O nadador e o assistente escrita por phmmoura


Capítulo 22
Capítulo 22




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— Vai mesmo fazer isso? — perguntou Nelson, parando o garfo a meio caminho da boca.

— Sim! — respondeu Cris com um sorriso animado.

— Ir comigo na sessão?

— Pode apostar! — assentiu ele.

A expressão de descrença de Nelson apenas aumentou.

— Só pra ficar de olho em mim?

— Isso mesmo!

— Mesmo sabendo que vai ter um profissional ao meu lado então não vai ter como eu… passar dos limites de novo?

— Sim!

— Tem noção de que vai ser bem chato pra você?

— Provavelmente!

O sorriso nunca deixou o rosto do Cris. Nelson abriu a boca para dizer outra coisa, mas então desistiu, corou e desviou o olhar.

— Obrigado — murmurou ele, focando outra vez em seu café da manhã. Mas, pelo canto do olho, ele viu o sorriso do assistente aumentar.

— De nada! — exclamou o outro com uma voz cheia de energia, apesar do cansaço estampado no rosto.

As olheiras estão profundas, pensou Nelson, a culpa o atingindo em cheio. Se eu não tivesse ficado paranoico com o tempo de ontem, ele não teria ficado tão preocupado e acordado cedo hoje… Eu realmente dependo muito dele…

— Obrigado… por tudo… e foi mal por antes — murmurou ele de novo, olhando para sua comida como se fosse a coisa mais interessante do mundo.

Mesmo assim, sua curiosidade quanto ao assistente era demais. Ele logo lançou um olhar para Cris.

O assistente parou de sorrir e inclinava a cabeça com uma expressão intrigada.

— Está pedindo desculpas pelo quê?

Puta merda, pensou Nelson, pressionando os lábios para conter seu sorriso. Ele sabe do que estou falando, mas vai me obrigar a dizer mesmo assim…

— Por ter perdido a cabeça na pista de corrida mais cedo…

A expressão intrigada se transformou em um sorriso.

— Sem problema. Apenas fazendo meu trabalho. Mas é dureza chamar de trabalho quando dá pra ficar por cima de você — disse ele enquanto o sorriso se tornava malicioso.

Nelson não pôde mais conter o sorriso. Porém, logo tirou-o do rosto. Não, Cris… você não está só fazendo seu trabalho… está fazendo bem mais, ele quis dizer para seu assistente, mas ficou quieto.

Nunca vi um assistente se importar tanto com o atleta… Na verdade, é raro que tenha tanto contato com o atleta também… normalmente, o relacionamento fica em informar a agenda, responder ligações sobre publicidade, que são repassadas para o clube e organizar materiais durante a competição…

Mas o Cris, pra mim… o Cris é muito mais do que só meu assistente… ele é… o que ele é para mim…? Nelson balançou a cabeça, não querendo pensar naquilo no momento.

— É, eu precisava ‘cair na real’, mas não precisava me jogar no chão daquele jeito — reclamou o nadador, esfregando suas costas onde Cris sentara. Então os dedos acabaram onde sentiu a protuberância do assistente e ele tirou a mão na mesma hora.

— Ah, não, não, não. É aí que você está errado, meu caro atleta. Aquilo foi totalmente necessário, não só divertido. — O assistente riu e sorriu com uma expressão condescendente. — Toda vez que fizer algo idiota ou sair da linha, eu vou estar lá te pôr no chão e montar em cima.

— Não diga isso do pior jeito possível! — disse Nelson com a voz abafada, olhando em volta para se certificar de que ninguém escutara o assistente.

Isso fez Cris rir.

— Ainda está preocupado com sua reputação só porque está junto de um gay? Sendo assim, permita-me dar um conselho.

Ele aproximou-se e pediu que Nelson fizesse o mesmo com um dedo. Suspeitando das intenções do assistente e dando outra olhada em volta, o nadador se inclinou sobre a mesa.

— Se estiver preocupado com isso, não deveria comer tantas bananas tão cedo. As pessoas vão pensar que você curte colocar uma banana na boca mais do que eu — sussurrou ele, olhando a comida de Nelson.

O nadador se inclinou de volta no assento com o rosto vermelho.

— Isso é pro meu corpo! Bananas são ótimas fontes de potássio e… e… boas pro corpo — disse, na defensiva.

— Concordo em número, gênero e grau. — Cris mostrou o sorriso malicioso. — Mas devo dizer que comi muita banana na vida e não lembro de nenhuma ter gosto de potássio. Nem a sua.

Nelson ficou vermelho e tentou conter a vontade de rir. Falhou e precisou cobrir a boca para abafar sua risada.

— Você e sua prima são idênticos. Adoram deixar os outros desconfortáveis — complementou ele, para deixar Cris confuso. Aquilo fez o assistente parar de sorrir.

— Só estou dizendo que gosto de comer bananas também. Embora sejam diferentes dessas daí. Mas nunca mordi uma. Na verdade, mordi, mas foi só uma vez. O cara ficou tão arrogante depois que comecei, não foi minha culpa, sabe. — Ele deu de ombros e riu para a expressão de descrença no rosto de Nelson. — Calma. Nunca vou morder a sua. Seria um desperdício — completou ele, em um sussurro malicioso e lambendo os lábios.

O nadador arregalou os olhos sem perceber, ele fechou um pouco as pernas.

— Quando… quando é que você vai parar de falar… daquela noite? — perguntou ele em voz baixa, mas não sem antes olhar em volta e conferir se ninguém escutava a conversa dos dois de novo.

— Talvez quando parar de ser tão divertido — disse Cris, sem se incomodar em esconder o sorriso. — Ah, vai. Não é culpa minha que suas reações sejam puro ouro. Eu posso parar de vez se você não for tão divertido de provocar.

— Sei, bem… aquilo não é algo que acontece todo dia comigo. Por isso não dá pra não reagir assim — disse Nelson.

— Bom, se for assim, só tem duas opções pra resolver este problema. A primeira é parar de pensar que eu de joelhos como algo especial. Só trate como uma ajuda amigável com a minha boca. Ou, melhor ainda, trate como um assistente ajudando seu atleta. — Cris riu e sorriu.

Nelson olhou para ele sem deixar sua expressão transparecer.

— Tá… E qual a outra opção?

O sorriso de Cris ficou malicioso tão rápido que Nelson nem teve tempo de se arrepender.

— Então a opção divertida capturou seu interesse, hein? Imaginei.

Nelson ergueu as sobrancelhas. O assistente se inclinou para frente, pedindo, em silêncio, que o nadador emprestasse seu ouvido. Vou me arrepender disso, sabia ele. Ainda assim, pressionou os lábios, olhou em volta e obedeceu.

— A opção divertido é que eu te chupe todo dia até que se acostume com isso. Aí vai parar de mostrar reações como a que está prestes a ter — sussurrou.

Nelson se inclinou de volta no assento tão rápido que quase caiu para trás. Ele esfregou a orelha na qual o assistente sussurrou segundos atrás. Antes que pudesse se impedir, as memórias daquela noite, do que aconteceu na piscina, voltaram para ele. Seu rosto adquiriu um tom alarmante de vermelho na mesma hora e o sangue fluiu para onde não deveria.

— Assumo que está considerando minha oferta? — perguntou o assistente, tentando e falhando em esconder o quanto aquilo o divertia. Quando o nadador abriu e fechou a boca várias vezes sem fazer som algum, Cris começou a gargalhar.

— Viu só? Suas reações são as melhores.

Nelson estava pronto para responder, mas, antes que pudesse, o assistente bocejou e deitou sobre os braços.

— Me acorde quando terminar seu café da manhã — disse, com a voz sonolenta. — Não tente me abandonar aqui… Sei onde você mora…

— Não vai comer nada?

— Não costumo comer café da manhã. Não acordo tão cedo. — Foi a última coisa que ele disse antes de cair no sono.

A raiva e vergonha de Nelson desapareceram imediatamente.

Não tem como ficar bravo com ele… não quando olho pro rosto dele. Especialmente quando o Cris dorme tão pacífico assim… Como é que esse rosto lindo consegue falar tanta coisa pervertida?

Quando percebeu no que pensava, o nadador focou-se em sua comida. Mas, não importa o quanto tentasse, não conseguia ficar sem assistir o rosto de Cris enquanto o assistente dormia, o coração batendo mais rápido.


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