Blanket Kick escrita por beaeqn


Capítulo 7
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*ALGUMAS HORAS DEPOIS*

Chego em casa e me jogo direto na cama. Dane-se, tomo banho depois. Repasso o dia em minha cabeça e um mix de sentimentos me atinge como um balaço.

Jimin. Imagino seu rosto e um calafrio me percorre; um calafrio bom. Como esse homem me encanta! Ele é incrivelmente lindo e tentador. Revivo nosso beijo e é como se eu sentisse seus lábios pressionados contra os meus de novo; suas pequenas, porém intensas, mãos passeando por meus cabelos e seu corpo definido me prendendo na parede... O quarto parece esquentar com a lembrança, mas o metal em meu dedo anelar queima em minha mão.

Leo. Como eu pude traí-lo assim? Antes tivesse sido só um beijo. Não! Eu e Jimin fomos nos escondendo e ficando durante o caminho até a área interna da faculdade e agora eu, sem dúvida alguma, nutria algum tipo de sentimento por ele. Não consegui me iludir pois a resposta era óbvia para mim: não era "um tipo qualquer" de sensação; eu o desejava desesperadamente.

Jimin. O calor me invade novamente e começar a idealizar encontros futuros. Como seriam? Nos beijaríamos novamente ou ele não vai me querer mais? Será que deixei de ser interessante aos seus olhos quando me rendi tão facilmente? Ele me rejeitaria? A dúvida me enlouquece e machuca, meu peito aperta e meus olhos ardem. Não, ele não pode fazer isso comigo. Da mesma forma que os questionamentos deram lugar à dor, a culpa toma seu lugar novamente.

Leo. Ele sempre foi o melhor namorado do mundo. O mais romântico e compreensível possível. Quando eu decidi fazer meu voto de castidade (por isso o anel), ele me entendeu e prometeu esperar por mim. Que irônico. Ele, em casa, me aguarda enquanto eu, aqui, me agarro à primeira oportunidade de ficar com outro. 

Ouço batidas na porta e abandono meus devaneios. Enxugo minhas lágrimas ao passo que meu pai põe a cabeça para dentro do quarto. 

—Oi, Mei. Você já comeu? Eu ia pedir alguma coisa agora.

—Hã, ainda não... - me levanto e tento me ajeitar rapidamente, mas meu pai me percebe a tempo.

—O que houve? Você estava chorando? - ele pergunta preocupado

—Não, não foi nada, não... - sinto meus olhos se enchendo novamente e tento desviar o assunto para o jantar - O que você quer pedir? Pizza?

—Olha, Mei, eu queria mesmo conversar com você - meu pai falou, ignorando minha pergunta e sentando na cama - Eu imagino que esse período de adaptação deve estar sendo difícil para você, mas eu quero que saiba que eu estou disposto para te ajudar em qualquer coisa, de verdade. Eu... eu sei que não somos muito próximos, mas eu quero que você se sinta confortável aqui e eu realmente gostaria que você confiasse em mim e desse uma chance para a nossa... hã... relação? - ele termina meio envergonhado. Me emociono com suas palavras e as lágrimas explodem de vez. Me lanço nele em um abraçado desengonçado e ele fica um pouco sem jeito. O quê? Esse povo não abraça, não? - O que você quer comer? -pergunto para quebrar o gelo.

Por que não saímos para um restaurante? A gente encontra o Kwan por lá mesmo...

Tá bom. Posso só tomar uma ducha antes? - ele sorri e sai do quarto. Por mais que eu sempre tenha sido muito independente, eu sempre senti falta de uma figura paterna presente em minha vida. A sensação de finalmente ter meu pai por perto era muito gratificante e por um momento, me esqueci da burrada que tinha feito.

Durante o banho, decido não contar pro Léo o que aconteceu. Foi só uma vez e não vai se repetir. Uns beijos não significam nada, certo? Não há motivos para causar uma confusão enorme por algo tão insignificante como aquilo. Saio do banheiro, me visto e enquanto penteava o cabelo, recebo uma mensagem de Carol. Eu continuava falando com ela todos os dias e ela me atualizava sobre as coisas no Brasil que minha mãe não me contava.

AnaAmor da minha vida, vc n vai acreditar no q eu vou te contar, nmrl

Oi, Carolina. Tdb? Eu to bem, obrigada por perguntar

Carol: Ah, corta essa

Carol: Deixa eu falar 

Carol: Era p ser surpresa mas eu to mt ansiosa, scrr

Carol: Eu e Leo vamos aí te visitar!!!

Qqqqqqqqq
Tá brincando??

Carol: Naooooooooooooooo

Carol: A gente viaja daqui a 2 meses

Carol: Acho q é dia 24, sla 

Carol: Cê vai buscar a gente, né?

Aaaaaaah, meu Deus
Claro, né

Carol: Ah, o Leo comentou cmg q tu tava meio estranha...

Carol: Como se vc tivesse distante, sla 

Carol: Tá tudo bem msm?

Meu pai bateu na porta pela segunda vez no dia e perguntou lá de fora:

—Já está pronta, Mei?

Pego minha bolsa e saio com ele. Respondo a Carol depois. Encontramos Kwan em um restaurante italiano que parecia ser bem caro e sinceramente, eu me diverti de uma forma que nunca tinha antes. Os dois parecem levar uma vida muito agradável aqui em Seul. Meu pai é o gerente internacional da MBK (é, a empresa do T-Ara. Legal, né?), então ele viaja muito. Aparentemente eu posso acompanha-lo em algumas viagens assim como Kwan o faz, então eu fiquei bem feliz. Morar com meu pai é realmente uma experiência totalmente diferente da minha vida no Brasil. Nesses detalhes, percebo quão diferentes foram a minha criação e a de Kwan. Enquanto tudo no Brasil era meio apertado (a casa, o tempo, o dinheiro) aqui meu irmão saía pra Disney a cada três meses. Não, meu pai nunca deixou de pagar minha pensão nem nada, mas ainda assim o estilo de vida deles é incrivelmente diferente do meu e da minha mãe. Para de pensar nisso e aproveita enquanto você está aqui. Realmente, eu deveria desfrutar da companhia dos dois sem me perder nesse tipo de pensamento. Por mais que eu sempre tenha sido uma pessoa muito independente, era inevitável sentir falta de uma figura paterna presente em minha vida. Minha mãe nunca se casou de novo e nem teve um relacionamento sério desde que meu pai foi embora, então sempre fomos só nós duas. Ela pode ser um pouco descontrolada e controladora ao mesmo tempo, mas sempre esteve por perto quando eu precisava.  

—Mei, vai querer sobremesa? - meu irmão perguntou, me tirando de meus devaneios.

—Acho que não...

—Bom, então vamos pra casa.

No carro, os dois foram brincando um com o outro e cantando músicas de trot que eu já tinha ouvido na casa de meus avós. Fiquei em silêncio durante o caminho todo, apenas observando aquela cidade iluminada e movimentada, que era tão diferente do Rio de Janeiro, mas ainda assim agradável. 

Fui para a cama pensando em como meus pais eram diferentes e como poderiam ter se apaixonado. Minha mãe é toda elétrica, espontânea e provocadora enquanto meu pai é quieto e tímida, mais parecido comigo. Talvez fosse essa a fórmula. Talvez os opostos realmente se atraíssem. Não, eu e Leo somos muito parecidos e nos damos super bem. E isso te satisfaz? Você ficou com o outro logo que pôde. Jimin é uma pessoa totalmente diferente de mim, nunca daríamos certo. Além do mais, eu não posso continuar mentindo para o Leo. Por mais que eu não vá contar para ele, não posso ficar com Jimin só porque meu namorado não vai ficar sabendo; ainda tinha um pouco de dignidade e tentaria mantê-la viva até o final. Então está decidido, amanhã vou falar com Jimin que não podemos mais ficar e dessa vez vou pedir de verdade ao professor que mude minha dupla. Eu não sentiria a menor falta daquele loiro irritante e abusado. Certo?

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A cena se repetia mais uma vez e cheguei determinada na escola, pronta para me impor e deixar aquela aventura para trás. Cheguei na sala já procurando o homem meio baixinho que sempre sentava atrás de mim e não encontrei.

—Ah, Srta. Seomun, eu preciso conversar com você - o professor chamou minha atenção - Seu parceiro, o Sr. Park, está impossibilitado de vir nas próximas aulas, então você vou realoca-la temporariamente - Impossibilitado?! O que será eu houve com Jimin? Será que foi minha culpa?  E eu teria que entrar em uma trio?! Toda a ansiedade da primeira semana de aula me atinge novamente e eu começo a suar frio. Me arrasto até minha carteira e me afundo nela. Todas as pessoas da sala parecem não gostar de mim. Como eu vou me juntar à eles? Abaixei a cabeça e respirei fundo, me acalmando. De repente, sinto alguém me cutucar. Levanto e vejo uma menina clarinha, com os cabelos curtos e levemente cacheados na minha frente. Atrás dela, uma outra com cabelos longos me encarava com curiosidade. As duas tinham os olhos puxados e traços típicos coreanos, embora a mais baixa fosse loira. 

—Oi! Mei, não é? A gente viu que você tá precisando de um novo grupo... você quer ficar com a gente? - inicialmente estranhei, mas a garota tinha um sorriso genuinamente sincero, então eu só concordei. Afinal, eu realmente precisava de uma dupla que me acolhesse enquanto Jimin estivesse ausente. Nota mental: descobrir o motivo dele faltar essas aulas.

 -Oi... hã, eu quero, sim. Qual é seu nome mesmo?

— Eu sou a Yoora e aquela é a Aram. É um prazer te conhecer, Mei.

 

 

N/A - Eu não reviso meus caps pq dá mt trabalho e eu n tenho tempo nem paciência pra isso, então relevem os erros e não me julguem :) Tipo, se tem alguém lendo de vdd, seria muito legal se você comentasse alguma coisa (só uma dica msm).


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