Come Together escrita por lamericana


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora T_T Eu botei essa fic em stand by por conta do NaNoWriMo e empaquei um pouquinho pra terminar esse capítulo, mas aqui está!
Logo (acho que ainda essa semana) posto o especial de Natal



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Cheguei na escola e, pelo que pareceu a primeira vez em meses, eu não era o centro das atenções. Todo mundo, ou pelo menos boa parte da minha turma e todos os do último ano, estavam preocupados com o mercado de pulgas que seria feito antes pra festa de Halloween. Eu já estava ficando contente com isso quando Becca chegou pra falar comigo no meu armário.

— Oi. Você tem alguma foto sua de quando criança? – ela perguntou – É pro anuário.

— Eu teria que ver com meu pai. Eu me mudei muito desde que minha mãe morreu e posso ter perdido algumas fotos no processo.

— Posso te pedir outro favor?

— Claro.

— Pede pro Matthew passar lá na sala do anuário na hora do almoço. Parece que Alex tá tendo um probleminha com a foto de infância dele.

— Vocês não têm ela do ano passado?

— Tecnicamente, a gente tem. Mas ficou com uma menina que se mudou e saiu da escola. Aí Matthew teve que mandar de novo, mas parece que teve um problema com a qualidade da digitalização. Mas Alex é quem sabe o problema direito. Mudando de assunto, você vai pra festa de Halloween na casa de Stella?

— Não sei. É que eu não tenho nenhuma fantasia pronta e, normalmente, passo o Halloween em casa reassistindo Abracadabra.

— Tenta ir. Vai ser divertido.

Ela foi em direção às salas, me deixando só. Peguei o livro de biologia e fui até a sala, onde James já esperava por mim. Ele tava com uma cara de quem estava louco pra contar uma fofoca assim que fosse pressionado. Assim que sentei, perguntei o que tinha acontecido.

— Não posso contar. – ele rebateu, mas me passou um pedaço de papel enquanto professora Mackenzie entrava na sala

Reconheci a letra de Matthew no papel, o que era uma surpresa, já que ele nunca demonstrou ser do tipo de fazer caças ao tesouro nem nada do tipo. No bilhete, ele pedia para que eu me encontrasse com ele no estacionamento no intervalo entre a primeira e a segunda aula. Esperei ansiosamente pelo sinal e, assim que tocou, joguei as minhas coisas na mochila de qualquer jeito e saí quase correndo da sala. Escaneei o estacionamento com os olhos e encontrei Matthew parado do lado do carro dele.

— Imaginei que você fosse do tipo de pessoa que gosta de comemorar o Halloween. – o tom dele era quase lamentoso

— Eu gosto do Halloween. É a única época do ano em que é aceitável reassistir Abracadabra sozinha em casa com um balde cheio de doces do lado. – rebati

— Isso não é uma comemoração, Prudence. Comemoração é ir de porta em porta pedindo doces. Ou fazer uma pegadinha com alguém.

— Cada um tem um jeito diferente de comemorar Halloween. O meu é assistindo um filme reprisado.

— Você é uma vergonha, dona Prudence. Filha de uma irlandesa e não comemora o Halloween fantasiada e sem uma pegadinha? Que tipo de aberração é você?

— Minha mãe morreu quando eu tinha uns quatro anos, Matthew, nem vem.

— Tá bom. Mas não foi pra propriamente apontar a sua falta de entusiasmo com o Halloween que eu te chamei aqui. Dentro deste carro decente – ele apontou pro próprio carro – tem uma fantasia pra você e outra pra mim. As duas estão com as etiquetas ainda, se você não quiser.

— Qual a sua proposta, exatamente? Vou me atrasar pra aula de inglês.

— Vamos pra festa na casa dos Jameson? Por favor?

— Quem é você e o que você fez com o meu namorado?

— Sou eu mesmo, meu anjo. Vamos, por favor.

— Tá bom. Mas qual a pegadinha da história?

— A minha presença já é uma pegadinha por si só. Já fui chamado pra essa festa e não fui.

— Tudo bem, nós vamos. Do que é a fantasia?

— Posso te mostrar só no almoço?

— Só se você for me levar pra almoçar.

Ele passou o braço por cima dos meus ombros enquanto caminhamos juntos de volta pro prédio principal da escola.

— Onde você está pensando em ir? – ele perguntou

— Alfredo’s. Você gosta, eu gosto...

— O Alfredo’s será.

— Antes que eu me esqueça, Becca pediu pra que você falasse com Alex, sobre a sua foto de criança. Parece que teve um problema com a digitalização. Becca não soube explicar direito o problema, mas disse que ele sabe dizer o que é.

— Falo com ele na próxima aula.

Troquei o livro de biologia pelo de inglês e fui correndo pra sala.

— Senhorita Shine, atrasada? – o professor reclamou

— Desculpe, professor.

Sentei na cadeira, morrendo de vergonha. No fim da aula, fui chamada pelo professor.

— Como é a primeira vez que se atrasa, eu não vou dar uma advertência. Mas não quero que isso se repita, ok?

— Pode deixar.

Assim que o professor de inglês me liberou, corri pra pegar o livro de química e chegar em tempo pra aula. Pro meu azar, a aula seria prática e eu teria que fazer par com Harper, já que o professor definiu as duplas para todos os projetos e trabalhos em dupla logo na primeira aula do ano letivo. Harper é uma pessoa legal, mas é horrível fazer trabalho em equipe com ele.

O professor anotou as instruções no quadro e deu uma explicação rápida do que esperava da gente. Assim que ele mandou começar, pedi pra que Harper me repassasse as instruções que estavam no quadro. Não deu muito tempo até que a professora de física bateu na porta, pedindo licença ao professor.

— Harper Smithe, seu pai está na secretaria. – ela anunciou

Ele olhou pra mim com um pedido silencioso de desculpas antes de se levantar e sair. O professor passou na minha mesa e disse que, se quisesse, poderia me juntar a outra dupla, mas decidi ficar sozinha. Quando eu terminei o trabalho, fui liberada mais cedo.

A aula de alemão parecia que estava se arrastando. Quando o sinal finalmente tocou, saí quase correndo deixar minhas coisas no armário e me encontrei com Matthew no carro dele.

— Pronta pra ir pro Alfredo’s? – ele perguntou

— Nasci pronta.

Matthew dirigiu até o Alfredo’s. Lá dentro, Emelie anotou meu pedido e se afastou da mesa. Quando olhei pra fantasia que Matthew tinha comprado, quase caí da cadeira. Era um vestido de ajudante de papai Noel. Um vestido sexy de ajudante de papai Noel.

— Você tá de sacanagem comigo, né? – perguntei, sentindo minhas bochechas queimarem

— Pelo contrário. Eu to bem sério.

— Muito engraçado, Matthew, mas não. Eu não vou usar um vestido desse tamanho. A barra da saia mal vai cobrir a minha bunda.

— Tenho um monte de outras sugestões pra você, se não quiser essa fantasia. Mas essa faria mais sentido para estar junto com a minha.

Respirei fundo. Dependendo do nível que seria a dele, poderia valer a pena vestir essa fantasia minúscula.

— E qual a sua?

— Leprechaun.

— Cadê o bigode? E eu não vi nenhum cachimbo no seu carro.

— Você acha que eu não tenho nada disso em casa?

— O cachimbo pode até ser, mas o bigode teria que estar na sua cara.

— Bom saber que você confia na minha capacidade de me fantasiar.

Revirei os olhos pra ele. Aquilo tudo era ridículo. Uma fantasia de leprechaun e uma de ajudante de papai Noel?

Emelie colocou nossos pedidos na mesa e saiu, provavelmente percebendo o tipo de conversa que estávamos tendo.

— Vamos supor que eu concorde em vestir essa fantasia de ajudante de papai Noel. – propus entre uma mordida e outra do hambúrguer – Você vai mesmo com a fantasia completa de leprechaun? Bigode e tudo?

— Fantasia completa. Incluindo o sapato de fivela, bigode e cachimbo.

— Você me ganhou na sua fantasia elaborada. Eu vou com você pra festa.

Matthew abriu um sorriso de criança.

Assim que voltamos pra escola, deixei a fantasia no meu carro e fui pra aula, que pareceu se arrastar por uma eternidade. Quando o penúltimo sinal do dia tocou, fui direto pra casa.

Botei a secretária eletrônica pra dizer as mensagens enquanto jogava as coisas no sofá e tinha um recado da minha avó paterna pro meu pai, querendo saber quando iríamos fazer uma visita. Ela sempre perguntava quando iríamos visita-la, sempre argumentando que, já que ela era a minha avó mais próxima geograficamente, eu deveria vê-la todo ano, especialmente no meu aniversário ou no Natal.

Anotei o recado e deixei do lado do telefone pro meu pai ver assim que chegasse. Logo que entrei na cozinha, vi que ele tinha deixado um bilhete preso na geladeira dizendo que chegaria mais cedo. Peguei um pouco de água e, quando estava subindo as escadas, meu pai chegou.

— Prudence? – ele me chamou – Vai sair?

— Festa de Halloween na casa dos Jameson hoje à noite! – respondi, rezando pra que ele não notasse o quão pequena era a fantasia

— Vai com essa fantasia que está aqui embaixo?

— Vou.

— Seu namorado está ok com isso?

Revirei os olhos enquanto descia as escadas.

— Foi ele quem teve a ideia, pai. Você sabe muito bem que, por mim, eu teria ficado em casa com um balde de pipoca e doce assistindo Abracadabra.

— Sua avó ligou?

— Ligou, mas não tava em casa. Ela deixou recado na secretária eletrônica. Parece que ela quer falar alguma coisa importante com você, pelo tom que ela usou.

— Que horas vai ser a festa?

— Stella disse que seria umas sete horas. Eu vou e volto com Matthew. Fique tranquilo. Agora vou fazer o dever de casa, tá certo? E fale com vovó Olívia. Ela deve estar te esperando.

Peguei a minha mochila e levei até o meu quarto.  Fiz a tarefa de casa e, quando me dei conta, já era hora de me arrumar pra festa.

Tomei um banho rápido e comecei a fazer uma maquiagem que combinasse com o vestido que Matthew comprou. Meu celular tocou e quando vi o identificador, revirei os olhos. Vovó Oona sempre ligava no Halloween pra me mandar sair e comemorar a data com doces ou travessuras, e não reprise de filme de bruxa.

— Hi, Grandma. Gach maith? – atendi o telefone (Tradução: Oi, vovó. Tudo bom?)

— Hi, mo dhaor. Cén chaoi a bhfuil tú? An bhfuil tú ag dul chuig páirtí? (Tradução: Oi, minha querida. Como você está? Vai pra alguma festa?)

— Sea, beidh mé. D'iarr cara dom páirtí ag a teach. (Tradução: Vou sim. Uma amiga me chamou pra festa na casa dela.)

— Cé chomh mór! An bhfuil tú álainn? An bhfuil tú ag dul ina n-aonar? (Tradução: Que ótimo! Tem fantasia? Vai sozinha?)

— Tá mé cóirithe mar elf, Grandma. Agus téann mé le mo bhuachaill. (Tradução: Vou fantasiada de elfo, vovó. E vou com meu namorado.)

— Buachaill? Tá sé seo nua. Cad é a ainm? Agus tá sé fantasmhar ar cad é? (Tradução: Namorado? Essa é nova. Qual o nome dele? E ele vai fantasiado de que?)

— Is é Matthew a ainm. Tá sé ó Bhaile Átha Cliath, tá sé ag staidéar sa rang céanna liomsa agus téann sé ó leprechaun. – respondi todas as perguntas que eu sabia que ela ia fazer (Tradução: O nome dele é Matthew. Ele é de Dublin, estuda na mesma turma que eu e vai de leprechaun.)

— Is maith a fhios agam seo go léir, ach ní raibh a fhios agam faoi do Oíche Shamhna. D'iarr mé ar thairiscint a dhéanamh duit. Nuair a chríochnaíonn tú do scoilbhliain, tagann tú agus chaithfidh tú an míosa liomsa agus do sheanathair i nGaillimh. Cad a cheapann tú? (Tradução: Bom saber de tudo isso, mas não liguei pra saber do seu Halloween. Liguei pra lhe fazer uma oferta. Quando acabar seu ano letivo, você vir passar o mês comigo e com seu avô em Galway. O que você acha?)

— Bheadh sé dochreidte! Ar ndóigh, glacaim leis! (Tradução: Seria incrível! É claro que eu aceito!)

— Mar sin beidh mé ag glaoch ar do dhaid ar aghaidh chun é seo a phlé. (Tradução: Então vou ligar pro seu pai mais pra frente pra discutir isso.)

— Feiceann tú, Grandma. Is breá liom tú. (Tradução: Até mais, vovó. Eu te amo.)

Coloquei o celular num canto. Minha avó sabia exatamente como pegar a minha atenção. Terminei a maquiagem que tinha sido interrompida pela ligação e fui me vestir, sabendo que Matthew chegaria a qualquer instante. Como previsto, ouvi a campainha tocou quando eu estava ajeitando a meia antes de calçar o sapato.

— Pai! – gritei – Deve ser o Matthew. Já to terminando aqui em cima.

Terminei de ajeitar as meias e calcei os sapatos na pressa e joguei carteira, celular, chave de casa e a bombinha dentro de uma bolsa e desci quase correndo.

— Pronta! – anunciei assim que terminei de descer as escadas

— Tá com carteira, celular e bombinha? – meu pai conferiu

— Tudo isso e a chave de casa. – confirmei antes de me virar para Matthew

Como tinha prometido, ele estava com um bigode que eu poderia jurar de pés juntos que era real até demais. Mas não vi o cachimbo em lugar nenhum e assumi que estava no carro.

— Vamos? – ele perguntou, estendendo a mão

Simplesmente concordei com um aceno de cabeça.

— Se comporte, dona Prudence. – meu pai pediu

— Pode deixar, pai. Não espere por mim e saia de casa. Te amo.

Quando entrei no carro de Matthew, vi o cachimbo que ele tinha prometido. Ele deu partida no carro com um sorrisinho de canto de boca.

— Ficou melhor do que eu imaginava. – ele soltou

— Hã?

— A fantasia. Ficou melhor do que eu imaginava.

— Obrigada. Meu namorado que comprou pra mim.

— Seu namorado tem bom gosto. Por falar nisso, queria te pedir uma coisa.

Fiquei um pouco tensa, mas concordei.

— Por favor, pare de me chamar de Matthew. Já avançamos alguns sinais nesse relacionamento e não quero ouvir a minha própria namorada me chamando como minha mãe me chamava quando eu fazia merda.

— E como você quer que eu te chame?

— Acho que Matt tá de bom tamanho.


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