Blanket Kick escrita por beaeqn


Capítulo 6
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Notas iniciais do capítulo

Um beijo enorme pra maravilhosa Júlia Rocha, rainha do meu viver e melhor pessoa da vida, que me ajudou a escrever uma parte meio *delicada* pra mim :) Te amo, moça!



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Entrei na sala um pouco antes da aula começar pronta para falar com o professor sobre a possibilidade de mudar de dupla e então me lembrei que teria que apresentar o trabalho, em coreano, para toda a classe. Meu nervosismo explodiu em nível máximo e eu comecei a tremer em minha carteira. Como diabos eu vou falar sobre dança contemporânea pra essas pessoas se eu mal falo a língua delas e todos são mais experientes? Abaixei a cabeça e senti as lágrimas caindo em meu braço. Eu não devia ter vindo pra cá. Vou ser humilhada na frente de todo mundo. De repente, duas mãos se apoiaram em meus ombros e começaram a se movimentar em uma massagem. Levanto e percebo Jimin sorrindo confortavelmente para mim,claramente tentando me acalmar.

—Ei, você vai conseguir! Vai dar tudo certo, jagiya.

Coro pela forma como ele me chamou, mas meu sorriso bobo logo é substituído por uma risada, porque Jimin começa a fazer caretas para me alegrar.

—Srta. Seomun e Sr. Park, vocês podem começar? - o professor nos chama e eu congelo. É a hora da verdade. Jimin para a frente da sala e eu o sigo, tentando esconder minhas trêmulas mãos em meu moletom. Os outros alunos nos encaram atentos, com certeza por causa do membro do BTS que estava falando, e eu fico cada vez mais nervosa. Ouço a minha deixa pra começar a minha parte da exposição e tento falar, mas a voz não saía da minha garganta. Um branco total invade minha mente e eu me desespero. Olho para Jimin em busca de ajuda e ele sussurra o começo do meu discurso. Fecho os olhos e deixo que as palavras que passei quase a noite inteira decorando fluam para a turma. Por mais incrível que pareça, consigo terminar minha parte sem maiores problemas e volto correndo para minha carteira, ardendo de vergonha.

Meu parceiro se senta atrás de mim e sussurra no meu ouvido:

—Você foi ótima, de verdade.

Solto um sorriso forçado e repasso toda a cena em minha cabeça enquanto meus outros colegas se apresentavam. Quando a última dupla terminou, o professor falou que deixaria as notas no quadro no lado de fora da sala em uma hora e que estávamos livres. Peguei minha bolsa e saí correndo, pronta para ir ao banheiro vomitar. Ouço passos atrás de mim, mas ignoro. Entro na última cabine e puxo minha escova de dentes; enfio-a até o final na boca e a sensação de alívio me invade. Eu sei que esse hábito não é nem um pouco saudável, mas não consigo me controlar quando fico nervosa. Por ser muito tímida, não confio em muitas pessoas e por isso acabo guardando meus problemas para mim mesma; além do mais, não gosto de ficar vulnerável. Se as pessoas souberem meus problemas e segredos, podem usá-los contra mim e eu não quero passar por essa experiência de novo. O passado me ensinou que confiança é um presente que só pode ser dado em partes à poucas pessoas. Saio do cubículo, escovo meus dentes na pia e começo a mascar um chiclete para melhorar meu hálito. Quando deixo o banheiro, vejo Jimin escorado casualmente em uma parede, me esperando.

—Você está bem? - ele pergunta preocupado.

—Aham, tô ok. Obrigada por se preocupar - sinto minhas bochechas esquentarem levemente e começamos a caminhar sem rumo pelo campus da faculdade, a fim de matar tempo até o horário das notas saírem. Enquanto conversávamos, vimos que tínhamos muitas coisas em comum. Nossos livros preferidos eram os mesmos, por exemplo, e por isso tivemos pudemos discutir profundamente sobre as características de alguns personagens. Percebi que ele era muito mais profundo e legal do que a imagem que ele passava para as pessoas. Ele ainda não sabia que eu conhecia seu trabalho e por mim, não ficaria sabendo. Não queria que ele pensasse que eu só estava me mostrando interessada por que ele era famoso. 
—Não, mas falando sério: você foi muito bem durante a apresentação. Todos estavam muito interessados em você - ele comentou essa ultima parte com uma voz profunda e um revirar de olhos.

—Acho que minhas bochechas vermelhas desviaram a atenção da minha gagueira. Eu estava horrível! - respondi escondendo o rosto nas mãos.

—Ei, não se esconde, não. Não de mim - ele levantou meu rosto e pude ver seu sorriso branco e quase perfeito, se não fosse por um dentinho torto bem na frente. Que gracinha! - Você estava mais linda do que nunca.

Coro violentamente com suas palavras e desvio o olhar. O Leo está te esperando no Brasil. Não se esquece que você tem namorado. Recomeço a andar e sugiro que voltemos para dentro do prédio, onde ficava o quadro de avisos. Durante o caminho, ouço passos atrás de nós e cliques. Me viro e vejo vários fotógrafos tentando tirar fotos de Jimin.

—Hã, quem são essas pessoas, Jimin? - pergunto mesmo sabendo a resposta.

—Droga, vamos sair logo daqui - ele me puxa pela mão e eu corro atrás dele. Entramos num beco estreito em uma área não muito movimentada e ouvimos os fotógrafos perguntarem "Aonde ele foi? Ele estava aqui bem agora!"

Arfamos por conta da corrida e eu começo a rir baixinho. Que situação. Jimin me olha como se eu fosse louca e percebo o quão próximos estávamos novamente; eu chutaria uns 10cm de distância. Seus olhos percorrem meu rosto e os meus se alternam entre encarar seus olhos e sua boca. Mei... pensa no Leo. Pensa no Leo! O dançarino se aproxima ainda mais e seu polegar faz movimentos suaves em minha bochecha. Mei, lembra do seu namorado. Pensa no Leo! Sua outra mão segura meu pescoço e prendo minha respiração. Eu quero muito isso. Você tem namorado! Pensa no Leo! Você tem namorado! Você tem... Minha consciência é silenciada quando sinto seus lábios se encaixarem nos meus. Toda a quietude que espiralava na minha mente não foi capaz de descer até meu peito e impedir as milhões de borboletas de rodear meu coração. O toque suave de sua boca combinada com os movimentos, quase ensaiados, delicados, foram sim, o melhor beijo da minha vida. Éramos um único ritmo de paixão, nos conectando profundamente aos segundos preciosos do presente. Meu coração se agitava como uma escola de samba em pleno carnaval e eu senti minhas pernas fraquejarem. Ele me segurava com firmeza e graciosidade e eu sabia que nunca mais me sentiria assim de novo.

Com todo o respeito, puta que pariu! 

Nos afastamos e eu tentava recuperar o ar. Ousei levantar meu olhar para frente e me arrependi na hora. Seu cabelo estava bagunçado e ele arrumava os fios com os dedos das mãos. Meu Deus, ele é muito lindo! Suas orbes castanhas encontram as minhas e seu eye smile me encantou ainda mais. Jimin soltou um sorriso ladinho e estendeu sua mão, dizendo:

—Vem, vamos ver nossa nota.


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