Come Together escrita por lamericana


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Eu sei que estava num ritmo incrível de postagem, com dois capítulos por semana, mas deu tilt no meu cérebro e não conseguia terminar esse capítulo. Mas, finalmente, aqui está



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Matthew me buscou em casa um pouco mais cedo que o normal. Ele parece estar menos preocupado que semana passada sobre a crise de asma. Durante o caminho ele se recusou a me dizer onde estava me levando, mesmo quando ameacei ligar pra polícia. Assim que ele parou o carro, reconheci a casa dele. Desde o dia que ajudei ele com o carro depois da aula, ele nunca tinha me levado até a casa dele. Sempre íamos pro Alfredo’s ou algum outro lugar na cidade, menos a casa dele.

Quando entramos, os Stuart estavam em casa, mas muito arrumados. Senhora Stuart olhou para mim com certo.... orgulho? Não sei, mas era uma emoção nessa linha.

— Vamos assistir uns filmes. – Matthew disse com naturalidade

— Tudo bem. Qualquer coisa, você sabe o que fazer, né, filho? – Sra. Stuart avisou – Prudence, bem que queríamos poder te receber melhor, mas temos esse evento e não podemos perder.

— Sem problema nenhum, senhora Stuart. Não precisa se preocupar.

Os dois foram até a porta.

— Se comportem, crianças. E tomem cuidado. – Sr. Stuart disse antes de sair de casa

Matthew me levou até o quarto dele. Era muito diferente do que eu imaginava. As paredes, assim como as do sótão da minha casa, estavam pintadas de branco. Ele pendurou alguns pôsteres de filmes como Pulp Fiction e Poderoso Chefão. A cama estava abaixo dos pôsteres. A janela, no lado esquerdo da cama, tinha cortinas azul escuro, de um tecido pesado. Nas prateleiras, que ficava na parede oposta à janela, vi livros e alguns CDs. Na parede oposta à cama, tinha uma estante com uma TV e um aparelho de DVD.

— Que filme você quer ver? – ele perguntou

Olhei entre os títulos que ele tinha. Efeito Borboleta, O Dia Depois de Amanhã, O Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança.... Acabo escolhendo Janela Secreta.

— Assisti ano passado e gostei muito. Se importa? – perguntei

— A escolha é sua, meu anjo.

Matthew colocou o DVD para rodar, ligou a TV e sentou na cama.

— O quarto é muito diferente do que você imaginava? – perguntou

— Bastante. Mas é melhor do que imaginava.

— Melhor como?

— Não imaginava que seria tão arrumado. Nunca tive um quarto tão arrumado na minha vida.

— Ainda vai querer ver o filme?

Acenei com a cabeça, tirei o tênis e sentei ao lado dele na cama. Quando o filme começou, me aninhei em Matthew. Ele passou o braço por cima dos meus ombros e deixou ali.

Não consegui me concentrar no filme, mesmo tendo adorado a história quando vi a primeira vez no cinema. Matthew pareceu notar.

— Quer trocar de filme? Você parece distraída.

— E se a gente não assistisse filmes?

— Normalmente é o cara que sugere isso, dona Prudence. E você tem certeza que quer isso?

— Tenho.

Virei meu corpo e beijei Matthew. Ele retribuiu aprofundando o beijo. As minhas mãos foram para o cabelo dele e puxei. Ele gemeu baixinho.

— Você não tem ideia do que tá fazendo, mocinha.

Ele inverteu as posições e passou a mão na minha cintura por baixo da minha camisa. Entre os beijos, ele procurou o fecho do meu sutiã. Os dedos frios dele passando pela minha pele causavam arrepios por onde passavam. Assim que ele conseguiu abrir o fecho, tirei a minha camiseta e joguei pro lado, junto com o sutiã. Ele fez o mesmo com a própria camiseta. As mãos de Matthew descem até o cós da minha calça e param no botão.

— Você tem certeza disso? – ele me perguntou de novo

— Tenho.

Com a minha confirmação, ele abriu a calça e puxou. Era estranho estar só de calcinha na frente dele. Me levantei e voltei a beija-lo. Quando ele me puxou mais pra perto, meu celular começou a tocar. Soltei um suspiro frustrado. A essa hora, só podia ser meu pai querendo alguma coisa.

— Desculpa, mas vou ter que atender. Deve ser meu pai. – disse enquanto procurava meu celular nos bolsos da minha calça – Oi, pai. – falei assim que atendi e ouvi um soluço do outro lado

— Pru, sou eu, Sophie. – ouvi ela sussurrando entre os soluços – Não sabia pra quem ligar. Tá em casa?

— Na verdade, não. Mas onde você tá? Posso passar aí. – comecei a me vestir. Pelo tom de voz dela, ela estava com algum problema sério

— Estou em casa. Posso te esperar na frente da sua casa?

— Pode, pode. Eu devo chegar em 10 minutos. Até já.

Olhei pra Matthew e ele pareceu entender. Ele me ajudou a ajeitar as roupas e terminar de me vestir.

— Sabe qual o problema dela? Ou tem alguma suspeita? – ele perguntou

— Pra ser sincera, tenho duas suspeitas. Ou foi alguma coisa com Alfie, o irmão dela, ou foi com Zeke. Meu medo é de que tenha sido alguma coisa com Zeke. Ele não me parece muito confiável.

— Tá certo.

Ele me levou de volta pra casa. Sophie estava sentada nos degraus que davam na porta da frente de casa. Ela parecia completamente arrasada e estava com os olhos inchados e vermelhos de choro. Assim que me viu sair do carro, ela veio em minha direção e me abraçou. Entreguei a chave de casa pra Matthew e ele foi abrindo a porta.

— O que aconteceu, Sophie? – perguntei – Foi alguma coisa com o Alfie?

— Rolou mais uma briga lá em casa. Meu irmão ficou pior, Pru. – ela me olhou de um jeito que eu sabia exatamente o que ela queria dizer

— Matthew, cê pega um copo d’água, por favor? – quando Matthew se afastou, dei minha atenção completa a Sophie – Olha, eu era muito pequena quando minha mãe morreu. Ela tinha a mesma coisa que Alfie. Ela sofreu pouco, porque ficou sabendo da doença tarde demais. Uma coisa que aprendi com isso foi que, mais importante que a doença, é o legado que a pessoa deixa.

— Eu sei disso. Mas parece que, desde que o Alfie ficou internado, meus pais não sabem fazer outra coisa além de brigar entre si. É sufocante.

 Quando Matthew entregou a água pra Sophie, meu pai desceu as escadas e me olhou questionador, mas pareceu entender assim que viu o estado de Sophie. Fiz um sinal de que depois eu explicaria tudo o que ele quisesse, no tanto que ele não se aproximasse.

 – Você precisa descansar um pouco. Infelizmente, é comum pais de pacientes de câncer se divorciarem. Mas a culpa não é sua. Ok? – tentei consolá-la

— Eu sei que a culpa não é minha, mas parece que eles não percebem o problema da situação e ficam brigando pelas menores besteiras.

— Você já deve ter percebido eu isso é uma montanha-russa de emoções, né? Pode contar comigo pra qualquer coisa, desde compra de vestidos e caronas, até ouvir seus desabafos.

Ela concordou com a cabeça e deu mais um gole da água. Sugeri que ela fosse lavar o rosto. Enquanto ela estava no banheiro, fui falar com meu pai.

— O irmão dela está internado e os pais dela estão entrando em brigas homéricas desde então. – expliquei

— E você? Tá bem?

— To bem sim.

— Chegou mais cedo em casa por conta da sua amiga?

— Foi.

— E o que vocês tavam fazendo? – meu pai apontou pra Matthew com o queixo

— Nada de mais, pai. Assistindo um filme. Só isso.

— Tem certeza?

— Pai, se você quiser ter esse tipo de conversa, pelo menos espere os dois irem embora. Não quero que meu namorado testemunhe a conversa desajeitada sobre sexo.

Ele levantou os braços em rendição.

— Você é igualzinha à sua mãe. – meu pai se virou para Matthew – Seus pais foram para o evento?

— Foram sim senhor. Devem voltar ainda hoje.

— Como está indo na escola? – meu pai perguntou. Essa conversa não podia ficar mais patética.

— Indo bem. Até agora, minha média geral não diminuiu. Continuou em 9,5.

— Impressionante. O que pretende fazer depois da escola?

— Pai! – o repreendi – Não é hora pra isso, não acha?

— Só estou demonstrando interesse no seu namorado.

Só dei um olhar de “me engana que eu gosto” pro meu pai e fui ver como Sophie estava no banheiro. Ouvi o barulho da água indo pelo ralo na pia.

— Sophie? Tudo bem aí dentro? – perguntei

— Tudo sim. – ela respondeu. Pude perceber que a voz dela ainda estava embargada por conta do choro.

Sophie abriu a porta do banheiro. O rosto dela parecia melhor, mas sabia que ela ainda estava meio mal.

— Me deixa em casa? Não quero ir sozinha. – ela pediu, com um fiapo de voz.

Concordei com a cabeça enquanto a guiava no caminho de volta pra sala. Avisei pro meu pai que estava indo deixar Sophie em casa e pedi para que Matthew viesse comigo. Já sabia que meu pai ia começar com todo um questionário se fosse deixado a sós com Matthew. Assim que deixei Sophie na porta de casa, o pai dela abriu a porta.

— Quem são vocês dois? – ele perguntou meio raivoso

— Sou Prudence Shine, senhor. – respondi, com o tom mais educado que consegui usar – Sou amiga da Sophie da escola. E esse é Matthew, meu namorado. Só viemos acompanhar Sophie.

— Você é o filho dos Stuart, né?

— Sim senhor. – Matthew disse

— Bom saber. Entre, Sophie.

Sophie acenou e entrou em casa, sendo seguida pelo pai. Matthew andou comigo de volta pra casa em silêncio. Parou na frente da minha casa.

— Acho melhor eu ir. Seu pai parece querer ter uma conversa com você. – ele começou a se despedir

— Tem certeza que não quer ficar um pouco? – tentei barganhar

— Bem que eu queria, meu anjo, mas não vai rolar.

— Por favor? – insisti, fazendo cara de criança pidona – Não to muito animada pra essa conversa sobre sexo com meu pai. E sinto que te devo algum tempo, já que fomos interrompidos.

— Tudo bem. Mas não vou ficar muito tempo, ok?

Concordei enquanto entrava. Meu pai tinha ligado a TV e estava assistindo algum programa de esportes. Subi com Matthew pro meu quarto e ficamos ouvindo música e conversando. Ele começou a me contar uma história que ouvia quando era pequeno quando meu pai chamou dizendo que o jantar estava pronto.

Desci as escadas quase correndo. Quando chego no térreo, meus pulmões parecem não querer funcionar e só consigo ouvir o chiado conhecido de uma crise de asma. A minha vista começa a embaçar. Tento me apoiar na mesa de jantar na minha frente, mas minha mão passa direto e acabo caindo no chão. Escuto os barulhos das vozes do meu pai e de Matthew, mas não consigo distinguir o que eles falam.

Quando abro os olhos de novo, tenho a sensação familiar da máscara de oxigênio no meu rosto. Olho pro lado e vejo Matthew sentado numa cadeira que deveria ser extremamente desconfortável. Meu pai deve ter saído pra ver a parte burocrática do hospital. Assim que percebeu que acordei, Matthew se levantou.

— Se sentindo melhor? – perguntou e concordei com a cabeça – Seu pai foi tomar café da manhã lá no restaurante.

Olhei em volta e percebi que já estava claro. Fiz sinal perguntando as horas.

— Ainda é cedo. Fique tranquila. – Matthew tentou me acalmar – Daqui a pouco seu pai volta e eu chamo o médico pra vir te dar alta.

Tentei sentar, mas Matthew me impediu.

— Nada disso, mocinha. Você só vai fazer esforço se e quando o médico liberar. – lancei um olhar de “você sabe que não é bem assim”, e ele acabou me deixando sentar.

Tentei fazer uma mímica para ele chamar uma enfermeira, pra tirar a máscara, quando alguém abriu a porta e entrou no quarto.

— Vejo que já está acordada e disposta. – falou a enfermeira e eu concordei com a cabeça – Meu nome é Cecília. Vim checar como você está. Pelo visto, muito bem.

Ela foi até o painel atrás de mim e desligou a saída do oxigênio. Começou a fazer as perguntas de sempre, pra saber se eu tinha ficado com alguma confusão mental depois da crise de asma. Quando ela terminou e fazer o questionário, meu pai entrou no quarto. Ele tava com olheiras escuras. Com toda certeza, ele passou a noite em claro do meu lado.

— Não dormiu de novo, né, seu Edmund? Quando a gente chegar em casa, você vai dormir. – dei uma bronca no meu pai

— O caminho da bronca devia ser do pai pra filha, não o contrário. – ele reclamou

Um médico entrou no quarto interrompendo a conversa. Ele se apresentou como dr. Jameson – provavelmente era pai de Stella – e me fez mais perguntas, só que mais ligadas ao que eu tinha feito antes do ataque.

— Bem, você tem algum remédio em casa?

— Tenho sim. Acho que tá na minha bolsa.

Meu pai pegou e entregou pro médico. Ele anotou na minha ficha e disse que eu estava liberada pra ir pra casa, no tanto que eu passasse o resto do final de semana em casa sem fazer muito esforço. Pro meu pai, isso significava me deixar deitada na cama, só podendo me levantar pra ir no banheiro.

Troquei de roupa e fomos pra casa. Matthew nos acompanhou e decidiu que ia ficar pra ajudar meu pai a cuidar de mim.

Como se isso fosse necessário.

Eu fiquei com Matthew na sala assistindo TV quando a campainha tocou. Quando abri a porta, encontrei Damon, um garoto que tinha estudado comigo em Riverside.

— O que você está fazendo aqui? E como você sabia onde eu moro? – perguntei. Não gostava dele antes, gostei menos ainda com essa visita surpresa.

— Ashton me deu o endereço. Vim conversar com você.

— Eu não tenho nada pra conversar com você.

Ele se aproximou de mim com um sorriso meio maníaco.

— Ah, você tem. Temos assuntos não terminados.

Dei um passo pra trás.

— Saia da minha cassa agora! – gritei – Você não foi chamado aqui e não tem o direito de vir me exigir o que quer que seja.

— Prudence, o que está acontecendo aí? – meu pai perguntou, vindo ver o que tava acontecendo

— Nada, pai. Um babaca tá se achando no direito de vir ressuscitar o passado. Qualquer coisa eu chamo a polícia. Você não precisa se preocupar.

Meu pai deu meia volta e voltou pro quarto dele no primeiro andar. Damon fez uma cara de desafio, como se não acreditasse que eu chamaria a polícia. Percebi que Matthew estava tenso ao meu lado. Nunca tinha visto Matthew com raiva de verdade e alguma coisa me dizia que eu não iria querer ver.

— Quer esperar a polícia lhe escoltar até Riverside? – questionei – Porque você sabe que eles não vão lhe escoltar pra casa.

— Você não vai nem me deixar entrar?

— Não.

Ele encarou Matthew, como se Matthew tivesse alguma coisa a ver com o fato de eu não querer deixar ele entrar.

— A culpa é sua. – Damon falou apontando o dedo para Matthew – Antes de sair de Riverside, tava tudo tranquilo com ela. Foi só ela vir pra esse fim de mundo e te conhecer que deu nisso.

— Bom saber que você tem essa auto estima toda. – Matthew debochou – Mas se ela deixou de falar com você quando se mudou pra cá quer dizer que as coisas não tavam tão boas quanto você acha que tavam.

Vi o ódio brotar nos olhos de Damon. A próxima coisa que vejo é o punho dele indo em direção ao rosto de Matthew e errando o alvo.

— Se eu fosse você, eu não tentava isso de novo. – Matthew ameaçou

Damon ignorou solenemente a ameaça e tentou socar Matthew de novo, acertando no ombro dessa vez. Matthew só levantou a mão e bateu no rosto de Damon, que deu um passo pra trás, com a mão amparando a face ferida. Achei que era encenação dele até ver um filete de sangue escorrendo pelo nariz dele.

— A não ser que você queira voltar com menos sangue do que veio, sugiro que volte pra Riverside. – Matthew sugeriu, sem alterar o tom de voz

— Prudie... – ele tentou me implorar

— Vá embora. – insisti – Nunca te dei espaço pra achar que eu era sua namorada. Nem que era pra vir atrás de mim.

Fechei a porta para que ele entendesse o recado. Voltei as minhas atenções para Matthew. Puxei um pouco a gola da camisa dele pra ver se Damon tinha deixado alguma marca e não encontrei nada. Absolutamente nada. Nem uma mancha vermelha de onde tinha sido o murro, nem uma sarda, nem um sinal. Eu tinha visto alguma sarda que fosse quando estive a sós com ele na casa dele? Não lembrava mais.

— Eu to bem, meu anjo. Só quero lavar a mão. – ele mostrou a mão com um pouco de sangue – Não quero ficar com o sangue dele. E quero saber o que levou esse cara a te tratar como namorada dele.

Acompanhei Matthew até a pia da cozinha para que ele lavasse a mão e sentei no balcão. Contei a ele toda a história de como eu e Damon éramos da mesma roda de amigos em Riverside, mas que eu nunca tinha realmente prestado atenção nele até que ficamos numa festa na casa de um dos nossos amigos. E que, poucas semanas depois, me mudei, mas não sem que Damon assumisse que estávamos namorando.


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