Come Together escrita por lamericana


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Eu tentei terminar o capítulo a tempo pro Natal, mas acabou não rolando. Espero que gostem



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Desde a festa de Halloween na casa de Stella, parecia que todos os alunos de Farnsworth High tinham um único assunto pra falar: a minha aparição e a de Matt na festa. Pelo visto, a nossa aparição tinha sido mais inesperada do que a gente tinha imaginado. Pelo menos ninguém tinha inventado histórias além do que realmente aconteceu.

As conversas sobre o Halloween foram diminuindo quando começaram a falar da Ação de Graças e do Natal. Diferente dos outros anos, meus avós paternos ligaram dizendo que não poderiam aparecer para a ceia de Ação de Graças e meu pai não poderia tirar folga com os Stuart para viajar por estar “devendo a eles ficar pro feriado”. Acabamos comendo sanduíche de peru no sofá de casa.

Então, quando começamos a organizar as coisas pro Natal, estranhei quando meu pai disse que teríamos convidados além dos Stuart, mas se negou a dizer quem seria. Armamos árvore de Natal, compramos as coisas pra ceia e compramos os presentes. Meu pai insistiu que tinha alguns nomes na lista eu não poderia revelar quem era.

Já tava com quase tudo pronto pra ceia de Natal, só precisando tirar o peru do forno e colocar na travessa, quando a campainha tocou. Abri a porta, achando que Matt tinha chegado mais cedo com os pais dele. Levei um susto quando vi que era vovó Olívia acompanhada de vovô Blake. Não contive o sorriso e abracei os dois meio atrapalhada.

— Pai! Vovó Olívia e vovô Blake estão aqui! – chamei animada – Que surpresa vocês dois aqui pro Natal!

— Viemos pra lhe fazer uma surpresa, minha querida. – contou minha avó, com um sorriso que era típico dela – Pedimos pro seu pai manter segredo.

Dei passagem pros meus avós e corri pra cozinha pra desligar o fogão. Quando voltei pra sala, vi que minha avó estava olhando as fotos que meu pai pendurou na parede perto da árvore de Natal e meu avô estava colocando alguns presentes debaixo da árvore. Vovó Olívia parou na frente da minha foto com Matt no Halloween, onde eu estava parecendo uma das femme fatale de filmes de detetive.

— Quem é esse rapaz? – vovó perguntou

— Meu namorado, Matthew. Ele é de Dublin e estuda comigo. – comentei, me sentindo nervosa – Ele vem com os pais dele.

— Não tem como escapar da Irlanda nessa família, não é? Primeiro seu pai e agora você. – meu avô brincou

— Onde vocês tão ficando? – perguntei

— Não se preocupe com isso, tá certo? Estamos bem.

Meu pai desceu do quarto no momento que minha avó começava a olhar os embrulhos de presente. Ele estava com um suéter horrendo com estampas de bonecos de neve e renas.

— Edmund! – vovô cumprimentou – Você está magro, meu filho. Andou esquecendo de comer pra cuidar da pequena?

— Eu estou bem, pai. – era engraçado ver que, mesmo depois de adulto e com uma filha adolescente, meu pai ainda tinha eu responder os mesmos questionamentos que eu, só que pros pais dele

Meu pai abraçou a mãe dele antes que ela começasse a remexer os presentes. Troquei olhares com meu avô e pude perceber que ele também não aprovou o suéter do meu pai.

— Agora que você cumprimentou vovô e vovó, você vai trocar esse suéter, não é? – instiguei

— O que tem esse suéter? – meu pai reclamou

— É horrível, pai. Então volte lá pro seu quarto e troque. Vou tirar o peru do forno. Se eu voltar e você ainda estiver com esse suéter, eu tiro ele de você e taco fogo.

Quando passei pela porta da cozinha, a campainha tocou.

— Vó, atende a porta, por favor. – pedi enquanto pegava a luva pra tirar o peru de dentro do forno – Deve ser o Matthew com os pais dele, os Stuart.

Apoiei o peru na mesa da cozinha e tirei as luvas. Ouvi o barulho da porta sendo aberta e de uma exclamação de surpresa da mãe de Matt.

— Acho que tocamos a campainha errada – se desculpou o pai de Matt

— Senhor Stuart, pode entrar. – pedi – Essa é a minha avó, Olívia Shine. E esse é o meu avô, Blake Shine. Vó, vô, esses são Tobias e Tiffany Stuart e Matthew, meu namorado. Entrem. Por favor, se sintam em casa.

Matt abriu um sorriso largo assim que me viu. Ele segurava um saco cheio de presentes, que ele passou para uma das mãos só pra cumprimentar meus avós, antes de entrar com os pais.

Meu avô começou a procurar pelas taças de vinho e o saca-rolhas. Gritei pro meu pai que os Stuart tinham chegado. Ele respondeu que estaria na sala em menos de um minuto. Ajudei o meu avô com as bebidas e Matt se ofereceu pra entregar as taças pros pais. Quando meu pai finalmente desceu, praticamente todos já estavam servidos de vinho.

Assim que olhei pro meu pai lembrei que tinha esquecido de pôr a vela acesa na janela e comecei a procurar nos armários da cozinha. Quando me levantei, tendo sucesso na minha missão da vela, dei de cara com Matt.

— Nollaig Shona Duit. – ele disse com um sorriso no rosto

— Feliz Natal pra você também. Tenho uma missão pra você.

— Diga.

— No meu quarto, lá em cima, tem uma caixa de fósforo na gaveta da minha mesa de cabeceira. Pega pra mim? E traz a minha bombinha também?

— Bombinha e caixa de fósforo?

— Os dois tão na mesinha de cabeceira do meu quarto. A bombinha tá em cima e a caixa de fósforos dentro da gaveta.

— Então já volto.

Matt subiu as escadas e fui até a sala. Coloquei a vela na janela.

— Prudence, minha filha, que vestido é esse? Ele não me é estranho. – questionou minha vó, mexendo na barra da saia

— Ah, era da mamãe. O papai guardou pra que eu pudesse usar. Ela usou no último Natal, antes de morrer.

— O Matthew nos contou que sua mãe também era irlandesa. – mencionou senhora Stuart

— Era sim. Mas de Galway, não de Dublin. Ela se mudou pra casar com o papai. – me virei pro meu pai – Porque você não conta a história toda, pai?

— Que história, Prudence?

— De quando você conheceu a mamãe. Só enquanto eu boto o peru na travessa.

— Você não cansa dessa história, né?

— Claro que não.

Fui pra cozinha enquanto meu pai contava a história. Mesmo tendo ouvido milhares de vezes, eu sempre gostava de ouvi-lo contando de novo e de novo. Meu pai sempre começava a contar que ele e minha mãe se conheceram na fila de uma pizzaria em Nova York. E que os dois quase foram expulsos da pizzaria por falarem alto demais.

Botei o peru na travessa e Matt me encontrou na cozinha.

— Eu espero que você tenha outra vela por aí, por que não é possível que você acredite que só vai ter uma na janela. – ele alfinetou

— A outra que eu tenho é dessas de queimar por sete dias e que tem uma cera grudenta. Você promete que limpa a sujeira de cera que vai ficar na janela depois?

— Prometo. Agora passa a vela que eu acendo as duas.

Ele deixou a minha bombinha no balcão antes de pegar a outra vela.  Quando eu tava colocando o tabuleiro na pia, minha avó entrou na cozinha.

— Ainda não abandonou esse hábito de acender vela todo Natal? – ela questionou

— Não, vovó. E é uma coisa normal na Irlanda. A senhora sabe disso.

— Mas não era disso que eu queria falar com você. – ela começou a ficar nervosa

— O que foi, vovó? A senhora tá bem?

— Eu to, minha filha, é que... – ela suspirou – Queria poder falar com você e com seu pai sobre vocês voltarem pra casa. É tão só sem vocês por perto...

— Vó, a senhora sabe que ele não quer voltar. E sabe o motivo. Além do mais, daqui a dois anos eu vou pra faculdade, então não é como se eu fosse passar tanto tempo assim com vocês em Springfield.

— Já tem planos pras próximas férias? – ela parecia querer muito me ter por perto

— Vovó Oona já ligou no Halloween querendo marcar minha visita a ela e vovô Angus nas férias. Mas posso passar a páscoa com vocês. Acho que papai não vai se impor.

Me senti mal por derrubar as expectativas da minha avó.

— Pode ser. – ela deu de ombros meio desanimada

— Venha me dar um abraço, vó. – abri os braços e ela aceitou – Ainda amo muito a senhora. Agora vamos botar um sorriso bem bonito nesse rosto? É Natal, eu to com a senhora e tem um monte de gente na sala.

Vovó Olívia abriu um sorriso meio hesitante antes de sair. Voltei pra sala e vi as duas velas acesas na janela. Matt me convidou pra sentar do lado dele. Meu pai começou a procurar pela câmera porque ele queria “registrar essa festa linda”. Tive que me segurar pra não revirar os olhos. Às vezes, me esquecia que meu pai exagerava nas emoções e queria deixar tudo mais meloso do que deveria.

Meus avós conseguiram manter uma conversa com os pais de Matt enquanto meu pai ainda insistia na ideia de ir atrás da câmera, que provavelmente ainda não tinha saído da caixa que ele não quis abrir.

— Sua vó tá bem? – Matt perguntou, olhando meio preocupado pra ela

— Ela me pareceu meio nervosa mais cedo, mas acho que tá tudo certo. Porque?

— Ela não parece bem.

— Vai ficar tudo bem.

Quando voltou, meu pai insistiu pra que eu tirasse uma foto com Matt do lado da árvore. Pedi desculpas a Matt enquanto meu pai tirava as fotos que queria. Os Stuart começaram a discutir com meus avós sobre política. Pedi licença pro meu pai pra mostrar pra Matt algumas fotos que a gente tinha guardado no meu quarto. Assim que chegamos no sótão, sentei na minha cama.

— Meus avós não vão parar de falar nunca. – reclamei – Principalmente meu avô.

— Tudo bem. E obrigado. Porque acho que o próximo tópico ia cair em imigração e meus pais iam me usar de exemplo. O que não acho que seria muito legal.

Dei de ombros. Peguei o álbum que eu queria mostrar a ele.

— Achava que você iria gostar de ver isso. – mostrei uma das únicas fotos com a minha mãe que tinha se salvado depois de tantas mudanças – Essa era a minha mãe.

— Você se parece muito com ela.

— Obrigada.

— Ela chegou a te ensinar algum irlandês ou você só sabe os feriados?

— Bem, minha mãe me ensinou muito pouco. Não teve tempo de me ensinar mais. Mas meus avós, pais dela, passaram um tempo comigo e com meu pai pra ficar de olho em mim enquanto meu pai trabalhava e acabaram me ensinando. E, toda vez que vovó Oona me liga, ela não fala inglês e finge que não entende nada do que eu falo quando tento falar em inglês com ela.

— Certa ela. E é bom que você saiba irlandês. Questão de identidade, sabe?

— E você? Fala irlandês também ou só me zoa por ser uma imitação barata de irlandeses?

— Claro que eu falo. – ele se fingiu de ofendido – Tava até tentando ensinar Emelie a falar, mas ela desistiu, dizendo que era muito difícil. Mas eu não tenho que provar nada. Eu sou basicamente um estereótipo de um irlandês. Ruivo, – ele começou a levantar um dedo enquanto enunciava as coisas – sotaque forte, falo irlandês, comemoro o Halloween, diferente de certas pessoas; sou católico...

— Já entendi.

— Só dei o azar de ter um nome inglês.

— E queria que nome? Maitiú Alastar?

— É uma ideia, mesmo sendo a tradução literal do meu nome. Agora acho que é melhor a gente voltar lá em baixo, porque não quero seu pai com raiva de mim por conta da demora aqui em cima.

Ele me deu um selinho e descemos. Quando chegamos na sala, minha vó decidiu que era uma boa hora pra troca de presentes. Ajudei meu pai a separar os presentes por quem iria receber. Meu pai pediu pra que eu fosse a primeira a abrir e que o presente dele fosse o primeiro a ser aberto. Fiquei morta de vergonha, mas aceitei. Assim que peguei o pacote pequeno, imaginei o que fosse. Abri e vi um termo de viagem de menor desacompanhado e uma passagem pra Galway.

— Pai! Não precisava ser tão antecipado! – agradeci

— Você vai ter que fazer valer essa passagem, viu?

— Pode deixar.

Levantei e dei um abraço apertado nele, ainda sem acreditar direito que ele tinha comprado a passagem com seis meses de antecedência. Abri os outros presentes e agradeci a cada um enquanto ia abrindo. Quando cheguei no presente de Matt, hesitei um pouco.

— Vai, abre logo. Você vai gostar. – ele me incentivou

Quando terminei de abrir o embrulho, encontrei o livro que eu tava querendo comprar desde que tinha sido lançado em outubro.

— Como você sabia que eu queria The Colorado Kid? – questionei

— Eu vi como você babava na frente da livraria toda vez que a gente passava na frente. – ele deu de ombros – E eu sei que você fica maluca quando não lê esses livros macabros de Stephen King.

Levantei os braços em rendição. Meu pai incentivou Matthew a abrir os presentes dele. Parecia que meu pai tinha se acostumado muito bem com a ideia de ter Matt por perto.


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