, eram inúteis.

Virou de costas e se deixou virar estrela cadente, caindo onde quer que fosse seu destino.

O Mundo era realmente algo engraçado, lembrou da primeira vez que falou com Kalaziel, o motivo era realmente banal, Anjos não falavam por banalidades, mas naquele momento, Barakiel falou com Kalaziel.

O motivo era porque a outra, ainda com uma aparência de adolescente e atitude de criança, estava lutando melhor do que ela, e Barakiel foi pedir ajuda.

Anjos não nasciam bebês, até hoje não nascem, eles tendem a nascer crianças e ficar no sangue de seu criador por sete dias, e então, adquirem a aparência de adulto e uma mente já sem atitudes.

Fora isso, eles também nascem com um nome e uma predefinição.

E Barakiel era o Anjo Guerreiro, Portador da Luz, título que antes era de Samael, ou melhor, de Lúcifer.

O total oposto de Kalaziel, que era o Anjo que protegia dos Demônios e da Doença, um Anjo que naturalmente poderia tocar o mal, mas que era um misto de sangue de anjo e sangue de demônio.

E por isso, fora renegada a vida inteira, além de ser o único Anjo que possuía sexo definido.

Quando o fogo envolveu o corpo gelado da Anjo, ela não sabia mais o que esperar, estava literalmente perdida, virando Estrela Cadente.

Uma vez, Kalaziel brincou sobre uma frase que um humano havia repetido dezenas de vezes enquanto chorava "Os humanos nunca descansam, eles trabalham mesmo durante a noite".

E quando perguntada de onde era, a resposta foi a quebra da primeira lei criada por Deus.

A música.

Obviamente Barakiel não contou que Kalaziel escutava as músicas que os humanos ficavam ouvindo abaixo, e por um breve momento, ela achou não ter problema, já que a outra não reproduzia, ou até mesmo não ouvia em bom som.

Kalaziel nunca foi pega, mas também, nunca mais ouviu nenhum som ritmado.

Barakiel nunca soube realmente o motivo de Kalaziel saber tanto de humanos, o pouco que a outra havia lhe contado é que já havia, a muitos anos atrás, morado com os humanos, e que não pertencia ao Céu, nem ao Inferno.

E sim, à Terra.

Barakiel se abraçou quando viu as construções humanas ficarem mais perto.

Ei, Barakiel, lá de baixo os humanos nos observam todos os dias, todas as noites, eles esperam que salvemos eles.

E com isso em mente, o solo atingiu as costas da Anjo com força, que saiu rolando até parar em uma estrutura sólida, que não cedeu.

Sem forças, o Anjo abriu os olhos e viu um branco se misturar com marrom e um rosto meio humano. Quem?

Kalaziel.

Ei, Kalaziel, não me deixe agora. 


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Notas finais do capítulo

your are my queen commanding reflectios of me



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