O nadador e o assistente escrita por phmmoura


Capítulo 23
Capítulo 23




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— Não… pare com isso — disse Nelson, balançando a cabeça. Ele tentou afastar o Cris de perto dele, mas seu assistente estava fora de seu alcance. — Não ouse.

O assistente olhou para o nadador com uma expressão vazia. Então, lentamente, mostrou um sorriso malicioso e ergueu sua mão direita. Ele torceu os dedos de um jeito estranho e depois fechou todos menos o indicador.

— Cutuca — disse, empurrando o dedo contra a panturrilha do nadador várias vezes. — Cutuca, cutuca.

Nelson mordeu seus lábios e rangeu os dentes, mas não foi o bastante para parar seus gemidos de agonia. Ele bateu o punho no travesseiro algumas vezes para não pensar na dor. Não fez diferença.

— Ah, porra! Para… dói mais do que parece!

Cris riu, sem se incomodar em esconder quanta diversão tinha com aquilo. Ele girou no banquinho com rodas, rindo como uma criança.

— Você está se divertindo demais com isso — reclamou Nelson quando a dor diminuiu o bastante.

— Não tem jeito. A médica me mandou fazer isso pra conferir onde o músculo tá mais sensível. Cutuca — disse quando parou de girar, usando ambos indicadores para cutucar ambas batatas das pernas ao mesmo tempo.

— Ah, merda! Isso dói! — Nelson já passara do limite, mas ainda aguentava. — Vai ter troco por isso. Pode anotar!

— Ah, vai? — Cris arregalou os olhos, cutucando o nadador com mais força. — Troco, né? O que tem em mente? Me cutucar de volta? É isso?

— É, pode bem ser!

O sorriso de Cris ficou malicioso. Ele parou de cutucar o nadador e se aproximou da orelha de Nelson.

— Eu adoraria. Vou até marcar no calendário pra não esquecer. Mas, em vez de ser com os dedos, quero que me cutuque com sua vara— sussurrou.

A reação dele foi instantânea. O nadador ficou vermelho e enterrou o rosto no travesseiro para esconder sua expressão. Mas ainda escutou o assistente rir. No segundo seguinte, Cris cutucou com um pouco mais de força.

— Como está, Cris? — perguntou a médica quando voltou para a sala com um copo d’água.

— Como dá pra ver, Ti, bem divertido. — Cris fingiu tossir, cutucando mais uma vez. — Digo, as duas pernas ainda estão bem sensíveis. O que acha que isso quer dizer?

A médica observou Nelson, então voltou-se para o tablet em mãos, assentindo e murmurando ocasionalmente.

A falta de palavras só deixou o nadador mais ansioso. Por favor, deixe que resultados mostrarem mais melhoria, pelo amor de Deus, rezou mentalmente.

— Baseado nos últimos exames e nessa sensibilidade alta, parece que o músculo está se regenerando mais rápido do que esperamos — disse ela, com um sorriso um tanto parecido com o de Cris, porém mais gentil.

Apesar da dor, Nelson conseguiu sorrir também. Ele tentou diminuir sua felicidade na voz, mas era impossível para o jovem.

— Quer dizer que eu…

— Sim. Mais rápido do que esperávamos, mas está oficialmente de volta agora. Pode começar seu treinamento amanhã mesmo.

— Isso! — Nelson comemorou, fechando o punho e balançando-o, triunfante. — Finalmente — murmurou para si mesmo.

— Tem certeza, tia? Tipo, só faz uma semana desde que começou a regeneração muscular — disse Cris, sem se juntar à alegria. Ele olhou para Nelson, mordeu os lábios e depois virou-se para sua tia. — A expectativa não era de ao menos duas semanas? Ele realmente pode já pode voltar pras piscinas?

— Entendo sua preocupação. Mas graças àquele método scrum que você sugeriu, eu e os outros pudemos criar um regime de treinamento mais interativo. Graças aquilo, até descobrimos que ele precisava daquele pequeno alinhamento de coluna. Nunca esperei que esse sistema aceleraria tanto o processo, no entanto. Estou realmente pensando em atualizar todo o departamento médico para nos adaptarmos a esse tal scrum após alguns testes.

Cris suspirou, aliviado, e relaxou o rosto.

— Estou tão feliz que a técnica de gerenciamento ajudou nesse projeto — disse Cris, cutucando Nelson mais uma vez.

— Ei, não trate pessoas como um projeto — reclamou Nelson. Porém, apesar do que dizia, o sorriso ainda não deixou seus lábios.

Cris devolveu o olhar e fechou os olhos, sorrindo também.

— Foi mal. Você tá certo. Estou feliz que a técnica de gerenciamento tenha funcionado nesse projeto falante — disse ele para sua tia.

— Ei, você não está escutando minha reclamação aqui.

A médica riu, colocando o tablet na mesa. Depois ela mandou uma mensagem para alguém no celular.

— Em vez de reclamar, deveria estar agradecendo ele, Nelson.

— É, Nelson. E aí? Como vai me agradecer por isso? — disse Cris, arrastando o banquinho até o lado da sua tia. Ele virou o rosto para o nadador de forma que a médica não poderia ver seu rosto ou o sorriso malicioso. — Vai me cutucar qualquer dia desses?

Antes que Nelson pudesse responder, o celular da médica tocou, interrompendo a conversa deles. Ela leu a mensagem.

— Enquanto pensa de que jeito vai recompensar meu sobrinho, tenho novidades, Nelson. Mandei uma mensagem pro seu treinador sobre os resultados. Embora ele não esteja aqui hoje, quer que você nade um pouco. Mas não é pra, segundo ele, não eu, exagerar.

— O treinador não está aqui hoje? — repetiu Nelson, ignorando a última parte. Como se o Cris fosse deixar, de qualquer jeito.

— Sim. Ele foi no médico com a esposa. Acho que vão descobrir o sexo do bebê hoje. Mas, mesmo assim, ele disse que mandou instruções pra você, Cris.

— Entendido — disse o assistente, levando a mão para a cabeça, como se estivesse batendo continência.

— Por favor, não deixe ele passar dos limites — pediu ela ao sobrinho. — Não quero vê-lo aqui de novo cedo.

— Ei, por que você não diz isso pra mim? Tenho uma reputação de exagerar nas coisas? — reclamou Nelson. Ambos membros da família Padro Maranhão se viraram para ele.

— Xiu. Projeto falante. Os adultos estão conversando — disse Cris, cutucando ele um pouco mais.

— Para com isso! — Nelson rangeu os dentes, mas ainda não foi o bastante para suportar a dor. — Ah, droga, médica! Por que você mandou um sadista desses fazer isso comigo?

Cris riu do sofrimento de Nelson.

— Reclame tudo que quiser, mas sabemos que você ama me ter por perto. E, já que ama isso, significa que ama ter um sadista por perto. Assim sendo, você é um masoquista?

— Cala a boca!

Cris riu de novo e levou a cabeça para mais perto de Nelson.

— Olha só. Somos um par perfeito um pro outro — disse, rindo, e de maçãs do rosto com um tom de vermelho.


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