Yanka absorveu aquelas palavras com um nó na garganta. De fato aquilo tudo tinha feito com que a raiva que ela estava sentindo ir embora. Mesmo assim fica muda.

Sophya ao perceber a indiferença da outra, ficava mais desesperada...

Sophya fica de joelhos na cama, de frente para Yanka. - Yanka olha pra mim! – Segura com as duas mãos, o rosto da roqueira.

Yanka a encara no fundo dos seus olhos. – To olhando. – A encara.

- Eu te amo! Pode até parecer mentira, mas não é! Você foi à única pessoa que fez meu coração bater mais forte... – Olhou para o lado e paralisou por meio segundo. – Eu nunca senti isso por ninguém! – Volta a encarar Yanka nos olhos. – Sempre achei que eu nunca fosse me apaixonar de verdade, mas ai você apareceu... – É interrompida.

- Ah ta! E a Vanessa? Vocês têm um relacionamento, e não é de hoje pelo que sei...

- Sim, você esta certa! Mas o meu relacionamento com a Vanessa, nunca foi namoro. Só ficávamos de vez em quando!

- E não ficam mais?

- Bom, até eu te conhecer... – Fica sem graça. – Às vezes... Ah, mas não importa! O que eu quero dizer é que, nem a Vanessa conseguiu despertar em mim esse sentimento... O amor... Isso que eu to sentindo por você! – O efeito da bebida parecia estar indo embora, só parecia.

- Mas a Vanessa sabe que você nunca a amou? – Yanka parecia ter esquecido que Sophya estava embriagada. Ou achava que o efeito do álcool teria ido embora.

- Nunca! O ego dela é muito grande pra ela perceber isso... Eu gosto dela, mas é mais afeto sabe?! Tipo algo fraternal! Já ela sempre gostou de mim... E o nosso “relacionamento” – Ela faz aspas com os dedos. - Sempre foi... Eu nem sei o que foi! Na verdade a Vanessa é... Não fria, mas é morna na cama! – Ela solta uma risadinha sacana. Yanka não consegue evitar a gargalhada.

- Sério?! Quer dizer que a senhorita eu sou demais, é morna na cama? Tipo um pelo menos? – Diz entra risadas histéricas.

- Pelo menos? – Sophya pergunta sem entender.

- É... Tipo... Pelo menos você fez sexo... Mas... Não fez O sexo! Sacou?

- Acho que sim... – Ela volta a se deitar. Yanka estava na mesma posição. Sentada, encostada na cabeceira da cama. – Yanka, como você pode fazer isso? Fazer com que eu descobrisse o que é de fato amar, e depois... O que vem depois? – Fita o teto.

-Yanka olha aquela criatura lindamente confusa, olhando para o teto distraída. – Pra falar a verdade... Eu nunca sei o que vem depois Sophya! – fala com voz serena, um tanto quanto, aveludada. Sophya a encara novamente e percebe que Yanka não tirava os olhos dela.

- O que você ta me olhando tanto?

- Sei lá! Como você pode ser tão... Meiga, doce e ao mesmo tempo tão... Irritante?

- Você me acha irritante?

- Acho! – Ri. Sophya ri também.

- Bom... Nunca ninguém falou que eu era, ou sou irritante, mas acho que devo ser pra você ter preferido a Brenda a mim! – Seus olhos voltam a ficar marejados.

- Eu não preferi ninguém Sophya!

- Ah não?! E o que ta rolando entre vocês? – Yanka fica sem palavras. – Não falei!

Vocês estão... Ficando?

- Uhum...

Sophya chora, ela olha nos olhos de Yanka a puxa e a beija ternamente, depois sorri. Yanka fica confusa. Ela volta a repousar seu rosto, no peito da vocalista, que começa a lhe fazer cafuné. Sophya fecha os olhos. Yanka continua fazendo carinho na outra, até Sophya adormecer...

Yanka fecha os olhos e também pega no sono.

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Sophya desperta um pouco confusa não lembrava como tinha ido pra casa. Ela levanta de uma vez, e sente uma forte dor de cabeça, volta a se deitar. Ela vira-se de lado, e sente alguém deitado em sua cama.

- “Putz! O que eu fiz ontem? Aposto que fiz merda!” – Disse enquanto tentava identificar a pessoa que estava ao seu lado.

O quarto estava um pouco escuro, a janela ainda fechada. Ela liga o abajur que fica ao lado da cabeceira da cama. Olha novamente para a figura e percebe que aquela era uma silhueta feminina. Ela ergue um pouco o corpo, e fica olhando por cima. A outra estava de costas, o que dificultou pra Sophya. Yanka se vira, e Sophya se desequilibra e cai em cima da roqueira, o que a faz acordar.

- Ai! – Diz ainda sonolenta.

- Yanka?! – Fala confusa. – O que... O que você ta fazendo aqui?

- Sophya?! Nossa, eu ainda to aqui? Caralho, meu pai deve estar desesperado!

- Você ainda não me respondeu o que você ta fazendo aqui? – Fala ainda em cima da roqueira.

- Ontem eu, a Brenda, o Rick e o Hugo, te trouxemos pra casa. – Boceja e esfrega os olhos.

- A Brenda? E... Porque você esta aqui? Nós... Ér... Eu preciso me lembrar de alguma coisa?

- Você ta perguntando se aconteceu alguma coisa entre a gente ontem? – Sophya assente com a cabeça. – Não! Você tava caindo de bêbada.

“Droga!” – Pensou. – Porque você ficou?

- Porque você pediu! – Ela encara Sophya que parecia estar em um misto de felicidade, decepção e em estado de completa confusão.

- Eu pedi? – Vasculha sua mente atrás da lembrança da noite anterior, mas nada ela encontrava. – Eu não lembro... – Disse cabisbaixa.

- Não se preocupe isso não importa! O que importa é que agora você ta bem, ta segura... Diferente de ontem. O que deu na sua cabeça ir parar em um bar daquele nipe? E ainda beber daquele jeito... Sophya, o que deu em você?

- Você ainda pergunta? Você e a Brenda, isso que deu em mim!! – Yanka nada fala.

Sophya se cala por um momento, logo chora, tenta disfarçar as lágrimas que caiam. Yanka a abraça ternamente, tentando consolá-la. Sophya reluta um pouco, mas logo se entrega ao abraço. Ela fica chorando em silencio, nos braços de sua amada, enquanto essa ficava cada vez mais confusa com aquilo tudo.

Yanka se lembrou do beijo, e sorriu. Mas logo volta a lembrar que não dormiu em casa, sequer avisou seu pai.

- Eu tenho que ir... – Fala se desvencilhando de Sophya. – Meu pai não sabe que estou aqui. Ele deve estar muito preocupado, no mínimo, ele já deve ter chamado a policia, a SWAT, o BOPE! – Sophya ri. Yanka enxuga suas lágrimas com as pontas dos polegares. – Preciso ir, nos vemos no colégio.

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Yanka...

Ela sai quase correndo da casa de Sophya, apanha um ônibus, e vai pra casa.

Lá chegando, haviam dois policiais, um gordo, baixo, feio e barrigudo, e outro nem forte nem magro, corpo definido, alto e bonito, conversando com seu pai na porta do apartamento.

- Quando você a viu pela ultima vez? – Perguntava o policial mais gordo, muito sério, e ríspido.

- Desde ontem à tarde. Tive que sair pra resolver uns problemas, e quando voltei a noite, ela não estava, nem avisou, ou deixou recado. Ela não faz isso, nunca fez! Ela sempre avisa quando sai de casa...

- Desculpe senhor Martins, mas a ocorrência só pode ser registrada depois de 24 horas, antes disso não podemos fazer nada! – Falou novamente o mais baixo.

- Mas... Mas ela... Por favor, me ajudem a procurar minha filha, eu já não sei o que fazer, ligo no celular e da caixa postal! To desesperado!!

- Fudeu! – Exclamou Yanka.

- Que é isso Moreira. – Falava o mais alto. – Não ta vendo que o homem ta desesperado?! – O mais baixo o repreende com o olhar. – Como ela é fisicamente?

- Ela mede mais ou menos essa altura. – Coloca a mão do lado para mostrar a altura, e sem perceber repousa sua mão na cabeça de Yanka, que chega de fininho com cara de culpada. – Cabelo preto, olho azul. – Os policiais se encaram, e caem na gargalhada.

Fernando não entende o motivo da piada. Só então, ele percebe sua mão em cima da cabeça de Yanka. – Filha! Graças a Deus!! Você esta bem? – Ele procura por algum ferimento. – Quem te seqüestrou? Aposto que confundiram você com alguma filhinha de papai... – Ele a abraça.

- Papai... Eu preciso respirar...

- Desculpa! – Ele a solta. – te machucaram?

- Papai ninguém me machucou, eu não fui seqüestrada! Eu só não avisei que ia dormir fora porque não pretendia dormir fora!

- QUE??? – Pergunta incrédulo. – Quer dizer que a senhorita esta bancando a irresponsável? – Yanka fica cabisbaixa. – Já é a segunda vez filha! Primeiro a briga na escola pondo em risco sua bolsa, e agora você some, sem avisar... E eu aqui preocupado!! Estou decepcionado com você! – Yanka baixa a cabeça.

- Desculpem-me Policiais, eu não sabia que tinha uma filha irresponsável em casa! Sinto ter tomado o tempo dos senhores! – Entra no apartamento sem esperar a resposta dos policias.

O policial, Moreira passa por ela. - Que feio garota, deixar seu pai preocupado desse jeito! – Cai uma lagrima de Yanka. Ele sai.

- Não fica assim... Você não parece fazer o tipo, “garota problema”, com certeza deve ter seus motivos para ter passado a noite fora, e não ter avisado... – Ele enxuga as lágrimas de Yanka. – Anime-se!!

- Obrigada... – Ela olha a identificação do policial na farda. – Rodriguez.

- Gabriel! Pode me chamar de Gabriel! – Fala simpático. Yanka sorri. – Agora tenho que ir, antes que o Moreira volte aqui com toda aquela gentileza e sutileza que só ele sabe! – Diz divertido.

Yanka entra no apartamento, seu pai a esperava com cara de bravo. Não era pra menos, já que ele não pregara o olho à noite passada preocupado com o sumiço da filha.

- Eu esperava esse tipo de atitude de qualquer pessoa, mas de você?

- Papai eu...

- Eu ainda não terminei Yanka Martins!

- Nossa! Quando fala o nome completo, é porque a coisa ta realmente feia!

- Não é brincadeira Yanka, o assunto é sério! Eu nunca pensei que você me faria passar por um sufoco desses!! Sua IRRESPONSAVEL!! – Yanka fica com os olhos marejados.

- Papai... Eu posso explicar...

- Explicar o que? Aliás, tem que explicar sim senhora!! Onde você passou a noite?

- Na casa da Sophya Schmitt... – Ela a encara confuso. – Papai juro que tenho uma ótima explicação pra tudo isso! Mas primeiro que tudo. – Ela abraça o pai. – Me desculpe! Não quis que o senhor passasse uma noite em claro por minha culpa! – Ele se acalma.

- Tudo bem, explique-se! – Ele senta no sofá.

- Eu estava em casa, com a Brenda. Ai o Rick me ligou dizendo que a Sophya tinha desaparecido, saímos para procurá-la...

- E a encontraram onde? Noutra cidade? – Fala irônico.

- Não papai... A encontramos em um bar, ela estava completamente bêbada... Até vomitou no meu All star!! – Ele faz cara de nojo. – A levamos para casa, e ela me pediu que eu ficasse lá. Eu não queria, mas a empregada pediu que eu ficasse até ela pegar no sono, e depois mandava o motorista ir me deixar. Eu ia te avisar, mas meu celular estava descarregado por isso não te liguei. – Ela mostra o celular. - Só que eu também dormi! Desculpa mais uma vez papai...

- Calma ai, deixa ver se eu entendi. Você dormiu na casa dela porque ela te pediu? Porque ela pediria algo assim?

- Ér... Bom... – Ela fica sem jeito. Esfrega a nuca. – Ela tava bêbada papai! Ela queria voltar para o bar, para beber mais... Ai disse que se eu ficasse ela não iria voltar para o bar... – Fica nervosa.

Fernando a olha desconfiado, mas logo abre um sorriso. – Tinha esquecido como você é generosa com seus amigos. Me desculpe filha por ter te chamado de irresponsável – Agora é ele quem a abraça.

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Futuro Vip...

Sophya chega com cara de ressaqueada, Rick vai falar com ela.

- Bee onde você tava com a cabeça pra ter bebido daquele jeito?

- Nem me lembra disso bee!! Eu não me lembro de nada, quer dizer, só até a parte em que vi um carrapato no rosto daquela Flavio. Depois eu num lembro mais é nada.

- Não é que a bêbada problemática veio pra escola! – Brenda se aproxima. – Rick você me deve 100 reais! – A Sophya. - Como vai o fígado? – Diz divertida. Sophya a encara confusa.

- Ela também foi te resgatar ontem bee! – Sophya continua com cara de confusa. – Os 100 reais é que fizemos uma aposta se você viria ou não pra escola!

- Ahh! - Brenda então... Ontem nós fizemos as pazes? – Fica sem jeito.

- A Sophya vai te fuder caralho e deixa de doce!  – Sophya a encara. – Não, nós não fizemos as pazes ontem, você tava muito louca pra isso! Mas... Bom, somos amigas né? – Sophya concorda. - Vem cá sua puta, me da um abraço! – Sophya a abraça. Brenda lhe da um tapa no braço. – Da próxima vez que for sair pra beber em um bar legal, e for jogar “strip sinuca” me chame!

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Yanka...

Ela chega com seu pai, e encontra com Hugo, que acaba também de

chegar.

- Oi Yanka! – Diz Hugo se aproximando.

- Eu vou indo filha! Boa aula!

- Tudo bem papai, obrigada, bom trabalho! – Ao Hugo. – Olá, como estas?

- Bem! Como foi ontem com a Sophya?

- Ah... Ér... Tranquilo, eu acho! Bom, ela... Dormiu logo! – Fica sem jeito.

- Sei... Esse jeito ai que você ficou... – Ele ergue uma sobrancelha, depois faz cara de espanto. – Não!! Você pegou a Sophya?? Caralho!!!

- Cara, deixa de viagem!! É claro que eu não peguei a Sophya! Ela tava muito louca! E... E, eu to ficando com a Brenda, você sabe disso!

Eles continuam caminhando até chegarem onde estavam Rick, Brenda e Sophya, que agora estava com cara de enjoada.

- Oi gente! – Falava Hugo. – Oi Rick! Tudo bem?

- O-oi Hugo, T-tudo bem sim, e com você?

- Tudo ótimo! – Sorri.

Yanka olha a cena entre os dois e sorri. Depois se volta para as meninas. – Oi! – Sorri sem jeito. Passa a mão na nuca e a outra mão fica dentro do bolso.

- Oi coração! – Brenda a abraça e a beija. Sophya vira o rosto.