Miguel corria apressadamente pelas ruas da cidade. Durante o trajeto, ligou para Catarina e desmarcou a investigação. Recebera uma ligação desesperada de Laura. Tinha muito medo do que podia ter acontecido. Será que Edgar fez algum mal a ela? Se aquele desgraçado tiver tocado nela... Ele vai pagar com a vida! Em menos de cinco minutos tinha chegado à casa de Gabriel e entrado. Ao ir para a sala de estar, viu Laura sentada com o rosto e mãos ensanguentadas. Miguel a abraçou com força e falou com alivio:

— Ainda bem que você está sã e salva! Eu fiquei desesperado com a sua ligação.

Laura afastou-se subidamente. Ainda assustada, ela disse com a voz abafada:

— Não aconteceu nada comigo. Mas, com o Gabriel não posso dizer o mesmo. Dê uma olhada lá na cozinha.

Miguel foi à cozinha e tampou os olhos. O corpo de Gabriel entrava muito ferido e sua face desconfigurada. Um crime brutal, sem dúvida. Ele fez uma rápida ligação e voltou para a sala. Sentou-se no sofá e perguntou:

— Acha que o Edgar fez isso?

— Sem dúvida! — Afirmou Laura com convicção. — O Gabriel estava me protegendo das armações do Edgar. Com certeza foi alguma retaliação dele.

— A situação está fugindo do limite!

Catarina se aproximou dos dois reclamando da bagunça. Laura a cumprimentou e perguntou

— O que faz aqui policial?

— Miguel me ligou e disse o que estava acontecendo. E como colega dele nesse caso, vim correndo para saber os detalhes.

— Temos que acabar com isso! — Exclamou Laura com raiva. — O Edgar não pode simplesmente matar ou machucar quem atrapalha as armações dele. Ele trata a vida humana como algo descartável! Isso tem que parar!

— Nós já programamos algo. Pode ficar tranquila que dessa semana não passa. — Disse Catarina pegando o celular. — Vou ligar para o IML e pra polícia local. Eu vou indo. Vocês dois fiquem aqui para receber os policiais. — Ordenou Catarina saindo.

O IML chegou em quinze minutos. Depois de pegar o corpo e de resolver os aspectos burocráticos com o casal, os agentes e médicos legais partiram. Miguel, meio sem graça, pergunta para Laura:

— Posso te levar para casa?

— Não precisa. Aliás, ainda estou muito chocada com tudo isso. Preciso de um tempo sozinha para por as coisas em ordem.

— Pensei que você quisesse conversar... Já que me ligou.

— Não confunda as coisas! Só liguei porque você era o único que saberia o que fazer nessa situação. Nós nunca mais iremos voltar! Entenda isso!

— Eu sei que errei. Mas, me arrependo tanto. No início realmente foi só uma missão. Mas, depois eu comecei a gostar de você! E fiquei com medo de te contar e de te perder.

— Essa conversa tinha que ter ocorrido messes antes. Agora, é inútil esse assunto. Adeus Miguel!

Miguel observava Laura se afastar. Eu não vou desistir de você! O policial deu uma última olhada para o céu nublado daquela noite antes de ir para a sua casa.

O Final de semana tinha chegado. Laura não conseguiu dormir de sexta para sábado. Estava amadurecendo a ideia do que iria fazer. Cansei de ficar dependendo do Miguel e de Catarina. Está na hora de eu mesma fazer algo!

Eram aproximadamente onze e meia da manhã. Edgar tomava seu café da manhã tranquilamente quando ouve batidas na porta. Porcaria! Quem pode ser numa hora dessas? Sua expressão de frustração virou alegria ao ver Laura, linda como sempre, na sua frente. Ele limpou a boca e perguntou:

— O que faz aqui?

— Queria falar com você. Acho que precisamos conversar.

— Estou tão feliz de você ter vindo! Odeio estar brigado com você!

— Eu também. — Afirmou Laura entrando. — Vivemos tanta coisa juntos! Tínhamos uma amizade tão bacana!

— Já tomou café da manhã?

— Já sim obrigada. — Laura sentou-se no sofá. — Ficou sabendo o que aconteceu com o Gabriel?

— Fiquei. Fatalidade, não?

— Sabe quem poderia ter mata-lo? Gabriel parecia ser tão pacífico.

— Talvez fosse a hora dele. — Supões Edgar.

Laura agora não tinha dúvidas. Edgar era o assassino! Ele está frio demais para alguém que perdeu o melhor amigo. É hoje que você vai para a cadeia! A professora colocou a mão na cabeça e perguntou:

— Posso te pedir um favor?

— O que quiser.

— Estou com dor de cabeça. Podia ir na farmácia e comprar um remédio?

— Claro! — Disse Edgar pegando o casaco. — Me espera aqui?

— Estarei aqui! — Exclamou Laura forçando um sorriso.

Ao ouvir a bota bater, Laura se levantou e começou a vasculhar a casa. Tem que ter algo aqui!